Venha Comigo. volume 1: Uma Sombra de Gallifrey escrita por Cassiano Souza


Capítulo 3
Cercados


Notas iniciais do capítulo

Este foi o capítulo que eu mais gostei até agora.
Tragédia, humor, drama e aventura, são os aspectos que posso usar para descreve-lo. Haverão retornos, citações, e um easter egg ao EP The Name Of The Doctor ( O Nome Do Doutor).
Não quero falar muito sobre esta história, ela não é para ser contada é para ser lida. Então aproveitem.



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Na fenda inter universal, a TARDIS da missão percorre-a intensamente. No seu interior, o Doutor e os seus oito reforços, se veem em uma situação muito difícil. Turbulências terríveis, faíscas espirradas e alarmes constantes, é o que está acontecendo. No console, o Doutor e cinco dos seus soldados, pilotam a nave.

— Estão todos confortáveis? Isso é bem melhor que montanha-russa! - Comenta alegre o Doutor.

— Senhor, esses veículos são projetados para seis pilotos, e temos seis pilotos. Então, por que toda essa agitação? - Questiona um jovem soldado. Este, com o numero 1 em seu capacete, indicando assim, ser a segunda autoridade ali, após o Doutor.

— Estamos atravessando uma fenda entre dois universos. Ela é logicamente mais extensa e destrutiva que o vórtex. É muito difícil, até mesmo para uma TARDIS.

— Acho que não. O senhor está pilotando errado. Eu estou observando, o senhor está fazendo tudo ao contrário!

— Tudo ao contrário?! Eu piloto uma TARDIS há mais de... Ah, não importa. Mas é muito tempo, sou velho! E sei como se pilota essa coisa! - Responde, ainda manuseando os controles.

— Viu! Acabou de fazer. Não era aquela alavanca azul, era a vermelha, e os botões de baixo. O senhor está fazendo errado! Rompeu a encanação de dejetos!

— De dejetos?! Eu sou o Doutor, não vou receber aulas de um moleque de o quê... 150 anos?

— É 151!

— Parem com esta bobagem, e prestem atenção! Os radares de viagem, indicam que estamos chegando perto do final da fenda. - Diz um outro soldado, uma jovem garota.

— Então, preparem-se. A instabilidade só está começando! - Grita o Doutor.

O Doutor, e os seus ajudantes, continuam apressados a operarem os mecanismos do console. E dentro da fenda, vemos a TARDIS sumir adentrando o seu horizonte.

***

Em Gallifrey, Grace é aprisionada, nas velhas e sujas masmorras escuras da cidadela. Onde os prisioneiros são trancafiados, e permanecem à mercê dos seus carrascos, que apenas muito de vez em quando, afloram uma certa boa vontade. É para lá, onde são mandados os desordeiros, e quaisquer outros indivíduos incômodos. E ali, residem por um certo tempo, até que terminem de pagar pelos seus erros.

Grace, então é jogada a força em uma cela, e cai esbarrando no chão cheio de feno. Os seus carrascos, se retiram, e aquele corredor onde a cela de Grace está, permanece desprovido de segurança. Afinal, já que trancados, nenhum prisioneiro poderia escapar de sua cela. E as masmorras são enormes, os carrascos precisam averiguar outras alas.

De sua cela, e agarrada nas grades, Grace observa os seus carrascos indo já longínquos, e conversa ela consigo mesma:

— O que você fará agora, doutora Grace? Não sei, talvez desabotoar a minha camisa. Está muito calor aqui.

Grace, desabotoa um pouco a sua camisa, e retira de dentro a chave de feda sônica, que minutos atrás, o Doutor havia lhe dado.

— Segredo das garotas. Temos muitas surpresas escondidas, telefones, sprays de pimenta, chaves de fendas sônicas. Confiem em mim rapazes.

Na fechadura de sua cela, Grace ativava a chave sônica, e ela, logo se abre. A ruiva sai para fora, e todos os outros prisioneiros das celas daquele corredor, notam isso. Com este acontecimento, eles estendem as suas mãos pelas grades, e clamam por ajuda. Grace, olha para todos os lados sem saber o que fazer, pois, ela não poderia simplesmente libertar todos aqueles indivíduos.

— Nos ajude! - Clamam várias vozes ao mesmo tempo.

— Não posso fazer isso! Nem sei se são de confiança. - Responde a humana.

— Você tem a chave de fenda sônica! Você é o Doutor! - Diz um dos presos.

— Nos liberte! Por favor! - Pediam muitos.

— Sentimento de piedade em 70%, o que eu devo fazer? - Pergunta Grace para si.

Grace, ainda olhando em volta, começa a pensar em tudo o que ela já aprendeu com o Doutor. Ela suspira, e começa a ouvir aos seus pensamentos.

— Você é a Doutora? - Pergunta um velho senhor, de olhos sofridos.

Grace, encara séria aquela situação, e dizia em um tom de autoridade para todos ali:

— Não, eu não sou o Doutor. Mas eu sei quem ele é, e ele precisa de mim, e eu preciso de vocês. Agora, eu preciso saber de um a coisa... Vocês me ajudariam?

— Sim! Claro que sim, é só falar, nos diga o que quer! - Respondem os encarcerados.

Grace, sorri enquanto olha em volta, e apontava a chave de fenda sônica, em direção ao ambiente do corredor. Pondo em potência máxima, a frequência da chave, ela ativa-a.

— Muito bem, sabe o que eu quero de vocês? Corram!

Com isso, todas as celas se abrem simultaneamente, e os prisioneiros correm desesperadamente apresados, em busca de liberdade. Grace, permanece ali, até que todos eles já tenham ido. E depois disso, ela se retira disfarçadamente, voltando pelo mesmo caminho que foi trazida. Nos muitos corredores adiantes, alguns dos fugitivos são pegos pelos capatazes, e gritos, esbarrões e correria, são escutados por ela. Mas, era esta a intenção dela, foi apenas isso que ela conseguiu imaginar naquele momento em que pensava no que poderia fazer. O seu objetivo, era que, os outros prisioneiros partiam em fuga, servindo de distração para os carrascos, enquanto ela, se esgueirava silenciosa como um gato.

Neste momento, ali, agachada no escuro, ela sentiu que nem sempre ser esperto é algo positivo, e que talvez esta fosse uma das tonalidades dos sentimentos Doutor.

— Estou me sentindo um monstro, o Mestre, talvez. - Dizia Grace.

— Não precisa se sentir assim! Você só fez o que era lógico, Doutora.

Grace, olha em volta, para saber quem estava a falar com ela. E percebe, que atrás dela, estava um jovem garoto, também agachado. Ele era, meio gordinho, de cabelos arrepiados, usava óculos, e tinha uma aparência de 19 anos, isso, no que seria aparentemente em idade humana.

— Quem é você?! - Quis saber a humana.

— Eu sou o Rustch, mas todo mundo me chama de Stch.

— E o que está fazendo aqui?! Fuja!

— Claro que não! Eu vou ficar e te ajudar.

— E quem disse que eu quero ajuda?! Eu nem te conheço!

— Você é amiga do Doutor, e sempre foi o meu sonho conhecer ele, então, amigos do Doutor são meus amigos também. Deixe-me ir com você!

 – Não! Aproveite esta chance, e vá para casa. Confie em mim, estar com o Doutor é... Fantástico, mas... É perigoso ao mesmo tempo. Então, não fique se arriscando à toa.

— Mas e você? Por acaso não está se arriscando agora, se é assim, por que você continua a estar com ele?

Grace, permanece boquiaberta, sem saber o que responder, isto, era o que a sua face revelava. Era como se as suas palavras tivessem sido ceifadas de sua língua. Após um suspiro, respondia ela:

— Tudo bem, pode ficar. Vou precisar mesmo de um guia, afinal, esta é uma cidade maior por dentro. Pode me ajudar com isso?

— Claro que sim! Conheço a Cidadela como a palma da minha mão, entregava panfletos da oficina do meu avô por toda a cidade.

— Tudo bem, garoto GPS, seja bem vindo à gangue. - Rustch e Grace sorriem juntos, e com um aperto de mão, resebia o novo amigo. – Agora vamos prosseguir, precisamos ir lá para cima. Memorizei o caminho.

— E depois, para onde você quer ir?

— Para o senado.

— Será impossível entrar lá!

— Mas ainda podemos tentar. Temos uma possível tragédia para impedir, não podemos confiar na presidenta.

Rustch concorda com cabeça.

E então, Grace e o seu novo amigo, continuam seguindo o seu caminho, se escondendo pelos cantos, e indo rumo ao seu destino.

***

Na fenda, o Doutor e os outros, continuam a turbulenta viagem, porém, já a muito perto do seu final. Na TARDIS, os esforços dos pilotos não param, e logo, um dos soldados alerta gritando:

— Vamos atravessar! Senhor, estamos entrando no universo satélite!

— Digam... Ihaa! - Manda o Doutor gritando.

— Eu diria para ligarmos os amortecedores espaciais! Segurem-se! - Grita o soldado numero 1.

Todos, seguram-se no que podem, e a TARDIS, então atravessa para o outro universo. E toda aquela agitação, que antes havia, simplesmente se acaba. Agora, a nave percorre circulando tranquila no estrangeiro espaço profundo, e no aconchego interno, os pilotos repousam.

— É tão estranho, no localizador este local é marcado como desconhecido, mas quando eu olho para o escâner, eu conheço este lugar. Diria que estamos na beira da galáxia-4! - Diz uma das 3 garotas soldados ali.

— Você já esteve lá? - Pergunta o Doutor.

— Não, apenas vi por livros, essa é a primeira vez que saio de Gallifrey.

O Doutor sorri:

— Gosta das estrelas?

— Eu... - Esta jovem, antes de continuar a frase, tem a sua resposta interrompida, pelo numero 1.

— Desculpem-me por interromper, mas tenho uma pergunta importante, senhor.

— Sim, o que seria? - Corresponde o Doutor. 

— Nós viemos para este universo para descobrir qual era a causa do ponto em colapso, mas, onde exatamente neste universo faremos isso? Para onde devemos ir?

— Boa pergunta! Eu estava ansioso para saber quem seria o primeiro. Qual é o seu nome, numero 1?

— Adjútor.

O Doutor franzi a testa:

— Prefiro Basílio. E o seu, garota do escâner?

— Lisa. - Responde ela.

— Ótimo. Basílio, Simpson, e demais amigos... Segurem-se. Agora eu assumo os volantes.

O Doutor, logo começa a operar o console, alavancas, botões e tudo que você imaginar. A turbulência, se inicia novamente, e os soldados esforçam-se para não caírem no chão. Enquanto todos permanecem nervosos com a agitação, o Doutor transmitia enormes sorrisos.

— Segurem-se amigos! Eu esqueci a minha carteira! - Gritou alegre.

***

Grace e Rustch, chegam até a área trafegante da cidadela, saindo eles, de uma porta em um beco. Este, em uma grande avenida, onde muitos cidadãos circulam. Foi esse, o caminho por onde Grace passou, e é só deste percurso, que ela se lembra. Agora, é a vez de Rustch entrar em ação.

— Não faço mais a menor ideia de para onde irmos. - Comenta Grace com Rustch, na frente do beco.

— Ainda bem que estou aqui. Sou um atlas vivo.

— Isso se parece com o carnaval brasileiro! Todas essas pessoas passando com roupas estranhas, vão perceber que somos suspeitos de algo.

— Talvez. Faz pouco tempo que fugimos, mas a nossa fuga já pode ter sido divulgada. Porém, conheço um caminho sutil. A antiga viela dos operários, está abandonada, suja e mal cheirosa, mas é toda nossa.

— E por que não disse logo?! Para fugitivos, estar em uma viela suja é como entrar no paraíso.

Grace e o seu guia, partem pela tal viela, tendo como companhia, o silêncio e a descrição. Pequenas casas metálicas enferrujadas, grandes encanações, muitos bueiros, poças d'água, um forte cheiro de queimado, e a solidão. Esta era a viela. Este percurso, era onde os operários dos fornos subterrâneos moravam temporariamente. Mas, haviam sido demitidos e despejados, isto, por Rassilon achar que fosse um investimento desnecessário, explicava Rustch para Grace. E prosseguindo, logo chegam até a saída deste caminho.

***

Após esta andança, Grace e Rustch atravessam a saída, e chegam até uma pequena e não muito movimentada praça. Que encontra-se de frente à um enorme prédio. Cheia de plantas decorativas, chafarizes e esculturas futuristas, esta era, uma praça relativamente agradável. Grace, vislumbra curiosa e apreensiva o ambiente, enquanto Rustch, continua andando, e chamando-a, sinalizando com a mão.

— E agora, para onde estamos indo? - Pergunta Grace, seguindo Rustch.

— Você disse que queria ir ao senado, aquele grande prédio é ele. Mas, não tem como entrar, eu falei. Mas... Podemos ficar por perto, pelo menos.

— Não basta! Preciso entrar lá, já disse.

— Antes, precisamos nos esconder, e esperar a nossa situação ficar melhor. Você gosta de ler?

Grace não entende, mas continua seguindo ao seu amigo. Rustch e ela, entram em uma grande biblioteca, que havia ali naquela praça, e com enormes janelas em sua frente. Internamente, era bem maior, e com gigantescas parti-leiras, cheias de livros, e objetos estranhos. Rustch e Grace, sentam-se em uma mesa de perto das janelas, e fingindo estarem lendo, escondem os seus rostos com livros.

— Essa biblioteca é meio vazia, não é? - Questiona Grace, observando o ambiente.

— Sim, poucas pessoas leem hoje em dia, preferem downloads telepáticos. Depois da escola eu sempre vinha passar as tardes aqui.

— É um bom esconderijo, eu também fazia isso. Como um jovem como você foi parar em uma masmorra?

— Por causa do Doutor.

— Do Doutor?! Como poderia ser?

— Porque... O meu avô trabalhava em uma oficina de TARDISes. Mas, não de qualquer TARDISes, era a da TARDIS que o Doutor roubou. Então, por muitos anos, o meu avô e muitos em Gallifrey, se perguntaram... "Que idiota roubaria uma TARDIS com defeitos"? Mas, depois de muito tempo de viajem, o Doutor estava famoso em todo o planeta. Alguns... Viam-no como um herói, e ouros, como um... Arruaceiro.

Com estas palavras, Grace transmitia um enorme brilho em seu olhar:

— Mas você, viu-o como um herói.

— Sim, e o meu avô via ele como um vagabundo. Cresci ouvindo histórias sobre o Doutor, e então roubei uma TARDIS! Mas... Fui preso.

— Eu matei o Doutor uma vez.

Rustch arregala os olhos. Grace explica;

— Mas não foi por isso que eu fui presa! Foi pela presidenta, ela está tramando algo de ruim, e por isso me tirou de jogo.

— E o Doutor, onde está? Estou começando a acho que você o-matou mesmo.

— Está em uma missão, em outro universo, e eu devo fazer o papel dele, neste nosso aqui.

— Algo não faz sentido para mim. Se a presidenta quisesse mesmo se livrar de você, ela não teria lhe jogado em uma cela qualquer, ela poderia ter lhe prendido em uma bolha temporal, e você estaria totalmente inútil, nem mesmo o Doutor escaparia!

Ao ouvir a observação de Rustch, Grace suspira ofegante, enquanto pensativa, franzi a testa, não conseguia entender qual seria a intensão de Romana. De repente, a praça tão bem iluminada pela luz solar, se escurece. Rustch observa pela janela, e boquiaberto ele exclama:

— Grace... Olhe o céu.

— Por que, o que foi, é uma nuvem, uma tempestade?

Grace, curiosa, atende ao pedido de Rustch, e encosta-se na janela. Agora, ela entende o motivo do espanto do garoto. Pairando sobre o grande domo da Cidadela, havia o que seriam aproximadamente duzentas naves, fortemente armadas, e de miras já em alinhamento. Todas as poucas pessoas passando pela praça, param, e olham abismados aos céus, apontando para cima.

— Grace, é uma invasão?!

— Não, meu caro Rustch, é bem pior que isso... É visita. Sontarans.

***

Da varanda da sala de reuniões do senado, Romana admirava com um sorriso malicioso aos vermelhos céus de Gallifrey, rodeados pelas frotas Sontarans.

— Nuca vi nada tão belo quanto esta vista. - Diz ela, gargalhando logo em seguida.

Quando depois disso, Tridaro, entra apressadamente à sala. E isto, toma de Romana um profundo suspiro de aborrecimento.

— Senhora Romana. Tenho algo urgente a informa-la.

— Eu já sei, o purê está na mesa.

— Sim senhora, mas não é só isso, senhora.

— E o que mais seria?

— O Anel de Safira Negra, uma das nossas relíquias armamentistas mais terríveis, ele... Desapareceu. Acho que era este o acontecimento da última previsão do profeta louco.

— Impossível! O anel está no arsenal ômega, como ele poderia ter desaparecido?!

— Ninguém sabe, senhora. Não há registros de entradas nos arquivos, e as câmeras e sensores de calor e movimento, se mostraram inoperantes. O que a senhora acha disso? Se fantasmas existissem, com certeza isso seria obra de um.

— Providencie patrulhamento e mais patrulhamento, quero investigações, e buscas por responsáveis. Este sim, se tornará um fantasma. Soube que alguns prisioneiros das masmorras escaparam, é verdade?

— Sim, senhora.

— Então vá! Aprece-se. - Exclama irritada, e Traidaro, se retira assustado. – Tenho as minhas suspeitas, e devo eliminar os empecilhos do caminho.

***

Na praça, Grace e Rustch de frente à biblioteca, encaravam aos céus.

Enquanto Rustch apresentava medo, Grace, se mostrava bastante pensativa, com se estivesse imaginando algum tipo de saída ou alivio daquela situação.

— A esta altura, o Doutor já deve ter me mandado alguma mensagem. - Diz Grace.

— Do que está falando?

— A TARDIS, eu preciso dela para me comunicar com ele, mas ela está em um estacionamento no senado. E o casaco que me tomaram, era lá que estava a chave.

— Eu estou começando a entender as suas preocupações. Mas já disse, não sou capaz de leva-la ao senado. Sou apenas filho de dois operários, não tenho contatos importantes.

— Odeio contatos importantes! Eram os primeiros a reclamar no meu trabalho. Tem algo me incomodando nesta praça. - Diz Grace olhando envolta. – Rustch, olhe envolta. Todos estão nos encarando.

Rustch, olha envolta, e percebe, todas as pessoas passando estão  mesmo olhando estranho para a dupla.

— Deve ser porque formemos um casal incomum, você já é madura, e eu só tenho 90!

Grace franze a testa ofendida.

Do outro lado da praça, estavam a cerca de 30 metros de distancia 6 homens armados, e de uniforme negros com detalhes acinzentados. Porém, vindo em direção à dupla. Grace arregala os olhos, e se arrepia de temor, pois, ela já está entendendo as relações entre os fatos.

— Rustch, já sabem quem nós somos. Veja aqueles homens de uniformes, estão vindo para cá, e estas pessoas, todas olhando torto.

— Então o que vamos fazer? Não há mais para onde ir. Aqueles homens são a da patrulha, já devem saber quem somos. Só não correram até aqui ainda, porque estamos parados!

— Não podemos desistir!

— Grace, eu confio em você. Você viaja com o Doutor, você tem experiência. Pense, o que ele faria neste momento? - Rustch, olhava fundo nos olhos de Grace.

Grace, suspira enquanto fecha os olhos. E isto, mesmo sendo por menos de um segundo, pareceu para Grace como horas de pensamento. Foi como se naquele segundo, o mundo em sua volta tivesse parado. Depois deste pequeno momento, respondia ela:

— Primeiro, analise os problemas. São grandes? Enormes. Segundo, checagem ambiental. O que poderíamos usar ao nosso favor?

— Não sei, não vejo nenhum tipo de recurso aqui. E a patrulha já esta a 13 metros. Precisamos de um milagre, precisamos de uma daquelas malditas portas mágicas que só existem em historinhas! - Exclama Rustch apavorado, e neste momento, Grace transmite uma imensa expressão de entusiasmo.

— Sim! Uma porta mágica, você é um gênio!

— O quê? Isso não existe, aqui é Gallifrey, não Karn! Ou... Você tem um plano? Do que precisa?

— Correr muito, e de um garoto GPS! Me leve para onde tenham estatuas de personagens históricos.

Então, em busca do local desejado, corriam apresados a dupla. E logo, atrás deles, as patrulhas não perdem tempo em persegui-los. Grace e o seu guia, correm incessantemente, e de longe, também correndo muito velozes, os patrulheiros disparavam com as suas mortais armas, e gritam exigindo a rendição dos fugitivos.

Grace e Rustch, continuam correndo, e constantemente se agachando, para não serem atingidos pelos disparos. Rustch, leva Grace até uma outra praça, que havia ao lado daquela onde estavam. Esta, era muito mais espaçosa e menos arborizada do que a outra, e duas enormes fileiras de diferentes estatuas se encontravam ali. Grace, gritava para Rustch, apontando ela, para uma das esculturas:

— É essa, a do homem de capuz e com braços abertos!

— Mas você vai se disfarçar de estatua ou se esconder atrás de uma?

— Nada disso! Vou coçar o sovaco dela.

Grace coça o sovaco da estatua, e uma pequena passagem no chão se abre.

— Como isto pode existir?! Ninguém nunca soube de coisas desse tipo! - Diz Rustch.

— Algo assim não poderia ser divulgado para qualquer um.

— Ah! Claro... Terroristas. Mas você nem sabe aonde isso pode nos levar!

— É o cardápio, está servido ou não? - Grace entra na passagem. 

Rustch, imediatamente segue os passos de Grace, e agarra aquela oportunidade. Chegando neste momento naquela praça, os patrulheiros encaram confusos o ambiente.  E perguntavam-se para onde foi a dupla criminosa. Dentro do corredor da passagem, Grace saca a chave de fenda sônica, e a ativa em direção da porta de onde eles entraram. Aquele era mais um dos muitos corredores secretos da Cidadela, e este, era um dos muitos, escuros, empoeirados e apertados.

— O que você está fazendo? - Pergunta Rustch.

— Travando o sistema da passagem.

— E vai funcionar?

— Não sei, é só ligar a luzinha e torcer para dar certo! É assim que o Doutor faz.

A dupla, segue até a saída do corredor, e abrindo as portas, eles se deparam com uma enorme sala escura. Aparentemente abandonada, totalmente suja e cheia de velharias, como armários, caixas e outros objetos. Grace e o seu companheiro, não sabem onde estão, mas nesta situação, este é o melhor lugar onde eles gostariam de estar.

***

De uma das enormes naves Sontarans, pairando sobre a Cidadela, Strov encarava por um monitor na sala de comando, o mundo abaixo de seus pés.

— Comandante Strov, o horário marcado para virmos era as 6:30, mas ainda são 4:20 senhor. Não acha que fomos apressados? - Pergunta um guerreiro operando aquela nave.

— Não gostei do primeiro horário, era péssimo.

— Mas foi o senhor quem o-marcou.

— Está reclamando?!

— Não senhor! Perdão, senhor.

Strov encara sério ao soldado:

— Mantenha vigilância, permaneça com as armas sempre apostas e ponha em nível máximo o campo de força.

— Senhor, nós viemos para uma reunião ou para uma guerra?

Strov sorri com esta pergunta:

— Para uma reunião, soldado. Porém, Senhores do Tempo não são confiáveis. Então... Esteja preparado para uma guerra.

O soldado, concorda que sim, batendo continência. Strov, se retira da sala, e um leve sorriso de deboche era carregado na face.

*** 

Enquanto tudo ocorria em Gallifrey, na missão, o Doutor e os seus reforços ainda se encontravam na TARDIS, que agora, em algum lugar, já materializada está. Todos, observam pelo monitor, mas nada pode ser visto a respeito do lado de fora, isso, por causa de uma densa neblina. Curiosa, Lisa pergunta ao Doutor:

— Estamos mesmo aqui? Como o senhor conseguiu encontrar Gallifrey? Aqui ele tem outras coordenadas.

— Usando a Terra como ponto de referência. Eu tinha as coordenadas de Londres, então foi fácil. Mas esta neblina está atrapalhando! - Responde o Doutor. 

— Foi... Genial! - Exclama Lisa.

— É, eu costumo ser assim. 

— Não vamos mais esperar. Preparem-se para uma formação de defesa no exterior. - Ordena Adjútor.

Os demais soldados, passam para fora da nave, e mantém uma posição defensiva de frente da sua entrada. Com esta atitude, o Doutor parece não ter se agradado, e questiona ao jovem comandante:

— Por que fez isso? Ainda não era o momento, qual o problema em esperarmos mais um pouco?

Encarando bastante sério ao Doutor e após um profundo suspiro, respondia o jovem Adjútor: 

— Eu sei o que você está tentando fazer. Está... Tentando nos por debaixo de suas asas, não é? E sabe que não temos tempo para esperar a neblina passar.

O Doutor se cala, e toma um olhar totalmente afirmante, ao que o soldado lhe dizia. O saldado prossegue: 

— Uma pergunta, senhor, por que antes de virmos para cá você nos questionou sobre vontade própria?

— Porque... Vocês, são jovens. Tem belas e longas vidas pela frente, não devem ficar por ai se arriscando, como...

— Como o que senhor?

O Doutor vira o rosto. O rapaz questiona: 

— Como você? Nós fazemos isso justamente porque esse é o nosso trabalho. Já o senhor, Doutor, se arrisca por vontade própria. Por quê?

O Doutor, permanece calado por alguns segundos, e com um grande peso em seus olhos, responde desconsolado:

— Eu não sei. Bem... Não exatamente, era para tudo ser como um tipo de férias, mas... Nunca imaginei o que eu faria, quem enfrentaria, ou... Aonde eu iria parar.

— Neste caso, o que importa é que está aqui agora. E nós estamos aqui pelo senhor. E o senhor, está aqui por todos nós, e... Iremos retribuir.

Depois disso, Adjútor sai para o lado de fora, enquanto o Doutor, continua de frente ao console, sozinho com os seus pensamentos.

***

Do lado de fora, junto aos outros reforços, Adjútor diz gritando ao Doutor, para ele poder vir. E o Doutor, logo sai resmungando sobre isso:

— Ninguém me diz quando é o melhor momento para sair! Sou o Doutor, eu faço isso.

— Aqui realmente é Gallifrey, reconheço este solo em qualquer lugar. - Diz um soldado, olhando para o chão.

No lado de fora, o Doutor e o seu grupo, estão nos desertos próximos da Cidadela, mas, nada pode ser visto, além, de um metro em suas frentes, e um pouco do solo. Tudo ao seu redor, está totalmente envolto na densa e profunda neblina.  O Doutor e os seus reforços, avançam cautelosamente pelo misterioso ambiente. Nisto, com o Doutor ao centro, e os seus oito soldados envolta.

— Esta neblina está terrível! Tenho fobia. - Diz um soldado, apontando cegamente a sua arma.

— Não é neblina, tem cheiro e gosto errado. - Responde o Doutor, com a sua língua para fora.

— Sim, há traços de resíduos químicos de compostos explosivos. - Nota Lisa, apontando um pequeno escâner portátil.

— Uma batalha muito grande aconteceu aqui. Que tal voltarmos para a TARDIS, e tentar encontrar o capitólio de outra forma. - Sugestiona o Doutor.

— Achar um ponto especifico em um mundo paralelo é muito difícil, Doutor. Isso pode nos deixar ainda mais perdidos. - Responde Adjútor.

— Tudo bem então, aqui está tão agradável! Me lembra 1952.

De repente, o soldado com fobia, grita assustado. Ele, treme, e aponta a arma para a névoa, como, se soubesse que algo estivesse lá. Os outros, apresentam preocupações com isso, e questionam-o:

— O que houve Mrhan? - Pergunta Adjútor.

— Eu ouvi alguma coisa! Era como um tipo de ranger metálico, como uma máquina se movimentando! - Responde. 

— Mais alguém ouviu alguma coisa? - Pergunta o Doutor. 

Todos negam com a cabeça.

— Se houver algo próximo a nós, nunca perceberemos. Além da neblina, o escâner não está reconhecendo nada ao nosso redor como formas de vida. - Comenta Lisa.

Mrhan se assusta novamente, e logo em seguida, outro soldado também presencia o mesmo som estranho. Um deles, dispara enquanto exclama:

— Tem algo aqui!

— Não dispare sem ordens, pode ser um civil! - Exige Adjútor.

Neste instante, duas pequenas luzes piscantes imersas na nevoa exclamam algo, com uma voz aguda:

— Exterminar! - Com isso, um mortal raio de energia passa certeiro, e atinge a um dos soldados.

Agora, restam sete soldados e o Doutor. Adjútor e os outros, formam posição de ataque, e disparam cegamente no que poderia haver envolta. O Doutor, já entendeu imediatamente quem lhes está ameaçando. Os seus olhos, revelam puro desespero e angustia com aquela situação.

— São Daleks! De novo eles. - Comenta o Doutor, olhando envolta em puro pânico.

— Doutor, abaixe-se! - Grita Lisa.

— Exterminar! - Proclamam as vozes ocultas. 

Mais pequenas luzes chamativas, surgem ao redor, e mais raios Daleks passam certeiros, e velozes pelo ar. Agora, dois soldados são atingidos, restando apenas, cinco dos reforços e o Doutor. O Doutor, respira profundamente, e observando a situação ao seu redor, ele, percebia que isso é o que acontece quando alguém se arrisca muito com ele, ou por ele. Neste momento, ele se lembrava de Grace, e imaginava o que lhe poderia tê-la acontecido.

— Exterminar!

Lisa, saca com as mão tremulas a sua arma, e a-aponta em direção aos ocultos assassinos. Porém, é atingida, e logo cai no chão, de frente para o Doutor. Mas, para ele, aquela cena que acontecera em menos de um minuto, estava em sua mente como um longo e doloroso momento.

— Lisa! - Grita o Doutor, e corre até ela, segurando-a em seus braços.

— Pegue uma arma, senhor, proteja-se. - Pede ela, franzindo a testa de dor. 

— Não. Não posso.

— Não tem alternativa, pegue!

— Foi um arma que te trouxe a essa dor que sente agora. Aonde isso irá me levar?

— Todos os Senhores do Tempo dizem que você é um covarde. Mas não é covardia, nunca foi, é só... Gentileza.

Lisa, falece, ali, de mãos dadas ao Doutor, porém, com um leve sorriso de alegria, e olhos abertos. Isto, do Doutor o-tomou um bravo grito de ódio.

— Exterminar! - Proclamam constantes os Daleks.

— Estamos cercados, não há escapatória! - Exclama Adjútor.

— Exterminar!

Agora, três pobres soldados caem ajoelhados no chão, foram atingidos. Restam apenas em vida, o Doutor e o jovem comandante Adjútor. Enquanto o Doutor, chora ajoelhado no chão, Adjútor olha envolta, desnorteado, totalmente desestruturado, vendo aos seus amigos todos mortos. O Doutor, lhe encarava ajoelhado, com um falso sorriso de esperança. E do oculto, se escuta uma exclamação:

— Exterminar!

Adjútor é atingido, e logo caía de costas.

Gritando “não’’ perante aquela cena, o Doutor corre até Adjútor. E segurando-o pelo seu braço, ele, ordena-o com uma voz desesperada:

— Regenere-se, todos vocês regenerem-se! Vai ficar tudo bem novamente. Dói um pouco, mas você se acostuma.

— Não consigo, senhor.

— É claro que consegue, vocês tem um ciclo completo, demora um pouco para iniciar.

— Treinamos e estudamos regeneração. Nós já devíamos ter começado, há algo nos impedindo... Não consigo.

— Consegue sim! Concentre-se!

— Não, senhor, não estou conseguindo. Estou morrendo, estou... - Diz Adjútor já agonizando, e antes de terminar a frase, tem ali o fim da sua vida.

— Não, não! Regenere-se, regenere-se! - Grita o Doutor, enquanto de seus olhos escorem lagrimas, e gotejam ao cadáver do jovem rapaz.

Enquanto o Doutor permanece ali, ajoelhado entre os cadáveres, e bastante triste e distante com os seus pensamentos, os sons do ranger das latarias Dalek, se mostravam muito próximos. Da neblina, na frente do Doutor, e de trás dele também, surgem vagarosamente três Daleks, e avançam até ele, aproximam-se lentamente, enquanto encostam com suas traiçoeiras armas, na furiosa e cheia de ódio face que o Doutor lhes apresentava.

 


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Notas finais do capítulo

O que você achou? Gostaria de saber onde estou errando e onde estou acertando.
A tragédia que ocorre no fim do capítulo foi uma inspiração. Uma inspiração de Game Of Thrones, porque queria por algo inesperado e chocante na história. E como fã de GOT, tive este desejo de por Dalek pra dar banho de sangue.
Adjútor, este nome significa companheiro, companhia, amigo, em latim.
Karn, é um planeta pertencente a série, é lá onde vivem a Irmandade de Karn. São como um tipo de anciãs místicas, e cheias de conhecimentos.
O arsenal ômega, também já foi citado na série, lembro dele no especial de 50 anos, era nele onde eram guardadas as armas mais perigosas de Gallifrey.
O easter egg que mencionei, foi sobre aquele mecânico no começo do EP do nome do Doutor, onde ele está trabalhando com outro cara, aÍ acontece um sinal de alerta, e um deles pergunta ( há algo errado?) e o outro responde ( acho que é a oficina) então a imagem da câmera vai para um monitor e vemos o primeiro Doutor e Susan roubando a TARDIS, e o cara fala (que idiota tentaria roubar uma TARDIS com defeitos?). Então o Rustch é neto deste cara.
Rustch, este nome é uma homenagem aos três Showrunner da serie moderna, até agora. RU é de Russell, ST de Steven, e CH de Chris. Kkkk, e neste capitulo a Grace teve até direito a companion.
A passagem da estatua, foi algo que já usei no capitulo anterior, espero que vocês se lembrem.
O período de 1952 que o Doutor menciona, foi uma grande tragédia que aconteceu em Londres, onde uma enorme neblina matou centenas de pessoas, mas não era neblina de verdade, era pura poluição, com vários compostos químicos tóxicos, que foi soprado até a Inglaterra
por favor, não xinguem o Doutor! ele chorou muito, mas porque está personalidade é mais sensível, mais emotivo e mais benevolente que os outros Doutores, então é bem compreensível, ainda mais em uma situação em que você é ser muito vivido, e ver semelhantes seus tão jovens morrendo como mosquitos em uma raquete eletrica.
Se tiver algo que deixei de explicar nas notas, me avisem.