Capítulo 34 - Tudo vai ficar bem se você me manter ao seu lado

|ALICE|

Chegamos a Nova Iorque sem nenhum atraso ou contratempo. O apartamento era maravilhoso, tia Anne tinha tratado de decorá-lo da melhor forma com a ajuda de mamãe, como percebi ao entrar no quarto que eles tinham separado para mim.

Rosalie e eu arrumamos o apartamento inteiro quase que no primeiro dia em que chegamos de tanta animação que compartilhávamos. Ter ela para dividir tudo enquanto nossos irmãos e Isabella estavam longe, foi tudo para mim. Significou muito.

Jasper já estava na base de Nova Iorque, de quinze em quinze dias ele poderia vir para casa e passar o fim de semana.

Edward decidiu ficar com o dormitório compartilhado que ele tinha conseguido na faculdade, disse que não queria perder uma hora toda a manhã para chegar lá, mas eu sabia que, na verdade, Edward só não queria estar perto de nós recebendo constantes notícias de Bella. Depois de quebrar seu celular no estacionamento do restaurante na Califórnia, ele não quis saber mais dela. Tentei falar com ele sobre ela por diversas vezes, mas ele sempre me ignorava mudando de assunto.

Isabella, por outro lado, parecia cada vez mais interessada sobre ele. O que ele estava fazendo, se estava bem, se estava comendo. Para mim, o mais estranho em tudo isso era que sim, ele estava bem, comendo e cuidando da nossa mudança para Nova Iorque com a determinação e vontade que eram nulas quando começamos a cuidar disso, antes de vê-la nas férias de verão.

Na sexta-feira que precedeu o começo das aulas, fomos a pé para a Columbia para a festa de boas-vindas aos calouros.

Rosalie fez uma trança e colocou o chapéu que comprei para ela, que combinava com o meu e foi adquirido exatamente para irmos nas duas festas, a minha e a dela, então seguimos para Columbia a pé mesmo.

—Estou muito ansiosa – falei feliz e ela sorriu.

—E eu, muito feliz que quis vir comigo – ela contou e eu dei um beijo em seu rosto antes de atravessarmos a rua, finalmente, chegando no campus dela.

Tinham várias barracas e pessoas falando sobre os cursos, Rose parou em umas duzentas do curso de direito e eu só ia conversando com um pessoal e apoiando ela nas coisas que queria fazer, era tão bom vê-la feliz e animada daquela forma. Depois de um bom tempo caminhando, paramos na barraca de um homem jovem e muito simpático.

—Sou Nathan, faço parte do clube de estudos sobre direito criminal, vocês estão nessa classe? – perguntou.

—Eu estou, ela não faz esse curso – Rose disse – Estou muito interessada nisso – falou e ele começou a explicar tudo o que ela precisava saber.

Uma garota ruiva parou ao nosso lado e sorriu para mim, já que Rosalie estava entretida com Nathan.

—Sou Victoria, você é do direito? – ela perguntou simpática, não debochadora então sorri de volta.

—Sou Alice e não, faço moda na Parsons, estou só acompanhando a minha amiga – falei apontando para Rose.

Ela assentiu e conversamos um pouco – ela contou que era veterana na faculdade já, mas tinha recentemente entrado no direito penal e precisava de ajuda, saiu de sua barraca para falar com Nathan –, então a entrosei com os dois.

Depois de uns dez minutos, as duas saíram cheia de papéis dali e já com o telefone de Nathan para qualquer dúvida.

—Sou Rosalie, à propósito – Rose disse estendendo a mão.

—Victoria – a garota se apresentou, apertando a mão da minha amiga.

—Posso pedir seu telefone também? Seria bom conhecer mais pessoas do meu curso pelo campus – Rose pediu e a menina foi super solícita, concordando.

Elas trocaram telefones e mais um pouco de conversa antes de Rose olhar o celular, surpresa.

—Bom, acho que está na hora de irmos né, Lice? – Rose disse e eu olhei o relógio assentindo, a feira na minha faculdade deveria estar começando, então tínhamos que ir porque era uma hora até lá de ônibus ou metrô.

—Vic, se importa de tirar uma foto nossa? – pedi, querendo mandar para meus pais, Jazz e Bella.

Ela tirou a foto e me devolveu o celular, sorrindo.

—Foi um prazer conhece-las. Espero te ver por aí, Rosalie – sorriu a ruiva simpática antes de sair.

—Ela é legal, pode apostar na amizade com ela – falei com certeza e Rosalie começou a rir.

—Vidente – brincou.

Ficamos perdidas nos pensamentos ao chegar no metrô tentando entender as linhas e como chegar em cada lugar. Eu já tinha visto na internet, mas pessoalmente era algo completamente diferente.

—Lili, eu acho que é isso mesmo o que você disse, nós vamos para esse lado e descemos aqui – falou apontando para o mapa – Vamos tentar – ela sugeriu e eu concordei, se ela tinha pensado o mesmo que eu, provavelmente estávamos certas.

Entramos no metrô e começamos a falar sobre as mais diversas coisas, enquanto ríamos e eu estava muito feliz com esse novo aspecto que Nova Iorque tinha apresentado para mim, uma fortalecida nos laços de amizade de Rose e eu, que tanto havia se perdido quando ela se fechou para o mundo depois de Emmett e eu fiquei tão envolvida com Jazz.

Chegamos na faculdade já era quatro e meia da tarde. Entramos no campus e eu senti meu braço arrepiar.

—Rose – eu sussurrei parando de andar.

Ela sorriu amplamente olhando para mim. Fiquei encarando o prédio bonito de arquitetura diferente a minha frente, eu podia, mas quase não conseguia acreditar que eu tinha conseguido entrar naquela faculdade.

—Você se encaixa aqui – Rose garantiu parecendo querer reforçar isso na minha mente.

Eu sorri para minha amiga e a abracei agradecendo. Entramos juntas e, para mim, foi o mais próximo que consegui estar do céu. Andamos por um tempo enquanto íamos vendo coleções e conversando com algumas pessoas, até que alguém comentou que iria começar um desfile preparado pelos veteranos em pouco tempo e eu olhei para Rose, com medo de entediar ela.

—Allie, eu amo todo esse mundo, não é só porque divergi a carreira que eu não ame mais tudo o que falem sobre moda. Eu quero ir com você – ela garantiu e eu sorri, animada com ela, então corremos para a sala para qual todos se encaminhavam.

.

Saímos da minha faculdade – minha— às sete da noite e ligamos para o dormitório de Edward, esperando que ele estivesse ali já que o bizarro ainda estava sem celular. Tocou algumas vezes antes de um desconhecido atender.

—Sim?

—Oi, meu nome é Alice, será que eu poderia falar com o Edward? – pedi sem saber como ser mais precisa que isso – Ah, ele está no quarto 721.

—É um garoto loiro de jornalismo?— o cara perguntou.

Bom, o cabelo dele poderia ser considerado loiro e sim, ele fazia jornalismo.

—Parece correto.

—Está bem, se não for você faz o loiro procurar por esse Edward— o cara disse antes de ir atrás do meu irmão.

Cinco minutos depois o telefone foi resgatado.

—Edward— ele atendeu.

—Alice – respondi brincalhona – Rosalie e eu estamos na Parsons, quer dizer, saímos de lá agora e estamos mortas de fome, não quer jantar com a gente? – perguntei esperançosa.

—Mas é claro que sim, anota o endereço de um restaurante aí— ele pediu e eu fui ditando para Rosalie que colocou no GPS.

—Mc Donald’s não é restaurante, Edward – bufei e ele gargalhou.

—Nessa cidade é, melhor ir se acostumando— ele disse debochado – Quanto tempo para vocês chegarem lá?— pediu.

—Quanto tempo? – perguntei a Rose que fez careta ao mostrar trinta minutos a pé – O caramba que eu vou andar trinta minutos para ir no Mc Donald’s – falei brava.

Rosalie ria e começou a digitar alguma coisa.

—Alice, não é para comer no Mc Donald’s, é para ver o seu irmão.

—Fala para ele nos encontrar nesse aqui que é mais no meio do caminho para nós e para ele – Rose disse mostrando-me o celular dela.

Onze minutos andando eu poderia lidar.

—Anota você o Mc Donald’s – mandei.

Ele pediu para eu esperar e depois voltou, pedindo para eu dar as direções e falei conforme o celular de Rose mostrava.

—Aqui diz que você deve chegar em vinte minutos – falei depois de descrever tudo a ele.

—Parece correto, já estou vestido para sair então vou só pegar a minha carteira no quarto. Te vejo dentro de alguns minutos, Licinha— ele disse.

—O mesmo – sorri – Te amo, um beijo – falei antes de desligar.

—Parece que ele leu minha mente, eu estou sonhando com algo gorduroso depois de assistir as imposições que o mundo da moda nos faz – Rose disse quando começamos a caminhar.

—Prometo que entrarei na indústria com os dois pés no peito dessas imposições – falei e ela sorriu dizendo que tinha certeza que eu o faria.

Meu celular vibrou e fui checar para ver se era Edward, mas era o completo oposto. Bella Swan.

Bella: estão lindas, como sempre, parece apenas correto que você esteja cursando moda. Adorei os chapéus, espero que tenha um para mim também. Como foi tudo? Conta em detalhes do jeitinho que gosta.

Eu ri e mostrei a mensagem para Rose que tirou o celular de mim e mandou um áudio descritivo para Bella sobre a faculdade e, depois dela, foi a minha vez.

—... Agora estamos indo jantar com Edward – falei finalizando o áudio.

Rosalie fez uma cara de chocada para mim.

—Tem certeza que tinha que contar essa parte para ela? – Rose perguntou.

—Claro que sim, ela tem que perceber que fez uma idiotice sem tamanho, mas ela também sempre pede informações dele então... Justo – falei dando de ombros.

Chegamos ao Mc Donald’s depois de quinze minutos e nos escoramos na parede esperando por Edward enquanto observávamos a cidade que nunca parava.

Bella: maravilhoso, estou muito animada por vocês duas. A cirurgia do meu avô é segunda às seis da manhã. Eu vou ficar como acompanhante de quarto dele por uns dias, mas dia doze já começam as minhas aulas. Emmett vai ficar responsável por eles pela semana, Alec vai ficar com eles nas tardes e, de fim de semana, vamos revezar geral. Estou bastante animada com tudo, mas vou contando melhor para vocês conforme as coisas forem acontecendo. Sei que a diferença ainda é grande, mas o fuso horário de NY me agrada mais que o de Forks. Seis horas é menos mal.

Agora estávamos apenas a seis horas atrás de Bella e, realmente, era melhor do que estar a nove horas. Três horas não deveriam fazer tanta diferença assim, mas faziam.

Eu até pensei em dar um gelo em Bella logo que toda a coisa com Edward aconteceu e eu percebi o quão chateado meu irmão tinha ficado. Mas depois de conversas com Jasper e Rosalie, percebi que eu não poderia, nunca, tomar as dores de alguém para mim, não era saudável e eu tinha que deixar os dois se resolverem, como eu sabia que resolveriam.

Alice: Sabe que nada nos faria mais feliz que ter você por aqui

Parei de digitar quando senti uma aproximação.

—Olá, meninas chiques – Edward disse e eu o abracei forte esquecendo meu celular.

—Oi, estranho – falei séria já que desde terça-feira que não nos víamos.

—Estava organizando as coisas todas – contou abraçando Rose – E vocês? Como foram as visitas? – perguntou abrindo a porta do Mc Donald’s para nós duas.

—Edward, você não sabe! – comecei a contar a ele todas as coisas que tinha visto na Parsons e, confesso, talvez eu estivesse falando rápido de mais e muitas coisas, mas depois de dezessete anos, eu esperava que Edward estivesse acostumado.

Escolhemos nossos lanches e fomos nos sentar no andar de cima depois de pegar a bandeja lotada de coisas. Rosalie contou sobre as coisas que também tinha visto e Edward conversava com a gente com um bom humor meio surpreendente.

—Eu também adorei a minha, estou atrás de um emprego agora, se souberem de algo, mandem meu currículo – brincou.

Rosalie e eu iríamos esperar um pouco para que pudéssemos ir, direto, atrás de estágio. Eu ainda tinha um dinheiro guardado do ano completo que trabalhei na loja dos Newton e Rosalie era filha de John Hale, eu não tinha nada mais o que falar além disso.

Meu celular vibrou em cima da mesa. Edward olhou para o aparelho sem pretensão nenhuma, apenas um reflexo de seu corpo, mas vi sua face mudar de vez quando apareceu na tela do meu celular:

Mensagem de Bella

Ele pigarreou e se ofereceu para encher o refil nos nossos refrigerantes.

—Bella? – perguntou Rose e eu suspirei assentindo.

Peguei o celular e vi a minha mensagem não enviada e a que ela tinha mandado.

Bella: Sei que não tenho direito algum. Mas pode só me dizer se ele está bem?

Alice: assim que eu não estiver com ele, a gente conversa.

Apesar de não querer brigar com ela sobre uma decisão que não dizia nada sobre mim, ainda não queria ela se fazendo presente. E ela não se fez mais. Edward voltou igualmente animado, contando sobre seu companheiro de quarto.

—Aidan é legal, mas meio conquistador – Edward riu – Nada contra, eu acho graça e já fizemos o pacto de “sem mulheres no dormitório” – contou.

—É um ótimo pacto – Rose riu.

Continuamos a conversar sobre toda essa nova fase. Edward pediu para eu passar o telefone do dormitório e os horários dele para nossa mãe.

—Ela está pirando, você sabe disso né – falei e ele riu.

—Manda uma foto nossa – sugeriu.

Enviei a foto de nós três no Mc Donald’s e voltei a atenção para eles. Passamos uma noite boa e, para voltar para casa, Rose e eu pegamos um táxi, deixamos Edward perto de sua rua e seguimos para o apartamento.

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Duas semanas depois do início de aula eu já estava quase morrendo de tanta felicidade. Era o primeiro fim de semana de Jasper conosco e Edward decidiu jantar conosco para ver meu namorado na sexta.

—CHEGUEI – Jazz gritou assim que passou pela porta e eu fui a primeira a pular nele beijando todo seu rosto.

—Senti saudades – falei e ele sorriu.

—Eu quase morri – ele prometeu.

Percebi seu cabelo quase nulo e passei a mão em sua cabeça.

—O que aconteceu aqui? – perguntei brincalhona.

Ele tinha me contado que fizera aquilo, logo no primeiro e-mail que mandou.

—Ainda estou me acostumando com essa falta de cabelo, mas confesso que é bem mais prático.

—Senhor, sim senhor – Edward falou firme e ele e Rose bateram continência antes de começarem a rir.

—Seu cabelo ficou lindo, princesa – Jazz disse com um dedo do meio levantado para nossos irmãos.

Sorri passando a mão no novo corte de cabelo Chanel. Rosalie e eu estávamos entediadas no último fim de semana então tínhamos ido ao cabeleireiro. Eu cortei o cabelo e ela pintou a parte inferior de seu cabelo de loiro. Gostei de ambos os resultados e estávamos felizes com as mudanças.

—Uma loira – Jazz disse surpreso e Rose riu abraçando o irmão.

Edward também o abraçou e pareceu apenas correto que estivéssemos ali, juntos. Comemos a janta que Edward e Rosalie haviam preparado.

—E desde quando o docinho da mamãe cozinha? – Jasper perguntou debochado.

—Desde que o docinho da mamãe ficou viciado em assistir programas de culinária – Ed contou.

Naquela noite, Edward dormiu no quarto designado a Jasper porque Jasper dormiu no meu e foi bom estar com ele novamente depois de duas semanas sozinha.