Eu não me encontro nos outros

Nos olhares que me veem

Que tentam imaginar quem sou

Enquanto rio das respostas.

Eu não me encontro aqui

Eu me encontro lá

Lá, naquele lugar,

Depois de atravessar um mar de escuridão,

Que eu chamo de imaginação.

Eu sou quem eu acho que sou

Eu sou quem eu quero ser.

-Hm... E agora? O que eu escrevo? - murmurei para mim mesma durante a aula de Escrita Criativa.

-E ai, Cathe, conseguiu? - perguntei para a minha colega, que estava tendo um bloqueio criativo. Aproveitei para mostrar o meu poema a ela e ela o elogia, apesar de eu achar que estava mais ou menos.

O tempo passa, os lápis correm, os alunos pensam, as professoras conversam e eu os descrevo. Porque na verdade eu não estou aqui, não estou nesta sala, não estou segurando este lápis, não estou escrevendo. Estou em outro mundo, sendo uma princesa que mata um dragão, uma guerreira com um passado triste, uma garota doce que se apaixona pela primeira vez, uma alienígena com coração de gelo e olhar calculista, um ser mitológico envolto em magia ou, talvez, uma possível serial killer. Ás vezes sou mais de uma, ás vezes sou todas e, ás vezes, elas me são.

As pessoas ao meu redor passam por mim e eu, por elas. Para as que me marcam e recebem meu amor, eu lhes conto quem sou: a princesa, a guerreira, a alienígena e quem mais eu tiver inventado até o momento. Quanto aos outros, não me interesso com o que eles pensam, ou melhor, me interesso, sim. É cada imaginação fértil que a gente encontra por ai... é divertido olhar pelo ponto de vista deles.

A minha essência não está aqui, ela vive no mundo da lua, mas vem dar um “oi” de vez em quando. Afinal, sou a minha própria concha.

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Em outras palavras, sim, eu sou louca. Mas e dai? :P