História: Censurado: Coletânea de Contos na Ditadura Militar
Uma história forte e, justamente por isso, necessária. Com isso quero dizer "extremamente", advérbio flexionado para os dois adjetivos que citei.
Eu já conhecia Layla de outros carnavais. Algumas de suas histórias, isto é, as que tive a oportunidade de ler até então, estão entre as minhas favoritas deste website. Ela é uma escritora fenomenal. Mesmo assim, hesitei ao topar com este seu novo exemplar. Por quê?
Porque dói. Dói e como dói, meu Deus!
E, infelizmente, o sentimento é atual.
Aqui, Layla se põe à disposição de repassar uma mensagem que parte da sociedade parece ter esquecido. Aqui, ela ecoa os gritos que parecem terem soado ao vácuo. Aqui, ela faz do sangue sua tinta e dos ossos a sua caneta. Aqui, ela expõe a crueldade humana, a mancha que assola nossa carne, o pútrido que continua a feder.
Aqui, lemos o que gostaríamos de evitar a todo custo. Porque dói, Deus sabe como dói. Porque foi real. Porque jamais deve voltar a ser. Aqui ou em qualquer outro lugar.
"Os artistas usam a mentira para revelar a verdade, enquanto os políticos usam a mentira para escondê-la." |
História: A Clareira Noturna
Será possível que palavras ganhem vida? Que os cenários descritos por elas engulam os atrevidos olhares daqueles que ousem decifrá-los? Que o frescor da brisa silvestre e dos aromas perfumados das flores e frutos das misteriosas folhagens de uma floresta oculta ultrapassem a tela fria? Será possível que sejamos sugados para um universo completamente diferente, ao mesmo tempo em que é estranhamente familiar, ao apenas deslizar sobre linhas e parágrafos extremamente atrativos, como se houvessem sido moldados por magia?
Afinal... será possível que magia exista? Que as criaturas que habitam as sombras possam vir à tona, numa simplicidade genuína, bailar ao lado da curiosidade humana? Talvez... a sussurrar segredos. Promessas. Lendas antigas, há muito perdidas entre os ventos dos quatro cantos da Terra. Pois, "na noite mais escura, o que os mochos tentam dizer"?
A Clareira Noturna acolhe intensamente aqueles que a buscam, como atestam os carismáticos e realistas personagens, criados pelo autor com tanto carinho, representados em seu sensível protagonista, Parrish Kinjelburg, no decorrer de uma narrativa simples, contemporânea, mas ricamente detalhada, com descrições leves, equilibradamente aliada ao enredo envolvente, sendo este, assim, em forma e conteúdo. O elo traçado entre história e leitor é construído em primeira mão, quando a vítima é arrebatada ainda no prólogo, experimentando o torpor benigno e suave do que ainda virá - e em lufadas ainda mais grandiosas da saborosa trama, que se desdobra gradual e sublime, embora não economize nos golpes impactantes de uma tensão deliciosa.
Por fim, banhada em mistérios intrigantes e referências extremamente bem-pensadas, meticulosamente distribuídas, cedendo à criatividade elaborativa de uma imaginação fértil e cuidadosa, a história desperta os sentidos daqueles que a encontram, de modo que a penetrem para além da mente que lê, mas também de todo corpo, de todo coração.
Será possível não se apegar a cada elemento quando tudo é tão avivado que passa a se fazer real? Será possível resistir aos encantos de tão palpável mundo, que murmura desfechos alucinantes a cada momento? Será possível não assistir à maneira que expectativas se quebram e retomam, como as ondas do mar salgado, entregando o inesperado a cada voluptuosa sacada, inundando cada novo capítulo com uma surpresa irrecusável?
"Venha se perder na Clareira Noturna."
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História: A Contadora de Histórias
Ora, minha querida borboletinha. Quem diria que após alçar tão alto voo eu tornaria a pousar por aqui? Afinal, não acredito que o que vim fazer teve de esperar por tantos anos. Talvez porque a semente que esta linda história brotou em meu peito teve de esperar para, enfim, exibir seus mais frondosos frutos, com todo o vigor. Para que eu notasse a sua presença tão integral em mim. Querida autora, querida Lu, amiga que carreguei por além das palavras que nesses capítulos estão escritas, que carrego até hoje nas memórias valorosas de uma época muito feliz. Gostaria que soubesse o quanto fui marcada pela nossa querida contadora de histórias, ao ponto de, inconscientemente, repetir seu mantra com mais regularidade do que imaginei que iria. "Conte a história dos outros que eles contarão a sua." Gostaria que soubesse que essa frase tomou conta de meus pensamentos em inúmeras ocasiões, servindo-me de guia, até.
E foi assim que voltei à velha livraria onde Cristal passou seus dias tão poéticos, onde estão guardadas partes nossas, que jamais, espero, iremos esquecer. À pequena livraria que habita em todos os corações, com todas as histórias que esperam para serem lidas e relidas, incansavelmente, além de, claro, contadas. Gostaria que fosse possível descrever o prazer e a nostalgia que me invadiram no momento em que pus os olhos novamente sobre os textos que antes já significavam muito, mas, com o lapso de tempo, com a distância da primeira vez, passaram a significar ainda mais. Acredita que até mesmo lágrimas me vieram aos olhos? Junto a um sorriso, é claro. Pois a alegria transborda em suas mais diversas (e até peculiares) maneiras. E alegria é o que se encontra nessa estória tão leve, tão sensível, que trata dum sentimento que todos experimentam ao menos uma vez : o delicioso dissabor de viver. A busca por si mesmo, por mais que, talvez, inconsciente. O apoio do amor que nos cerca, que inspiramos e expiramos. O amor que deve ser lembrado e criar lembranças. A certeza de que somos invencíveis, por mais duros que sejam os problemas que, com mais certeza, iremos encontrar. Por mais dura que seja a vida. Por mais suave que seja o nosso coração. Por mais que, muitas vezes, não consigamos ouvi-lo em meio ao caos. Ouvir a nossa voz. E por mais que tenhamos pressa, nessa vontade exagerada e acelerada de superar o desconhecido... sempre haverá tempo para parar e recordar uma história. E passá-la adiante. Afinal, "pense, sonhe, repasse e viva".
O conhecimento é infinito, nossa capacidade de aprender é infinita, seja sobre o que for - o mundo ou nós mesmos. Mas mais infinita ainda é a conexão humana que, sem dúvidas, faz-se num emaranhado de contos, sussurrados, conversa por conversa, olhar por olhar, passo a passo. Não sabemos a verdadeira dimensão de nossas histórias. Não sabemos que barreiras podem cruzar. Não sabemos por quanto tempo habitarão o espaço, nem até quem podem chegar, muito menos seu impacto sobre o céu e a terra. Por isso, gostaria de finalizar dizendo que, em mim, a contadora de histórias cravou suas mais belas metáforas, organizadas gentilmente, de forma sublime e simples, no frescor de cada palavra, de cada linha dessa prosa tão delicada e, por isso e mais, rica. Gostaria de agradecer por cada lição, seja no momento em que me foram passadas, seja no momento em que as relembro, pois a intensidade apenas se multiplica a cada menção honrosa. Obrigada, Lu, por ter sido uma contadora maravilhosa. Obrigada, Cristal, por sempre ter estado comigo, mesmo que escondida, mostrando-se nas brechas do que há de mais bonito em meu ser.
E se for uma curiosidade tão importante para você, querido leitor que nos rodeia, sim : recomendo essa história com cada fibra que me caiba. Espero que ela (re)acenda a chama que queima em ti, que o faça regojizar pelo espetáculo da vida. Espero que ela o acompanhe, como acompanha a mim, e que você a passe adiante, mesmo que sem saber. Pois todos temos uma história para contar, seja nossa, seja a de outrem, seja como for, porque o que importa, verdadeiramente, é o quanto a sentimos.
Por último, espero que a ame - porque eu a amei ♥ |
História: Beatrice e Matheus
Não sei ao certo o porquê de ter demorado tanto para vir aqui. Não sei ao certo, também, o porquê de só ter decidido fazê-lo agora. Mas, independentemente de qualquer coisa, o que interessa é que aqui estou, finalmente, após exatos um ano e quase, às vésperas, quatro meses. O que posso dizer de Beatrice, Matheus e todos os outros personagens que aparecem INFLAMAVELMENTE aos nossos olhos no decorrer dessa trajetória? Como posso contar a todos como a narrativa de Beatrice e Matheus é única, CALOROSA, e, sem dúvidas, uma das melhores que já testemunhei aqui nesse site? O que posso dizer da maravilhosa autora, ou melhor, amiga, tanto dos nossos queridos Mati e Bia quanto nossa, que nos conta, repassa, a sua história com tanto prazer e dedicação?
De que jeito eu posso dizer a todos como B&M me conquistou aos pouquinhos, de forma gradual, tanto que nem eu percebi, em meio à minha curiosidade e consideração, o quanto já estava envolvida na sua história? De que raio de maneira eu posso gritar a humanidade que há nas suas linhas, coisa que, sem dúvida, torna a história especial?
Beatrice e Matheus não é, por pouco, um conto de fadas, com príncipes, princesas e até, quem sabe, casamentos forçados. Não é uma história com bruxas e criaturas vilanescas e, muito menos, com uma segregação entre as "forças do bem e do mal". Ela é ambientada em outro universo. No nosso. Beatrice e Matheus é uma história como a nossa. A história de amigos, amantes, pais, filhos, primos, irmãos e de todos os dramas que nós mesmos passamos em nossas próprias vidas, cada um à sua própria maneira. Beatrice e Matheus é uma história como a nossa. É uma história de gente como a gente, de gente que cresce com você e assim como você. É uma história de humanos, vivida por humanos, contada por humanos e lida e até ouvida por humanos.
Como já estava dito e não por mim, mas por Carol, Pernambucana e Recifense das "brabas", que a cada capítulo me faz e ajuda a conhecer um pouco mais desse maravilhoso mundo, dessa delicada (e, ao mesmo tempo, tempestuosa) história, de mim e dos outros e, além de tudo, me apaixonar por tudo isso : " É inapropriado questionar a espontaneidade das coisas. Uma folha envelhece e cai, é natural. O movimento das marés. Uma amizade que surge em uma noite para duas crianças de dez anos. Espontaneamente nascem os sentimentos. E entre eles não há nascimento mais belo que o da amizade. "
E aqui, eu ecoo a saudação. "Sejam bem vindos ao nascimento da amizade de Beatrice e Matheus".
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História: Os Meteoros de Jonas
É como diz aquele velho ditado : antes tarde do que nunca.
Desde a primeira vez em que tive a sorte de cruzar o caminho de Jonas Oliveira Ferreira já se passaram uns bons meses, entretanto, a sensação da leitura de sua narrativa está até hoje conservada em minha memória, ou, para aqueles que acreditam que o coração é algo mais do que um órgão responsável pelo bombeamento de sangue, exatamente nele.
No momento em que pus os olhos em "Os Meteoros de Jonas", algo acendeu-se dentro de mim e eu simplesmente soube que não poderia deixar que ela passasse desapercebida, como quem não quer nada. Afinal, quantas histórias conseguem te atrair só com o título? Quantas histórias mexem com você, numa noite aleatória, que tinha tudo para ser igual a todas as outras, e que te deixam inquieta(o), num conflito interno e eterno? Quantas histórias te propõe perguntas, implícitas ou não, e te deixam horas a fio pensando numa resposta, que, aliás, elas nunca dão? Quantas histórias conversam com você, sussurram-te pensamentos e te deixam vidrada(o) a cada linha? Quantas histórias são narradas de forma fluida, prendem-te nas suas palavras e não te soltam até o fim? E finalmente, quando o fazem, deixam em você a sensação de que sempre estarão presentes?
Essa é uma dessas histórias, e de tal jeito que ficou decidido que deveria ser aquela a receber minha primeira recomendação no site e, tomara, toda a atenção que é de seu mérito. Assim como foi dito pelo próprio autor : que seus sorrisos, manias e imagem (além de um certo charme assustador) não parem por aqui.
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