Assassin's Creed: Elementary escrita por BadWolf


Capítulo 23
Confiança Despedaçada


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai ser uma bomba... Pelo menos para algumas pessoas.
Espero que gostem e boa leitura!



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Passava das onze da noite quando Ethan Frye chegou à sede da Irmandade Britânica, que ocupava o porão de uma casa, numa localidade reservada de Crawley. O Mestre Assassino, que decidira trazer sua filha e também Assassina em formação Evie Frye para aquela reunião do Conselho, ainda não entendera o motivo daquela reunião marcada às pressas pelo Conselho. Ele só esperava que não fosse nada grave.

“Ethan, é bom vê-lo.”, disse George Westhouse, um dos Assassinos presentes.

“O que está acontecendo? Por que a urgência desta reunião?”, perguntou Ethan. Porém, antes que Westhouse pudesse respondê-lo, logo o Conselho apareceu.

“Vejo que estão todos presentes. À exceção de Jacob Frye, mas... Acho que não fará falta.”, disse um dos membros do conselho, deixando Ethan envergonhado.

“Discordo.”

Todos se voltaram, repentinamente surpresos, para a porta. Ninguém menos que o próprio Jacob Frye havia chegado. Para espanto de Ethan, seu filho estava claramente imundo, não de poeira ou de lama da cidade, como ele costumava ficar após suas incursões pelo submundo de Crawley, mas de sangue. Ora, Jacob já havia voltado para casa com uma mancha ou outra de sangue em suas roupas, mas jamais naquelas proporções. O que havia acontecido?

“Melhor prosseguirmos, senhor”, solicitou um dos membros do Conselho.

“Sim, e espero que sem interrupções desta vez.”, avisou o Mentor. “Fizemos esta reunião de última hora para tratar sobre o Templário Rodney Pearce, que como bem sabemos, está pretendendo comprar todos os Armazéns de Crawley para controlar a comida de nossa cidade e...”

“Se me permite uma observação...”, interrompeu Jacob, mais uma vez, provocando burburinho nos Assassinos presentes. “Mas estes não são mais os planos de Rodney Pearce.”

O Mentor rolou os olhos.

“Rodney Pearce está morto.”, declarou o jovem Jacob Frye, provocando furor de espanto em todos os presentes.

“Silêncio!”, gritou o Mentor, silenciando a todos. “Como assim, morto?!”

Jacob sorriu, vitorioso. “Ué, acaso está tanto tempo sem matar e submerso na papelada que não sabe mais o que significa a palavra ‘morto’?”, provocou Jacob, provocando indignação nos presentes, e principalmente em Ethan, seu pai.

“Ethan Frye, por favor, controle seu filho.”

Envergonhado, Ethan chegou a pensar em ameaçar Jacob verbalmente, mas outra vez seu filho provocou um tumulto quando retirou de seu bolso nada menos que um Anel Templário, mostrando-o á vista de todos. Por fim, retirou também um pano marcado em sangue, que como mandava a Tradição, era um sinal de que o Alvo dos Assassinos estava morto. Ao menos isso ele respeitou, pensou Ethan.

“Amanhã, os Templários encontrarão o corpo de Rodney Pearce em um de seus armazéns, com a cara quase desfigurada de tão roxa e três cortes na barriga. E todos os seus guardas mortos também, para completar o pacote.”

Todos pareciam surpresos com o que dissera o rapaz, de apenas dezoito anos, que ao que tudo indicava, havia matado um dos templários mais bem guardados da cidade.

“Será averiguada a veracidade de seu relato. Westhouse, vá agora mesmo vasculhar a região em busca de notícias. Vejamos se o jovem Frye está realmente dizendo a verdade. Bem, creio que essa reunião teve interrupções o bastante. Acho que é hora de encerramos por aqui.”, disse o Mentor, dispensando os Assassinos.

“Logo agora, que estava ficando divertido?”, resmungou com deboche Jacob, enquanto os Assassinos se retiravam da sala.

“Ele seria o meu alvo. Sabia?”, brincou Evie, cochichando com seu irmão.

“Me desculpe, minha irmã. Parece que terá de esperar outro templário para conseguir sua promoção.”, debochou Jacob.

“Assim disse o Noviço.”

“Não por muito tempo, agora que matei Pearce. O Conselho não poderá mais me ignorar.”, sorriu Jacob, enquanto assistia seu pai lhe lançar um olhar gélido.

“Vamos para casa.”, disse Ethan, friamente, aos irmãos.

Ele sequer me deu parabéns, pensou Jacob.

—Boa tarde, meu querido irmão!

—Mas que droga, Evie! – reclamou Jacob, se escondendo entre as cobertas.

Jacob já estava furioso com as incursões indesejadas de Evie em seu quarto e de sua forma nada gentil de acordá-lo, abrindo rispidamente as cortinas e deixando o ambiente completamente iluminado. Mas ter sua irmã a fazer o mesmo em seu quarto na Base dos Rooks em Devil’s Acre era um pouco demais. O Assassino estava cansado.

Passara a manhã apressadamente esvaziando o enorme galpão dos Rooks, onde a dinamite obtida por Harry Carter estava guardada. Correra com isso pois sabia que Harry venderia aos anarquistas de qualquer modo. O argumento era sempre o mesmo. Dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Jacob estava cansado da ambição desenfreada de seu amigo de infância, e mais cansado ainda por ter que arrumar sua bagunça – algo não muito diferente do que Evie sempre fez com ele. Se a Assassina soubesse de metade das confusões que Harry estava enfiando os Rooks... Certamente ela diria que Jacob encontrou seu próprio Jacob para cuidar. E lamentavelmente o Assassino não poderia concordar mais.

Tudo teria sido mais difícil e demorado, entretanto, se Violet Fitzgerald não tivesse aparecido e o ajudado com o deslocamento extremamente cuidadoso de duas carroças abarrotadas de dinamite. Um movimento em falso poderia explodir um bairro inteiro, mas a Assassina americana conduziu muito bem os cavalos. Apesar de Jacob não ter outro plano em mente a não ser jogar a valiosíssima carga de dinamite no Tâmisa e livrar Londres de qualquer ameaça, Violet lhe explicou que muitas minas da Inglaterra contavam com toda aquela dinamite e que seu descarte, embora cheio de boas intenções, poderia provocar uma crise no setor de mineração. Ao ouvir as palavras de Violet, Jacob jurava ouvir ninguém menos que a voz da razão, que geralmente atendia por Evie Frye, mas que dessa vez se materializou como sua namorada. Cansado de ser o provocador de problemas complexos, o Assassino decidiu deixar a dinamite em um galpão abandonado indicado por Violet e chamar a polícia. “Mais tarde chamamos Abberline, Jacob”, ele ouvira de Violet. “Por quê não aproveitamos essa tarde para nos divertimos um pouco?”

Obviamente, o Assassino não teve muito que fazer senão correr com Violet para seu refúgio em Devil’s Acre, trancar a porta e, por algumas breves horas, esquecer. Esquecer dos Assassinos, de Harry Carter, dos Rooks. Com Violet, todos esses enormes problemas pareciam distantes, menores. A dinamite poderia esperar, pensava entre beijos afetuosos. Tudo poderia esperar, menos Violet. Sua tarde com ela havia sido intensa e, quem diria, magnífica, beirando ao inesquecível. Nunca o Assassino sentiu-se tão completo ao lado de uma mulher. Era o amor de sua vida, tinha certeza. Ainda assim, faltava coragem para se declarar. Para dizer que a amava. Temia asusstá-la, pois só namoravam havia alguns dias, por isso decidiu deixar suas juras de amor para outro dia.

Jacob achava que precisava, no mínimo, descansar um pouco e recuperar suas energias com uma longa cochilada. No entanto, sua irmã parecia ter outros planos. Planos estes que não o incluíam dormindo durante aquele dia.

—Sem resmungar, Jacob. Isso nem é hora de ficar dormindo. Já passa das três da tarde.

—Três da tarde? Mas já?!

—Sim, Bela Adormecida. Agora, levanta. Precisamos ter uma conversa séria.

Sempre que Evie falava em “conversa séria”, o Frye sabia que estava encrencado. Ainda que relutante em levantar, Jacob acatou sua irmã, desistindo de voltar a dormir, pois sabia que seria inútil. Ao tentar se sentar, o Assassino acabou por se movimentar bruscamente, deixando parte de seu lençol cair.

—Oh! Pelo amor de Deus, Jacob! Da próxima vez, trate de dormir vestindo ao menos alguma roupa de baixo! – disse Evie, virando seu rosto.

—Mas até pouco tempo as minhas ceroulas não eram uma visão deplorável?

—Sim, mas o seu traseiro se torna uma verdadeira visão do Inferno aos meus olhos! Odeio quando faz isso! – reclamou Evie, de costas enquanto seu irmão se vestia. – Quer saber? Eu estou te esperando lá fora.

—Fique à vontade. – disse Jacob, rindo por ter deixado sua irmã envergonhada. Após se vestir novamente com as mesmas roupas de ontem – um conjunto de terno preto, feito parcialmente de couro, um colete verde e uma gravata vermelha desbotada – o Assassino decidiu ir para fora, onde sabia que sua irmã estaria esperando por ele.

Por fim, veio o sentimento de vazio, ao perceber que estava sozinho naquela cama. Violet não estava ali. Não havia qualquer sinal dela.

—Er, você viu Violet, minha irmã? – perguntou Jacob a sua irmã, ao notar que a Assassina não estava por perto.

—Não. O que ela estaria fazendo aqui na Sede dos Rooks?

Jacob se calou, torcendo para que suas bochechas não o denunciassem. Conhecendo sua irmã, ele sabia que a cadeia de eventos não passaria despercebido por ela e sua tenacidade, que não deixava escapar coisa alguma.

—Você sempre foi péssimo para guardar segredos, Jacob.

Sim, ela já sabe de tudo.

—Não vai me dar um sermão? – questionou o Assassino, ao receber o silêncio da irmã. Evie suspirou, rolando os olhos.

—Estou com problemas demais para me preocupar com quem meu irmão anda dormindo. Ou melhor, com a pobre coitada que resolveu dormir com você. Aliás, nós dois estamos com problemas demais, a começar pelos Rooks.

Jacob deu um sorriso amarelo. A mentira sempre teve perna curta. Sabia que uma hora ou outra os seus problemas com Harry viriam à tona. Ainda assim, nada poderia retirar aquela sensação ruim de estar prestes a brigar com Evie. E para piorar, sabendo que a Assassina teria toda a razão em seu sermão.

—Harry Carter foi preso.

—Preso?! – arregalou seus olhos Jacob. Estava magoado com seu amigo, mas não conseguia deixar de se entristecer por saber que ele amargaria a cadeia novamente.

—Sim, preso. Parece que estava se envolvendo com anarquistas. Usando os Rookies para fornecer dinamite a atentados por toda Londres. Acaso você estaria sabendo de alguma coisa, Jacob?

O Assassino sentiu-se encurralado com a pergunta de sua irmão, tão frontal. Evie o observava friamente. Jacob parecia ser a mesma criança de dez anos encabulada por ter sido pego a fazer traquinagens. Mas dessa vez, suas traquinagens envolviam a vida de inocentes. E a Assassina não poderia ser branda com ele por isso.

—Você tem alguma noção dos inocentes que poderiam ter morrido se...

—Eu sei, Evie! Eu sei! Me desculpe!

—“Me desculpe?” Eu estou cansada de suas desculpas, Jacob! Cansada da sua irresponsabilidade! Por sua causa, os meus planos de partir da Inglaterra com Henry estão cada vez mais distantes, porque veja bem, eu não posso deixar o meu irmão sozinho por um minuto sequer que suas ações provocam caos e a morte de inocentes por toda a cidade! Quando será que você terá a maturidade que se espera de um homem da sua idade, Jacob? Ou acaso está contando que eu esteja sempre aqui, a limpar a sua bagunça?

—Se isso te consola, saiba que eu não concordei com isso! Eu inclusive esvaziei o galpão onde Harry escondeu a dinamite, antes que os anarquistas chegassem.

—Por isso a polícia o encontrou vazio. – concluiu Evie.

—Sim, minha irmã. Nessa negociação esdrúxula com anarquistas, Harry agiu sozinho e sem a minha permissão. Assim que soube do que ele fez, eu tentei contornar. Desfiz os negócios com os anarquistas e me encarreguei pessoalmente de esconder a dinamite. Mas agora ela está escondida em um lugar seguro, pode ficar tranquila. Apenas eu e Violet sabemos.

Violet. Por um momento, Evie sentiu um estalo. Recordou-se de Harry Carter, ferido naquele comboio da polícia. Seu desespero naquelas palavras.

Ela não é quem ele pensa que é...”

—E onde está Violet?

—Eu não sei, minha irmã. Nós... Bem, depois de escondermos a dinamite, nós dormimos juntos e...

—Poupe-me dos detalhes sórdidos, Jacob. Ela te disse para onde iria?

—Não. Quando eu acordei, ela não estava mais aqui. Mas porquê seu interesse nela, minha irmã?

—Apenas me diga onde você guardou essa dinamite.

00000000000000000000000

Vazio.

Não havia mais qualquer sinal ou vestígio da dinamite mencionada por Jacob Frye naquele galpão. Além de alguns Rookies, caídos no chão, mortos, a servir de testemunha para a carnificina que se desencadeou com seu roubo. Rookies estes que Evie conhecia bem. Alguns da confiança de seu irmão, ainda dos tempos de Whitechapel, quando a gangue não era nada mais que os vislumbres de grandeza de um caipira de Crawley. Homens leais a Jacob Frye, agora mortos. Conduzidos a esse destino pela ingenuidade de seu chefe.

Enquanto vasculhava o galpão, já completamente vazio, à procura de qualquer pista que pudesse leva-la ao paradeiro da dinamite roubada, Evie escutou um grunhido. Era um dos Rookies. Chamava-se Rupert, o Grandalhão. Levava a mão ao peito, onde uma adaga cravada parecia incomodá-lo. Havia perdido claramente muito sangue, mas ainda estava vivo. Ao menos para contar o que aconteceu. Evie a arrancou, o que fez jorrar mais sangue de seu peito. Apesar disso, Rupert parecia mais confortável. Com a adaga em mãos, Evie reconheceu claramente que era uma arma da Irmandade dos Assassinos.

—Rupert?

—Evie... Me perdoe, mas ela... Ela era muito rápida.

O gângster arregalou seus olhos, ainda engasgando no sangue. Deu seu último suspiro e deixou-se levar pela Morte. Coube a Evie fechar seus olhos. Agradeceu-lhe, por ter lhe contado o que ela precisava saber.

Violet Fitzgerald era uma traidora.


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Notas finais do capítulo

É, Jacob... Que decepção, hein! Espero que essa passagem da Violet por sua vida não te deixe traumatizado. A pergunta que fica no ar é: o que Violet pretendia com essa dinamite? Alguém tem uma pista do que seja?
Até o próximo capítulo!



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