Livros e Cigarros escrita por Martíou Literário


Capítulo 4
Capítulo 3 - Uma solução?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765619/chapter/4

Na semana depois do terremoto misterioso, o ônibus da universidade não estava disponível já que os alunos do outro campus fizeram o favor de quebrar alguma parte da porta que a fazia travar quando os alunos queriam subir, sem falar do motor que ajudou na preocupação do motorista e como motivo para ser deixado nas mãos da manutenção.

Já fazia meia semana que Ítalo tinha que ir andando da sua casa até o campus. Não reclamaria se não fosse pelo seu metabolismo de pros e contras. Sem falar que tinha que atravessar a rodovia e passar pelo maldito beco escuro onde funcionava um antigo trilho de trem.

Além disso, nessa última semana uma virose de gripe não havia só atacado sua sala como sua família. E por esse motivo seu pai não pôde levá-lo de moto. Mas como já havia passado uns dias, foi para o quarto do pai e de sua mãe que o estudante se dirigiu.

Adentrou aliviado e à vontade, não ficando muito na frente deles para não atrapalhar a novela da mãe. Fabrício era apenas um homem de cinquenta anos com braços fortes mas não definidos, por vez ou outra fazer uns bicos que envolvia coisas pesadas, e um bucho aparente por comer como um porco humano. Estava só de cueca, cheia de rasgos por ser tão preguiçoso quanto o filho para lavar roupa e simplesmente jogar na máquina às vezes, de lado mesmo, assistindo a televisão à sua frente. A mulher usava óculos e pijama de dormir bege. Ambos volveram a atenção um minuto para o filho, depois de volta para a novela. Fabrício olhou novamente para o filho ainda parado.

— Me leva lá na universidade. – pediu Ítalo, simplesmente.

Fabrício fechou um pouco os olhos, querendo deixar evidente a preguiça e má vontade, e deu um gemido suplicante. Ítalo riu, mas esperou.

— Tá novo ainda, né, amor? – perguntou para a esposa, erguendo um pouco a cabeça para encará-la. Márcia soltou uma risadinha e concordou.

— É sério. Chego muito suado lá, não gosto de chegar suado. - declarou o jovem com uma careta.

Seu pai puxou o canto da boca em desaprovação de uma linha fina.

— Olha, tú já não tem mais cinco anos. Se eu for te levar, vou amarrar teus cadarços e ainda vou dar um beijinho na testa.

Repugnado, Ítalo abanou a mão a frente do corpo.

— Cruz credo, eu hein. - houve uma pausa. - Mas não esqueça que eu sou um menino dependente. Dessa forma o senhor deve me levar, pois vivo debaixo do seu teto. – disse de forma debochada.

Os pais olharam para ele em silêncio. Fabrício trocou um olhar para Márcia, que ergueu uma sobrancelha para ele em resposta. E assim, revirando os olhos, levantou-se de má vontade da cama.

Depois de esbanjar um sorrisinho triunfante, o universitário virou-se, retirando-se do quarto, seguido de seu pai quem resmungava com uma cara rabugenta enquanto vestia uma camisa.

Jânio era o tipo de filosofia que chamava a atenção das garotas. Mas ele parecia ser sempre tranqüilo e alheio a isso, como se vivesse em seu próprio mundo. Usava típicas camisas estampadas que tava na moda, uma preta com vários desenhos repetidos pequenos de banana e outra coisa que o amigo que andava ao seu lado não soube identificar. Os cabelos estavam soltos naquela noite, com o volume de cachos que se agrupavam uns três dedos para cima, com alguns fios cor de caramelo. A cor da sua pele naquela noite parecia mais esbranquiçada do que de oliva.

Eles estavam indo em direção a mini cantina de que tinha no Campus.

— E os auxílios?

— Eu já disse, to com o auxilio e o trabalho universitário. E nossa matéria exige muito tempo pra outro trabalho, por isso pensei na ideia de um colega de quarto.

— Já tentou alguém que conhece? Por que não tenta o Caíque?

Eles escolheram se sentar em um banco próximo à parede, um de frente pro outro. Jânio não era de fazer careta, mas ergueu o lábio superior malmente, balançando a cabeça, como se aquela ideia não devesse nem ser pensada, ainda lembrando-se do ocorrido semana passada. O amigo sentiu até uma pitada de ofensa como se aquele desprezo de morar junto pudesse valer para ele também. Mas Jânio não falou os motivos.

— Eu entendo. Nos finais de semana, quando bebemos, realmente somos bem bagunceiros. Mas onde é que você vai arranjar um colega de quarto assim?

— Não sei, mano.

Jânio colocou os fones de ouvido e prendeu-se em seu momento. O amigo continuava o encarando. Pediu duas tapiocas com café, que fez Jânio erguer os olhos por um momento, como se não tivesse gostado, mas não reclamaria.

— E a Melissa? – Perguntou o amigo, voltando para o banco.

Dessa vez ele mostrou que não gostou, puxando uma maça do rosto para cima, como se o assunto lhe desse dor de cabeça. O amigo entendeu imediatamente que ele não queria falar daquilo.

Jânio ergueu o rosto a ouvir uma voz, sendo pego de surpresa ao ver quem era na mesa perto da entrada da cozinha da cantina.

— Sério, Não. Da. Mais. Não da mais para eu me irritar todos os dias com meu irmão, não tenho mais paciência pras intermináveis discussões com meu pai e a irracionalidade da minha mãe. Sei que nunca devemos escapar dos problemas familiares, mas analisando bem, tem pessoas com problemas maiores. Eu só não tenho obrigação de ter que explicar pro meu irmão que errar uma vez é humano, mas inúmeras é burrice, ter que a cada momento gravar as falas do meu pai para mostrar evidentemente que ele está errado e minha mãe, só meu pai pra aguentar, mesmo sendo o amor de pessoa que vocês conhecem.

— Mas tú acha mesmo que vai aguentar a parada? - Quem perguntou foi Bia, representante de turma que costumava andar com todos, mas que se reunia mais com eles ultimamente. Das quatro sentadas com ele, ela era a única casada e com filhos ao mesmo tempo.

Ele estreitou os olhos na direção dela, pensativo.

— Devo imaginar que essa pergunta veio da tua experiência. Certo, primeiro que não estou me mudando com a parceira, que, aliás, nem tenho, e segundo, sim, eu sei, vai ser difícil, mas quanto antes eu me acostumar, melhor. Também não é como se eu estivesse abandonando minha família.

— Certo. Mas o que queremos saber é, para onde você vai, demolidor? – perguntou Emília, num tom desafiador.

Ele não respondeu, abriu os lábios e ficaram suspensos ali. Os dela curvaram-se, depois, num sorrisinho como se isso fosse alguma vitória.

— Com licença? – disse uma voz. – é que eu escutei que tú tá procurando um lugar pra morar?

Todos voltaram-se curiosos para aquela voz curiosa. Ítalo reconheceu de imediato ele. Além de Jânio, havia um rapaz, que ao contrario de Jânio, estava de maneira meio formal e muito bem arrumado ao seu lado. Ítalo olhou para as amigas que o retornaram com um olhar estranho, depois volveu para o estudante de filosofia, maneando a cabeça de forma que deixava a entender que tinha a atenção dele.

— Sim. – respondeu.

— Eu to procurando um colega de quarto. – disse, sendo direto.

Ítalo arqueou as sobrancelhas.

— E quais são as condições?

Ele deu de ombros.

— Só precisa me ajudar nas contas e ser organizado. – disse mais uma vez, do modo mais simples. - Acha que pode fazer isso?

Ítalo apertou os lábios.

— De fato. - apertou os olhos - Qual seu nome mesmo?

— Jânio.

— Jânio, eu tava procurando um lugar justo pra ficar só, é que eu sou muito chato com muitas coisas, sabe, tipo, barulho, tarefas, gosto de tudo limpo, encheção de saco. Claro que muitas dessas só acontecem em família. – deu uma pausa, franzindo o nariz como se mostrasse que a situação era meio chata. - E... nós nos conhecemos um pouco, sabe, isso não me deixa lá seguro.

A cada momento que Ítalo falava, os olhos de Jânio pareceram refletir um certo brilho por todos os detalhes que ele procurava para o currículo de colega de quarto. Mas piscou-os, voltando para aquela sua tranquilidade. Ele deu um sorrisinho.

— Acho que podemos chegar a algum acordo. Me passa seu contato?

— Sim. – respondeu Ítalo, na naturalidade.

Eles trocaram seus números.

— Ok, a gente combina depois.

Ítalo fez que sim com a cabeça e apertou a mão dele.

Jânio virou-se, mas parou no mesmo momento, girando os calcanhares, com um interesse marcado no rosto. Apontou para o peito de Ítalo.

— A propósito, onde comprou isso?

Ítalo olhou para a própria camisa, entendendo que ele se referia ao medalhão.

— É exclusivo, herança de família. Não há outro igual. – respondeu, tocando no objeto e erguendo um olhar com um sorriso todo orgulhoso.

Houve uma linha fina nos lábios do de filosofia, parecendo decepcionado.

— Que pena. – disse, e foi embora.

As amigas que estavam a todo o momento em silêncio, encararam ele, com uma cara como se quisessem saber o que acabou de acontecer.

— Eu também quero saber, senhoritas. – respondeu. Mesmo que estivesse em tom de naturalidade com o rapaz, tava achando tudo muito estranho.

— Mas e ai, Ítalo, você pareceu hesitante na oferta do Aristóteles ali, se não aceitar, para onde vai? – persistiu a amiga.

— Qualquer lugar que eu não tenha que ouvir os absurdos dos meus pais, que não habite um resíduo de presença do meu irmão e o mais importante. – ele ergueu o dedo, com olhos tão expressivos que o sangue chegou à veia da retina. – Um lugar inacessível a qualquer tipo de raça felina. – Revelou, deixando um olhar questionador a cada par de olhos que os seus encararam. Então suspirou e piscou os olhos, aprumando-se como se algo tivesse o espetado. - Ei. Lembrei dele, ele era aquela tua paixãozinha do primeiro semestre. – exclamou ítalo. Desde o dia que salvou o rapaz sentia uma sensação familiar como se tivesse reconhecido ele, além, claro, de tê-lo encarado sem motivo. – Ah, à propósito, ele costuma ser sempre direto, Emília?

Emília arregalou os olhos seguido de uma repreensão. Sempre arrumava uma brecha para bagunçar com a amiga pelo seu gosto por homens.

— Ai, garoto, olha essa boca. – disse, olhando rapidamente para trás de Jasmim, para o garoto no último banco. – Isso já é passado.

Jasmim que estava digitando com um sorrisinho no celular, deixou-o de lado e cruzou as mãos debaixo do queixo.

— Aceita, mano. Quem sabe com uma parceria masculina tú não aprende a andar com mais jeito, assim evita as crushadas. – e foi acompanhada nos risos de gozação, arrancando um revirar de olhos do amigo.

— Passado, passado. – imitou ele.

Crush! Ítalo tentando usar esse termo era como falar com vomito na boca. Além de lembrar péssimas crushadas que levou no primeiro semestre. O que acontecia era que havia uma página de facebook da universidade em que pessoas anônimas capturavam fotos de suas paixões, secretamente, e pediam para o administrador da página postar a declaração. As de Ítalo não foram as melhores.

— Não sei se é uma boa ideia. – disse o estudante, respondendo a amiga. – Logo eu que estava querendo paz total, arriscar passar por esse infortúnio.

Se bem que não seria pior que a moléstia que sua família o fazia passar.

— Mas mano, experimenta. Pode ser bem diferente dos teus pais, ele tem a tua idade e parece ser super gente boa. – quem comentou foi Clara, com seus olhos puxados e soturnos, mas sempre a mais conselheira de todas. Ela era a que menos perturbava ele, e talvez, fosse até mais fácil escutá-la.

Ele passou a mão nos cabelos.

— Senhoritas, sabem como sou um ser complicado. – e olhou para Clara. – Não tenho tanta certeza disso, Clara. Você fala como se conhecesse. É mais fácil Emilia partir pra essa loucura do que eu.

Emilia puxou o pauzinho que prendia um coque em Clara, o que fez esta abrir a boca pra falar, mas sem sair nada, visto que Emilia vergastava o amigo que erguia os braços por proteção, que fez o jovem escritor humilhar-se em desculpas antes que sua carne intumesce-se com a brutalidade dela.

Às vezes sentia-se um vira lata cercado de leoas.

— A gente sabe, mano. – interviu Jasmim, depois de soltar risinhos ao vê-lo apanhar – Mas experimenta por um mês, deixa até avisado pra ele, que tu tem teus hábitos e costumes, assim pelo menos ele se prepara logo – houve uma pausa. –, demolidor.

Ele evitou revirar os olhos pelo apelido e ponderou remotamente além da mesa de plástico. Essa idéia de colega de quarto não tava nos planos, mas também não tinha lugar pra ficar, além de que só recebia o auxilio. Mas ao refletir sobre morar com esse garoto era inevitável não pensar na semana passada. As imagens daquele dia matraquearam-lhe as têmporas, como se todos os ruídos, gritos, buzinas do ônibus, carros e motos, zunido da bicicleta descendo a ladeira viessem numa só porrada, fazendo-o fechar os olhos.

Era preciso essa cena sempre querer lhe fustigar os sentidos?

Ele soltou um suspiro pesado, a fim de se livrar dessa memória. Quem sabe podia chegar a um acordo mesmo. Era apartamento, como ele sempre quis. A solução para apaziguar sua alma fatigada dos conflitos familiares.

Por ultimo, Emilia quem deu mais um conselho. E com o tom, parecia ser um daqueles momentos de que tudo parecia ser sobre destino.

— Se eu aprendi uma coisa nessa vida conhecendo muitas pessoas...

— Homens você quis dizer, amiga. – corrigiu Jasmim, engraçadinha.

— Como eu dizia, pessoas, é que nenhuma é por acaso. A vida é como um jogo, querido amigo, e as pessoas são a recompensa de como se joga com elas, ou você as ganha, ou servem como um teste, ou simplesmente te ensinam algo.

Muito bem colocado para convencê-lo. Mas ainda tinha uma preocupação. Suspirou e prestou atenção no silencio das três, ocupadas com suas próprias coisas enquanto Bia já se dispersava para uma reunião de presidente da turma.

Suas três mosqueteiras vorazes. O preço de se ter três amigas mulheres como elas era garantir grandes aliadas, mas também ser lanhado até arder a carne caso vacilasse. A guerreira, a sedutora e a trabalhadora.

Clara, uma linda mãe de ascendência japonesa, que já passou por tanto nessa vida que nenhum problema parecia ser páreo para ela, com apenas vinte e quatro anos, era mãe de uma menina de nove e dava conta dela sozinha. Seu pai, em vez de ajudá-la, ainda a pressionava a desenvolver todas as habilidades de artes marciais que a família seguia, mas ela não reclamava, pois isso ajudou ela a ser a mulher disciplinada que era e aprendeu a lidar com o cruel legado que carregava nas costas, que fez com que a menina tivesse que lidar com perdas e decepções ao longo da vida.

Emilia, como sempre, estava deslumbrante naquela noite, usando um vestido de veludo rubro e os cabelos com ondas caindo com perfeição pelas costas. Passava um batom da mesma cor pela boca, olhando o amigo de soslaio no meio do ato e lançando-lhe uma piscadela enquanto tapava o espelho. Quem a olhasse assim, com tão boa alto estima, vaidosa e aparentemente mimada, não saberia que ela tinha que lidar com o peso de suportar a pressão de quatro descendências étnicas nas costas, as que ela tentava ignorar e esconder socialmente.

Jasmim. Ah, essa pedra lapidada que era sua amiga, branca que reluzia fortemente qualquer luz, invejava a pureza de qualquer papel, mas que nocauteava com sua bruteza qualquer um que a desafiasse em algum trabalho. Com apenas vinte e um anos, a garota gastava todo seu tempo livre, que não fosse na universidade, em trabalho. Ninguém sabia onde começou esse vicio, tampouco compreendia como isso era possível com sua personalidade repugnante a qualquer par de olhos repreensivos a atitudes adolescentes.

Todos esses poréns nas três mosqueteiras poderiam descortinar grandes segredos. O que a vida de ítalo o guardava pretendia revelar os mistérios delas, que poderão ser de grande ajuda nos obstáculos que ele seguirá. Mas enquanto isso, ele só tinha uma preocupação.

Agora ele passou as duas mãos pelos cabelos.

Só esperava que não tivesse um felino neste apartamento.

         @0_o@

O arrependimento era a nova procrastinação do momento para Ítalo. O estudante não conseguia dormir naquela noite e o prejuízo viria no meio do dia. Ele ficaria do inicio do dia até o fim da tarde assistindo o simpósio e uma hora isso o ajudaria a despencar num sono.

Todos os dias, seu pai acordava seis da manhã e pouco antes das sete, levava a esposa à parada de ônibus. Foi nesse momento que estava sozinho em casa que o estudante decidiu se levantar. Tomou um banho rápido, se arrumou e dirigiu-se até a cozinha, pegando sua garrafa de café azul e enchendo da vermelha que era o dobro do tamanho.

Foi quando ouviu o ruído do portão se abrindo. E passos meios rasteiros percorrendo pelo corredor. Seu pai tinha o costume de quase todo o momento limpar os pés um no outro e o ruído parecendo de duas lixas em atrito. Aproveitou sua presença para pedir algo.

— Tem algum dinheiro? Quero comprar biscoito. – perguntou Ítalo ao pai quando este destampava as panelas como para ver se tinha algo dentro. Mas parou com uma na mão, ao virar o rosto para o filho, analisando a cena.

— Isso é, tipo, pra algum grupo de pessoas? – Quis saber, com sua típica cara de espanto e divertimento.

— Não, pra mim mesmo. Vou para um simpósio agora. A gente vai ficar de manhã e tarde. – respondeu o filho, se concentrando em terminar de encher. Aquilo era muito café, pensou o pai, olhando do despejo para o filho, mas segurando-se para não falar nada. Os dois, desde o terremoto, o que menos queriam era discutir.

Quando Ítalo encarou o pai, este o olhava como se fosse assassiná-lo naquele exato instante.

— Tú é doido, é? – e tirou uma nota de vinte da carteira. – toma, vê se almoça. – mas não significava que não podia se preocupar.

Não contestou Fabrício, deu nos ombros e enfiou a nota no bolso. Aquele ali era quase o próprio espelho dele em teimosia. E tinha vezes que nem persistia, cedia para não se irritar, ainda mais de manhã cedo.

E falando em evitar de se irritar, ficava se perguntando quando ia dar a notícia que ele pretendia sair de casa. Ele suspirou, como se estivesse cansado e tapou sua garrafa, enfiando na mochila, deslizando esta pelo braço em seguida e sentindo o aperto pela garrafa contra o caderno.

No caminho, parou em um comércio para comprar um pacote de biscoitos e assim seguiu seu caminho para a parada de ônibus. Ele sentiu-se a chapeuzinho com aquela garrafa térmica, a mochila e o biscoito.

@0_o@

A sala do auditório da UEAP tinha um forte cheiro de verniz. Era bonita, de um aspecto amadeirado que revestia as paredes. Havia poucas pessoas ali, mas ao passar dos minutos ia se enchendo, e o falatório irritante também. E só teve coragem de pegar a garrafa na metade das palestras. Aquela deixou de ser usada fazia um tempo e preocupou-se que o café tivesse esfriado. Mas contentou-se quando a fumaça libertou-se ao jogar em um copo de plástico.

Segurou o copo por uns segundos em sua mão, deleitando-se com o fluir das ondulações. Dispersaram-se e assim foi possível ver um rosto lhe encarando. Na verdade, estava fitando a fumaça, depois houve um reflexo nos olhos que Ítalo sentiu que era em sua direção.

Era Jânio. Ele piscou os olhos, impassível de uma erguida na cabeça num aceno, virando-se para frente novamente.

Parece que Ítalo descobriu que não era só ele que gostava do movimento da fumaça.

Às vezes tinha a sensação de que não podia fazer mais nada do que comer biscoito.

Às cinco horas ele sentiu a insana vontade de peidar, o que era sempre eficientemente suavizado massageando com a mão a nuca. Serviu-se de seu café novamente. Neste momento, os amigos de Jânio estavam se preparando para irem embora cedo, com certeza, entediados. No instante que se levantaram e subiam o piso íngreme lateral, Jânio os acompanhou, mas dobrou na fileira do letrado.

— Ei, ai, mano? – ergueu o antebraço e Ítalo colaborou no seu toque. Ele usava um boné virado para trás e umas daquelas camisas estampadas. Sentou ali do seu lado como quem não quer nada.

Jânio tinha esse aspecto interessante. Levava tudo como um mar sereno, tipo de pessoa que parecia ser de boa com qualquer coisa, mas mesmo assim Ítalo pode identificar alguma coisa. Uma aflição contida.

Ele não ia sentar ali por nada se não fosse por algum motivo. Podia não bufar, suspirar, nem expressar com marcas no rosto, mas vez ou outra ele se ajeitava de novo mesmo que seu corpo não tivesse escorregado, inclinava-se para frente e voltava esfregando os joelhos. É, ele estava aflito. Ítalo estava prestes a puxar algum assunto, mas esperou mais um pouco. Aquele garoto era tão comunicativo, mesmo vivendo em seu próprio mundo. Por que o nervosismo?

Foi então que uma coisa passou pela cabeça de ítalo, fazendo-o arquear a sobrancelha.

— Então. – mordeu o biscoito e mastigou. - Onde é? Esse lugar que você mora? – perguntou Ítalo, um pouco baixo.

Jânio virou-se para ele, e Ítalo jurou ver um deslumbre de brilho ali.

— É no centro. – respondeu, o encarando, mas virando-se para frente logo a pós, sentindo-se mais à vontade. – É legal. Um ótimo ponto de partida pra qualquer lugar. – houve um silêncio. – fica perto do terminal, da avenida, das lojas.

— Certo.

Eles passaram a assistir o resto das palestras. Ítalo ofereceu o café com biscoitos, mas parecia que o outro não curtia muito café, mas senti-se bem à vontade com as roscas.

— Você gosta?

Ítalo, com os olhos nos slides, fez que sim com a cabeça.

— É legal. Expande mais os conhecimentos da matéria e... acho deslumbrante como funciona as línguas indígenas, sobretudo a literatura, - sorriu. – É realmente arrebatador.

Os olhos atentos do de filosofia assentiram. Ele gostava de pessoas apaixonadas e entusiasmadas no que faziam, pareciam interessantes e faziam o mundo mais interessante.

Até pediu para Ítalo contar mais sobre aquilo. E foi bom para passar o tédio que sentiu. Mas em um momento não foi mais possível vencê-lo, estavam cansados e com o limite do cérebro, mesmo para os ébrios pela literatura. Nem o café dava mais conta e quando ítalo pegou a sacudiu a garrafa, foi à gota d’água.

Ora ou outra sentia o peso nos olhos, prestes a cair em um estado de sonolência.

— Quer sair daqui? – ítalo sentiu aquela voz calma e humilde ressoar ali perto, demorando alguns segundos para assimilar que veio de Jânio. Foi como se olhos se abrissem mesmo abertos, num espanto, se tocando que tava quase dormindo ali. Talvez fosse uma boa idéia essa proposta do beck. Olhou para o lado e assentiu, já arrumando suas coisas.

@0_o@

— E cigarro?

Ítalo deu nos ombros.

— Eu não me importo. Posso ter um pouco de receio disso, mas eu gosto do cheiro e como a fumaça flui no ar. – Ele mordeu os lábios. Não era porque pensava isso que tinha que falar em voz alta, pensou, repreendendo-se. – Mas isso não é problema. – concluiu, passando a mão pelo suor que porejava pela testa naquele fim de tarde. O cheiro do cigarro, na verdade, para ele, seria um secreto olor pecaminoso. E se não fosse tão contra seus princípios e não tivesse tanto zelo com sua saúde, inspiraria com prazer como se a agradabilidade relaxasse seus membros e mente também.

Eles já haviam descido do ônibus, dirigindo-se ao condomínio de Jânio. Eles pareciam mais a vontade para combinarem as condições. Jânio perguntava sobre o que ele se incomodava sobre viver em coletivo. Mas cigarros para Ítalo eram uma grande contradição.

De fato, ele achava impressionante, até porque naquele exato momento, seu possível colega de quarto puxou um maço de trás do bolso e enfiou entre os dentes opacos e pouco amarelados.

— Ta esquecendo mais alguma coisa? – Perguntou ítalo.

Jânio pensou placidamente.

— Acho que não. – arrastou o acho ainda pensativo. – Sensação estranha de que to esquecendo de mencionar algo. Mas... – ele assoprou a fumaça.

Era impressionante para Ítalo a habilidade que ele tinha com aquilo, como seu assopro era quase imperceptível em contraste com a proporção que era empurrada de sua boca.

— Mas não deve ter importância. – finalizou.

Ítalo, durante todo o caminho, tentou esvaziar a mente para não se preocupar em se decepcionar com o lugar. Jânio tirava baforadas de seu cigarro, que voluteavam ambos.

Em uma rua do centro, um enorme edifício se erguia. Ta legal que Ítalo mal saia de casa, isso quando era à noite e pra beber em um lugar qualquer, mas nunca tinha reparado que existia um prédio desses em Santana.

Jânio o precedeu ao abrir a porta de vidro, dando acesso à uma saguão acolhedor, onde havia um elevador e uma escada e várias acessos para dependências curiosas para Ítalo.

Jânio apertou o botão do elevador. Aquilo demorava um pouco, ia do numero 8 até onde eles estavam. Entrarem e Jânio apertou o número 4.

A sensação que Ítalo sentia naquele elevador com Jânio era quase como se estivesse fazendo algo de errado. Mas não era isso. Era uma decisão dele sem a consulta dos pais. A vida inteira ele pedia conselho de Fabrício e Márcia, mas dessa vez tudo ia diferente. Veio vários filmes e livros nesse momentos onde tinham cenas de duas pessoas indo para um elevador, compromisso, seriedade, ou seja, coisa de adulto, sempre coisa de adulto.

E começou a ecoar em sua mente.

Coisa de adulto

Responsabilidade

Solitário

Ele franzia o cenho com isso, não é como não tivesse se preparado para isso. Consciente estúpido, pensou.

E houve um bipe, e as portas se abriram. Isso é tão estranho, pensou ele.

Quando Jânio destrancou a porta, apenas a afastou-a para dentro e retraiu-se, dando espaço para Ítalo entrar.

Os olhos do letrado tiveram a atenção primeiramente das portas de vidro, cobertas por cortinas, que iam direto para a varanda, assim ele esperava, permitindo que a luz do dia entrasse agradavelmente na sala. Havia um sofá com chaise no canto esquerdo ladeando a parede esquerda com o pedaço antes das portas que davam para a varanda e uma televisão do lado direito, com uma mesa no meio. Antes do sofá, havia um corredor provavelmente para os quartos e antes da televisão havia uma entrada para a cozinha e do lado dessa entrada uma porta que devia ser o banheiro devido ao espaço pequeno.

Era um lugar que podia achar familiar e viver como sempre quis. E entrou, batendo os olhos em todos os cantos. Jânio seguiu-o, fechando a porta atrás de si, com a atenção nele, como se o estudasse. Ítalo manteve-se calado a todo o momento, com uma expressão indecifrável e um brilho curioso nos orbes de íris negras. O estudante de filosofia não parava de analisá-lo, era intrigante. Volveu seus próprios olhos para o apartamento em volta como se observasse da perspectiva de alguém que entrasse ali pela primeira vez. O que acharia? Pensou, bonito, legal, bom? Mas o que os olhos dele diziam?

Era isso que o preocupava.

Aquele silêncio do letrado dava agonia, Jânio estava para dizer algo para mostrar o resto quando o próprio Ítalo se mexeu, indo para a cozinha e Jânio o seguiu, servilmente. Seus orbes negros como a noite emitiam alguma coisa que era difícil de saber, se gostava ou não, se estava decepcionado ou não, se estavam dilatados ou se eram muito escuros, não sabia, mas eram bem expressivos.

Ele olhou o balcão desde a entrada, fazendo um L com a parede que tinha uma janela para a rua, a mesa de vidro no meio, a geladeira de ferro na parede após terminar o L. A sobrancelha dele franziu. Inclinou a cabeça para o lado com curiosidade para a geladeira. Jânio seguiu seu olhar. Claro, pensou, o que uma geladeira dessas poderia fazer num apartamentos daqueles? Jânio desesperou-se nesse momento, esperando que Ítalo não achasse que ele tivesse roubado. Mas a situação ficou mais estranha quando Ítalo viu um pacote com folhas minúsculas ao lado de um pote no balcão quando estava para sair da cozinha.

Jânio seguiu a mira de seus olhos, pegou o pacote e estendeu para ele.

— Você quer? – ofereceu.

Ítalo não conseguiu evitar de esbugalhar os olhos e fez que não com a cabeça, ficando meio nervoso.

— Não, é que.. eu não gosto destas coisas, respeito quem gosta, mas... sabe.. - e riu nervoso.

Jânio assentiu, olhando para o pacote, brincando com este.

— Já alguma vez viu um pacote de chá na vida?

Ítalo olhou para o pacote depois para Jânio, engolindo em seco. Soltou um riso falso, mas desmanchou-o rapidamente com a vergonha de ter achado que fosse um pacote de ervas.

E saiu dali, indo direito ao corredor, pensando em como foi preconceituoso da sua parte e paranóico também. Qualquer coisa, parecia desconfiar do beck. Mas parou, e virou o rosto em direção à varanda, em vez de seguir o corredor de quartos.

Jânio ficou parado na entrada, observando-o. Decidiu que não ia fazer nada, ia deixar ele explorar como bem entendesse. Ítalo foi até as portas de vidro cobertas pelas cortinas e abriu-as, fazendo-o erguer o antebraço para proteger os olhos, olhando para Jânio nesse momento, como se perguntasse “É seguro essa parada?”. Jânio assentiu e seguiu Ítalo. Este olhou os balcões e o espaço, havia uma espreguiçadeira e um banquinho, um cinzeiro e uma vassoura. E a cidade logo abaixo, vista de uma maneira como nunca sentira, como se reinasse ela toda, como se fossem meras formigas e escravas as pessoas lá embaixo. Era grandioso. Os olhos deles alargaram-se sutilmente quando segurou no balcão e olhou daquele distância as miniaturas de santanenses transitando. Depois para Jânio. Só agora, viu ele ali, havia uma ansiedade nos olhos claros, uma expectativa. Caramba, ítalo pensou, fez isso de novo, deixou uma pessoa agoniada sem perceber.

O letrado lambeu os lábios ressecados e disse:

— Pode me mostrar os quartos?

O peito de Jânio subiu e desceu num certo alívio mesmo seu olhar permanecendo plácido. Ítalo estreitou os olhos para esse ato estranho. Por que parece tão aflito se vou gostar ou não daqui?. Jânio ficou encarando qualquer resquício no rosto de Ítalo para saber se ele gostou do apartamento, mas era difícil. Se sentia um corretor desesperado. A única coisa que concluiu dali foram que os olhos dele eram, na verdade, pretos de verdade, não castanhos escuros.

Ele assentiu e atravessou as portas de vidro, precedendo o Letrado pelo corredor. Era simples, devia ter menos de cinco metros, uma porta de cada lado e uma janela no final iluminando o espaço.

Jânio abriu a porta do quarto de Ítalo e fez aquilo de novo, abriu a porta e esperou ele entrar. Devia ser assim, esperar as pessoas entrarem primeiro, será que ítalo fora mal educado pelo sua via até agora? Ele olhou para dentro.

Era pouco maior que seu, quase o dobro, o tamanho ideal.

Ítalo saiu, sorrindo e o olhou para a porta a frente a sua.

Jânio tomou espaço e abriu, tava escuro, mas pela luz do corredor, dava de ver a  decoração, paredes escuras, com pôsteres colados como um álbum gigante, capa de cama escura e um travesseiro felpudo claro enrolado em cima e dando um contraste peculiar com o resto das coisas, parecendo pele de animal. Ítalo fez uma cara de impressionado. Por que alguma coisa lhe parecia estranho, sobretudo alguns materiais caros?

Ítalo, em silêncio, foi para a sala, parecendo que estava pronto para ir embora na cabeça de Jânio, mas dobrou para a esquerda. Quando Jânio saiu do corredor, o viu sentado no sofá, como se estivesse se familiarizando. O beck sentou-se ao seu lado, imitando o comportamento dele, e olhando para o próprio apartamento ao redor.

— É perfeito. – finalmente Ítalo disse. – É acolhedor, não muito pequeno, nem gigante, agradável. Do jeito que sempre quis começar. – revelou.

— É verdade. – concordou Jânio. – me acostumei rápido aqui.

— Hum. – Ítalo assentiu.

Ítalo e Jânio sentados no sofá, como se nada tivesse acontecido. Eles iriam ignorar o que houve, a quase morte deles dois? Claro, as pessoas sempre ignorando as coisas com ele, pensou Ítalo. Seus pais que ignoravam uma recém briga e conversavam como se nada tivesse acontecido, um terremoto ocorre e ninguém comenta nada e agora, eles dois estavam ali, verificando o apartamento para entrarem em um acordo e por coincidência se conheceram quase morrendo. E Ítalo ficou curioso de novo do porquê da briga da qual salvara Jânio. Seria inconveniente? Era por isso será que as pessoas evitavam? Por medo da inconveniência? Pensava ele. Caramba, ele tava refletindo demais. Bom, quem sabe se ele aceitar mesmo, pudessem beber uma vodka juntos para comemorar e assim Jânio não abrisse a boca. Mas por que não? Tinha que ser igual com Jânio? porque olhava nos seus olhos e tinha a sensação que podia parecer diferente, que pudesse ser o beck mais legal e receptivo que conhecera. Abriu a boca para pergunta.

— Mano, tú quer beber alguma coisa?

Ítalo ficou de boca aberta, o encarando. E então a coragem sumiu, fechando-a. Ele parecia ser demais legal.

E se tivesse dado tudo errado? Imaginou Ítalo, persistindo de maneira mais tóxica ainda nos pensamentos, surgindo cenas onde desse tudo errado e seus ossos e de Jânio estralejavam sob as toneladas do ônibus.

Seus olhos fecharam-se como uma morte repentina, inspirando. Ítalo, para, cara, por um segundo, pediu para si mesmo. E expirou, a fim de libertar aquilo, externando toda aquela inquietação sob a atenção de Jânio.

— Tem café? – perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Ele abriu a boca pra falar algo, saindo um som meio engasgado.

— É que... eu não bebo café.

Por reflexo do comentário, Ítalo arqueou as duas sobrancelhas, piscando curioso em seguida.

— E o que você bebe? - perguntou.

— Chá.

— Hum. - Ítalo assentiu. - Faz sentido. - disse olhando para a mesa à frente.

— O quê? - perguntou Jânio, confuso.

— Hã? - devolveu Ítalo. Ele e suas manias de falar o que não devia. - Esquece. - deu nos ombros.

Se fosse só isso que o incomodasse. Tudo naquele dia, se ele pensasse uma fagulha sequer da lembrança, sentia o incomodo. E raiva perante seu pai, o que fora aquilo? Essa coisa toda dos vinte anos era como passar pela puberdade de novo, o estresse e a raiva pareciam diferentes de quando era criança. Mas naquele dia sentia que qualquer explosão sua pudesse, naquele momento, explodir Santana inteira. Faria as palavras de Jânio as suas. Muito louco! Era como uma maldição. Pensando daquela forma, se mudar para o apartamento parecia a melhor opção.

Ele soltou um suspiro, se levantando.

— Na verdade, acho melhor eu ir logo.

Jânio se levantou também, encarando-o com expectativa.

— Só posso te dizer uma coisa, beck. – Ítalo arregalou os olhos, tapando a boca. Sentiu-se tão a vontade que sem querer deixou escapar o apelido secreto. Mas Jânio lhe respondeu com uma risada calorosa, pois esperançoso como estava, não se importava. Ítalo engoliu e sorriu, completando. – Se eu quiser sair de casa, não tem lugar melhor que esse pra mim.

Com um sorriso satisfeito, Jânio se despediu. Jogou-se no sofá, abrandado. Ele estava impaciente no simpósio, e quando o viu, tinha que tentar tirar alguma certeza. Agora que Ítalo lhe deu alguma certeza, estava aliviado. Queria logo se livrar desse peso do aluguel antes que fosse tarde demais.

Quando Ítalo foi embora, Jânio se lembrou, sua gatinha. Percebeu que havia uns pelos brancos no sofá e se tocou que não tinha visto ela até aquele momento, e droga, esqueceu de mencionar isso para ítalo. Mas com as coisas que ele disse sobre os hábitos de Jânio, aquela coisa maravilhosa não devia ser um problema.

Ele entrou em seu quarto e a viu toda esparramada em sua cama, parecendo um travesseiro felpudo. Ele abriu um largo sorriso.

— Sua folgadinha. – fez cócegas em sua barriga, fazendo-a abrir os olhos, fechando-os de novo em seguida – Se prepare, podemos ter mais um companheiro. – avisou.

Seus olhos abriram de um modo como se uma lâmina saísse de uma bainha, cintilando tão forte que dava a sensação de ouvir o som afiado.

Seus olhos então, como a delicadeza de uma lâmina, se estreitaram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Livros e Cigarros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.