Assassin's Creed: Colony escrita por Danilo Alex


Capítulo 5
Um Assassino a mais e um Assassino a menos


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Desculpem o pequeno atraso!
Hoje o nosso jovem Ettore vai descobrir desde cedo que a vida é dura...

Espero que gostem!

Boa leitura!



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Itália, ano de 1503.

 

Na época em que passou a distribuir entre os aliados o cartaz com a pintura de Giuliana Sparviero, Ezio recebeu de Caterina Sforza, por meio de uma carta, a informação de que uma jovem exatamente igual aquela retratada por Leonardo fora mantida em uma cela vizinha à sua, na prisão do Castel Sant’Angelo*(1), mas tinha sido levada pelos guardas horas antes de Ezio surgir para salvar a soberana de Forlí.

— O Castel Sant’Angelo, a fortaleza papal, que agora serve também como base de operações para as atividades escusas dos Borgia... Como não pensei nisso antes? — murmurara Ezio, recriminando-se — No castelo são mantidos presos somente os inimigos do Papa e da nobreza. Pergunto-me qual interesse especial Cesare poderia ter em Giuliana. Mas isso explica o fato de não termos conseguido localizá-la. O Duque dispõe de meios para retirar alguém sorrateiramente da cidade se assim o quiser. Se Giuliana foi vendida como escrava por ordem do Papa, o problema é maior do que imaginávamos.

Embora a Ordem seguisse procurando exaustivamente, mais um ano se passara sem qualquer pista ou sinal do paradeiro da garota.

Tendo concluído seu treinamento, Ettore começou a ser enviado em missões, assim como os demais recrutados de sua época.

 Inicialmente, era designado para tarefas simples e dentro da própria cidade; coisas como subornar um arauto falastrão que andasse complicando a Ordem com seus discursos, ajudar a arrancar cartazes de “Procura-se” de algum irmão que os guardas tivessem espalhado por Roma, espionar, interrogar, intimidar ou abater associados dos Templários. Também fazer pequenos favores para as guildas aliadas do Credo, encontrar e recrutar discretamente cidadãos simpáticos à causa Assassina, fossem eles políticos, ferreiros, marceneiros, diplomatas, fazendeiros, floristas, banqueiros, artistas de rua, intelectuais, alfaiates, mercadores de arte, filósofos, engenheiros, médicos, comerciantes ou artesãos, que pudessem servir à Ordem com sua inteligência e habilidades, ou patrocinadores, como os padeiros e açougueiros, que forneciam seus produtos à Irmandade.

Entre suas tarefas mais simples também estava inclusa a de roubar roupas, sapatos e chapéus de variados tipos, os quais, mais tarde, serviriam nas mais diversas situações para os irmãos da Ordem, que às vezes precisavam se disfarçar ao se infiltrar em locais restritos e eventos particulares a fim de cumprir suas missões.

Para sua contrariedade, por um período considerável Ezio o escolhera para ser um dos noviços responsáveis por seguir e proteger de longe Leonardo Da Vinci, uma vez que o inventor estava em poder dos Borgia, sujeito a truculência dos guardas Templários. Por mais que Leo a cada dia se provasse um bom amigo, Ettore ainda sentia muito ciúme da amizade próxima que ele cultivava com o Mentor. Era algo que infelizmente o recruta não podia evitar ou controlar.

Conforme o avançar do tempo, com a aquisição de experiência e aperfeiçoamento de suas habilidades, as tarefas que lhe eram confiadas passaram gradativamente a ter um grau maior de complexidade, e Ettore se viu então viajando para locais cada vez mais distantes em nome da Ordem.

Rastreava e capturava traidores do Credo, envenenava embaixadores, coagia nobres, plantava informações falsas nas fileiras inimigas, interrogava políticos, chantageava clérigos corruptos, torturava agentes templários, libertava prisioneiros, interceptava comboios de suprimentos e armas do adversário, eliminava aliados-chave dos Templários.

Suas aventuras o levaram a muitos lugares.

 Na Espanha, passou por Madri, Granada, Barcelona. Na França, esteve em Paris e Marselha, na Inglaterra visitou Londres mais de uma vez, Coimbra e Lisboa em Portugal, Moscou na Rússia, Budapeste na Hungria, Bucareste na Romênia, e na Alemanha esteve em Berlim, bem como nas pitorescas Bavária e Viena.

Na Itália, visitou Gênova, Milão, Nápoles, e em Veneza chegou mesmo a se infiltrar em um dos célebres bailes a fantasia de carnaval, quando a alta sociedade aproveitava para usar máscaras, sair às ruas e misturar-se com a população.

Apunhalara discreta e mortalmente um importante aristocrata amigo dos Templários e desaparecera logo depois, enquanto as pessoas festejavam alegremente ao redor, longe de imaginar que um dos nobres locais tinha acabado de ser morto bem diante de seus olhos por um jovem mascarado loiro e elegante. 

 Quando os presentes finalmente perceberam o que tinha acontecido, Ettore Sparviero já se achava muito longe, tornando nulas quaisquer chances de se alcançá-lo ou sequer identificá-lo.

Em suas andanças conseguiu aprender a falar um pouco de francês, espanhol, inglês e português.

Até então Ettore tinha cumprido com cem por cento de êxito cada uma das missões das quais fora encarregado. Mas mal sabia ele que tudo estaria prestes a mudar drasticamente muito em breve.

***

Itália, cidade de Florença, ano de 1.503

 

— Este lugar é muito mais fascinante do que imaginei. Nem em meus melhores sonhos eu poderia prever que seria tamanha a beleza desta cidade. — comentou Ettore profundamente admirado.

 — Ah sim, é muito bela. — comentou ao seu lado Stefano Michele, um irmão da Ordem, Assassino que, embora pouco mais velho que Ettore, já possuía alguns anos de experiência — Nunca me canso de admirar Florença, principalmente nessa época do ano. A primavera parece trazer um toque mágico a este lugar.

Ettore assentiu em silêncio.

Ambos os homens se achavam de pé no telhado de um dos prédios mais altos que circundavam a Piazza della Signoria*(2). Dali tinha-se uma ampla vista da movimentada praça logo abaixo, lotada de transeuntes barulhentos e curiosos, onde vários trabalhadores erguiam uma plataforma de madeira, própria para execuções públicas. Puderam ver também as torres do Palazzo Vecchio*(3) e do Bargello* (4); as lojas e bares da Ponte Vecchio*(5), fervilhantes de pessoas, se juntavam na Piazza situada à margem norte do Rio Arno, de onde o mau cheiro se espalhava pela cidade quando o vento soprava de lá, e cujo fedor maciço somente era atenuado relativamente pelo perfume exuberante das flores que então desabrochavam, obedecendo ao curso abençoado da primavera. Mais ao norte era possível divisar a praça da catedral, e o sol, boiando por um céu azul e quase límpido, já parecia tocar as torres e domos das inúmeras igrejas que pontilhavam Florença.

 — É triste pensar que esta cidade, berço de Ezio Auditore, seja também para ele um lugar de tanto sofrimento e memórias tristes. — disse Ettore, melancólico.

— De fato, não há mais nada para nosso mentor aqui. — concordou Stefano, pesaroso — Florença é o lugar onde Ezio viu seu pai e seus irmãos serem mortos injustamente por obra dos Templários, exatamente nesta praça, pendurados pelo pescoço em uma plataforma como essa que agora vemos ser construída. Assistiu a isso impotente e ainda teve que fugir da cidade juntamente com sua mãe e irmã.  Essas ruas também fazem o maestro se lembrar de Cristina, o grande amor de sua vida, que deu o último suspiro em seus braços. Além de tudo isso, embora fossem uma respeitável família de banqueiros florentinos, os Auditore tiveram sua antiga residência aqui completamente destruída. * (6)

— Meu Deus... — arfou Ettore, impressionado — E depois viu seu tio e mentor Mario Auditore tombar morto aos pés de Cesare Borgia, para quem perdeu também a Maçã. No lugar do Mestre, eu certamente enlouquecido.

— Exatamente. O Mentor é alguém duramente forjado pela dor e, ainda assim, dotado de vontade e determinação indestrutíveis. Devemos nos mirar em seu exemplo. Aquele homem é como uma força da natureza; simplesmente não pode ser detido. Apesar disso, creio que ele jamais voltará a pisar em Florença. E é por essa razão que nos enviou em seu lugar. Então, voltemos a nos concentrar em nossa missão.

Ambos olharam mais uma vez ao redor, estudando a melhor rota de fuga através dos telhados.

  — Nossa tarefa será relativamente simples. — explicou Stefano, confiante — Dentro de duas horas, os Templários executarão nessa praça alguns prisioneiros que têm sido uma pedra em seu sapato. Entre os condenados estão dois homens da Guilda florentina dos ladrões, dois irmãos do Credo e um mercenário fiel à Ordem. É nosso dever evitar que sejam mortos, mas não agiremos sozinhos. Como essas execuções estão programadas devido a uma grande importância política, os Templários devem imaginar que vamos intervir, então provavelmente reforçarão a segurança. Invadir a prisão e resgatá-los é impensável no momento, o que significa que teremos de esperar que sejam trazidos até a piazza para salvá-los. Alguns Ladrões criarão uma distração no instante oportuno, um grupo de Mercenários nos ajudará caso tenhamos que lutar para abrir caminho até a plataforma, e Piero Soderini, mentor do maestro Machiavelli e líder da Guilda dos Assassinos em Florença, ofereceu uma força considerável de irmãos para auxiliar no ataque e resgate dos prisioneiros. Tudo o que precisamos é aguardar a hora propícia de agir, porque um ataque prematuro revelaria nossa presença e poderia pôr tudo a perder.

Ettore concordou em silêncio, meneando positivamente a cabeça para o irmão da Ordem. Ostentava um ar grave, o que acabou arrancando uma risada de Stefano:

  — Anime-se, fratellino*(7)! Há algo que, embora não devesse, vou comentar com você. Pairam na Guilda fortes boatos de que, ao retornarmos, haverá uma cerimônia para elevar você a Assassino. Quanto a mim, acredito que serei merecedor de me tornar um Mestre Assassino. Se o Mentor comentar algo, finja surpresa. E se a informação por acaso vazar, você não soube disso por mim. Creio que ele nos quis fazer uma surpresa.

— Não pode estar falando sério...  — exclamou Ettore arfando, de olhos arregalados.

— Estou sim falando muito sério. Tudo o que temos a fazer é sermos bem sucedidos nesta missão. Já não era sem tempo, heim, irmãozinho? — sorriu Stefano olhando para o surrado traje de aprendiz que o companheiro envergava. Ettore, por sua vez, olhava com admiração e respeito para o manto branco e elegante repleto de detalhes em vermelho que o outro vestia, idêntico ao do Mentor. Aquela era a túnica da Irmandade Assassina de Roma. Não havia naquele tempo nada que Ettore Sparviero almejasse mais do que ser digno de tais vestes.

O jovem recruta olhou para o céu em tom brincalhão de agradecimento, fazendo seu companheiro Assassino gargalhar mais uma vez. Concluída a missão de estudar o terreno e criar um plano de ação, os dois homens vestiram seus capuzes. Depois, se atiraram do telhado de braços abertos, executando um belíssimo salto de fé.

Aterrissaram praticamente ao mesmo tempo em um palheiro posicionado quinze metros abaixo, na orla da piazza. Misturando-se à multidão rapidamente, rumaram para a barraca de vinho mais próxima, a fim de aguardar o momento da ação.

Horas mais tarde, a praça lotou de tal maneira que era quase impossível se deslocar através dela. Camuflados pela multidão agitada, com o capuz baixado até a altura dos olhos, Ettore e Stefano se moviam entre a aglomeração, abrindo caminho com gentileza e discrição, vagarosamente se aproximando da plataforma, exatamente como um predador cercando sua presa.

Inflamada pelo discurso manipulador do arauto, a turba gritava, exigindo punição para os culpados, que já se achavam sobre a plataforma, cada um acima de seu respectivo cadafalso, a corda sendo ajustada ao redor de seu pescoço. Ettore pensou que as pessoas da plateia lembravam animais naquele instante; um bando de hienas e abutres sedentos de carne e sangue.

Havia um nobre em vestes pomposas lendo as acusações e a sentença contra os prisioneiros. E um carrasco de olhos gelados andava de um lado a outro, tão ou mais excitado que a própria multidão, mal cabendo em si de ansiedade para desempenhar seu papel macabro.

Stefano esquadrinhava a multidão atentamente. No topo dos prédios mais próximos seu olhar perspicaz captou a figura encapuzada dos irmãos florentinos que, silenciosos como felinos, se moviam de forma letal e decisiva.

Derrubaram os arqueiros e atiradores posicionados nos telhados, e os inimigos morreram sem ruído.

 Posicionaram-se.

Junto dos Assassinos nos telhados ele também viu muitos ladrões da Guilda Florentina. E em pontos diversos da piazza notou a presença de mercenários corpulentos preparados para a luta, portando suas marretas e maças, machados de guerra e alabardas. Apenas aguardavam o sinal.

Perceber que tudo corria de acordo com o plano em nada tranquilizou Stefano.

Ele se sentia incomodado.

Um mau pressentimento, singelo indício de alerta cutucava com insistência o fundo de sua mente. Já atuava em campo tempo suficiente para saber que o instinto de um Assassino dificilmente falhava. Seus olhos iam de um lado a outro, procurando identificar a fonte potencial de perigo.

A seu lado, alheio ao que se passava, Ettore via com indignação a multidão ansiosa pelo espetáculo sangrento prestes a se realizar. Até mesmo crianças estavam presentes e se mostravam animadas com o que estava por vir. Aquilo lhe causou náuseas.

Estavam agora bastante próximos da plataforma, de modo que ele já era capaz de enxergar claramente o contorno das armaduras dos guardas os quais, lado a lado, formavam um cordão humano de isolamento, mantendo o povo em desvario a uma distância segura dos condenados e seu carrasco. Os prisioneiros, em sua maioria, tinham a cabeça baixa, abatidos, resignados. Apenas os irmãos do Credo sentenciados sustentavam a cabeça erguida, o olhar altivo brilhando desafiadoramente, provavelmente cientes de seu resgate iminente.

Aproximava-se o momento fatídico da execução, o que agitou Ettore. Ele tinha pressa em salvar os irmãos, em agir, em impressionar Stefano. Queria provar seu valor ao companheiro, mostrar que estava apto para trocar o manto de aprendiz pelas vestes gloriosas de Assassino.

Quando o carrasco parecia prestes a realizar sua função sinistra, Ettore começou a se deslocar pela massa com maior rapidez, afastando as pessoas agora com alguma rispidez, procurando alcançar a plataforma.

Nesse instante, um homem em meio à turba captou o movimento do recruta; pousando a mão sobre o cabo da espada, passou a avançar em direção ao aprendiz, que, focado em sua missão, nem se deu conta do perigo.

Percebendo o que acontecia, Stefano descobriu finalmente o que o incomodava; aquele homem era um agente inimigo.

Conhecido somente como Cérberus, aquele Cavaleiro Templário destacava-se como um dos mais bem treinados dos quais se tinha notícia na Itália. Dono de extraordinária habilidade ao manejar a espada, Cérberus vinha se tornando uma dor de cabeça para a Ordem, e já tinha causado várias baixas na Irmandade ao longo dos anos. Sua fama o precedia. Para superá-lo em combate seria necessário alguém realmente experiente, como Ezio Auditore ou Niccolò Machiavelli.

Por mais bem treinado que fosse, Stefano Michele ainda tinha muito o que aprender, e sabia não ser páreo para tal cão de caça Templário.

Portanto, a atitude mais sensata diante disso seria abortar a missão e fugir a fim de preservar sua vida e a do recruta, ou avisar os companheiros ocultos ao redor e atacarem todos juntos, eliminando de vez a ameaça enquanto ainda detinham o fator surpresa.

— Ettore, espere! — gritou, tentando avisar o amigo do grande perigo que corriam, mas sua voz era só mais uma, e se perdeu em meio à barulheira da multidão agitada.

O recruta não parecia ter ouvido. Se acaso tinha, ignorou o chamado do parceiro. Estava afobado demais para ser interrompido ou detido. Queria salvar os companheiros e acabou se precipitando. Seu gesto intempestivo custaria caro.

Cérberus estava prestes a alcançar Ettore, então Stefano usou o ombro para abrir caminho rudemente até o irmão Assassino e o perigoso Templário.

De estatura avantajada e compleição musculosa, trajando peças bem polidas de armadura sobre as vestes elegantes, Cérberus avançava determinadamente em direção ao aprendiz. A pele era morena de sol, os olhos negros expressavam ódio mortal pelos encapuzados. Os cabelos escuros e longos estavam presos em um rabo de cavalo caprichado, obediente aos movimentos de sua cabeça leonina. Uma barba espessa sombreava-lhe o queixo e o pescoço, ocultando uma profunda cicatriz no canto do lábio.

 Aquele homem possuía habilidades de predador, de tal modo que conseguira manter-se anônimo na multidão, tornando-se invisível aos olhos de lince dos Assassinos e passando despercebido por seus sentidos apurados. Encontrava-se agora muito perto de Ettore, que, praticamente diante da plataforma, não se dera conta de sua presença.

 A capa do Templário farfalhou quando, com um gesto elegante e vigoroso, sacou uma adaga imponente, que rebrilhou ao sol do final da tarde. Ergueu a arma raivosamente ao desferir um golpe descendente, que teria ceifado a vida de Ettore instantaneamente se Stefano não interferisse aparando com seu sabre, bloqueando a lâmina inimiga a centímetros do tronco do jovem recruta.

Tanto o sol refletido na folha das armas quanto o tilintar do metal contra metal assustou a multidão ao redor e fez Ettore se voltar, sobressaltado.

Cérberus e Stefano se encararam por um brevíssimo segundo antes de começarem a esgrimir ferozmente no meio da agitação. Ainda havia vozes alteradas e pessoas ignorando o que acontecia ali, mas boa parte dos cidadãos percebia o perigo e, gritando, fugia para salvar suas vidas.

O embate do Templário contra o Assassino chamou a atenção do carrasco, o qual não pensou duas vezes em agarrar firmemente a alavanca para executar os prisioneiros. Antevendo isso ao notar a confusão precipitada, um dos Assassinos de Florença, que estivera assistindo a tudo agachado no topo de um prédio e bem posicionado logo acima do carrasco, tratou de agir.

Retesando os músculos das pernas exatamente como faria um tigre prestes a saltar sobre a presa, ele liberou sua lâmina, tomou impulso, se jogou do telhado. Cruzou o ar com precisão e caiu sobre o executor, afundando sua lâmina certeiramente no pescoço inimigo, liquidando-o de imediato em um assassinato aéreo perfeito.

Entretanto, pouco antes de o golpe mortal perfurar sua nuca, o homem tinha conseguido puxar a alavanca.

O mecanismo dos cadafalsos foi acionado, e a um só tempo os condenados passaram a espernear desesperadamente, pendurados pelo pescoço.

Iniciou-se então uma corrida contra o tempo.

Outras figuras encapuzadas, imitando o irmão, saltaram dos telhados e pousaram graciosamente na plataforma, sacando suas armas para enfrentar os guardas que se precipitavam contra eles, tentando impedi-los de salvar os condenados na forca.

Os salteadores juntaram-se aos Assassinos nessa tarefa e os mercenários na multidão correram para acudir os amigos, já que o os soldados que cercavam a plataforma tinham se dividido; um pouco enfrentou aqueles que vinham para o resgate, enquanto o restante seguiu para o meio da aglomeração, a fim de dar apoio a Cérberus, ocupado em duelar com Stefano.

A confusão generalizou-se. As pessoas, agora cientes da batalha sangrenta travada ali, corriam em várias direções, semelhantes a manadas de animais assustados, de forma que seu deslocar desorientado e ruidoso atrapalhava os combatentes.

Contando com a ajuda de seus subordinados, Cérberus empunhava agora uma espada e adaga, lutando com uma em cada mão. Procurava matar Ettore, mas Stefano se interpunha entre ele e o irmão da Ordem.

Usando sua lâmina oculta com bravura, impedido pelo irmão de ajudá-lo, Ettore derrubava os guardas que tentavam cercá-los. No meio da luta, olhou de relance para a plataforma e tranquilizou-se ao ver que todos os condenados tinham sido salvos. Não houvera baixas até então.

Entretanto, a situação parecia complicar-se. Cada vez mais soldados chegavam à Piazza della Signoria, transformada naquela tarde em campo de batalha.

Os Assassinos e seus aliados já demonstravam sinais de cansaço. Lutar começava a se mostrar inútil, porque cada vez mais se viam mais acuados. Os mercenários agitavam suas maças e machados com vigor, mas, para cada inimigo que derrubavam, pareciam surgir pelo menos mais três.

Salteadores, Assassinos e Mercenários então começaram a tombar mortos aos pés dos inimigos. Os condenados tinham fugido pelos telhados.

— Temos que sair daqui, fratello*(8). — arfou Stefano, pingando suor, desviando de uma perigosa investida do Templário, escapando por um triz de ser ferido gravemente.

Assentindo, sem mais dizer, Ettore retirou do cinto uma bomba de fumaça justo no momento em que Stefano aplicou uma rasteira em Cérberus, fazendo o Templário rolar ruidosamente pelo chão. Além dos dois, somente um Mercenário e um Assassino Florentino ainda estavam de pé, duelando bravamente contra a superioridade numérica dos guardas, que aumentava na mesma medida em que suas chances de escapar diminuíam drasticamente. 

Stefano voltou-se para o companheiro mais jovem com um sorriso cansado e triste, tampando por alguns segundos a visão do Cavaleiro Templário atrás de si o qual, incansável, lutava para se levantar.

— Fuja, irmão. — disse o Assassino em tom de despedida — Salve-se.

Arregalando os olhos em desespero, Ettore pensou em protestar.

Antes, porém que o fizesse, a ponta de uma espada brotou no meio do peito de Stefano, cravada por trás, trespassando seu coração. Deixando escapar um grito mortal, o Assassino olhou incrédulo para a mancha escarlate que se espalhava por sua túnica, irradiando da altura do tórax. Fitou depois Ettore tragicamente, expelindo uma golfada de sangue pela boca, a opacidade da morte já pairando em seus olhos.

 — NÃO!!! — berrou o jovem recruta em agonia, como se o seu peito é que tivesse sido atravessado pela espada inimiga.

 O Mercenário restante golpeou Cérberus com sua maça, projetando o Templário violentamente contra uma barraca de frutas erguida nas proximidades. A única coisa que impediu sua caixa torácica de ser esmagada pela pancada foi o rígido peitoral de aço a protegê-lo, o qual amassou bastante devido ao poderoso impacto. Logo em seguida, quatro soldados cravaram suas lâminas no Mercenário, que desabou sem um gemido.

Stefano, já de olhos vidrados, caiu de joelhos e pendeu para frente, uma imensa poça vermelha imediatamente rodeando-o.

Gritando, aflito, Ettore fez menção de correr até o amigo, sendo detido pelo Assassino florentino, que o segurou com firmeza pelo ombro:

— Não podemos fazer mais nada, irmão. Ele se sacrificou para que você vivesse. Seja sábio, não permita que nosso irmão tenha morrido em vão. Siga-me. Conheço uma rota de fuga capaz de nos tirar daqui.

Resignado, Ettore jogou com força no chão a bomba de fumaça que ainda segurava e nem tivera chance de usar. O Assassino florentino, cujo nome era Giordano, também atirou uma das bombas que trazia consigo.

Em questão de segundos uma densa e sufocante nuvem de fumaça tomou a piazza, fazendo arder os olhos dos adversários, que começaram no mesmo instante a tossir bastante, impedidos de ver ou atacar os Assassinos em fuga.

Seguindo os passos de Giordano, com agilidade felina Ettore escalou a parede de uma alfaiataria. À medida que subia, sentiu flechas zunindo rente seu corpo e ouviu o trovejar de sofisticadas armas de fecho de roda. A precisão e o alcance dos disparos que arrancavam lascas da parede num ponto bem próximo de sua cabeça eram inconfundíveis.

 — Maldito Da Vinci... — sussurrou rangendo os dentes.

Alcançaram enfim os telhados, pelos quais correram, usando o impulso e a velocidade da corrida para saltar de um prédio a outro. Antes que deixassem finalmente a área e escapassem de vez, o jovem romano e seu companheiro florentino ainda ouviram a odiosa e irônica voz de Cérberus retumbar de modo triunfal em algum lugar abaixo deles:

— Fujam, Assassini!*(9) Corram como coelhos assustados e vão contar ao seu Mentor que vocês falharam.

***

 

Itália, Cidade de Roma, alguns dias mais tarde

 

 

— Sabia que iria encontrá-lo aqui. — disse Ezio suavemente ao caminhar pelo telhado do esconderijo dos Assassinos, o enorme e aparentemente abandonado prédio na Ilha Tiberina.

Sentado displicentemente a um canto, ainda que consciente da presença do mestre, Ettore não ergueu os olhos. Parecia envergonhado demais para isso.

— Eu mesmo costumo visitar esse lugar às vezes, quando quero pensar um pouco na vida. — comentou o Mentor, ocupando um lugar ao lado do aprendiz.

Ettore não disse nada. Ainda de cabeça baixa, fungou ruidosamente, usando a manga da túnica de recruta para enxugar as lágrimas copiosas que corriam por seu rosto jovem. Vendo-o naquele estado, espírito abatido, ar derrotado no rosto, chorando desconsoladamente, Ezio se deu conta de que as durezas da guerra tornavam fácil esquecer que Ettore Sparviero no fim era, apesar de tudo, pouco mais que uma criança.

O rapaz estava sentado com as pernas dobradas embaixo de si, e sobre os joelhos, cuidadosamente dobrado estava o belíssimo traje de Assassino Romano, o mesmo usado por Ezio e demais membros mais antigos da Ordem, branco, feito de linho, com detalhes em vermelho e acessórios de couro. 

— Você sempre quis usar esse manto. — falou o Mestre Assassino de modo paternal.

— Sim... — sussurrou Ettore por fim — Mas agora não me julgo digno de vesti-lo. Um bom homem está morto por culpa minha. Agi por impulso e isso o matou. Vários aliados nossos também perderam suas vidas por minha causa. Feri o terceiro princípio mais importante do Credo: “Nunca comprometer a Irmandade.”(10)*. Que tipo de Assassino faria isso e ainda poderia trazer algo de bom para a Ordem, Mentore?

Figlio*(11), escute-me com atenção. Este traje é um símbolo daquilo que acreditamos e pelo qual lutamos, mas de forma alguma te tornará imune a erros. Em todos esses anos que servi a Ordem, acha mesmo que nunca falhei? Sim, eu falhei. Tive de tomar decisões difíceis, as quais me trouxeram consequências. Perdi amigos. Fui traído. Todos os dias eu pago o preço exigido pela santidade de nosso Credo. E sabe por que isso acontece, meu amigo? Porque somos humanos, seres falíveis. Embaixo desses capuzes existem homens comuns, de carne e osso. Estamos sujeitos a errar. E temos de aprender a aceitar isso.

— Se eu tivesse sido sensato, Stefano ainda estaria vivo. — amargou o jovem.

— Lembra-se de minhas palavras quando você se encontrou com Leo pela primeira vez, caríssimo Ettore? Eu disse que essa sua impulsividade ainda acabaria custando a vida de alguém. E foi o que aconteceu. Não estou julgando você. Também já tive sua idade e minhas impetuosidades da juventude. Stefano amava você como a um irmão, a ponto de se sacrificar para te conceder uma chance de fugir. A morte dele infelizmente é um fardo o qual você carregará pelo resto de seus dias, não somente como um lembrete sombrio, mas também como lição.

Dando um tapinha no ombro do rapaz, Ezio abaixou a voz ao falar:

— Se quer saber, eu me lembro de todos aqueles cuja morte participei. Aqueles dos quais tomei a vida com minha lâmina. Aqueles cujo fim minha mão não foi rápida, firme ou habilidosa o bastante para evitar. Recordo com perfeição cada nome, cada reação ao deixar esse mundo. O rosto deles me assombra diariamente. E ainda assim, vocês chamam-me de mestre. Confiam a mim suas vidas. E conhecem os riscos, porque vivemos uma guerra. Toda guerra traz baixas. Inevitavelmente. Trilhamos um caminho de dor, meu irmão. Esse tipo de dor nunca vai embora, então precisamos usá-la a nosso favor. Transformá-la em força. Fazer dela o fogo de nossa forja.

Ouvindo em silêncio, Ettore fungou de novo, enxugando o nariz e os olhos na manga de seu traje de aprendiz. Ezio então concluiu:

— Nossos irmãos de Florença providenciaram um funeral honroso de guerreiro para Stefano, cremando seu corpo em uma pira, conforme o costume. Mais do que nunca, é tempo de você honrar sua promessa de ser o melhor soldado dessa Ordem, Ettore Sparviero. Precisamos de você mais do que antes. De hoje em diante é seu dever servir esse Credo por você e por Stefano. Um bom Assassino se foi. É hora de outro tomar seu lugar.

Aceitando a mão estendida do mentor, o rapaz finalmente se pôs de pé.

Apontando para a túnica dobrada que o pupilo segurava, Ezio pediu com seriedade:

— Agora vá se vestir. A cerimônia começará em pouco tempo.

***

— “Laa shay’a waqi’un moutlaq bale kouloun moumkine.”*(12) — entoou Machiavelli solenemente em árabe. — Essas palavras revelam o cerne e a essência de nosso Credo.

Posicionado a seu lado, sem olhar para o companheiro de armas, Ezio se dirigiu quase em seguida ao grupo de discípulos e Assassinos silenciosamente empertigados diante deles:

— “Onde outros homens cegamente seguem a verdade, lembrem-se...”

— “Nada é verdade.” — responderam todos os presentes ao mesmo tempo, homens e mulheres talhados pela luta e ligados pelo mesmo Credo como se fossem um só.

Sem mover um único músculo do rosto, sua silhueta assumindo formas espectrais sob a claridade alaranjada e bruxuleante das incontáveis velas que iluminavam o salão cerimonial da Guilda dos Assassinos em Roma, o Mentore prosseguiu:

— “Onde outros homens são limitados pela moralidade ou pela lei, lembrem-se...”

— “Tudo é permitido.” — replicaram outra vez os membros da Irmandade em uníssono, a voz entusiasmada de Ettore Sparviero se destacando entre todas.

O jovem romano sentia uma grande emoção se apoderar de si. Estava de pé entre seus irmãos, como igual, trajando finalmente as vestes de Assassino, brancas, de linho e com algumas partes em vermelho, o cinto e outros detalhes cromados, bem como colete, braceletes e alguns outros acessórios de couro. Tinha o capuz cobrindo o rosto e tremia de expectativa, sentindo que a túnica lhe caíra perfeitamente, ajustando-se com perfeição ao seu corpo esguio embora musculoso.

Sua pulsação estava acelerada. Seus inquietos olhos verdes focavam por instantes o Mentor à frente, ladeado pela figura elegantemente trajada de preto de Maquiavel, para logo em seguida contemplar com assombro o amplo salão cerimonial lugubremente iluminado por velas, as quais ardiam em castiçais de prata pura e candelabros afixados nas paredes e pendentes do teto.

Um fino carpete vermelho aveludado cobria todo o corredor; peça belíssima e trabalhada de tapeçaria persa, digna da aristocracia. As sólidas paredes do prédio exibiam armas brancas variadas e sustentavam velas, lamparinas a óleo e tochas crepitantes. Do teto pendiam pesadas cortinas vermelhas cravejadas, bem como luxuriantes flâmulas cor de sangue onde se via o símbolo da Irmandade: uma espécie de letra A prateada e com as pontas curvadas para dentro.

Ainda como parte da ambientação, nos cantos do vasto salão havia esquifes de pedra, os quais guardavam restos mortais de grandes nomes do Credo.

Dezenas de homens e mulheres encapuzados estavam de pé, postados lado a lado no centro do salão, mantendo expressões indecifráveis, olhando para frente, aonde Ezio e Machiavelli, diante de um braseiro aceso, conduziam o ritual de iniciação da Irmandade.

Tudo ali emanava uma aura densa e solene de mistério.

Ettore estava tão embevecido que quase perdeu as palavras seguintes de Niccolo Machiavelli, o jovem Mestre Assassino eternamente sisudo e vestido de preto:

— “Trabalhamos na escuridão para servir à luz. Nós somos Assassinos.”.*(13)

Por sugestão de Machiavelli, guardaram então um minuto de silêncio pela perda do irmão Stefano Michele. Ettore abaixou a cabeça, pesaroso.

Em seguida, o único Mestre Assassino de vestes escuras fez um gesto para que os iniciados se aproximassem do fogareiro. Além de Ettore, mais três irmãos seriam elevados à condição de Assassinos naquela noite: um alfaiate, um gondoleiro e uma comerciante.

 — Muitos antes de vós estiveram ao redor deste fogo para fazer o mesmo juramento. — começou Machiavelli com semblante sério e tom de voz grave, quase professoral — Muitos também hão de vir depois de vós. Um verdadeiro Assassino deve viver e morrer pelo Credo. Mas aprendam isso: Nossas vidas não são nada. O Credo é tudo, e deve existir por meio de nós, embora esteja acima de nós. A humanidade precisa ter sua liberdade resguardada. É por isso que vivemos, lutamos e morremos. É para isso que existimos.

Terminou de falar e então chamou Ettore.

O iniciado aproximou-se e viu o Mestre Assassino remexer no fogareiro, tirando de lá uma ferramenta própria para apertar parafusos, uma espécie de alicate. O instrumento estivera sendo aquecido pelas chamas e seu metal jazia rubro entre as brasas.

Nada é verdade. Tudo é permitido. — recitou de modo solene Ettore estendendo a mão direita acima do fogo, mantendo os dedos bem separados um do outro.

Sem mais dizer, Machiavelli envolveu no instrumento o dedo anelar do iniciado e o fechou. Ettore sentiu a carne arder como o inferno e manteve corajosamente seus olhos fixos nos de Ezio.

Enquanto o fogo imprimia em sua pele a marca indelével de sua aliança com o Credo, ele sustentou o olhar do Mentor e, a despeito da extrema angústia que experimentava, nenhum músculo de sua face se contraiu, bem como nenhum som escapou de seus lábios comprimidos.

Sorrindo levemente em aprovação pela atitude valente do discípulo, Ezio Auditore disse com suavidade:

— Como tudo na vida, essa dor é passageira, fratello mio.*(14)

Depois de Ettore, os outros irmãos passaram por processo semelhante.

Após cumprido o rito de iniciação, os recrutas trocaram seus leves e maleáveis facões venezianos de aprendizes pela tradicional espada Assassina.

Em seguida, rumaram todos para o telhado.

De pé na torre no topo do esconderijo, Ettore sentiu o vento da noite agitar a orla de suas novas vestes. Rodeado por seus irmãos e mentores, ele mirou o Tibre que corria bem abaixo.

Era hora de realizar seu salto de fé.

O salto de fé consistia em confiar no destino e se atirar de um ponto alto, acreditando que de alguma forma sua aterrissagem seria amortecida.

Aquele gesto significava muito mais do que acreditar e se arriscar. Era uma forma de romper paradigmas. De se libertar das doutrinas e verdades filosóficas impostas pelo mundo. Tratava-se de uma espécie de batismo.

Olhou uma vez por sobre o ombro, procurando Ezio com os olhos.

O Mentore o encorajou esboçando um de seus sorrisos enigmáticos.

Ettore Sparviero acenou afirmativamente e olhou novamente para frente.

Aquele não seria o primeiro salto de fé que executaria em sua vida, mas marcaria a sua passagem definitiva de recruta a Assassino.

Seus olhos verdes contemplaram por um instante o firmamento coalhado de estrelas acima do panorama magnifico de Roma a se estender mais além, languidamente iluminada por tochas e lamparinas a óleo.

Ettore inspirou fundo, estendeu os braços, inclinou-se para frente e se deixou cair.

Despencou do telhado a uma velocidade vertiginosa sem que o menor vestígio de medo agitasse seu coração.

O vento assobiando em seus ouvidos lembrava o guincho de uma águia.

Seu corpo em queda livre demorou poucos segundos para cruzar os vinte e cinco metros que o separavam de seu destino.

Então ele atingiu as águas turvas do rio com um baque surdo.

Quando emergiu na superfície e nadou vigorosamente até a margem, Ettore Sparviero não era mais um mero recruta.

Tornara-se finalmente um Assassino.


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Notas finais do capítulo

Notas históricas e vocabulário

1 - O Castelo de Santo Ângelo (em italiano: Castel Sant' Angelo), também conhecido como Mausoléu de Adriano, localiza-se na margem direita do rio Tibre, diante da Ponte de Santo Ângelo, próximo do Vaticano, em Roma, Itália. O castelo é atualmente um museu.
Sua primitiva estrutura foi iniciada no ano 135 pelo imperador Adriano como um mausoléu pessoal e familiar (Tumbas de Adriano), concluído por Antonino Pio em 139. O monumento, em travertino, era adornado por uma quadriga em bronze, conduzida por Adriano.

Em pouco tempo, entretanto, a sua função foi alterada, sendo utilizado como edifício militar. Nessa qualidade, passou a integrar a Muralha Aureliana em 403.

A sua atual designação remonta a 590, durante uma grande epidemia de peste que assolou Roma. Na ocasião, o Papa Gregório I afirmou ter visto o Arcanjo São Miguel sobre o topo do castelo, que embainhava a sua espada, indicando o fim da epidemia. Para celebrar essa aparição, uma estátua de um anjo coroa o edifício: inicialmente um mármore de Raffaello da Montelupo, e desde 1753, um bronze de Pierre van Verschaffelt sobre um esboço de Gian Lorenzo Bernini.

Durante a época medieval esta foi a mais importante das fortalezas pertencentes aos Papas. Serviu também como prisão para muitos patriotas, na época dos movimentos de unificação da Itália ocorridos no século XIX.

De seu terraço superior, tem-se uma magnífica vista do rio Tibre, dos prédios da cidade e até mesmo do domo superior da Basílica de São Pedro.

O Castelo de Santo Ângelo foi usado por Giacomo Puccini como cenário do último Ato (Ato III) de sua grande ópera "Tosca".

2 – Ao sul da Praça do Duomo fica a Piazza della Signoria com o Palácio Vecchio, que formam o coração político e social de Florença. A Praça é intensamente procurada pelos turistas, por ser uma verdadeira galeria de arte ao ar livre.
A Praça faz uma síntese da história de Florença. Aí foram instalados banhos romanos, mais tarde passou a ser um local de reuniões e reinvindicações e hoje é um lugar de comemorações da cidade. Na Praça ficam três grandes e maravilhosas estátuas: A de Netuno é obra de Bartolomeo Ammannati e celebra as vitórias navais da Toscana.
3 – O Palazzo Vecchio é o símbolo da cidade de Florença juntamente com Santa Maria del Fiore e o David de Miguel Ângelo e foi sempre a sede do Governo da cidade.
O Palazzo Vecchio foi construído no século treze e teve várias denominações ao longo da sua história: Palazzo dei Priori, Palazzo della Signoria, Palazzo Vecchio.

Foi inicialmente concebido para acomodar os priores e os Gonfanoleiros de Justiça (Gonfaloniere di Giustizia), o corpo governativo supremo de Florença, mais tarde acomodados no Palazzo del Bargello.

Foi erigido sobre as ruínas de um palácio que havia pertencido à família Gibelino Uberti, expulsa da cidade em 1266 devido a questões políticas, situação referida por Dante Alighieri na sua Divina Comédia.

O conflito histórico entre Guelfos e Gibelinos que inflamou a política florentina no tempo de Dante, também está presente alguns elementos arquiteturais do edifício: a galeria tem um parapeito em forma de quadrado definido como “Guelfo” e a torre tem um parapeito articulado denominada “Gibelino”.

A magnificência do edifício, tipicamente medieval, deve-se em grande parte ao design de Arnolfo di Cambio.
A riqueza do interior deve-se ao génio de Giorgio Vasari que também concebeu o Salone dei Cinquecento, o Studiolo de Francesco I, os aposentos de Eleonora e os aposentos dos elementos (Quartiere degli Elementi).

O Palazzo Vecchio foi construído tendo por base o estilo de arquitetura civil da época e com a sua simplicidade e força encarna os ideais de liberdade da itália comunal.

A atual aparência do Palazzo Vecchio resulta de muitas alterações complexas que sucederam ao longo dos séculos.
A torre está descentralizada porque o projeto aproveitou uma torre que existia anteriormente.

As fundações assentam num antigo teatro romano com escavações ainda não concluídas e que ainda revelam segredos inesperados: entre outras coisas, foram encontrados vestígios de um jovem recentemente.

Sendo o centro do poder em Florença, o Palazzo Vecchio assumiu diferentes funções dependendo do período histórico e político.

4 – Palazzo Del Bargello- Sendo um dos prédios mais antigos de Florença, o palácio passou por muitas modificações em sua longa história, sendo usado como sede do Capitano del Popolo, da prisão, do Podestà e do Conselho de Justiça, até ser destinado em fins de 1859 para abrigar um museu, a ser criado, que deveria documentar a história e a arte da Toscana.
5 – Ponte Vecchio - A Ponte Vecchio (Ponte Velha) é uma Ponte em arco medieval sobre o Rio Arno, em Florença, na Itália, famosa por ter uma quantidade de lojas (principalmente ourivesarias e joalharias) ao longo de todo o tabuleiro.

Acredita-se que tenha sido construída ainda na Roma Antiga e era feita originalmente de madeira. Foi destruída pelas cheias de 1333 e reconstruída em 1345, com projecto da autoria de Taddeo Gaddi. Consiste em três arcos, o maior deles com 30 metros de diâmetro. Desde sempre alberga lojas e mercadores, que mostravam as mercadorias sobre bancas, sempre com a autorização do Bargello, a autoridade municipal de então. Diz-se que a palavra bancarrota teve ali origem. Quando um mercador não conseguia pagar as dívidas, a mesa (banco) era quebrada (rotto) pelos soldados. Essa prática era chamada bancorotto.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a ponte não foi danificada pelos alemães. Acredita-se que tenha sido uma ordem direta de Hitler.

Ao longo da ponte, há vários cadeados, especialmente no gradeamento em torno da estátua de Benvenuto Cellini. O facto é ligado à antiga ideia do amor e dos amantes: ao trancar o cadeado e lançar a chave ao rio, os amantes tornavam-se eternamente ligados. Graças a essa tradição e ao turismo desenfreado, milhares de cadeados tinham de ser removidos com frequência, estragando a estrutura da ponte. Devido a isso, o município estipulou uma multa de 50 euros para quem for apanhado, em flagrante, a colocar cadeados na ponte.

Existe uma referência à ponte e ao Rio Arno na famosa ária O Mio Babbino Caro, da ópera Gianni Schicchi de Giacomo Puccini.

6 – Para conhecer esse trecho da história da Família Auditore, em especial, da história de Ezio, com maiores detalhes, visitar a saga lendo as obras Assassin’s Creed – Renascença e Assassin’s Creed – A Irmandade, ou por meio dos games Assassin’s Creed II e Assassin’s Creed Brotherhood.

7 – Fratellino – irmãozinho, em italiano.

8 – Fratello – irmão, em italiano.

9 – Assassini – Assassinos, em italiano.

10 – O Credo dos Assassinos é sustentado por três princípios que são seus pilares:

1º Manter sua lâmina longe de inocentes
2º Se esconder em plena vista
3º Nunca comprometer a Irmandade.

Um Assassino deve morrer antes de prejudicar um inocente ou expor a Irmandade a algum tipo de risco. Esses princípios devem ser vividos à risca, principalmente porque definem a identidade de um Assassino. Se descumprido algum desses princípios, o infrator pode até mesmo ser condenado à morte.

11 – Figlio – Palavra italiana para filho.

12 - Laa shay’a waqi’un moutlaq bale kouloun moumkine: Expressão árabe para “Nada é verdade, tudo é permitido.” – esse é o cerne do juramento e filosofia Assassina.
13 – Trabalhamos na escuridão para servir à Luz. Nós somos Assassinos. – mais uma parte do juramento Assassino.
14 – Fratello mio – meu irmão, em italiano.


Vejo vocês em quinze dias!!!!



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