Venha Comigo. volume 1: Uma Sombra de Gallifrey escrita por Cassiano Souza


Capítulo 2
Ir para longe


Notas iniciais do capítulo

Então, antes de mais nada, eu quero avisa-los de que enquanto o outro capítulo foi cheio de ação e surpresas, este será mais calmo, porém, ainda terá sim surpresas.
Porque na verdade, este capítulo e o anterior, serviram mais como uma apresentação da história, e do terceiro em diante, como reação, e a conclusão ainda não sei como vai ser, nem quando.
Os Sontarans não foram incluídos por nada no capítulo anterior, eles serão abordados novamente na história, isso já neste capítulo.
Ele contará com personagens classicos, e citações de alguns.
ATENÇÃO: a explicação para o Doutor manco será bem simples, então não fiquem esperando uma grande revelação, por favor, me entendam.
E o mais importante sobre este capítulo, é que ele trará respostas a muitas coisas, e ao mesmo tempo trará novas perguntas, e ganchos para o futuro. E perguntas que eu sempre quis fazer para o Doutor, mas neste caso pus nas frases da Grace. Que por sua vez, como companion representa o publico.




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Após ter os seus controles tomados, a turbulência na TARDIS chega ao fim. Significando assim, já terem chegado em algum lugar como destino. No monitor, apenas imagens ilegíveis e embaralhadas são mostradas. O Doutor e Grace, estão deitados, caídos no chão, porém, conscientes. Uma leve fumaça, pairava pelo ar da sala. Grace, se levanta, e estende a mão ao Doutor, para ajuda-lo a se levantar:

— Me concede a sua mão cavalheiro?

— Quer dançar uma valsa ou se casar? 

— Te deixar sóbrio.

— Obrigado.

O Doutor, aceita o apoio, e logo se levantava. Ele começa a operar os controles da TARDIS, e analisar ao monitor. Grace, olha curiosa para a tela, mas as imagens estão totalmente desestruturadas, não podem ser entendidas.

— Nunca imaginei estar aqui. - Comenta a ruiva. — Aqui é mesmo o seu planeta, não é?

— Sim. E alguém nos quer aqui. Há algo por trás de tudo que vimos. Prepare-se, você está curiosa para ver?

— Muito! Eu estou triste e alegre, eu não sei explicar. Você deve entender!

— Me dê a sua mão. - Estende ele a sua.

— Se quiser, mas eu sou muito difícil.

O Doutor e Grace, de mãos dadas, vão sorrindo até a porta, e assim, passam para fora da TARDIS. O Doutor, encara com um olhar sério a vista de seu planeta, enquanto Grace, encara maravilhada a vista alienígena. Eles, estão nos arredores da capital, no lado de fora da cidade, nas dunas de areia vermelha. Encarando o horizonte, o Doutor comenta:

— Gallifrey, o lar dos Senhores do Tempo, uma das raças mais poderosas e civilizadas do universo, covil de monstros e heróis. Não represento nenhum deles. Mas, me diga, o que você achou?

— Lindo. - Estava quase sem palavras. — Um pouco marciano, mas incrível! Como é aqui?

— Se localiza na constelação de Kasterborous, e é muito maior que a Terra. É um mundo com uma história cheia de altos e baixos, bem confusa na verdade! O segundo sol, se levanta no sul pela manhã, fazendo as montanhas brilharem. E nas colinas, há grandes pastos de gramas vermelhas, e nas florestas, folhas prateadas. Toda manhã, a luz solar fazem elas parecerem estar em chamas. Causa grande confusão quando se é criança.

— Você parece adorar este lugar, só não gosta de mostrar isso, eu vejo em seu olhar. Parece estar tentando se distanciar daqui, parece estar fugindo.

— Não estamos aqui porque existe uma torta no forno nos esperando, fomos trazidos aqui por um proposito obscuro. Você já está bem?

— Não, mas eu vou ficar. Eu ainda não desisti de salvar o meu planeta, e espero que você também não. - Respondeu, com um olhar desconsolado.

Olhando para Grace, suspira o Doutor. Ele, aponta para o capitólio, a Cidadela de Gallifrey, a capital do planeta. E murmura:

— Era ali que a TARDIS deveria se materializar, mas acabamos parando aqui fora.

— Se você não tivesse apertado todos aqueles botões!

— Estávamos sendo hackeados, eu tinha que tentar alguma coisa. Mas isto não é tão ruim. Assim, podemos ir ver algumas coisas no caminho.

— Não me parece uma cidade tão grande aquela, apesar dos prédios. Só falta dizer que ela é maior por dentro!

— É claro que é! Dentro dos prédios tem mais prédios, que por sua vez, tem mais prédios dentro dos prédios.

— Tudo bem... O efeito do álcool é passageiro. Eu queria um armário maior por dentro!

— Vou pensar no seu caso.

— Obrigada. Mas caminhada, isto eu aprovo, agora essa conversa de ver coisas no caminho... Já ouvi bastante disso na volta da faculdade.

— Que conversa?!

***

Em quanto o Doutor e Grace estão vindo do deserto em direção ao capitólio, lá de dentro, em uma sala escura, alguém os-observava por um grande monitor. Era um homem, alto, com uma barba branca curta e bem cortada, trajes negros, longos e com capas. Este Senhor do Tempo que os observava, partia agora até a sala da presidência, para informar sobre a chagada do Doutor. Ele, adentra a sala, onde a presidenta analisava muitas escrituras, cálculos complicados e um grande Holograma sobre o ponto em colapso. Este sujeito, já dentro da sala, diz ele à Presidenta:

— Senhora presidenta.

— Sim, Tridaro.

— Noticias, senhora. O Doutor chegou.

— E onde está? Ele não se materializou na pista de pouso!

— A senhora o-conhece, ele é rebelde, segue os seus próprios caminhos. Se encontra nos terrenos dos arredores da capital. Mas está vindo.

— A nossa situação é urgente, vá busca-lo. Aqui é Gallifrey, mas não podemos perder tempo.

— Que assim seja, senhora presidenta Romana, irei agora até o Doutor.

— Ótimo. - Diz Romana, com uma pose confiante.

Então Tridaro, vai em busca do encontro com o Doutor.

***

No deserto, o Doutor e Grace vinham andando em direção a cidade, conversando sobre várias coisas aleatórias. Nestas conversas, Grace pergunta-o:

— O que vocês fazem aqui para se divertirem? Vocês tem teatros, cinemas, museus, bares ou... Discotecas?

— Temos teatros e museus. Você gosta de discotecas?!

— Não, mas não tenho nada contra quem gosta de se mexer.

— Em Tangatz dançar é um esporte, fui em todas as competições. Fiquei em ultimo lugar!

— Uma coisa que eu lembrei... Você disse quando nos conhecemos que a sua mãe era humana, era verdade?

— Não! Aquilo foi apenas um truque para enganar o Mestre.

— Isso só me deixa mais curiosa.

— Acho que um dia ainda vou morrer disso! 

— Doutor, eu posso te fazer uma pergunta pessoal?

— Pode, mas sou péssimo em respostas exatas.

— Já que você está em casa, o que vai fazer?

— Nada, o que você faria se estivesse em São Francisco?

— Eu estou falando de visitar a sua família, acho que até você possua alguma. Filhos, pai e mãe, irmãos... Doutor, você tem isso?

— Os Peirords são ótimos construtores, um dia nós vamos visita-los. Cozinham bem também. Foi lá que um rapaz e a sua namorada acabaram chegando por acidente. Ajudaram os Peirords a se libertarem dos Zmoons, e então, os Peirords perguntaram ao rapaz como eles poderiam agradece-lo. Então, o rapaz pediu que fosse construído um monumento em homenagem a sua namorada. Foi lá o primeiro beijo deles.

— Você mudou de assunto, então não quer falar sobre isso. Tudo bem, não precisa se abrir, também tenho assuntos que eu não gosto de tocar.

— Eu não mudei de assunto.

Grace não entende, mas, continuam a caminhada. O Doutor e ela, já estavam bem próximos dos muros da capital, quando de repente, um clarão de luz surge diante deles. Espantou-se a dupla, e a luz deste acontecimento, cessa. Aquilo, havia sido um tele-transporte, era o Tridaro cumprindo o seu trabalho.

— Tomei um susto, mas é só um homem estranho, ok. - Comenta Grace.

— Meu nome é Tridaro, sou o secretário e argente particular da presidenta. Acho que ainda não nos conhecemos, não é mesmo, Doutor?

— Sim, eu nunca tive esse desprazer, até ser sequestrado. - Respondeu. 

— Foi a única forma que encontramos para traze-lo de volta. Faz tempo que os seus pés pisaram nos chãos de Gallifrey.

— Isso está relacionado ao ponto em colapso ou a invasão da Terra? - Pergunta Grace a Tridaro.

— Seres tão infames não deveriam se intrometer em conversas entre Senhores do Tempo. - Avisa Tridaro a Grace.

Olhava ele, para a humana com um olhar de disperso e prepotência, Grace fica impressionada com a tal rudez, daquele homem. O Doutor, encarava a Tridaro com uma face bastante séria, e questiona a amiga:

— Sabe Grace, o que significa Tridaro nas línguas perdidas?... Significa "Aquele que trai". Isto te define senhor secretário?

— Uma faca não define a violência só porque é capaz de cortar. - Responde Tridaro.

— Olha eu não me importo com o que você pensa sobre mim. - Comenta a humana. — Quer me odiar? Ótimo! Mas o que eu e o Doutor queremos é apenas saber o que está acontecendo.

— Que assim seja. Vim para leva-los até a presidenta, ela precisa muito discutir assuntos pendentes com você, Doutor. Tem sim a ver sobre o ponto em colapso.

— Quem é a presidenta atualmente? Ela é uma presidenta ou A Presidenta?  - Pergunta o Doutor.

— A senhora Romana.

— Acho que você fez isso Doutor, uma Romana é a presidenta de um planeta alienígena?! - Perguntou Grace confusa.

— É só o nome dela, qual o problema? Para nós existe outro significado, mas vocês humanos patenteiam tudo. - Retruca o Doutor.

— Podemos ir agora? - Sugestiona Tridaro. — Não devemos perder tempo, vou leva-los por tele-transporte. Segurem-se no meu braço.

— Perdão, não vamos com você, vamos de a pé. Vou ver uma coisa antes de chegar na presidenta. 

— Mas é de extrema importância! Você não entende, você não está aqui por bobagem. - braveja.

— Certeza? Diga para a presidenta... 

— Cuidado com o que fala! - Interrompe Grace. 

— Escute-me. Todos os profetas de Gallifrey, todos, proclamam apenas uma coisa.

O Doutor, instantaneamente permanece estático, e os seus olhos param vidrados:

— Do que está falando?

— O relógio do tempo final tomará corda, é tudo o que eles dizem, todos eles.

— São só historias antigas, isso não pode existir!

— Do que é feito o universo se não de histórias? Você próprio é uma lenda, e não pode negar mais essa.

O Doutor, apenas permanecia calado, e distante com os seus pensamentos. Grace, apertando forte a uma das mãos do amigo, questionava a ele:

— Doutor... Isso envolve o seu e o meu planeta, o destino de dois mundos, não podemos ignorar isso... Eu não conheço essa história do relógio, mas pela a sua cara não é nada de bom. Me diga, o que vamos fazer?

— Devemos ir com ele.

Grace confirma com a cabeça:

— Vamos com você.

— Obrigado. Aproximem-se, é só tocarem em meu braço. - Tridaro, estendia o seu braço direito.

O Doutor e Grace, vão até Tridaro, e tocam em seu braço. Tridaro, encara Grace com um olhar frio, o Doutor, encara Tridaro com um olhar sério, Grace, desvia o seu olhar. Eles então, são tele-transportados dali.

***

No capitólio, o Doutor, Grace e Tridaro, são tele-transportados até a sala de recepção. Onde, muitos Senhores e Senhoras do Tempo circulavam por lá, cada um, com os seus determinados afazeres.

— Este tele-transporte é o mais confortável que já fui. - Comenta Grace, tentando aliviar a tensão.

— Cortesia Gallifreyana. Aqui é o senado. - Apresenta o Doutor.

— Parece que a senhorita nunca foi em um desse antes.  - Comenta Tridaro.

— É... Não. - Responde a humana. — Mas não seria mais fácil ter nos tele-portado para a sala presidencial?

— Nenhum tele-transporte é bem vindo na sala presidencial, Grace. - Revela o Doutor.

— Ah! É claro, terroristas!

— Enfim, me acompanhem por favor. - Pede Tridaro. — Iremos pelas escadarias da penitencia longa, vai ser rápido, hoje elas estão de bom humor. 

— Eu adoro elas, são muito confortáveis. - Comenta o Doutor.

— Nem imagino o porquê se chamem assim! - Diz Grace.

Quando então, um pequeno bip é escutado. Tridaro recebe uma mensagem, em um aparelho em seu pulso, que serve como uma espécie de meio de comunicação.

— Eu terei de ir até a sala 7 agora. Será que você Doutor e a sua assistente poderiam seguir sozinhos?

— Sim, pode ir continuar o seu trabalho, eu e Grace vamos até Romana pelo corredor da distinção. E será que você poderia me fazer um favor?

 – Claro que sim. O que seria?

— A TARDIS, podem transporta-la até aqui? 

— Sim senhor, será providenciado. Agora, com licença. - Retirava-se Tridaro.

O Doutor e Grace, vão até um canto na parede, onde havia uma estatua de um homem em pé, com os braços abertos e vestindo um capuz.

— Isso se parece com uma recepção, espero que não fiquemos perdidos. Já esteve aqui antes? - Pergunta Grace.

— Claro, quase fui o presidente. Na verdade, o meu cargo está me esperando.

— Você?! - Perguntou bastante surpresa. – E está aqui agora, você vai tomar o cargo então?

— Nunca! Odeio responsabilidades, prefiro sair por ai fugindo. Não que eu já tenha feito isso antes.

— Ok, vou tentar acreditar. Mas, me diga Doutor, o que essa história do relógio significa?

— Uma história sem final feliz... Não quero falar sobre isso. - Disse, com um olhar longe e vazio.

— Tudo bem. Vamos prosseguir, onde fica o corredor que você disse?

— Em todos os lugares, e de vários tipos. É menor por dentro, liga pontos distantes em poucos metros. E aqui está um deles, este é o da distinção.

— Onde?! Isso é só uma parede! já sei, passagem secreta. Como se ativa?

— Coça o sovaco.

— Como é que é?! Você pode falar isso com as garotas Gallifreyanas, mas não com as da Terra! Sou contra a Violência, mas... Quer apanhar? Para onde foi o seu cavalheirismo?!

— Não! Você não entendeu, eu falo da estatua, coce o sovaco dela. 

— Sério?! - Grace, bastante constrangida, coça o sovaco da estatua.

E então, uma passagem surge na parede ao lado da estatua, o Doutor ergue as sobrancelhas com um sorriso enorme, enquanto Grace, uma face de estranhamento. Comentou ela:

— Isso foi muito ridículo. Quer dizer, passagem secreta que se ativa com um sensor de coceira?!

— Eu sei, é fantástico! Mas também se ativa com impressão labial.

— E quem inventou isso teve orgulho depois?

— É quase um herói nacional.

— Então aqui não é tão diferente da Terra!

O Doutor e Grace, prosseguem para dentro.

***

Internamente, ele é como um corredor comum, com cerca de 5 metros de comprimento e 2 de largura. Porém, com uma altura incontável, já que o seu teto se perdia na visão. Lá dentro, Grace observa maravilhada, de que as paredes desse pequeno corredor estão repletas de quadros. Quadros, de cima até em baixo, com fotos de várias personalidades de Gallifrey, e uma assinatura com os seus títulos em baixo. Curiosa, ela pergunta:

— Doutor, quem são todas estas pessoas?

— O corredor da distinção. No lado direito, estão os bonzinhos e do lado esquerdo, os malvados. Bem clichê.

— E isso serve como o quê? Uma lição de moral, exemplos sociais?

— Basicamente, mas na verdade, é um conto filosófico. Significa que no caminho mais longo se revelam os bons, e no caminho mais curto se revelam os maus.

— Gostei, mesmo parecendo que foi retirado de um livro de autoajuda. Aposto que o Mestre está no esquerdo. Qual dos malvados você já enfrentou?

— Alguns. Veja este aqui, é o Ômega. Um dos principais e primeiros fundadores dos Senhores do Tempo. Foi parar em um universo de antimatéria, e depois se rebelou contra Gallifrey. Eu e eu e outro eu mesmo, derrotamos ele.

— E esse, com o nome de "Devorador"?

Este indivíduo, que Grace lhe apontava o dedo, era um homem de aparência velha, cabelo ruivo, uma verruga em sua bochecha esquerda, e de robusta aparência, um grande nariz, finos lábios e um olhar triste. Narra o Doutor:

— Ele usava o Catalizador de almas e o Cálice da Noite Vermelha para roubar o poder de regeneração de outros Senhores do Tempo. Viveu por mais de quinze mil anos, teve muitas vítimas. 

— É horrível pensar coisas desse tipo, ainda mais de seres que se dizem os mais civilizados do universo.

— Sim, nada é perfeito.

— É a vida, nunca será uma utopia. Mais um malvado, o último. Este aqui, com cara de bonzinho, quem é?

Este novo indivíduo, cujo Grace havia se intrigado, era um maduro homem, magro, aparência de meia idade, já no que seria em idade humana nas casas dos 40 ou 50 anos, usava um pequeno bigode, cabelos loiros meio grisalhos, nariz afinado, lábios finos, e com um olhar penetrante. O Doutor continua:

— Nada de bom nele, este é o Ladrão.

— Literalmente, o Ladrão?!

— Literalmente.

— Precisa ser extraordinário, o que ele roubava para se chamar assim?

— Muitas coisas, e de todos os tipos. Desde coisas pequenas e simples, até planetas, e então os-vendia. Usava um recodificador de matéria com substituição de mesma massa, e materializava isso. Consome muita energia.

— Você disse planetas, do que eram feitos, ouro?!

— Água.  Mas não é só isso, ele é o um dos irmãos de Rassilon.

— Legal... Quem é Rassilon?!  - Pergunta desentendida.

— O presidente.

— Pensei que fosse Romana!

— A história de Gallifrey  é muito confusa, e faz tempo que eu estive aqui, sou o Doutor, não o Eric Hobsbawm!

— Ou Mary Del Priore.

— Mas Rassilon, sempre teve vergonha disso, então apagou isso de todos os livros de história e bancos de dados. Quase ninguém sabe atualmente, e o Ladrão sumiu. Talvez morto... Tinha muitos inimigos.

— "O Ladrão sumiu", sempre é assim.

Grace, olha para cima, e percebe que há um quadro no lado direito faltando:

— Veja isso, está faltando um quadro. De quem será que era?

— Não tenho ideia, de algum qualquer por aí.

— E o seu quadro, Doutor, onde está? Espero que no lado dos bonzinhos.

— Acha que eu teria um? Por que teria? Prefiro calças sônicas, são muito mais úteis. Agora vamos, a presidenta deve estar com saudades.

— Uuu saudades... Você tem uma agenda cheia.

O Doutor, não entende aquele tom, mas, acaba ignorando. Ele e Grace, continuam até o final do corredor. Chegando assim, em um grande salão antecessor da sala presidencial.

***

Neste salão, poucas pessoas circulavam por lá, e o Doutor e Grace, não avistam Tridaro, porém, o Doutor já sabendo o caminho, resolve prosseguir por contra própria.

— Tridaro demorou, onde deve estar? - Pergunta Grace.

— Não sei, mas se estivesse atrás da porta seria um clássico! 

— Já vi isso em um filme. Os mordomos sempre são os culpados por uma tragédia no final.

Enquanto o Doutor e Grace passavam, um jovem garoto esbarra na doutora terráquea. E deixa cair alguma coisa, um objeto parecido com uma espécie de mini motor, porém, muito complexo. Pegando o objeto desconhecido, Grace avisa:

— Garoto, você deixou cair isso.

— Obrigado. Desculpa por esbarar em você. - O garoto, pega o objeto, e vai até um senhor, sentado de frente a uma mesa.

— O que era aquele aparelho? - Pergunta Grace ao Doutor.

— Um retençarisador de fissão. Mas não sei por que ele precisaria, ele não tem mais idade para brincar com um daqueles!

— Não é para ele, é para o profeta louco. Está sempre precisando de mais bobagens, pede aos estudantes para montarem um disseminador de matéria. - Respondia uma voz feminina, logo atrás da dupla.

— Romana! - Exclama o Doutor, se virando para ela.

— Bem, se eu não for, tenho quase certeza disso. Não tive paciência, e vim busca-lo. Regra numero 1, nunca deixe uma garota esperando.

— Então você é a presidenta agora?

— Sim, roupas horríveis e um cargo legal, é uma boa combinação. E você, continua muito bem acompanhado. Quem seria ela, é humana?

— Sim, por quê? Isso é algum problema?  - Perguntava Grace, em tom sério.

— Ainda não, adoro humanos, tem um jeito engraçado de descreverem coisas que não existem. 

Grace, franze a face desentendida.

De repente, o Doutor, Grace e Romana, percebem que o velho senhor sentado de frente a mesa, não está nada bem. Estava aos berros, como se estivesse tendo um ataque. Gritos, tapas na mesa, chacoalhar de cabeça, tudo ao mesmo tempo.

— O que aquele homem está tendo?! - Aponta Grace o indicador.

— Aquele é o profeta louco, deve estar tendo apenas mais uma visão. - Responde Romana.

— Vocês ainda acreditam em oráculos?! Achei que fossem cientistas.

— Ele recebe todos os seus preceitos através do próprio tempo, o tempo ressoa tudo que ele precisa saber direto em sua mente.

— Aquele profeta, comentou sobre a profecia também? - Questiona o Doutor.

— Sim, ele foi um dos primeiros. E está a meu serviço.

— O tempo lhe disse algo, mas o que seria?  Vamos analisar isso de perto, garotas. - Pede o Doutor já indo.

— Você é muito curioso, com certeza ainda vai morrer disso! - Avisa Grace.

— Regra numero 10, nunca ignore nada. - Advertia Romana.

— Vocês são veteranos!

O Doutor, Grace e Romana, vão até o profeta. Onde ele, está aparentemente conversando sozinho, e escrevendo vários pergaminhos. Pergaminhos pelo chão e pela mesa, todos rabiscados, e ao seu lado, estava o disseminador de matéria, porém, ainda inacabado.

— O que os ventos do destino te sopraram hoje? - Indagou a presidenta ao velho.

O profeta, continuava escrevendo os pergaminhos muito rapidamente, e com mãos bastantes tremulas, encarando com o rosto curvado a mesa. E sussurrava bem baixo como se estivesse falando com alguém.

— Isto se parece uma arma, é perigoso? - Pergunta Grace, sobre o disseminador de matéria.

— Se usado da forma errada tudo pode ser uma arma. Serve para enviar objetos através do espaço - Responde o Doutor.

— Então é um meio de transporte, por que ele precisaria disso? - Questiona Grace.

— Talvez a história do relógio. - Aponta O Doutor.

— Talvez, ele disse que isso seria para momentos de aflição, não consigo pensar mais nada, a não ser nisso. - Presume Romana.

— Então ele pode nos ajudar. Ajudar a saber o que significa isso, e descobrir o que aconteceu com a Terra! - Lembra Grace, esperançosa.

— O que aconteceu com a Terra?

— Acha que é assim tão fácil? Confia nele?! - Indaga o Doutor, contrario.

— É só o que temos, preciso saber se tudo vai ficar bem novamente! - Defende a humana. 

— Bem, bem... Nada bom, nada bom, o caminho vai se abrir... O caminho vai se abrir. - Dizia o profeta, enquanto o Doutor , Grace e Romana, o-encaram assustados.

— O caminho?

— De que caminho está falando? Eu já passei por ele? - Pergunta o Doutor.

— Você não, você não... Ele vai se abrir, vai abrir, vai abrir...

— Bem, se ele vai se abrir, então... O que vai passar por ele? Uma nave? Uma carroça? Uma trupe de circo? O John Ryder daquele filme?

— Fale sério, Doutor. - Pede Romana.

— Outros, outros... Vai passar, vai passar, vai passar...

— Então me fale, pode confiar em nós, somos amigos, dois doutores e uma presidenta, o que poderia ser melhor?  E eu e Grace somos dois idiotas! - Brincou o Senhor do Tempo. 

—Você é idiota! - Protestou a humana. 

— Confie em mim, pode me falar. Quem ou o que está vindo? - Inclinava-se o Doutor de frente ao profeta.

— Confie no Doutor, e conte o que sabe. Você está sob as minhas ordens. - Ordena a Romana. 

O profeta, para. E encara com olhos assustados e desesperados ao Doutor. Ele se curva novamente, e continua a dizer com uma voz agonizante:

— O fogo, o fogo, o fogo, o fogo, o fogo, o fogo...

— Ok, fogo. Pelo menos já sabemos que é algo perigoso. - Comenta Grace, assustada.

O Doutor, se afastava do profeta, que continua sussurrando e apertando a sua cabeça, como se ela estivesse doendo. 

— Coitado deve ser horrível ser assim, tantos pensamentos fervendo a sua mente, acho que ele nem ao menos consegui dormir. - Comenta Grace, com a comoção humana.

— Sim. - Responde o Doutor, bastante pensativo.

— Acho que os relógios do tempo final acabaram de tomar corda. Preciso lhes mostrar algo, venham comigo. - Pede a presidenta. 

E então, sem mais delongas, prosseguem o Doutor e Grace junto a Romana, para a sua sala.

***

Lá dentro, havia uma grade e branca mesa com um circulo brilhante de vidro ao centro. Romana se vira à mesa, e ativa uma animação holográfica do ponto em colapso.

— Sala legal! Que horas servem o café? - Pergunta o Doutor, olhando em volta.

— Existe café em Gallifrey?! - Grace indaga confusa.

— Sim! - Afirma romana impaciente. — Vamos aos negócios. Vejam isso, este é o câncer do universo, nesta área...  Tudo está em declínio. Tempo, espaço, matéria e energia, tudo está em pura degradação.

— Sim, eu e Grace estivemos lá, fica perto de uma base Sontaran, eles foram muito hospitaleiros.

— Mas o que exatamente causa o ponto em colapso? - Pergunta Grace.

— Boa pergunta doutora. - Elogia o Doutor.

— Uma fenda. - Romana amplia a imagem, e revela a fenda. O Doutor encarava bastante sério para aquela visão.

— Nenhuma fenda faz isso, está errado.  - Observava o Doutor.

— O que é esta fenda?  - Grace pergunta, pondo os seus óculos e cruzando os braços.

— Uma fissura no tecido do espaço tempo, uma ruptura pã dimensional.

— Mas não qualquer fissura, Doutor. Esta, é entre dois universos, se chocando um contra o outro. - Revela Romana.

— Como vocês podem ter certeza? 

— A matriz de Gallifrey. Ela aponta esta possibilidade em muitas alternativas. E a nossa sonda obteve dados que apontam uma energia desconhecida deste nosso universo. Só pode ser exterior.

— Como dois universos poderiam estar se chocando? Isso nunca aconteceu! 

— Oouh, Doutor isso é maravilhoso! - Afirma Grace bastante entusiasmada.

— "Maravilhoso"? Você bebeu o lustra moveis da TARDIS?!

— Entenda, aquela mensagem que seguíamos veio direto do ponto em colapso, onde existe uma fenda entre dois universos. Nós seguimos aquela mensagem até chegarmos na Terra. Então...

O Doutor surpreso, franze a testa arregalando os olhos. Grace termina:

— O meu mundo está a salvo!

— Sim! - Berra o Doutor nostalgicamente, e abraçando Grace.

— Vocês estiveram lá? De que mensagem estão falando? - Romana estava por fora do assunto. 

— Recebemos uma mensagem de mim... Para mim mesmo. Achei que era o meu futuro, mas agora acabei de descobrir que se trata de uma versão paralela.

— Por que você faria isso? Você conhece as nossas regras.

— Eu também não sei, você sabe, eu nunca quebraria elas!

Grace cutuca o Doutor.

— Para pedir ajuda talvez, o meu planeta estava desolado, uma invasão Dalek aconteceu. Mas chegamos atrasados. - Respondia Grace em tristeza.

— Aquele é um universo satélite, é o que nos diz a matriz. - continua Romana.

— Quer dizer que é como a lua da Terra? Então é um universo menor que acompanha o nosso. Mas não poderiam se chocar! A lua só não atinge a Terra por causa de seus campos magnéticos, os universos não deveriam possuir um também? 

— Sim, deveriam. E é isso que me incomoda. Amenos, que algo impossivelmente poderoso esteja forçando um contra o outro. - Respondia o Doutor.

— Mas percebi que você escolheu bem Doutor, ela é inteligente. - Elogia a presidenta. 

— Sim, mas ela é muito difícil.

— Mas compenso o esforço. - Retruca a humana. 

— Vocês disseram os Daleks, então isso pode ser obra deles! - Aponta Romana.

— O caminho está se abrindo e o fogo irá passar, é a profecia... Mas ninguém sobreviveria passando por uma fenda como essa. - Teoriza o Doutor. — Não há sentido, os Daleks são inteligentes, essa história está mal contada.

— E essa fenda não pode ser fechada?  - Pergunta Grace a Romana.

— Aqui em Gallifrey temos tecnologia para isso, nós já fizemos várias vezes, e então, ela continua a se abrir. Os Sontarans estão nos acusando de sermos os responsáveis. Viram a nossa sonda nas proximidades, e outra coisa também. Agora adivinhe o quê!  - O Doutor pensava, mas Romana o-interrompe. – Sim, vocês apareceram lá. E hoje os Sontaran virão até aqui para uma discussão!

Neste momento, Tridaro entra na sala presidencial, com uma informação para Romana:

— Senhora presidenta. Os Sontarans informam que querem vir às 6:30 da tarde, e nós devemos estar desarmados, enquanto eles virão com duas frotas. Foi uma exigência que me informaram na sala 7. Demorei... Discutindo.

— Ótimo, estou morrendo de ansiedade para recebe-los.

— Nós não percebemos a fenda da última vez! - Diz Grace surpresa.

— Foi há dois dias atrás, ela estava fechada, mas tinha uma leve cicatriz, e então se abriu novamente. Ela sempre esteve lá, mas era insignificante, e nunca havia apresentado problemas.

— A matriz disse tudo o que vocês precisavam, então por que ainda me querem aqui? - Pergunta o Doutor a Romana.

— O de sempre, uma missão.

— Eu não faço mais isso, aquele acordo já acabou há muito tempo!

— Sim. Mas pensei que poderia confiar em meu amigo. - Dizia Romana, com olhos profundos, mas eu seguida, franzia a testa, e se curvava incomodamente, como se estivesse sentindo fortes dores de cabeça.

— Você está bem, senhora? - Pergunta Tridaro, preocupado.

— Sim, não foi nada, já passou.

O Doutor percebe aquilo, mas ignora também. Observando aquela cena, ele encara Romana com um olhar bastante sério.

— Tudo bem, tudo bem... Mas não vá se acostumando só por que é uma presidenta agora!... Eu estou com você. - Colabora o Doutor. 

— O tempo final está chegando meu amigo, e a que estamos nós... No final. - Romana estendia a mão ao Doutor, para um aperto. Apertando as suas mãos bem fortes, sorriam juntos. – Obrigada.

— Mas o que exatamente querem que o Doutor faça? Entrar em uma fenda assassina para outro universo e correr o risco de morrer?! - Deixa Grace a questão. 

— Ele está proibido de morrer, e uma TARDIS pode resistir a essa viagem.

— Aquele é outro universo, a minha TARDIS quase foi morta, não tinha a energia correta. Isso foi antes de vocês nos hackearem. Ela só resistiu alguns minutos porque estes dois universos devem compartilhar um pouco da mesma energia. Mas, ela vai morrer!

— Vamos por um laço de energia ligando a sua TARDIS e Gallifrey, enquanto a fenda estiver aberta, a sua TARDIS viverá.

— É como um tipo de cabo de alimentação? - Pergunta Grace.

— Exato. - Responde o Doutor.

— A missão de vocês será descobrir se essa anomalia que é a fenda é algo natural ou proposital, e tentar resolver isso.

— Então, Doutor... Nós vamos? - Grace possuía curiosidade.

Olhando para ela, com uma expressão bastante séria, respondia o Doutor franzindo as sobrancelhas:

— Claro que sim! Você achou que eu resistiria? - O Doutor e a humana sorriem juntos, e completa ele. – Mas não na minha TARDIS.

— E qual o problema com a sua TARDIS ? - Questiona Romana.

— Ainda está muito abalada, coitada, precisa dormir um pouco. E encontrem um bom travesseiro, uma caneca com leite e uns bolinhos.

— Para quem você está pedindo isso? Você ou a TARDIS? - Pergunta Grace, confusa.

— Ambos, gostamos de conforto!

— Havia me esquecido do seu humor, mas sabia que mesmo mudando, continuaria o mesmo. Vocês podem ir em outra TARDIS, venham comigo. - Pedia a presidenta.

O Doutor e Grace, então seguem Romana e Tridaro, retirando-se da sala presidencial e percorrendo os corredores até as escadarias.

***

Eles continuam andando, até, que chegam na pista de materialização. Algo que seria como um estacionamento para as TARDISes. Enquanto vão andando, o Doutor e suas amigas continuavam conversando, e nestas conversas, Romana pergunta a Grace:

— Quanto tempo faz que vocês estão viajando?

— Já há um certo tempo. Comecei depois daquela vez que o Adam e o Mestre sequestraram os outros amigos do Doutor.

— Eu também estava lá.

— Eu não me lembro de você!

— Correntes temporais, bagunçam as nossas memórias.

— Ah! Sim, com certeza... Correntes temporais. - Grace finge entender.

— Como você se tornou presidenta? Onde está Rassilon? - Pergunta o Doutor.

— Rassilon está em uma conferência, em Lisarium-B2, junto de Irving e Leela. Assuntos sigilosos. Então, eu fui promovida como presidenta temporária. Talvez um dia você poderia se tornar um também, mas, você não teria paciência para aquelas reuniões.

— Sim, eu odiaria. Eu votaria em você, está gostando?

— Tenho Gallifrey apenas há três dias, não tive tempo para me apegar. Mas sim, tenho grandes ambições.

— E os Sontarans, ansiosa para uma visita ilustre dessas? Batatas.

— Mal posso esperar. - Romana sorria maliciosa.

O Doutor para com Grace, e Romana, continua seguindo em frente. O Doutor, com um olhar desapontado questiona:

— Sabe quando faz tempo que você viu um amigo, e então quando você o-reencontra ele parece outra pessoa, mesmo você sabendo que não?

— Sim, também já passei por isso. E Doutor, eu queria pedi-lo para não irmos. E se nós não pudermos realmente confiar nela? E se essa missão for uma armadilha?

— Sim, e se for, e se não for. Sabe qual é o maior problema das armadilhas?

— Um mal planejamento estratégico?

— Me por dentro de uma.

Grace sorri, e de mãos dadas com o Doutor, continuam em frente.

O Doutor e Grace, chegam próximo até onde Romana está. Romana, os-espera de frente de uma TARDIS tipo 40, em sua forma original, e junto com alguns soldados, oito no total. Mas, o Doutor antes de ir até Romana, para novamente junto com Grace, e diz a ela:

— Grace, eu vou precisar que você fique.

— Por quê? Eu não estou com medo, aquilo era só pra ter certeza de que isso era a coisa certa!

— Eu sei, mas não é por isso.

— Já sei... Típico! O homem vai à guerra e a mulher fica em casa. Eu quero te ajudar!

— E você estará ajudando, se ficar aqui. Preciso de olhos e ouvidos, você será eles. Podemos nos comunicar pela TARDIS, pus a chave dela em seu casaco. - O Doutor dizia em voz baixa.

— Tudo bem, mas por que isso tem que ser assim agora?

— Não confie na presidenta, já se esqueceu?

— Tudo bem, não sei se votaria mesmo nela. Apesar de ser um sonho encontrar representatividade feminina nesse tipo de cargo.

— Aqui, fique com a minha chave de fenda sônica também. - O Doutor, estendendo a chave de fenda sônica sutilmente escondida em mãos,  passava a Grace.

— Você pode precisar, fique você com ela!

— Você estará sozinha, isso pode lhe ser útil em muitas coisas.

Grace, suspira relutante, mas aceita a ferramenta:

— Tudo bem, eu fico.

— Obrigado. - Emocionados, abraçavam-se os dois amigos.

— Volte vivo, ok? Eu não quero te ver morrer de novo.

— Farei o meu possível, mandarei um telegrama.

— Porque se você morrer, eu irei te bater tanto que você irá se regenerar.

— Gostaria que você tivesse essa capacidade.

O Doutor, avista a sua TARDIS ali ao lado, de onde ele e Grace estão, e então, com todo o seu carinho possível, abraça-a.

— Fique bem sua garota sexy!

— Sexy! Como você pode pensar isso de uma caixa?

— Eu acho, você não?!

— Não!

Depois disso, seguiam para Romana. O Doutor, levantando o braço de Grace pela mão, dizia em voz alta:

— Romana, Grace será a minha representante. Agora ela será a Doutora doutora Holloway, escutem tudo que ela disser, e sempre a respeitem.

— Tudo bem, ainda que inédito em nossa história, continua sendo cabível. - Responde Romana.

— Se alguém a ofender ou machuca-la... Então é melhor correr muito.

— Ninguém fará isso. Não se preocupe, Gallifrey conhece a sua fúria, meu amigo.

— Vamos continuar, não quero ninguém discutindo por minha causa. - Pede Grace.

— Sim. - Confirma Romana.

— E esses soldados, para que eles? - Questiona o Doutor.

— Seus reforços, não sabemos quais podem ser as forças hostis que irá enfrentar. Sei que é um numero ridículo, mas é o numero padrão para uma missão como esta.

— Não quero nenhum.

— Mas vai precisar, então não venha com moralismo.

— Eles tiveram escolha? Vocês tiveram escolha? - Os soldados não entendem até onde o Doutor quer chegar, e o encaravam com olhares tortos.

— Este é o dever deles, eles não tem direito de escolha.

— Você mudou.

— Não, você é quem continuou se regenerando. - Enquanto o Doutor olhava profundamente nos olhos de Romana, ela apenas o-encarava fria.

— Romana, me responda com verdade... Eu posso confiar em você?

Ela, permanece em silencio por alguns segundos. Depois de inclinar o seu queixo, ela respondia-o em um tom extremamente sério:

— Eu confiei em você por muitos anos de minha vida enquanto estávamos juntos, agora é a sua vez de confiar em mim. Não há o que temer. Agora vão.

— Romanadvoratrelundar, não faça nada que eu não faria, por favor.

— O que por exemplo, Explodir tudo? Pode deixar.

— Grace, boa sorte. Seja inteligente e esperta, corra rápido e regra número 10. - Se virando, entrava o Doutor em uma TARDIS junto com os seus não desejáveis reforços.

— Sim, farei o meu possível. Não se esqueça, que você vai apanhar muito se não volta vivo. - Despede-se a humana.

Olhando para trás, o Doutor sorria com a visão. 

Mas, porta da TARDIS se fecha, e logo, se desmaterializa, soprando uma leve brisa, e sacudindo os cabelos de Grace, enquanto ela, encarava preocupada a despedida.

— Senhora presidenta? - Chamou o secretario.  

— Sim, Tridaro.

— O profeta louco tem mais uma previsão. Acabei de receber esta informação no meu computador de pulso.

— E o que ela diz?

— Que algo desaparecerá.

— Algo? O que poderia ser? - Entra Grace na conversa.

— Não sei, teremos que esperar para descobrir. - Responde a presidenta.

Ela se vira, e com um sorriso malicioso, encarava a Grace:

— Guardas! Levem esta humana até alguma cela escura.

Grace, não entende, sua reação é apenas uma face de puro pânico e decepção.

— Tranquem-na.

— Mas o que isso significa? Por que você faria isso? - Estava Grace apavorada.

— Humanos! São tão inocentes. Tirem o casaco dela também, ele pode esconder ferramentas úteis para a sua fuga.

— O Doutor confiou em você. Por que está fazendo isso? Ele também é seu amigo! Me soltem! - Exige nervosa.

— Cale-se! Eu poderia muito bem mata-la agora. - Quando então, Romana se inclina com uma expressão de dor, a sua cabeça deveria estar terrivelmente dolorida. – Mas prefiro deixa-la viva, posso usa-la como um recurso no futuro.

Dois guardas, tiram o casaco de Grace, e a seguram brutalmente por seus braços. Tridaro, apesar de aparentar não gostar muito dela, demonstrava estar bastante chocado com aquela cena. Ele questiona:

— Senhora Romana. A senhora acha que isto é mesmo necessário?

— Está questionando as minhas decisões? Você não é pago para isso. 

— Perdão senhora, isso não vai se repetir.

Com um olhar farpante, Romana encara a Tridaro.

— Romana... Por favor, me solte, você não precisa fazer isso... Me conte o que há de errado... Romana!  - Pede Grace gritando, enquanto é carregada pelos guardas.

— Agora vamos, Tridaro, ainda tenho uma reunião com as batatas.

— Sim senhora. Irei preparar a sala.

Romana, parou por um instante, e encarou a velha cabine azul, como se precisasse se lembrar de algo. Porém, não sabe o quê. Ignorando isso, Romana prossegue junto a Tridaro de volta ao capitólio, enquanto Grace, é levada a força. E no vórtex, a TARDIS da missão, avança grosseiramente, até chegar na fenda, e adentrar aquela passagem da destruição.  

  

 


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Notas finais do capítulo

Uma pergunta sincera, vocês acharam que este capítulo foi sobrecarregado de informações? se tiver sido, mesmo assim ele teve algo de bom?
Rassilon, foi citado nesta história como vivo, para quem entende bem disso parece meio errado, mas é que realmente a história de Gallifrey é muito complicada. Fui me informar disso, e até mesmo nas fontes de pesquisa existiam duvidas e incertezas.
Romana como presidenta é algo que existe no universo expandido. Em uma animação do EP Shada, Romana e o oitavo Doutor se encontram, e ela é a presidenta.
O acordo que o Doutor disse que tinha acabado, era aquele acordo que o segundo e terceiro Doutor faziam de vez em quando com os Senhores do Tempo. O terceiro teve algumas destas experiencias e o segundo também, até o quarto ja passou por isso em Genessis of the Daleks. Os personagens Ladrão e Devorador, não são personagens originais da série, eu inventei e depois fui me enformar se existiam senhores do tempo com esses nomes, e não encontrei nenhum desses. O corredor da distinção, também não existe na série, tive que inventar isso pra ser uma forma criativa e interessante de apresentar estes personagens. O personagem Tridaro, esse nome dele já existe, e não significa "aquele que trai", eu achei que tinha criado o nome, porque eu fiz o anagrama da palavra " traidor" então gerou Tridaro. Mas fui pesquisar e já existiam coisas com esse nome. O John Ryder que o Doutor falou, é um personagem de um filme chamado A Morte Pede Carona (The Hitcher). Eric Hobsbawm, é um históriador ingles, e Mary Del Priore uma históriadora brasileira. O capitulo 3, foi o que eu mais estou gostando até agora, se você tiver gostado deste e do primeiro capítulo, com certeza gostará do 3.