about love and stuff. escrita por unalternagi


Capítulo 18
A ausência quer me sufocar


Notas iniciais do capítulo

Oie

Capítulo de hoje é pelo ponto de vista da Bella, espero que gostem.



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Capítulo 18 – A ausência quer me sufocar

PDV BELLA

Quando cheguei da escola na quarta-feira, fiquei ciente que meu pai já estava na cidade e eu fiquei contente com a notícia, mas eu sabia que ele tinha ficado quase um dia todo viajando entre escala e chegada, então comprimi minha saudade e fui ver como vovô estava.

Ele estava deitado confortavelmente na sala assistindo algum filme antigo e sorriu amplamente para mim.

—Minha favorita – ele comemorou e eu ri.

—Vou contar aos outros sobre isso, sr. Lorenzo – eu brinquei.

Ele fez careta e eu sentei ao lado dele.

—Sei que não o faria, também sou seu favorito – falou cheio de si e eu ri.

Alec chegou à sala com o prato de comida cheio e eu fui me servir.

Alec, Maggie e eu estudávamos na mesma escola, mas Maggie almoçava no apartamento em que morava com seus pais e irmãos, enquanto Alec e eu almoçávamos todos os dias na vovó. Eu, porque morava aqui, ele porque dizia que vovó cozinhava muito melhor que a mãe dele.

—Papai passou aqui? – perguntei a minha avó.

—Não, meu bem. Seu irmão foi busca-lo em Milão e o levou direto para o apartamento, disse que ele estava parecendo um zumbi – ela disse divertida e eu revirei os olhos.

—Sabe que não pode dar ouvidos a Emmett – eu ri enchendo o prato de macarrão.

—Bem, ele me diverte – ela deu de ombros e eu ri.

Sentei com ela a mesa. Alec ficou de lavar a louça e eu sequei e guardei para ele.

Ouvimos a campainha soar e eu fui atender, animada, pensando ser meu pai, mas não era. Muito pelo contrário, era Bobby com o cabelo bem penteado para trás e já sem o uniforme do colégio.

—O que é isso, menino? – perguntei e ele bufou.

—Queria causar uma boa impressão no seu pai né, não quero que o sargento nos impeça de sermos amigos – ele disse como se fosse óbvio e eu revirei os olhos.

—Não seja bobo, Bobbylóide – eu ri – De qualquer jeito, meu pai ainda não veio para cá, deve vir só para a janta – falei e Bobby assentiu animado.

—Então eu espero – ele disse entrando sem ser convidado.

—Bobby – vovó comemorou.

Robert era um garoto muito engraçado e completamente sem noção nenhuma. Prova disso era que ele estava sentando no sofá com meu avô e colocando as pernas na mesa de centro, como se estivesse em casa.

Conheci-o na primeira semana de aula. Com a minha sorte, fui mandada para uma sala diferente da de Maggie e Lisa, então sentei perto de Bobby e, na saída, descobrimos que morávamos perto um do outro, então fomos caminhando juntos. Lisa, Alec, Bobby e eu nos dávamos muito bem. Bobby tinha uma namorada que era bem chata, o nome dela era Luna e ela morria de ciúme de mim, mesmo tendo sido alertada – mais de uma vez – que eu era comprometida, mas eu não ligava e, verdade seja dita, Bobby também não.

Bobby só tinha um amigo constante naquela sala, Lucca. O garoto mais leso de toda a Itália, mas também o mais bonzinho.

Como na Itália os professores eram quem mudavam de sala e não os alunos, fui jogada na sala de Bobby e Lucca, enquanto Marco, Lisa e Maggie eram de outra sala. Eu achava injusto eu ter que aguentar os piores, mas depois de dois meses eu já tinha me contentado com aquilo.

—Ei, Lucca disse algo sobre um seminário de biologia? – Bobby falou confuso.

—Sim, já escolhemos o tema – falei distraída com o filme que vovô assistia pela décima vez.

Vovó passou na sala mandando Bobby tirar o pé da mesa e eu ri da cara dele. Ele já era tratado como um neto.

—Ainda bem que alguém coloca moral nesse menino, vó – Alec disse rindo da cara dele.

—E você não me dê nos nervos – ela disse e eu comecei a rir ainda mais – Vamos, preciso da sua altura para colocar umas roupas no varal – falou pegando os copos que estavam na sala.

—Que? Bella quem mora aqui, as roupas são dela – ele disse chocado.

Fiz cara de vitoriosa quando vovó olhou para ele, extremamente irritada.

—Estou mandando você vir, então você vem – ela disse séria.

Minha avó não era brava, mas ela tinha dias. Hoje estava irritada com algo que eu ainda não sabia o que era, mas daria o tempo dela para ela dividir comigo o que quer que tivesse acontecido.

Alec bufou, mas como o bom neto que era, se levantou e foi ajuda-la depois de me mostrar a língua.

—Tá bem, então vamos para a casa dele? – Bobby perguntou sobre Lucca.

—Não, apresentaremos o seminário apenas na semana que vem. Achei que vocês teriam ensaio hoje? – perguntei lembrando da nova banda que tinha surgido.

Italian Pack era o nome e Emmett zoava dizendo que era o empresário por ter criado o nome, que na verdade era uma adaptação da banda dele, de Edward e Jazz.

—Não, Matteo teve que cancelar, ele não ia conseguir vir então mudamos para sábado. Vai nos ver? – perguntou e eu assenti de pronto.

—Com certeza irei – falei animada.

Vovô cochilava e eu pedi que Bobby levantasse e me ajudasse a coloca-lo mais confortável no sofá e assim o fizemos, ele nem se mexeu, então eu e Bobby subimos para meu quarto para vermos as lições de hoje.

Fui ao banheiro mudar de roupa para uma mais confortável, então voltei para meu quarto encontrando Bobby sentado na escrivaninha com o meu caderno no colo.

—Eu não sou bom em dissertação – ele disse bufando.

Vi de qual dissertação ele falava, então tentei tranquilizá-lo.

—Bobby, é simples, está tudo no livro...

—EU ODEIO DISSERTAR – ele gritou.

Fiquei o encarando, ele respirou fundo arrumando o cabelo que saiu do lugar.

—Eu precisava tirar isso do meu sistema – ele falou simplesmente.

Comecei a rir muito do idiota que eu chamava de amigo. Ele me fazia um bem danado, não queria nem pensar o que seria de mim sem Bobby. Meu celular tocou e vi a foto do meu namorado. Três e meia da tarde para mim era seis e meia da manhã para ele, então imaginei que ele deveria estar acordando para ir para a escola.

—Bom dia, minha vida – falei animada assim que seu rosto sonolento apareceu.

Eu amava chamadas de vídeo.

Bom dia, bella ragazza. Como está tudo?— perguntou com a voz rouca.

—Tudo bem, meu amor, está indo para a escola? – perguntei.

Dentro de vinte minutos— ele contou e eu assenti – Já viu seu pai?— perguntou ainda meio sonolento, cada piscada demorava mais que o necessário.

—Ainda não, ele está dormindo, devemos jantar juntos. Porque ainda não levantou? Vamos! Animação! Vai tomar banho e ficar cheiroso para ir para a escola.

Queria que tomasse banho comigo— ele disse e eu corei ao lembrar de Bobby no quarto.

—Hmmmmm... – Bobby provocou e eu mostrei-lhe o dedo do meio.

Quem está ai?— perguntou mais desperto.

—Meu amigo, Bobby – falei não dando muita importância.

Edward era ciumento quando estávamos perto um do outro, quando estávamos longe eu não queria descobrir o louco obsessivo que ele poderia se tornar então evitava falar sobre os amigos homens que eu tinha feito, ainda mais Bobby que era quase como meu braço, porque vivíamos juntos.

Não sabia que estava acompanhada, deveria ter me dito— falou sério se sentando na cama.

—Para com isso, não tem problema. Estávamos estudando – falei e ele assentiu, mas seu lábio franzido dizia que não estava feliz.

—Me apresenta – Bobby sussurrou animado.

Fiquei presa num dilema sobre se era uma boa ideia ou não. Edward se levantou e eu me distraí com o peito nu do meu namorado, eu estava sentindo tanto a falta dele.

Vou tomar um banho e...

—Ei, cara, meu nome é Robert por causa do Robert De Niro, minha mãe o adora. Sou colega de classe da Bells e moro aqui perto da casa da avó dela. Vim para cá para conhecer o sargento Swan porque nunca conheci um policial americano e quero saber se são iguais aos que vejo em Chicago P.D., o que pode me contar sobre você? – ele disse animado, com seu sotaque ligeiramente carregado, mas o inglês muito bom, deitando do meu lado na cama sem convite.

Contive o riso ao ver a cara de choque de Edward.

Bobby era assim, insano. Ele era aquele tipo de pessoa que, se você dá um “bom dia” a ele olhando nos olhos, ele senta ao seu lado e conta sobre a irmã mais nova dele, a mãe gentil e o pai engraçado. Simples assim. Bobby era muito feliz. Era isso.

Ahm— Edward estava meio desconcertado – Sou Edward Cullen, namorado de Isabella desde agosto desse ano, mas estava querendo isso desde o começo do high school...

—É mentira, ele nunca deu a entender isso – sussurrei para Bobby que me olhou de cara feia.

—Sai daqui, bafo de urso, eu estou falando com meu novo amigo Edward – reclamou tirando o celular da minha mão – Continua, amigo.

Edward riu do bico que eu fiz, e suspirou antes de continuar.

Bom, eu não sei direito o que te contar só que estou com uma saudade danada da minha namorada e que o sargento Swan é pior que os policiais do seu seriado então, cuidado com ele— Edward brincou.

—Eu te falei, bruxa – Bobby reclamou – Obrigado, Edward, sua namorada tinha dito que ele era inofensivo.

Oh, respeite o meu sogro, Isabella — Edward disse se fingindo de ofendido.

Comecei a rir, mas antes de me defender, Alec começou a gritar para Bobby ir jogar basquete com ele na quadra que tinha no parque próximo.

—Eita, essa é a minha deixa, americano. Foi um prazer – Bobby disse me devolvendo o celular.

Prazer o meu, Bobby ­— Edward disse sorrindo.

Como ele poderia estar ainda mais lindo?

—Okay, te vejo depois Bells – ele falou beijando minha sobrancelha e então saiu sem mais nada a dizer.

Edward respirou alto de novo e fiquei o encarando enquanto ele soltou o ar que não reparei que segurava.

Não tinha me falado sobre Robert— comentou apoiando o celular na pia do banheiro.

Foi fazer xixi e depois voltou, pelado, para escovar os dentes. Quando ele se esticou para pegar a escova, o celular ficou num ângulo muito interessante e eu fiquei quieta que nem uma idiota, sem nem lembrar o que ele tinha falado.

Bella?— chamou com a boca cheia de espuma.

—Desculpa – falei corada – Não falei sobre ele porque não queria que você pensasse mais do que é. Estamos bem, não quero que nada atrapalhe.

Se vamos fazer isso dar certo — disse meio estranho pela espuma na boca, por isso decidiu cuspir antes de terminar de falar – Precisa me contar tudo e eu farei o mesmo, sim? Prometo cuidar da minha possessão, mas preciso saber que não me esconde as coisas— ele disse e eu assenti.

—Parece sensato, estamos combinados.

Ele continuou escovando os dentes enquanto eu contava sobre como tinha conhecido Bobby e sobre Lucca e Marco também. Ficamos tranquilos conversando, ele disse que iria tomar banho e eu pedi para ele não desligar, eu esperaria, só queria estar lá.

De alguma forma, Edward posicionou o celular na saboneteira dentro do box e eu sorri ao vê-lo tomar seu banho.

—Não se incomoda que eu fique te olhando assim? – perguntei e ele sorriu negando.

Nem um pouco— disse tencionando os músculos e eu ri.

—Não tem nada que queira me contar? – perguntei e ele franziu o cenho.

Me dá uma dica sobre o que— pediu enxaguando o cabelo.

—Não sei, Alice continua amiga da Denali? – perguntei como quem não quer nada.

Ele revirou os olhos.

Que ele dissesse o que queria, mas eu não gostava da cara daquela menina e eu sabia o quão lindo meu namorado era, eu estava vendo agora mesmo enquanto ele terminava de se ensaboar ignorando, por agora, a minha pergunta.

Sim, Bella. Tanya e Alice continuam amigas.

—Traidora – murmurei, Edward não pareceu escutar – Mas já? – reclamei quando ele fechou o chuveiro e ele sorriu para mim.

Poderíamos testar uma coisa depois, com mais tempo— falou misteriosamente e eu sorri de canto.

—O que? – perguntei já meio entendendo.

Bom, eu gostaria que sempre que eu estivesse pelado, você também estivesse, pareceria mais justo na minha visão— ele falou e eu ri.

Não sabia se teria coragem para isso, mas prometi que conversaríamos sobre isso depois. Edward terminou de se trocar enquanto me contava algumas besteiras que tinham acontecido depois que nos falamos e eu ia contando sobre mim.

Cedo de mais, ele teve que desligar e prometemos nos falar por vídeo chamada de novo, logo. Nem dez minutos depois de desligar, ele me mandava mensagem avisando que estava indo para a escola.

Fiz algumas lições que eu tinha que entregar no dia seguinte, organizei minhas coisas no quarto e depois desci para ajudar a minha avó em qualquer coisa que ela estivesse precisando.

—Está tudo bem? – perguntei quando ela nem me olhou já negando minha ajuda.

—Tudo excelente – falou com uma carga de sarcasmo muito pesada.

—Vovó – chamei ficando preocupada – Eu fiz algo?

Ela suspirou e, finalmente, me olhou deixando os ombros caírem como se estivesse cansada.

—Não acho justo com você, querida. Seus tios e mãe vieram para cá para ajudar-me a cuidar do seu avô, mas quem faz tudo é você. Está cuidando de mim e dele sozinha, com ajudas eventuais dos seus primos e eu não acho justo – ela disse parecendo mesmo chateada.

Achei estranho ela estar falando aquilo porque nunca reclamei de nada.

—O que aconteceu? – perguntei esperta.

Ela contou que viu minha mãe e tia Charlotte discutindo sobre quem os levaria para o geriatra e eu bufei. Que meus tios e minha mãe começaram a se estranhar, eu sabia, mas daí a começarem a deixar vovó participar disso, era muito diferente e eu não permitiria.

—Sabe que tudo o que eu faço é porque amo vocês dois e porque posso fazer, não é peso nenhum para mim e, tenha certeza, quando eu não puder fazer algo eu serei sincera com a senhora, não se preocupe – falei séria e ela se emocionou me abraçando.

Guardei a raiva que senti da minha tia e da minha mãe e comecei a ajuda-la a preparar a janta para todos. Bando de folgados.

Fizemos lasanha e eu me perguntei se não era pesado de mais para jantar, mas não deixei a preocupação ser dita. Ela fez de presunto e queijo, então fez uma individual para mim com queijo, molho branco e brócolis.

Fiz suco e ela mandou Alec ir buscar a sobremesa com Bobby no mercado, dois potes de cinco litros de sorvete. Um de abacaxi com vinho, um de flocos. Sorri, nada gritava mais “infância” do que os sorvetes da vendinha de Pizzighettone.

Logo a casa começou a encher. Vovó e vovô foram se arrumar para receber todo mundo, e eu deixei Alec ir tomar banho no meu banheiro para tirar o uniforme do colégio.

Quase oito da noite, o sargento Swan – a estrela da noite – chegou e foi uma festa só. Tia Carmen chorou ao vê-lo, acho que fazia uns dois anos que eles não se viam, então deixei que todos o cumprimentassem antes de parar perto dele.

—Olá, desconhecido – falei sorrindo e ele me abraçou forte.

—Eu senti muitas saudade suas, mocinha.

Era uma coisa estranha sobre mim.

Desde criança, eu não costumava sentir “saudade” das coisas e pessoas. Se eu ficava sem ver meus amigos por duas semanas nas férias de verão, eu não pensava e nem sentia saudade, apenas contava o tempo para os tê-lo por perto novamente. Não senti saudade de Emmett quando ele veio para cá, eu comecei a contar quando o veria de novo.

Basicamente, a palavra saudade era apenas teoria para mim. Eu poderia sentir a falta que as pessoas faziam na minha vida, mas não era o sentimento melancólico que eu comecei a pensar que era uma invenção da psique humana.

Até essa viagem. Até ter que abdicar cem por cento de Edward. Agora saudade era uma coisa que eu sentia apenas por uma pessoa: Edward Anthony Cullen.

Por isso quando papai disse aquilo eu apenas o abracei com mais força e sorri ao nos separarmos.

Escutei um pigarro perto de mim.

—Pai, esse aqui é meu amigo Bobby, ele é tipo neto da vovó Claire já e é ridículo. Ele veio só para ver se o senhor parece os policiais da TV – dedurei.

Bobby me olhou como quem me repreende.

—Fofoqueira – murmurou antes de esticar a mão para papai – É um prazer, senhor sargento.

Meu pai achou graça do garoto.

—O prazer é meu, Bobby – ele disse – Achou-me parecido?

—Edward disse que o senhor era mais assustador e vejo da onde ele tirou a impressão. Acho que é a maquiagem que passam nos atores que os deixam menos intimidantes...

Comecei a rir e papai concordou com ele.

Sentamos na sala esperando para as lasanhas ficarem prontas e, com todos juntos, eu me senti um pouco mais eu mesma.

Juntei-me com meu pai e tirei uma foto mandando para Edward.

Bella: Parte de mim esperava que você viesse como a bagagem de mão dele.

Era verdade, eu não sabia o porquê, mas esperei que Edward fosse me fazer uma surpresa, mas é claro que não daria certo. Ele trabalhava e tinha aulas, eu não poderia esperar isso assim. Era injusto até.

Estávamos jantando quando a resposta chegou.

Edward: Ele por acaso já desfez todas as malas?

Comecei a rir dele, mas logo voltei à atenção para minha família unida de novo. Mamãe e papai estavam colados como há muito tempo eu não via, acho que a saudade fazia bem a eles, às vezes era bom se manterem separados.

Emmett pediu para eu colocar arroz no prato dele e, caindo numa paranoia grande, percebi que era a primeira vez que ele falava comigo naquela semana.

Devolvi o prato para ele que não voltou a me olhar.

Emmett e eu sempre nos demos muito bem. Pregávamos peças nos nossos pais e amigos, conversávamos sobre tudo, tínhamos uma amizade ótima, mas desde a primeira viagem dele para a Itália, a gente tinha perdido algo que ainda não tínhamos conseguido achar e aquilo me incomodava.

Deixei o pensamento ir embora quando Jane começou a me contar sobre Tom. Foi um fim de noite tranquilo.

.

Depois dos meses separadas, finalmente, Rosalie e Alice tinham me mandado mensagem avisando que Alice estava de folga hoje e que, às três e meia da tarde – no horário delas – era para eu estar conectada no Skype para conversarmos.

Fiquei mais do que apenas animada, eu sentia a falta de falar com as duas em particular, sem precisar de máscaras, meias palavras nem nada, sempre contamos tudo uma para a outra e eu queria aquilo, mais do que isso, eu precisava daquilo.

Jantei mais cedo aquele dia. Vovó me garantiu que não tinha problema eu me trancar no quarto essa noite, Caius dormiria lá conosco hoje.

Vovô tinha feito quimioterapia, então estava bem fraco e cansado, vomitando muito, por isso fiquei mais tranquila quando meu primo entrou pela porta com uma única missão: ajudar meu avô.

Ele fazia faculdade em Verona, mas não teria aula no dia seguinte, então desejei uma boa noite a todos quando o relógio bateu sete e meia da noite e subi correndo. Coloquei o celular para despertar meia noite e vinte e cochilei para conseguir ficar acordada com elas.

Quando o celular tocou, preferi ligar o notebook para que não precisasse ficar segurando o celular.

Antes que achei ser possível, o Skype cantou e eu comecei a sorrir amplamente quando vi a imagem das minhas melhores amigas aparecer na tela do meu computador.

—Socorro, eu vou vomitar – falei e elas começaram a rir.

Conectei o fone e comemorei por tê-lo feito quando Alice soltou um grito ridículo que, com certeza, assustaria a casa inteira.

Isabella Marie Swan! Eu não creio em meus olhos— ela disse feliz.

Comecei a rir.

—Oi, gente – falei feliz.

Como você está, favorita?— perguntou Rose e eu sorri.

Tinha contado a ela sobre o apelido que meu avô tinha me dado e, desde então, era como ela me chamava sempre que conversávamos.

—Muito bem, sentindo a falta de algumas pessoas aí – contei.

Não nos fale em saudade— Alice disse.

Reparei que o cabelo dela estava mais curto que o habitual, pouco acima do peito e elogiei, ela começou a falar sobre a ideia de mudar, quando fiquei surda com o grito.

QUEM MONOPOLIZA O MEU AMOR?— escutei meu namorado gritar e comecei a rir.

O vi correndo quarto adentro e depois se jogar na frente da tela do notebook de Alice, por um tempo, ele foi tudo o que eu vi e não tinha do que reclamar.

—Lindo – comentei e ele sorriu.

Sai fora, moleque, você já está atrasado— Alice reclamou o empurrando – EU QUERO APARECER— gritou impaciente.

Rosalie estava desviando dele e eu reparei que ela estava rindo da irritação crescente de Alice.

Tenho que trabalhar, coisa linda, a gente se fala mais tarde?— perguntou e eu assenti de pronto.

—Me avisa quando sair do hospital – mandei e ele assentiu.

O lábio dele engoliu a webcam de Alice quando ele deu um beijo e, ao se afastar vi a cara de nojo dela e o soco certeiro que ela acertou nas costas dele.

Seu porco— reclamou.

Ainda os escutei reclamando um com o outro, Rose limpou a câmera com uma camiseta de Alice que ficou verde quando viu.

Não essa— ela reclamou sofrendo.

Põe para lavar— Rose ridicularizou.

É a baba do Edward, vou ter que incinerar— ela dramatizou.

HÁ-HÁ— escutei antes de ouvir a porta fechar.

Pronto, zona livre de menino doido— Rose avisou.

Vendo o circo todo que eles criavam, fiquei melancólica, mas, rapidamente, afastei o pensamento da minha cabeça e ri com as meninas. Contei para elas sobre tudo, a escola, os amigos, minha família. Alice começou a contar das novas amizades e reparou minha careta quando ela falou da Denali.

O que foi?— ela perguntou inocente.

—Você sabe – murmurei.

Bella, ela é bem mais legal do que parecia, ela é tão tranquila... Edward também gosta dela e-

Eu reparei que Rosalie a beliscou, mesmo que tenha tentado ser discreta. Suspirei alto.

Edward também gosta dela.

—... E Jazz, ele também é amigo de Tanya.

—Bom, eu não sou uma ditadora de amizades, quem sou eu para controlar com quem você anda ou deixa de andar, não é!? Por favor – sorri meio desconcertada ainda.

Bebella, Edward só tem olhos para você — Rosalie garantiu e eu assenti não querendo prolongar aquilo, era meu horário com elas.

—Contem-me vocês as fofocas todas.

Ugh — Rose reclamou – Acabei de lembrar, hoje no almoço... Eu estava indo para a biblioteca e vi o treinador Clapp com a senhorita Cooper, atrás do ginásio, se beijando.

Rosalie parecia estar passando mal e eu comecei a rir.

—Eca – falei, simplesmente, era todo o sentimento que eu tinha.

POR QUE NÃO ME CONTOU, SUA RIDÍCULA?— Alice reclamou.

Ai, idiota — Rose disse quando Alice a empurrou – Eu vi hoje, quase não nos falamos e eu queria guardar essa fofoca para vocês duas — ela riu.

Sempre guardávamos as melhores para soltar quando estivéssemos juntas e, ouvir Rose dizer aquilo, fez eu me sentir parte da turma de novo. Era o que eu precisava sentir depois de dois meses longe.

Ficamos conversando sobre as mais diversas coisas por um tempo incontável, eu não fazia ideia há quanto tempo nos falávamos, quando Alice começou a falar sobre o professor de literatura de Rose.

Ah, eu nunca o tinha visto na escola e, de repente, Rosalie tem aula com ele e é a aluna favorita? O que acha disso?— Alice brincou.

—Aluna favorita? – perguntei surpresa.

Claro, linda e inteligente. Deveria ver a cara dele quando se encontraram no cinema— Alice riu conspiratória.

Rose revirou os olhos.

Dizendo assim, até parece que foi premeditado. Foi pura coincidência— ela disse, mas corou.

Rosalie não corava, então fiquei super curiosa com aquilo.

—O que não está nos contando? – perguntei curiosa.

Ela mordeu os lábios e Alice arregalou os olhos.

Oh, ela está mesmo escondendo algo. Que saudade de você, Bebells, você sabe das coisas— Alice falou e eu comecei a rir.

Bom, depois do dia no cinema, ele meio que me convidou para almoçar com ele um dia desses— eu fiquei surpresa, mas Alice fechou a cara.

Que sem noção— ela falou.

—Ué, você estava até agora enaltecendo o cara – eu ri.

Uma coisa é brincar, não sabia que ele tinha mesmo dado em cima de Rose. Ele parece bem mais velho, quantos anos ele tem?— Alice perguntou.

Trinta e um, eu acho, mas eu não aceitei. Não quero que pensem que eu preciso de nota e só assim para sair com ele porque não é o caso. Eu não preciso de nota e seria muito antiético nós sairmos — ela disse.

Assenti, concordando com o argumento dela. Alice começou a descrever ele quando perguntei.

Cabelos castanhos bem cortados, uma barba bem feita e os olhos são claros? — ela perguntou a Rose, sem certeza.

É, verde mais escuro, né, meio acinzentado — ela disse.

Não comentei nada, mas fiquei surpresa. Saber a cor dos olhos de alguém, para mim, era coisa séria. Ainda mais com tanta precisão assim.

—Nunca o vi por Forks – falei por fim e Alice também disse que não.

Ele é novo na cidade, morava em Chicago antes— Rose comentou sem muita ênfase.

Ela sabia bastante sobre ele.

—Qual o nome? – perguntei.

Royce King II— Rose disse.

Ficamos falando sobre ele por um tempo ainda. Mas logo passou o assunto e voltamos a conversar sobre as mais diversas coisas. Contei sobre a saudade que eu sentia de Edward e como minha mãe e tios estavam se estranhando e acabavam por negligenciar os meus avós.

Que merda, Bells— Alice comentou.

—Nem fale, mas está tudo bem. Estou fazendo o meu melhor aqui. Hoje meu primo veio dormir com eles, então estou de folga também do meu turno – brinquei.

Iiiih, alguém vai fazer medicina?— Rose perguntou e eu dei de ombros.

—Ainda não pensei sobre – confessei e ela sorriu.

Começamos a conversar sobre os planos para o próximo ano letivo e, quando aqui marcou três da manhã, falei com pesar que eu tinha que ir dormir porque amanhã eu ia para a escola.

Calma, é verdade que usa uniforme?— Alice perguntou e eu ri.

—Sim, e é ridículo – contei.

Posso ter uma foto depois?— ela pediu e eu bufei prometendo pensar.

Despedi-me das duas e só coloquei o notebook embaixo da cama, dormindo poucos segundos depois.


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