about love and stuff. escrita por unalternagi


Capítulo 27
Tome minha mente, e tome minha dor


Notas iniciais do capítulo

Oi gente,

O capítulo de hoje dá certa aflição emocional, mas espero que gostem.

Pela perspectiva do Edward.



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Capítulo 27 – Tome minha mente, e tome minha dor

|EDWARD|

A chegada do mês de abril veio com certa chama no meu interior de que, talvez, Isabella estivesse próxima de voltar. Eu sabia que tio Charlie tinha pego três meses de licença, um de férias e alguns dias a mais, ele gastou todos seus privilégios para estar lá por tia Renée, mas, ele ainda era o sargento e precisava voltar.

Nunca fui gênio nenhum em matemática, mas era óbvio, depois de contas simples, que abril seria um mês decisivo para os Swan. Por isso que, mesmo depois de Bella ter jogado uma conversa de começar o ensino superior na Itália, eu esperava ela para nossa graduação nos Estados Unidos.

Ainda no começo de abril, Alice nos convenceu a ir para La Push com o pessoal da escola. Eu não estava muito animado, mas aceitei com a conversa dela de que, se eu continuasse vivendo para falar com Bella, eu ia ficar doido e deixaria minha namorada igualmente maluca.

Escolhemos ir com o jipe de tio Charlie que liberou o uso para nós assim que saiu do país, como íamos levar algumas coisas para comer e um amplificador para tocarmos umas músicas para o lual que Alice queria fazer, então, foi a melhor escolha que tínhamos.

Saímos de casa às nove da manhã de sábado.

Ed: amor, seu pai disse que não era necessário, mas mesmo assim: avisa a ele que estamos indo para La Push com o carro dele?

Fui dirigindo, paramos para pegar Tanya na casa dela e então seguimos conversando para La Push. Reparei uma mensagem de Isabella que só pude ler quando chegamos na praia.

Bella: se ele disse que não tinha problema, é porque realmente não tem. “Estamos” quem?

Ed: Alice, Jasper, Rosalie, Tanya, eu, Mike, Jess, Lauren, Tyler, Alistair, Angela, Ben e Eric, acho que é isso.

Bella: Quem foi no carro com você?

Não era uma mensagem muito amigável e alguma coisa soou alto no meu cérebro sobre como ela estava sendo seca nas mensagens, mas resolvi acreditar que era doideira da minha mente.

 Ed: Alice, Rose, Jazz, Tan e eu. Por quê?

Ela não respondeu por um bom tempo, mesmo eu sabendo que ela tinha recebido e lido a mensagem. Deixei para lá e ajudei o pessoal a descarregar o carro. Estava com roupa para surfar, mesmo não sendo meu esporte favorito.

—Hm, caras pálidas – Seth Clearwater debochou ao chegar perto de onde estávamos.

Quando éramos crianças, os passeios para La Push eram quase lei para nossos finais de semana, então nos tornamos amigos de muitas crianças da reserva, principalmente os filhos dos amigos de nossos pais.

Seth era o filho mais novo de Harry Clearwater, o cara que fazia o melhor peixe da região. O garoto tinha sido a primeira paixão de infância de Alice foi com ele que ela deu o primeiro beijo, inclusive. Ela, é claro, o beijou e correu para me contar, completamente feliz. Eu odiei e briguei com o garoto. De forma irônica, Jasper defendeu-o dizendo que Alice que tinha querido aquilo.

—Lobisomem – Jazz respondeu com humor.

—Quanto tempo – ele cumprimentou todos nós.

Rosalie estava na van de Tyler com Alice, Alistair e Angela. Eles não iam surfar, o resto do pessoal que havia vindo conosco, todos iriam. Entreguei meu celular para Rosalie cuidar, porque sabia que se o entregasse para Alice ela ia ficar curiando minhas conversas com Bella.

—Ei, sua namorada mandou mensagem – Rose avisou antes de eu acompanhar Jazz para o mar.

Corri até ela pegando o celular que me era estendido.

Bella: Curiosidade.

Suspirei e entreguei o celular para Rose com a câmera aberta e pedi que ela batesse uma foto minha.

Sorri com a prancha, fazendo um hang loose e enviei a foto para ela.

Ed: Conversamos jajá, está bem?

A mensagem não foi nem recebida. Fui surfar com meus amigos e, depois de bons caldos, eu decidi que realmente não tinha nascido para aquele esporte. Trombei com Seth no caminho para o carro e ele foi mais que gentil ao me oferecer sua casa para que eu pudesse me trocar.

—Seria excelente, para falar a verdade.

Entrei e Harry e Sue foram muitos queridos, como eram no habitual. Usei o banheiro deles e saí tentando parar de atrapalhá-los. Voltei para meus amigos e tratei de logo convidar Seth e os seus amigos para se juntarem ao lual que Alice tinha sugerido que fizéssemos mais tarde para comemorar, palavras dela, seu “pós-aniversário”.

—O que é um “pós-aniversário”? – ele perguntou rindo.

—É o jeito de Alice ganhar atenção desnecessária – falei e ele riu.

—Estaremos lá – garantiu.

Despedi-me dele com a promessa de que nos veríamos logo na praia e então voltei para o carro onde Rosalie lia, agora sozinha.

—Hey, o que faz uma garota linda dessa completamente sozinha? – perguntei.

—Ela está procurando paz de espírito enquanto tenta não surtar antes de garantir sua vaga na Columbia— ela brincou e eu ri.

—Tenho certeza que ela conseguirá os dois facilmente – falei sincero e ela sorriu para mim, carinhosamente – Seu pai pagou sua anuidade?

—Estou esperando exatamente isso para relaxar de vez e curtir esses últimos meses em Forks por completo – ela contou e eu assenti.

Sabia que meu pai também se preparava para pagar o início da minha faculdade e da de Alice, não era barato, mas ele e mamãe tinham se preparado a vida toda para aquele momento e, agora, estavam orgulhosos que eu e Alice tínhamos conseguido.

—Ah, seu celular vibrou algumas vezes – lembrou e peguei o celular que ela me estendia, reparando que tinham novas mensagens.

—Você é muito gentil – murmurei me distraindo com o aparelho.

Deitei-me no cobertor que tinha ali e Rosalie se manteve sentada lendo, sem se abalar com a minha presença. Abri vendo mensagens da minha mãe e de Bella.

Esme Cullen: Mormaço queima, Edward, você não levou o protetor solar

Minha mãe mandou em tom acusatório e eu segurei a risada.

Poderia parecer clichê, mas minha mãe era a pessoa mais desesperada em preocupação que eu conhecia. Quer dizer, eu acho que eu tinha conseguido vencê-la nisso, mas não era porque eu queria e eu nem tinha muito orgulho desse título que carregava.

Edward: precisava mesmo (ainda preciso) é do cobertor grosso que eu trouxe. Moramos em Forks, não na Califórnia, dona Esme.

Então abri a mensagem de Bella que era apenas dois emoticons, de uma cara sorridente e uma onda do mar. Era isso, apenas. Fiquei quase duas horas longe do celular para receber isso.

Ed: Qual é o problema?

Perguntei curioso e meio incomodado, minha pergunta foi completamente ignorada.

Bella: Se divertiu?

Fechei os olhos soltando todo o ar que estava em meus pulmões. O que eu fiz?

—Rosalie, quem disse que namorar é fácil? – perguntei e ela riu.

—Literalmente ninguém – disse ainda sem desviar os olhos da leitura – O que aconteceu?

—Eu também adoraria ter essa informação – falei sincero.

Ed: sua mente funciona diferente da minha e a distância não ajuda. Quer me dizer a razão de eu estar sendo hostilizado?

A mensagem foi recebida e, propositalmente, não respondida. Isabella era uma doida de pedra eventualmente. Ela passava, a maior parte da vida dela, sendo completamente sensata e racional, mas aí tinham alguns dias especiais do ano que ela era puramente doida.

Hoje era um dos dias especiais.

Bella: “Tan” não sabe te dizer?

Ela apagou a mensagem logo depois, mas eu tinha a visto e fiquei chocado.

Eu levei a maior palestra sobre o porquê de eu ter que confiar nela e que Bobby não era nada mais que um amigo para ela e não sei mais o que, para agora assistir um show maior que o do Cirque du Soleil sobre um ciúme completamente incabível de Isabella?

Mas eu não agiria como ela agiu comigo, eu me negava a ser insensível sobre os sentimentos dela, então respirei fundo algumas vezes.

—Está difícil aí? – Rose perguntou levantando o olhar para mim.

—Está indecifrável eu diria – falei sorrindo – Acho que o problema é Tanya – falei.

Não sei o porquê eu usei a suposição, eu sabia que era isso.

—Por que não conta sobre ela e Alistair? – Rose sugeriu, mas neguei rapidamente.

—Porque não é por isso que Bella não tem que se preocupar – falei simplesmente, então liguei para Bella.

—Quer que eu saia? – Rose perguntou e eu neguei rapidamente.

Tocou algumas vezes antes de cair a ligação. Tentei novamente e demorou três vezes antes dela atender.

Fala? Estou indo para o pub — ela falou.

—Bom dia para você também, o que aconteceu? – perguntei.

Não é nada.

—Pensei que tínhamos combinado que, para isso funcionar, a gente ia começar a conversar sem mentiras – falei paciente.

Escutei a respiração forte do outro lado da linha e, depois disso, uma porta fechando.

Edward, agora realmente não é um bom momento.

—Não me importa, porque não estou disposto a ser hostilizado sem ter como apresentar uma defesa.

Não gostei de saber que sou substituível. Que Tanya está tomando meu lugar sem problemas nas vidas de vocês e estou odiando ter o seu nome e o dela sempre seguidos um do outro nas mensagens que você me manda — falou num fôlego só – É isso o que está me incomodando e sim, não precisa dizer, eu sei que estou sendo irracional e que briguei com você por isso, mas talvez eu odeie que você o faça exatamente porque eu sou assim completamente. Entende o que eu quero dizer?

Eu falei, louca, doidinha, completa. Mas eu fiquei mais aliviado ao saber que era uma coisa irreal que a deixava nervosa.

—Entendo. E respeito também, mas agora também quero que respeite e entenda o meu lado – falei e, sem dar espaço para ela responder, eu continuei – Tanya é uma garota bonita, tanto quanto você o é. Tanto quanto muitas garotas no mundo são, não vou ser idiota e dizer que não vejo isso-

Edward...

—Calma. Meu ponto é que todos os dias eu vejo pessoas bonitas, Isabella. Homens e mulheres e crianças, jovens e idosos. Nada tira minha mente de você, ninguém faz eu sentir maior atração do que a que eu sinto por você – falei sincero – Eu posso estar assistindo um filme ou vendo um desfile, posso conhecer modelos e atrizes consideradas perfeitas, elas vão ter o defeito de não me conhecerem como você conhece, eu não as conhecerei como eu te conheço e isso é algo. Isso é tudo na verdade. Você é linda, Isabella, e se torna a garota mais linda de todo o universo para mim porque eu não conheço nenhuma outra como conheço a ti, e não amo cada qualidade e defeito do mesmo jeito. Eu, deliberadamente, escolhi você. Entende o que eu quero dizer?

Ela ficou muda um tempinho. Eu estava distraído, deitado encarando os padrões do teto da van de Tyler. Tinha esquecido que estava acompanhado, encontrei com Rosalie me olhando sorrindo e sorri de volta, sentindo minhas bochechas esquentarem.

Eu te amo. Eu precisava muito escutar isso. Infelizmente, preciso mesmo ir, mas eu te amo muito. Muito — ela disse parecendo mais doce e eu sorri.

—Amo você demais, minha vida. Liga para mim quando sair do palco? – pedi.

Quando eu estiver nas escadas já vou ligar— ela brincou rindo – Aproveita seu dia na praia e depois me conta tudo, sim?

—Sim. Um beijo.

Desligamos e eu sorri amarelo para Rose que parecia ter esquecido o livro que segurava aberto.

—Muito piegas? – perguntei e ela riu.

—Foi sincero? – perguntou em contrapartida e eu assenti de pronto – Então não foi.

Ela deixou o livro no carro e fechamos a van, indo encontrar com o pessoal e, depois, fomos comer num restaurante perto da praia que não era muito caro e era bem gostoso. O almoço foi agradável, mas, depois das duas horas da tarde eu comecei a me preocupar com Bella que tinha prometido ligar quando acabasse o show e ainda não o tinha feito.

—Edward, muitas vezes eles estendem o show, ainda são onze da noite lá, não fica pilhado com isso não – Rose disse e eu assenti tentando relaxar.

Pagamos a conta e voltamos para a praia, agora começando a montar as coisas para o lual. Deitei na van de Tyler quando os meninos foram atrás de madeira porque eu já não estava bem disposto.

Comecei a conversar com Rose e Ang sobre as mais diversas coisas. Alice estava arrumando as coisas com Jessica e Tanya na praia.

—O que estão confabulando? – perguntou Jazz sentando e roubando um alcaçuz de Rose.

—Genuinamente nada – falei suspirando.

Ele se juntou a nós, parecia cansado também então ficamos escutando Rosalie e Angela conversarem sobre livros. Jasper e eu começamos a fazer competições bobas de mímicas sem nos levantarmos e eu ria com o idiota do meu amigo.

—Alice é meio doida com essa coisa sobre festas, mas a gente pode combinar que ela sabe planejar e executar uma festa como ninguém? – Rose disse rindo, olhando distraidamente para onde Alice mandava os meninos montarem a fogueira.

O murmúrio na van foi todo concordando com o que Rose tinha dito. Pouco tempo depois, Alistair se sentou ao meu lado e começamos a conversar umas amenidades. Quando Alice chamou, peguei o violão e fomos para a fogueira que Mike e Tyler tinham acabado de acender.

Já eram cinco da tarde, eu  ia começar a vomitar se Bella não ligasse. Mandei mil mensagens para ela, umas duzentas para Emmett e quinhentas para Bobby que também tinha o aplicativo de mensagens por internet.

—Eu vou para a Itália – falei para Jasper que começou a rir.

—Calma, já tentou ligar para tio Charlie e tia Renée? – perguntou sério.

—São duas da manhã lá, não é justo – falei pensativo.

—Ei, duas da manhã não é tão tarde para coisas de banda, você conhece a Bella, ela deve ter ajudado os meninos a desmontar as coisas e mais um monte de pequenos detalhes, você tem que relaxar mais, de verdade – ele disse calmo.

Jasper era um garoto calmo, desde sempre, e quando ele pedia calma, eu não conseguia lutar contra a paz que me invadia. Acho que é porque ele sempre era muito racional, então ele apresentava determinados fatos que, realmente, nos acalmavam sempre que era necessário.

—Sei que é idiota, mas é muito difícil para mim o fato de não poder mais correr até ela para ter certeza que está tudo bem. Tudo era muito simples, agora tudo é muito intenso e estranho, sabe?

—Eu sei, não estou te julgando, mas também não consigo te deixar pirar sozinho – ele sorriu e eu agradeci, verdadeiramente.

Jasper começou com as músicas e o pessoal estava assando marshmallows e batatas, era um clima bem ameno e amigável. Um pessoal de La Push chegou com mais umas coisas para assar e lembrei que tinha convidado Seth para a comemoração.

—Ei – sorriu Alice se sentando perto de mim.

—Ah, eu convidei Seth e o pessoal, espero que não se importe, mas nos damos bem com eles e...

—Claro, sem problemas, sabe que para mim quanto mais, melhor, sempre – ela brincou e eu sorri abraçando o ombro dela.

—Adoro suas comemorações de coisas inventadas, não vou fingir que não gosto – falei e ela riu.

—Eu sei que gosta, quem seria o idiota em não gostar? – falou desdenhando e eu ri, comecei a bagunçar o cabelo da metida – Para, encapetado – pediu ajeitando a trança lateral que tinha feito – Vim aqui te perguntar se está tudo bem com a Bella?

—Que? Por quê? – perguntei pegando meu celular.

—Não sei, pensei nela e queria ter certeza que tudo está bem.

—Puta merda, Alice – falei, agora deixando de lado toda a calma de Jasper.

Se Jasper manipulava meus sentimentos como ninguém, Alice tinha um maldito sexto sentido doido que a fazia parecer uma maluca às vezes, mas pouquíssimas vezes esteve errado.

Comecei a ligar, como um doido, para Bella e Bobby – os únicos dois que tinham o aplicativo no celular. Por minutos fiquei sem resposta.

Rosalie já não estava dançando de forma engraçada com o pessoal, já não era Jasper que tocava o violão, Alice estava aflita ao meu lado, até que finalmente a ligação foi completada para Bobby.

Edw-

—Robert, me fala, o que aconteceu, cadê a Bella?

Como sabe que algo aconteceu com ela?— perguntou e meu coração acelerou.

—Então algo realmente aconteceu? O que foi, Bobby, por favor, fala o que foi, fala logo.

Eu estava desesperado. Os três pares de olhos se arregalaram quando perceberam que algo estava, realmente, errado.

Okay, você parece um lunático — falou calmamente – Se acalma antes de tudo e...

—ROBERT, EU PRECISO QUE VOCÊ ME FALE O QUE ACONTECEU COM A ISABELLA, E PRECISO QUE SEJA AGORA – gritei num tom que imaginei, talvez ele tivesse escutado lá da Itália sem precisar do aparelho celular.

A festa acabou. A música parou de tocar, ninguém mais dançava. O pessoal começou a me olhar preocupado e eu virei de costas porque os olhares só faziam piorar a minha aflição acumulada por horas.

Okay. Estávamos tocando, como bem sabe, tivemos um problemas técnicos então estendemos a apresentação. Na hora de descer do palco, Bella tropeçou em um fio, ela estava descendo com o amplificador e, quando caiu, acertou um cara que estava andando. A long neck dele quebrou e entrou no fêmur dela, ela bateu a cabeça com força contra o amplificador, até quebrou o aparelho... Enfim, trouxemos ela desacordada para o hospital. Emmett entrou com ela na sala de exames e estamos esperando aqui fora.

Tudo começou a girar devagar demais. Eu sentia que realmente poderia vomitar, tudo estava agravado com a minha sensação de impotência.

—Edward, o que aconteceu? – Alice perguntou preocupada.

Entreguei o celular para Jasper e sentei no chão tentando fazer as coisas pararem de girar. Coloquei minha cabeça no meio dos joelhos e senti carinhos em minha cabeça e costas, escutei alguém falando qualquer coisa para me acalmar, mas minha mente já não entrava em sintonia com nenhuma outra voz que não fosse a de Isabella, era ela que eu precisava escutar.

—Vamos, vem – Jasper disse perto de mim e ajudou-me a levantar.

Caminhei com Alice, Rose e ele para o nosso carro. Não me importei com as minhas coisas nem com nada. Entramos no carro do tio Charlie.

—Jazz, o que? – pedi.

—Calma. Bobby pediu para te pedir desculpa, ele estava te ignorando porque Emm tinha pedido, mas ele falou que não aguentou mais, que achou injusto e por isso atendeu o celular – maldito seja Emmett Swan— Parece que faz cerca de uma hora e meia que eles entraram no pronto-socorro, estão esperando notícias da Bella. Tia Renée e tio Charlie nem sonham com o que aconteceu. Bobby jurou por tudo que te ligaria assim que tivesse a primeira notícia do caso dela então, temos que esperar agora.

Esperar.

Logo eu.

Chegamos na minha casa e eu tomei banho depois de muita insistência de minha mãe. Rosalie e Jasper vieram dormir em casa para conseguirem as informações junto com a gente. Comecei a sentir o vazio gigante em meu peito ao pensar que eu queria ir para onde ela estava, mas não demoraria menos que oito horas para chegar, ao menos, perto. Era tão injusto.

—Edward, tem que comer – meu pai disse, sério.

—Ela, pai. O que é o pior que pode ter acontecido? Me fala, por favor – falei e ele se negou.

Disse que deveria ter sido uma coisa boba e que ela desmaiara pela dor – Bella fazia isso às vezes, muitas vezes os desmaios tornavam a coisa pior do que já era, mas desde que me conheceu, eu tinha estado lá ao lado dela vezes o bastante para não deixar as coisas piorarem.

E tudo o que eu pensava era que, dessa vez, eu não estava.

—Edward, come – meu pai ordenou.

Comi a sopa fácil de engolir que minha mãe preparou. O relógio bateu oito e meia da noite quando, finalmente, recebi uma ligação de Bobby.

—Bobby – atendi quase que instantaneamente.

Edward, sou eu — a voz de Emmett soou na sala quando Alice tirou o telefone de mim e colocou no viva-voz.

—Emm, nos fale o que houve, filho – meu pai pediu.

Ela está bem, pessoal. Desculpem o susto. Enfaixaram o fêmur dela e ela cortou a testa, levou três pontos, mas está verdadeiramente bem. Está desacordada ainda por conta dos sedativos, mas os médicos garantiram que não houve concussão. Acho que o tempo tornou a cabeça dela meio que imune à batidas — Emmett brincou e todos eles riram.

O clima era ameno na sala, ele disse que Isabella estava bem, mas ainda não era com ela que eu falava e aquilo era tudo o que eu queria e precisava no momento.

—Por que não me ligou assim que aconteceu? – perguntei puto com a falta de consideração dele.

Porque de nada me adiantaria você tendo um aneurisma em outro continente. Primeiro eu ia cuidar dela e depois ia te dar as notícias ruins com as boas, te poupar alguns anos de vida, mas Bobby...

—Eu preferia saber – cortei ainda bravo.

Na verdade, eu estava possesso. Emmett escondeu um acidente de mim, era a minha namorada, e se o pior acontecesse?

Percebi que não faria diferença. Eu só chegaria para o enterro, sem importar o quão rápido Emmett me avisasse.

Eddie, não fiz por mal, foi pensando em você.

A raiva que eu sentia era de mim. Agarrei o cabelo com o ódio, respirando pesado. Por que a gente tinha que estar tão longe? Por que eu tinha que ser burro? Já era para eu estar formado, poderia estar com ela. Poderia...

... Perdoa?— perguntou Emmett.

Ele tinha dado um discurso? Não escutei uma palavra, mas nada era culpa dele.

—Está tudo bem, Emm, eu só fiquei preocupado. Queria falar com a Bella – falei simplesmente.

O olhar de pena de todas as pessoas que estavam na sala foi o pior de tudo. Conversamos com Emmett, meu pai falou em códigos médicos e Emmett foi respondendo tudo com certeza, quando desligamos, meu pai me jurou de pé junto que não tinha sido grave e que ela deveria acordar pela manhã, ou seja, madrugada aqui.

—Tentem descansar, sim? Amanhã acordamos cedo e ligamos para ela para ver como ela está – mamãe disse e todos concordaram.

Já estávamos alimentados e quentes depois do banho, então colocamos colchões na sala e ficamos ali, conversando e depois começamos a assistir filmes.

Meus pais subiram para dormir, meus amigos e irmã, um por um, foram caindo na inconsciência enquanto minha mente não parava. Nunca. Ela estava correndo os oito mil, setecentos e trinta e quatro quilômetros que me separavam do meu coração.

Sentei na sala de música, não para nada. Eu estava com uma melodia na cabeça, mas não queria fazer aquilo naquele momento. Coloquei o CD que ela me deu e deixei rolando, das faixas animadas até as mais melancólicas.

Finalmente, às quatro da manhã, meu celular vibrou do meu lado.

Bella: acordado?

Fiquei nervoso, será que era ela mesmo? Liguei para ter certeza e ela negou a ligação.

Ed: amor?

Bella: estou ridícula, nem tomei banho ainda.

Ed: eu preciso te ver, por favor.

Fiquei torcendo para que ela lesse aquela mensagem com toda a aflição que eu sentia no momento, com a entonação correta. Não era um pedido, era uma necessidade.

Bella: estou parecendo um muffin.

Eu não dei risada.

Ed: por favor.

Voltei a suplicar esperando que ela interpretasse corretamente.

Demorou dois anos e meio na minha mente, mas apenas alguns minutos no mundo real. Finalmente, a foto dela abrilhantou a tela, avisando uma chamada de vídeo. Atendi sem ensaios e  vi o rosto machucado da minha namorada.

O corte na testa e os pontos, o olho esquerdo ligeiramente roxo embaixo, uns machucados no nariz e um bem pequeno no lábio. E eu nunca senti tanta vontade de beijar um machucado.

—Fala comigo – supliquei e, só então, percebi que estava chorando.

Ô, meu amor, está tudo bem. Desculpa te preocupar— disse com a voz rouca.

—Está tudo bem mesmo? Não está sentindo dor? Amor, preciso que seja mais cuidadosa, eu preciso— falei sério.

Mesmo. Tudo bem. Estou com um coquetel de relaxantes no meu sangue, não sinto dor alguma. Minha mãe nem está aqui, para você ver que é bem menos grave do que parece— falou bem-humorada, mas eu não queria sorrir.

—Você é linda, eu te amo muito – funguei.

Eu também te amo, muito. Desculpa o show de ciúme de ontem, só não gosto de ver...

Neguei com a cabeça como quem pede para ela nem falar daquilo, eu já não lembrava daquela idiotice.

—Não pensa nisso. Não existe nada no mundo agora, só você e eu – falei.

Ela assentiu sorrindo.

Por que não está sorrindo para mim? — perguntou preocupada.

Fiquei pensando na pergunta dela e, como tinha prometido a ela, fui sincero e falei qual era o problema.

—Eu não consigo. Não posso mais fazer isso, está ficando insuportável – confessei – Eu não aguento, Bella, ficar do outro lado do celular. Não é o bastante, não é justo. Se algo mais sério tivesse acontecido, se estivéssemos em um conto de fadas e só o meu beijo pudesse te salvar, você morreria, porque eu estou a uma distância ridícula de você. Precisaria de horas para chegar aí e eu estou acostumado com os minutos.

O que está inferindo?— ela perguntou parecendo magoada.

—Literalmente nada, Bella, só estou te falando o que estou sentindo. Eu estou exausto, vai bater vinte quatro horas que não durmo e eu queria ter seu cheiro aqui para me acalmar, mas não o tenho. Entende? É difícil de mais, mais do que eu tinha pensado que seria.

Acho que você deveria ir descansar um pouco. Dormir. Emmett está na lanchonete, mas já deve estar voltando, vou descansar também, os medicamentos são fortes. Penso que devemos conversar quando estivermos menos cansados. Para não falarmos mais nada de que vamos nos arrepender — falou extremamente chateada.

Mas com o que?

Eu estava distraído, não sabia o que acontecia. Voltei a chorar quando ela disse que queria desligar porque, era dela que eu dependia, se ela não quisesse mais me ver, eu não teria como lutar contra.

—Eu te amo, tanto – chorei sem noção, o cansaço e a preocupação tinham acabado com toda a sanidade de minha mente – Fica, Bella, fica só até eu dormir, por favor. Eu preciso que – voltei a chorar mais – Eu preciso de você, queria estar deitado nessa cama com você. Por que é tão difícil? – perguntei retoricamente.

Amor, estou aqui. Dorme. Deita no sofá da sala de estúdio e dorme. Não vou a lugar nenhum— prometeu.

Deitei no sofá como ela mandou e fiquei a encarando até eu não lembrar mais.


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Notas finais do capítulo

O coração comprime no peito.

Vamos dar umas voltas sobre isso, pode causar um pouco de asco em vocês, mas é questão de tornar a história o que será. E, entendam, relacionamentos a distância são mesmo complexos e nada têm a ver com o sentimento compartilhado.

Espero que tenham gostado, estarei aguardando os reviews ♥



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