Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 19
Desastre eminente.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii! *-*
Estou atrasada como sempre, mas isso nem é mais novidade, né?
Desculpem meu sumiço e espero que gostem do capítulo!
BOA LEITURA :D



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“Me diz como explicar

Seus gostos sendo os mesmos que os meus

O que acontece toda vez que eu olho nesses olhos seus?

 

Faço um monte de perguntas

E às vezes até acredito

Que as nossas duas vidas já viveram juntas

 

Se o meu violão acaso desafinar

Ou se eu não tiver voz pra cantar

Nada vai impedir de dizer e provar

Que essa vida eu só vivo pra te amar”

Duas Vidas — Henrique e Juliano.

  Seria quase assustador ver tantos funcionários pra lá e pra cá trabalhando a todo vapor se eu já não fosse acostumada com toda essa comoção. Eu estaria até tranquila com a ideia de organizar uma festa, se a festa beneficente de Ricardo Albuquerque não fosse um grande evento que reúne fazendeiros, empresários, comerciantes além é claro, da comunidade, o pessoal da região, é um evento que muitos esperam ansiosos e mesmo que eu não estivesse presente nos últimos anos, eu sabia que a festa ainda continuava tão grande e divertida quanto eu me lembrava, por que os lucros que chegavam a nós lá na cede da empresa eram de longe os melhores do ano.

  Então esse ano a responsabilidade era minha, eu teria que fazer jus a fama de papai e queria muito que ele se orgulhasse de mim. Ele e mamãe, com quem eu não tinha falado uma única vez depois da nossa conversa por telefone, chegariam depois do almoço quando a festa estava prevista para começar. Com papai eu falei nesse meio tempo, eu precisava descobrir se ele sabia de alguma coisa a respeito da armação de mamãe, e ele negou, mas eu meio que já sabia que papai não teria coragem de fazer algo assim, ele sempre foi a favor do meu relacionamento com Theo, e não se meteria em algo para nos prejudicar, papai inclusive, ficou muito feliz quando ficou sabendo que eu e Theo havíamos voltado.

  Nesse meio tempo única coisa mais empolgante que aconteceu foi eu e Alice tentando convencer Theo de que ele estava agindo como um idiota sobre o relacionamento da prima com o melhor amigo. Mas depois de alguns gritos, uma conversa séria entre os dois amigos e eu ameaçar dormir de calça jeans pelos próximos meses é que Theo viu que não valia à pena bancar o ridículo sendo que os amigos dele estavam felizes juntos. Então a única coisa que realmente estava me deixando ansiosa eram os preparativos da festa e o fato eminente que logo eu veria minha mãe e sinceramente não tinha ideia de como reagiria a isso.

  - Lilly, Lilly... Cordélia! – a voz de tia Beth me tirou dos meus pensamente, ela estava parada a minha frente com um enorme tacho vazio nas mãos. – Eu estou te chamando a um tempão, onde você estava?

  - Longe aparentemente. Algum problema, tia?

  - Bem...

  - Bem? Não me diga que tem realmente um problema, hoje não, por favor!

  - Calma, é só que a dona Flávia, a senhora responsável pela comida da festa nos últimos oito anos, pegou uma gripe antes de ontem, hoje de manhã ela foi levada ao hospital da cidade com suspeita de pneumonia.

  - Ai meu Deus! Ela está bem?

  - Está Lilly, aparentemente não é pneumonia nem nada sério, mas esse não é o problema, o problema é que mesmo que ela receba alta hoje, coisa que não sei se vai acontecer, ela não conseguiria chegar aqui a tempo de ajudar com a comida.

  - Isso quer dizer que...? Eu não estou entendendo – perguntei com o coração aos pulos. As coisas não podiam dar errado, não hoje.

  - Isso quer dizer que temos vários cozinheiros sem saber o que fazer, por que quem organizava tudo era a dona Flávia.

  - A festa é em algumas horas e a senhora está dizendo que não temos comida, é isso?

  - É.

  - Tia!

  - Cordélia! – ela me imita. – Eu só vim contar o que aconteceu.

  - E agora, o que a gente faz?

  - Me diga você, senhora administradora – ela sorri e eu respiro fundo, tia Beth tem razão, eu sou a administradora da fazenda e não posso simplesmente surtar. As pessoas esperam que eu resolva as coisas, tome uma atitude, então é isso que vou fazer.

  - Você disse que temos uma equipe, mas não temos quem a coordene, é isso?

  - Exatamente.

  - Então eu faço, eu coordeno – digo decidida e minha tia me olha surpresa.

  - Achei que fosse pedir para que eu o fizesse.

  - Eu também, mas você conhece tudo e todos aqui tia, quero que fique de olho em tudo pra mim, eu ainda cozinho, pelo menos quando não tem ninguém olhando. Acho que dou conta. Pode me ajudar nessa?

  - Claro, aqui – ela sorri e me estende o tacho, eu o pego. – Boa sorte, Lilly! Vou ver como está à decoração das mesas lá no jardim.

  - Ok, obrigada.

  Eu sigo para a cozinha sem ter certeza se essa foi mesmo uma boa ideia, mas quando alcanço o cômodo cuja mesa foi retirada para ter mais espaço, eu sei que não posso mais mudar de ideia, nem voltar atrás, tem cerca de dez pessoas ali, lavando louças, cortando batatas, levando copos e talheres pra lá e pra cá. Quando me notam parada na porta todos me encaram curiosos. Eu ponho o tacho no balcão antes de começar a falar.

  - Você é a filha do senhor Ricardo, não é? – uma garota loira pergunta antes que eu diga qualquer coisa, ela é a mais nova ali, talvez tenha a idade de Alice.

  - Eu mesma, Cordélia Albuquerque e vim ajudá-los.

  - Você? – uma mulher mais velha pergunta e faço que sim.

  - A dona Flavia não vai poder vir e tia Beth tem que ficar de olho em algumas coisas. Eu sei que sou nova aqui e que vocês não me conhecem, mas tenho certeza de que já fizeram isso antes e se estão aqui outra vez é por que gostaram, não estamos fazendo isso por nós, mas pelas pessoas que vem a festa. E é por isso que peço a vocês que ao invés de me julgarem, me ajudarem, nós temos só algumas horas para deixar tudo isso pronto.

  - Não precisava de um discurso motivacional, era só ter pedido, por favor – a garota loira sorri. – A propósito, eu sou a Júlia. Por onde a gente começa?

  São panelas e mais panelas de tudo quanto é tipo de comida, desde arroz até frango frito, tem de tudo e precisamos coordenar muito bem para que as coisas não fujam do controle e nada se perca. A parte mais difícil é tentar não esbarrar em ninguém no meio da confusão de pratos, panelas e pessoas pra lá e pra cá.

   É meio bagunçado, mas eu gosto da comoção, da energia, da felicidade genuína de todos que estão ali e fazem isso simplesmente por que querem ajudar, e por mais que eu negasse, eu sentia falta disso, do sentimento, dos sorrisos, de poder ser eu mesma sem me importar com o que os outros diriam se me vissem com um lenço nos cabelos cozinhando sorridente em uma fazenda, por ser simplesmente isso que quero fazer, metade das pessoas que conheci nos últimos dez anos acharia isso um absurdo e a outra metade me olhariam feio e sairiam falando mal de mim pelas costas, então poder ser simplesmente a Lilly que gosta e cozinhar e cantar enquanto faz isso é maravilhoso.

  - Estou surpresa de ver você aqui, achei que não sabia cozinhar – Alice diz da porta e sorrio.

  - Eu disse que não cozinhava, nunca disse que não sabia cozinhar, você sabe que deixei de fazer muitas coisas quando me mudei, e cozinhar foi uma delas.

  - Ainda bem que voltou. Precisa de ajuda? Acabei de terminar com os arranjos de mesa.

  - Eu ia adorar, ajude o Carlos com as batatas.

  - Sim, senhora – ela bate continência e reviro os olhos voltando à atenção para minha panela de molho fumegante.

  Os garotos passam na cozinha só para nos ver e encher o saco, trocamos beijos, umas implicâncias e eles finalmente nos deixam em paz para terminar o trabalho. Eu dou algumas escapadas para checar o resto da casa, mas felizmente está tudo indo bem, e mais rápido do que achei ser possível está tudo pronto, mas não era de se estranhar, a final essa festa está sendo planejada a mais de um mês.

  Assim que terminamos tudo já passa das 15h00m, as luzes coloridas que instalamos no jardim são acesas e os primeiros convidados já estão chegando. Quando finalmente subo para me arrumar estranho o fato de já passar do meio dia e não ver nem sinal dos meus pais. Desisto de pensar nisso e trato de me aprontar o mais rápido que consigo por que já tem gente lá em baixo e preciso recepcioná-los uma vez que meus pais sumiram.

  Quando termino de me vestir sorrio diante do espelho, eu realmente voltei a ser a velha Lilly, usando calça jeans, camisa xadrez, botas e deixando os cabelos secarem ao natural, eu não podia ser mais eu. Passo pouca maquiagem, me empolgo apenas com o batom vermelho.

  - Nossa Lilly, você está linda – digo ao meu reflexo e rio da minha falta do que fazer.

  - Eu concordo plenamente – a voz de Theo me alcança quase me matando do coração e viro-me para vê-lo na porta sorrindo de um jeito maroto que remexe tudo em mim. Meu cowboy é um a visão e tanto em seu jeans apertado, a camisa azul escura com as mangas dobradas até os cotovelos e o cinto com a enorme fivela. A ideia de pular encima dele e despi-lo ali mesmo é tentadora.

  - Você está incrível – digo sinceramente e ele vem até mim para me puxar pela cintura e me cumprimentar com um beijo que me deixa sem fôlego.

  - Lá se vai o meu batom – reclamo ao olhar para o rosto de Theo todo manchado e ele ri.

  - Também te amo, baixinha – ele beija a ponta do meu nariz e reviro os olhos me desvencilhando dele e indo atrás de uns lenços para nos limpar.

  Depois de uma missão quase impossível – terminar de me arrumar com Theo me distraindo com beijos -, nós conseguimos descer só para encontrar a fazenda a pleno vapor, tem alguns empresários que conheci na cidade, tem pessoas da vila, os trabalhadores da fazenda também vieram, há comida e um sertanejo animado soa de algumas caixas de som num canto, a visão me faz sorrir, no fim eu consegui, consegui mesmo. Vejo Alice e Hugo trocando beijos mais adiante e Theo ao meu lado faz careta ao vê-los, acho graça.

  - Você vai ter que se acostumar com isso uma hora ou outra – aviso e ele me olha.

  - Eu sei, é só que é estranho.                   

  - Você preferiria que fosse um idiota que você não conhece? O Hugo você pelo menos sabe quem é. Pense sobre isso, poderia ser bem pior.

  - Vendo por esse lado, você tem razão.

  - Eu sempre tenho razão – cantarolo e ele ri.

  - Ah, é? – Theo pergunta e faço que sim.

  - É – concordo e ele ainda está sorrindo quando me puxa para um beijo, eu o seguro pela nunca de bom grado para aprofundar o beijo e aproveitar o momento com meu cowboy irritante mesmo que isso signifique perder meu batom outra vez.

  Eu poderia ficar assim pelo resto da vida e ainda não seria o suficiente, beijar Theo, tê-lo perto de mim, ainda é tão bom quanto era há dez anos e tenho certeza que vai ser ainda melhor daqui a dez anos. Nós ainda não falamos sobre isso, mas não tenho mais certeza se quero voltar, por que como disse Alice, o que mais eu iria fazer na cidade depois de tudo que vivi nesse lugar mágico? Aqui, nos braços de Theo e provando seus beijos, é fácil querer ficar para sempre.

  Alguém pigarreia e nós finalmente nos soltamos, ainda estou rindo quando me separo de Theo por completo, mas meu sorriso morre no instante em que meus olhos encontram os olhos de duas das três pessoas a nossa frente. Minha mãe, meu pai e Lucas estão parados bem ali a nossa frente.

  - Lilly! – papai sorri. – Você está ótima!

  - Obrigada – agradeço, mas meus olhos ainda estão presos a mamãe e Lucas, a ideia de vê-la ali exatamente como eu me lembrava mesmo depois da nossa conversa por telefone era estranha e assustadora. E ter Lucas – um filinho papai mimado -, parado bem ali a minha frente no jardim da fazenda era quase irreal.

  - Nós podemos conversar, Lia? – mamãe pergunta e faço que sim ainda sem conseguir dizer nada. Mas isso não pode continuar assim e é só por isso e respiro fundo e sorrio.

  - Com certeza, vamos terminar isso finalmente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo!
O que acham que vai render com a mãe da Lilly e o Lucas na fazenda?
Comentem! Quero opiniões!
Beijocas e até, Lelly ♥



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