Acho que existem milhares de histórias no Nyah que convergem e divergem entre si. Mas a maioria é tão parecida que nos faz refém de um looping infinito: o clichê que tanto amamos e odiamos.
Mas há aquelas histórias, poucas e de tão pouca acessibilidade que nos dão um tapa na cara e falam: "para de ler essas porras que o passivo é doce, meigo e quase uma boneca e o ativo é machão, empresário e rico, desgraça". E Vivendo às Cegas é quase uma surra de vara de goiabeira.
Você mergulha de cabeça no mundo do Emílio e não sabe realmente se quer emergir, e sinceramente, não deveria. No primeiro capítulo já temos a noção do quão boa a leitura vai ser, dude. E há tanto para ler, pensar e desvendar que caralhos voadores, um capítulo por mês, basicamente, é pouco e injusto. Contudo, maravilhoso.
Mahii nos prende ao mesmo tempo que impulsiona a vermos além. Retrata tantas coisas diferentes que é difícil focar em poucos itens pra parabenizar: VAC fala sobre uma doença mental, múltiplas personalidades para quem não manja dessas coisas, sobre drogas, doenças, morte e vida. Há o passado do Emílio, tenebroso e o futuro tão horrendo quanto que vai se mostrando melhor do que esperado ao encontrar o japa mais gostoso de todos que vende pastel de flango com o irmãozinho depravado dele - personagem do capeta que tem seus encantos. E ok, o que posso falar das personalidades do Emi?
O Coisa? Meu nenê que a Mahii vai me dar de aniversário (dia 28, mana)
O Dimy? O Chefão e o Putão? Impossível não amar todos e amar ainda mais os personagens que aparecem aqui e acolá.
Contudo, vamos falar da Mahii que acompanho há um ano. UM ANO, CHUPA ESSA, JÚLIA.
A escrita da autora é maravilhosa e nunca a vi deixar a peteca cair, sabendo manter o foco do leitor nos pequenos detalhes e sempre abordando temas nauseantes que de um trecho pro outro viram impactantes e mirabolantes. O Dragão é um exemplo, puta cuzão que tô aprendendo a curtir os momentos em que aparece.
Bem, é isso. Você pode escolher ler aquela história onde no final todos vão se dar as mãos e o passivo vai continuar sendo doce e ingênuo mesmo depois de ter fodido horrores ou embarcar nessa aventura épica pelos bairros sujos de São Paulo e descobrir quem é, afinal, o Emílio, seus pais, Theo e o Dragão.
Mas deixo aqui uma pequena notinha com meus mais sinceros agradecimentos à Mahii que faz os meus meses mais felizes. Obrigada, dengo