Venha Comigo. volume 1: Uma Sombra de Gallifrey escrita por Cassiano Souza


Capítulo 4
Eu sou seu fã


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo, acontecerá a revelação mais relevante até agora dentro da história, que está ligada com várias coisas, mas não será a revelação do Tridaro, será outra coisa, outra revelação muito diferente.
Drama, Revelações, Amizade, esses serão alguns dos pontos neste capítulo. E o Doutor fará algo talvez... Chocante, mas isso será discutido neste capítulo, mas de forma leve e rápida.
Haverão momentos onde eu irei usar o termo (nossa Gallifey) isto será porque eu estarei me referindo a Gallifrey do universo da série, para diferenciar da Gallifrey paralela.
Boa leitura!!!



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Na escura e velha sala cheia de velharias, estavam Grace e Rustch, observado curiosos ao ambiente. Porém, não basta estarem escondidos, eles, tem uma missão a cumprirem. Rustch, indo em direção a uma velha e fechada porta, indaga:

— Temos que descobrir onde estamos. Vamos continuar?

— Sim, não podemos perder mais tempo nos escondendo. Conheço alguém que pode nos ajudar.

Grace e Rustch, juntos empurram a porta, que de tanto tempo já fechada, parecia emperrada. Após a porta, estava um extenso e solitário corredor, cheio de outras portas, para outros cômodos e ligações para outros corredores, e em uma de suas paredes haviam enormes janelas e uma escritura indicando: Andar 40/Bloco B/Ala 3. Rustch, olha por uma das janelas, e percebe pela visão de onde está que o local onde eles estão é em algum lugar no senado. Desta janela, ele avista todos os prédios logo embaixo, as praças, e bem mais acima deste ponto, as naves Sontarans.

— Grace, conseguimos! Estamos no senado, assim como queria.

— Oh, brilhante! Um tiro no escuro, mas... Bem na lata.

— Mas tem algo de ruim sobre isso. Estas passagens das estatuas não são conhecidas pelo publico, porém pela a patrulha... Por motivos de segurança, com certeza são! Já devem estar vindo para cá.

— Mesmo assim, temos que tentar! Tem um cara que me odeia, e não acredito que vou ter que admitir isso, mas... Preciso dele.

— Era o que a minha avó sempre dizia ao meu avô quando ela era homem.

Grace tentava entender. E depois de descobrirem onde estão, prosseguem eles adiante pelo corredor.

***

Após o corredor, Grace e Rustch chegam em uma longa escadaria em espiral, e observam indispostos a sua extensão.

— Odeio escadas. Neste planeta não existem elevadores?! - Murmura Grace.

— Existem, mas... Tenho uma boa noticia. Não vamos mais precisar usar as escadas! - Diz Rustch em pânico, olhando para baixo.

— Não?! Você tem alguma outra alternativa?

— Não, mas a patrulha deve ter. - Ele aponta o indicador, e 4 patrulheiros subiam as escadas. – O que dizem na Terra em uma situação como essa?

— Droga! Espera, não podemos prosseguir, mas... Podemos voltar para trás.

— Eles também irão!

— Sim! Rustch, você é um gênio!

— Entendi, é outro plano maluco.

— Você resume muito bem, sabia?

Grace e Rustch, então correm silenciosos, de volta para o corredor de onde vieram, e a patrulha, ao termino da subida, logo avança até lá. No corredor, apenas um enorme vazio silencioso habita. A patrulha percebe que enquanto várias portas estão trancadas, há uma apenas encostada. Significando assim, ser aquela a sala por onde eles atravessaram para o senado.

— Deve ser ali. Eu e Jhard vamos checar internamente, e vocês dois vão para os outros corredores. Se não acharmos eles, pedirmos reforços. - Diz um dos homens da patrulha.

Dois dos patrulheiros, prosseguem para a porta, enquanto outros dois, vão para um outro corredor. Entrando na velha e escura sala, logo a porta se fecha, e os dois homens não entendem aquela situação. Do lado de fora, Grace e Rustch comemoravam sorridentes em um abraço. Pois, o plano havia sido se esconderem em uma sala qualquer, e deixar a patrulha ir até a sala suspeita, e então, depois disso, tranca-los.  

De dentro, os patrulheiros empurravam a porta, mas, nada adiantava, Grace havia travado as trancas de abertura, com a chave de fenda sônica.

— Quem trancou isso? - Questiona um dos patrulheiros.

— Nos deixe sair daqui, vai ser melhor para vocês. Não há alternativas, existem patrulhas por todo o senado! - Avisa o outro.

Do lado de fora, Grace e Rustch escutavam os avisos, porém, nada respondiam. E como um último ato de resistência, se escondem na outra sala ao lado de onde estavam, e travam a porta. Nesta outra sala, onde Grace e Rustch agora se encontram, era também cheia de velharias, escura e bem menor, muito parecida como uma espécie de deposito, para as ferramentas do senado.

Sentados no chão e um de frente para o outro, Grace e Rustch conversavam.

— Eu ainda não desisti, nós ainda temos que tentar mais alguma coisa. - Diz Grace.

— Mas o que mais poderíamos fazer? E quem é mesmo o cara que você quer encontrar?

— Tridaro. Secretário e argente particular da presidenta. Preciso me comunicar com ele de alguma forma, preciso pedir ajuda. Ele não foi com a minha cara, mas... Ele não concordou com a atitude da presidenta. Então talvez ele possa nos ajudar.

— Como poderíamos nos comunicar com ele? Estamos em um armário cheio de porcarias. Amenos... Que achemos alguma porcaria útil!

Grace, olha distraída para Rustch, e percebe que de trás dele, estava um objeto aparentemente interessante, com uma enorme tela e cheio de botões. Grace, suspira confiante e pergunta:

— Rustch, você é bom com computadores, enviar mensagens ou... Programas complicados?

— Sim, aprendi com o meu avô, fazíamos manutenções básicas desse tipo, e até de computadores de TARDIS! Mas por que a pergunta?

— Porque meu querido Rustch, você é a nossa última esperança. E se não conseguirmos isso que eu estou pensando, então... Como dizem na Terra; estamos ferrados! 

— Se for algo complicado pode ser que eu não consiga!

— Mas... E com a ajuda de um certo aparelho extremamente quebrador de regras? - Exibia a chave de fenda sônica, entregando-a a Rustch. – Você sabe como funciona?

— Claro que sei! Sou obcecado por tudo o que envolve o Doutor! E eu a-estou segurando, olhe a luzinha! - Rustch com a chave sônica já em mãos, transbordava de nostalgia.

— Ok, pode parar para babar depois?! Vamos ao trabalho.

***

Imerso na clareira que se formou na neblina devido ao massacre, o Doutor, continuava ajoelhado e inconformado entre os cadáveres. E à sua volta, três Daleks de prontidão encaravam-no. Com olhos carregados de um massivo ódio, o Doutor olhava ao redor, e esfregando o seu rosto, pergunta com uma voz cansada:

— Por que eu ainda estou vivo?

Os Daleks, encaram-se em silêncio. o homem continua:

— Vocês tem ótimas miras, teriam me matado se quisessem. no entanto, eu estou aqui... Vivo.

— Você é o Doutor, você é um recurso. - Responde um dos Daleks.

— Recurso?! - O Doutor, gargalhando se levanta. E em voz séria, responde. – Eu não sou o Doutor. O Doutor morreu em Londres no planeta Terra, em 2004.

— Incorreto! Você é a quarta forma do Doutor. O seu futuro morreu, mas a sua versão passada pode ser utilizada como instrumento de estratégia.

— Tentem a sorte. O Doutor também tinha o meu rosto? Então olhem bem para ele... - Os Daleks observam sem entender. – Este é o rosto de quem mais odeia vocês em todo o espaço-tempo, o rosto de quem os-destruiu e sempre irá destruí-los, e isso, agora será feito novamente. - O Doutor, olha para as armas no chão. – Ou vocês exterminam a mim, ou eu os-exterminarei. Assim, nada de recurso, e nada de... Gentileza. Sou a tempestade iminente, e... Terei que mata-los. - Lagrimas, se mostram presentes em seus olhos.

Os Daleks, encaram-se pensativos, e depois se viravam ao Doutor. Um deles exclama feroz:

— Você não precisa ser exterminado! Podemos apenas paralisar o seu sistema nervoso!

O gallifreyano, rapidamente se agacha ao chão, e saca duas armas. Em cada uma de suas mãos, uma arma estava portada, e apontada aos Daleks.

— Neutralizar o Doutor! - Um pequeno brilho poderia ser visto de dentro das armas dos Daleks, e o Doutor, determinado respira fundo.

Quando de repente, uma voz masculina adulta, animada, e cheia de deboche, é transmitida por um dos Daleks. E assim, aquela situação acaba sendo interrompida. Dizia a voz:

— Tudo bem, corta! - A voz gargalha. – Podem parar agora. Adorei esta cara que você fez, Doutor, vou tirar uma foto dela e guarda-la em meu álbum.

O Doutor, olhava envolta, mas, não entendia quem poderia estar por de trás daquela algazarra. Ele questiona:

— Como um Dalek pode estar sendo dublado por uma voz comum?! Onde está você?

— Bem... Eu estou um pouco longe daqui, quer dizer... Daí. E é claro que é possível dublar um Dalek! É só acessar a sua fonte interlocutora. Admita... Também sou um gênio.

— Essa voz cheia de deboche... É você, Mestre?

— Sim e não. Não, eu não sou o Mestre. Mas, sim, eu sou o mestre dos Daleks.

O Doutor, ainda não entende:

— Essa não é a voz que eu conheço, mas então com quem eu falo, é você, Davros?

Com isso, a misteriosa voz ria sem medidas:

— Davros?! Ora, me respeite, Doutor! Me confundir com aquele velho decrépito?! Francamente, isso foi ridículo. - Continuou rindo ela.

— Pare de rir! Qual é o seu problema?!

A voz cala-se. O Doutor respira fundo:

— Quem é você, e o que quer? Responda-me!

— Cuidado com o estres! Causa perda de cabelo, e... Você tem muito. Daleks, tragam o Doutor até mim. É um prisioneiro agora.

— Nós obedecemos. - Respondem os Daleks.

— E é todo meu. Como se sente, Doutor? - Pergunta a voz.

O Doutor, bastante sério, ignora a pergunta, e joga as armas no chão. Por trás dele, um dos Daleks o-empurra pelas costas, significando assim, que ele prossiga. O Doutor, então parte com os seus carrascos, com dois Daleks atrás, e um na frente.

***

Em nossa Gallifrey, Tridaro circulava pela recepção, afim, de organizar os preparativos da discussão. No seu computador de pulso, uma mensagem é recebida, e um agudo bip é escutado. Visualizando a mensagem, estava escrito: “Andar 40/Bloco B/Ala 3, sou o Doutor, não conte a ninguém”. Tridaro, se mostra curioso, e assustado ao mesmo tempo, porém, compreende o objetivo da mensagem, e parte para o tal local. Chegando lá, não havia ninguém aparentemente, e falando com uma voz alta e séria, diz ele:

— Eu sei com quem eu falo, e não é com o Doutor. Não sei como conseguiu me mandar aquilo, mas... Apareça. Pode confiar em mim, estou só.

De uma das muitas portas deste corredor, saía um jovem garoto, meio gordinho, usava óculos e tinha cabelos arrepiados.

— Nós só precisamos de um brilhante jovem Gallifreyano e uma certa tecnologia apelõna. Tínhamos um computador do senado cheio de registros também. - Diz o garoto, era o Rustch.

— Quem é você?!

— O nome dele é Rustch, mas pode chama-lo de Stch ou Rust, e o meu você já sabe. Oi secretário. - Dizia Grace, saindo da porta.

— Há soldados por toda a cidade, em busca dos fugitivos, incluindo vocês. Tenho muitos afazeres, seja rápida e diga o que quer. - Ordena Tridaro.

— Eu preciso de sua ajuda. É simplesmente isso. Você não parece gostar muito de mim, mas preciso de você. Porque... Há algo de errado com a presidenta, e você sabe disso.

— Não sei do que está falando.

— Sim você sabe, é claro que sabe. Você sente, você também já percebeu, ela não parece mais a mesma.

Tridaro desvia o olhar. Grace insiste:  

— Não estou te pedindo ajuda para não ser presa, eu só quero que você tente evitar que Romana faça alguma loucura na reunião.

Tridaro, suspira relutante, e se volta à janela. Observava ele, ao imenso céu cercado por naves:

— A cidadela está dentro de uma fogueira. 

— Sim. E cabe a nós evitar que o fogo seja aceso. - Completa Grace.

— Grace, os patrulheiros que prendemos ficaram quietos! Será que eles saíram pela passagem? - Questiona Rustch.

— Talvez. Mas isso não é mais um problema.

— E por que não seria, acha que eu irei intervir? - Pergunta Tridaro.

— Não. Mas já disse, isso não é mais problema. Já cumpri a minha missão.

— Você vai nos prender, num vai? - Pergunta Rustch, suando a testa.

Tridaro, permanece calado e pensativo frente a janela. No corredor, chegam neste momento, quatro homens da patrulha, incluindo, os dois que Grace havia prendido. Avistando Grace e ao seu cúmplice, um dos homens comenta:

— São estes dois dos 15 fugitivos, restam 7 agora. Senhor Tridaro, peço que afaste-se destes elementos, são hostis. Prenderam dois de nós.

— Não. Eles não são hostis. - Diz Tridaro, se virando para a patrulha. – E não são mais elementos.

— Claro que são, senhor. Não recebemos nenhum comunicado sobre isso. E foram capazes de nos enganar.

— Eles possuem liberdade presidencial.

— Mas não recebemos nenhum comunicado!

— Porque acabou de ser feito. - A patrulha continua apreensiva. Triaro prossegue. – Está duvidando da palavra do secretário e argente particular?! É melhor tomarem cuidado com as suas posições. - Os homens permanecem calados, estavam com certeza amedrontados.

— Certo. Avisarei aos outros. - Batendo continência, retiram-se os homens.

Grace e Rustch, se abraçam contentes, e logo depois, Grace corre para os braços de Tridaro, em agradecimento, abraçando-o forte.

 – Obrigada! Mas não precisava. - Diz ela.

— Não reclame! - Adverte Rustch.

— Não há de que, e não precisava me abraçar! Devemos determinar quais são os nossos laços vinculativos. - Avisa Tridaro, irritado.

— Tudo bem! Sem abraços então. - Afastou-se Grace. —Você me odeia só porque sou humana?

— Eu não te odeio. E se odiasse, não seria por ser humana, seria por... Ser estrangeira. Não confio em estrangeiros, nunca confiei.

Grace se mostra surpresa. O secretório, termina a história: 

— Foram estrangeiros que... Mataram a minha mãe. A única família que eu tinha.

— Sinto muito.

— Não sinta. Foi isso que me fez ser o que sou hoje. Fui entregue quando ainda bebê para a Sociedade Nomeadora do Destino, e por isso... Tenho este nome. Apenas hoje eu pude entender o seu propósito.

— Entendeu?! Nós não! - Grace e Rustch se olham desentendidos.

— "Tridaro", aquele que trai. Estou traindo a confiança da presidenta agora para ajudar vocês e o Doutor, não estou? E acho que mais disso se repetira hoje.

Grace, estende a mão a Tridaro, para um aperto, e ele, encara desconfortável. Rustch explica:

— Seja bem vindo a gangue. Aperte a mão dela, garotas da Terra são malucas na maioria das vezes, mas... São as melhores amigas que um Senhor do Tempo poderia desejar.

Revendo os seus conceitos, e abandonando os preconceitos e convenções sociais, Tridaro aceita o aperto, e deixava um leve sorriso escapar:

— Certo, agora precisamos ir, já são 5:40 e a discussão começará mais sedo.

— Vamos nessa. E precisamos de um nome tipo... Os três fantásticos! - Rustch exclama empolgado.

— Não, não precisamos. Mas as Três Espiãs Demais seria legal. - Diz Grace.

— Quem são? Não conheço.

— Coisa da Terra.

— Peço que mantenham-se cautelosamente longe da presidenta. Não chamem atenção. - Adverte Tridaro. 

— Sim, senhor, seremos como duas lixeiras no canto, não é Grace?

— Fique livre para tentar! - Corresponde ela. 

Grace, Rustch e Tridaro, então partem juntos por um teletransporte, do computador de pulso. 

***

Na recepção, Romana e muitos outros Senhores do Tempo estão de prontidão, a esperarem aos Sontarans. Enquanto Tridaro, já atrasado vinha à presidenta, em um canto no fundo, e atrás de algumas esculturas, Grace e Rustch escondiam-se. Romana, olhando desconfiada para Tridaro, pergunta-o:

— Por onde esteve, meu caro amigo?

— Acertando com a segurança. A amiga do Doutor foi... Presa novamente.

— Obrigada por seu esforço. Talvez você mereça um aumento.

— Não ousarei em discordar disso.

— E o Anel de Safira Negra, foi resolvido?

— Este caso ainda continua sem responsáveis, senhora.

Naquele instante, um enorme feixe de luz surge diante de todos na recepção. Havia sido a chegada da comitiva Sontaran, composta por Strov e outros dez indivíduos. Essa comitiva, vai até a comitiva de Senhores do Tempo. E enquanto todos esses Senhores Temporais curvam-se em saudações de boas vindas, Strov diz a Romana:

— Também me curvaria a você, mas... Acho que estou com um problema de coluna.

— Não há problemas. Desejo-lhe... Saúde.

Strov, encara-a sério:

— Eu agradeço.

— E que tal agora irmos aos negócios?

— Isso seria uma boa ideia, garoto.

— Então me acompanhe. E... Eu não sou garoto. Não ainda.

Strov, não entende, mas, prossegue junto a Romana e as comitivas, rumo a sala de reuniões. Do canto onde Grace e Rustch se escondiam, Rustch se mostra bastante fascinado com os ilustres visitantes.

— Sontarans, alguns dos inimigos clássicos do Doutor! Nunca vi um de perto, isso é tão empolgante. Adoraria ver um Dalek também.

— Sim, e depois ir parar em um caixão.

— Você é igual a todos os outros adultos! Sempre tentam me por para baixo, acham que tudo que eu busco é pura bobagem.

— Não! Eu não fiz isso. E o que eu disse é porque tenho experiências próprias com esse tipo de coisa. E já que entramos neste assunto, quero te pedir algo.

— Eu já sei. Vai pedir para eu ir embora.

— Vou pedir para você ir para quem te ama. Seus avós, seus pais, pense nisso. Pois se tudo der errado naquela reunião, então... É melhor terminar ao lado de quem gosta de você.

— Eu amo a minha família, sim, mas... Enquanto eles me mostravam o Doutor como um monstro, em todas aquelas histórias que o meu avô contava, eu conseguia ver o verdadeiro lado delas, e era lá onde eu me refugiava. Me refugiava, de todos os problemas que a minha família enfrentava, Rassilon não se importa com os pobres. E é isso que me faz estar aqui, agradecer ao Doutor.

Com estas palavras, Grace se mostrava sem jeito:

— Adianta dizer que vai ser perigoso?

— Só se for para me convencer cada vez mais de ficar.

— Legal. O Doutor vai gostar de você.

Rustch abre um enorme sorriso:

— Você acha?

— Sim, mas será insuportável dois Senhores do Tempo vivendo na mesma TARDIS! Minha cabeça irá explodir com vocês dois falando sobre as teorias gerais da relatividade o dia todo. - Grace e Rustch, sorriam juntos, esquecendo assim, a discussão.

***

Chegando na cidadela paralela, e ainda sendo escoltado pelos Daleks, o Doutor, presencia apenas destroços e ruínas do que um dia já foi uma viva e movimentada cidade. Olhando envolta, enquanto continua prosseguido, o Doutor também nota diversos cadáveres dos nativos Senhores do Tempo, espalhados ou empilhados no chão. O cheiro pútrido da morte, invada as suas narinas, e cada vez mais chocado, o Doutor se mostrava naquele ambiente.

— O que houve aqui? - Pergunta o Doutor aos seus carrascos. – Vocês fizeram isso?!

— Sim. Este é o triunfo do império Dalek! - Responde um deles, encarando o Doutor com o seu brilhante oculoide.

— Império?! Isso é dor, isso é sofrimento, é desgraça! Se um monte de escombros ensanguentados é o que vocês chamam de império, então... Como pretendem fazer alguém com a minha opinião ser um recurso para vocês?!

Os Daleks, sem compreensão, permanecem calados. Um diz:

— Nós não entendemos.

— Não. Não entenderam, e nunca irão entender.

A misteriosa voz, manifesta-se novamente em um dos Daleks, e dizia ela:

— O que os Daleks pensam é... Só uma outra forma de pensar, Doutor. Assim como você acha que isto tudo é errado, eles acham que isso tudo é certo. Por que não respeita os outros pontos de vistas?!

O Doutor, enche os seus olhos de ódio:

— Matar e destruir nunca será certo. Ou muito menos um ponto de vista.

— Você é tão hipócrita! Se parece até um pouco comigo. - A voz, riu altiva. — Você sacou duas armas, e ameaçou aos Daleks. E agora, se diz contra os doces sonhos deles? - O Doutor toma um olhar distante.  A voz prossegue. – O que sentiu naquele momento, teria mesmo coragem de extermina-los? Ou... O Doutor apenas blefava consigo mesmo?

— Ódio e raiva momentânea, esqueça aquilo, sou capaz de muito mais, eu sou muito mais. Eu irei te encontrar e te derrotar, e não precisarei de armas. E isso, é uma promessa.

A voz, gargalha intensa:

— Tudo bem, vou anotar para não esquecer! Agora, continuem, já estão bem perto da plataforma de teletransportes.

Prosseguindo, mais adiante o Doutor percebe que nem todos ali estão mortos. Pois, os Daleks são conquistadores, precisam de escravos. Homens, mulheres e crianças, todos, presos em jaulas, fitavam aos olhos do Doutor, enquanto ele, continuava prosseguindo ao lado dos seus conquistadores.

***

Na sala da discussão, em cada lado, havia uma enorme bancada cheia de acentos, e a frente de cada uma, um pequeno altar. Estas bancadas, se encontravam isoladas por um enorme vão profundo, com limites desconhecidos entre o meio delas. Isso, para evitar possíveis confrontos físicos, e além do mais, armas não funcionam nesta sala. Do lado direito, estavam os Senhores do Tempo, e do lado esquerdo, os Sonarans. Tridaro, já no altar direito, e sem mais demoras, inicia a sessão:

— Agora iniciaremos a discussão. Ela será feita da tradicional forma que sempre fizemos, se parece como um julgamento, mas, não haverão culpados. Cada líder, escolherá um representante de questionamento e defesa, e a senhora Romana, já havia me escolhido. Quem o senhor escolherá, senhor Strov?

— Eu mesmo serei esse negócio que você disse. - Responde Strov.

— Isso vai totalmente contra as regras.

Strov irritado, franzia a face.

— Creio que... Uma regra tão simples como esta, possa ser... Subvertida, Tridaro. - Diz Romana.

Tridaro, suspira relutante, mas, corresponde:

— Sim, senhora. Vamos continuar, agora faremos as apresentações. Eu represento a Senhora do Tempo Romanadvoratrelundar, atual regente temporária de Gallifrey.

— Eu sou Strov, numero 7945 da unidade de clones 38, e comandante principal da base secreta de testes bélicos Crânio Amassado, se encontra nos confins da galáxia Fratris.

— Obrigado pelas apresentações. Agora iremos para os tais casos a serem debatidos. Vocês Sontarans como sendo considerados vitimas, devem começar. Senhor Strov.  

— Com certeza. Mas acho que você deve se sentar filho. - Tridaro não intende. – Tenho muita coisa a dizer, então preparem-se, esta será uma longa conversa.

Romana, sorri maliciosa.

***

Na Gallifrey paralela, o Doutor e os Daleks, já perto da sala presidencial estavam. Era um ambiente exatamente igual ao que havia em nossa Gallifrey, porém, bastante depredado e mal iluminado. Já de frente à porta da sala presidencial, o Doutor questiona aos seus carrascos:

— Por que estamos aqui? Não me digam que o suposto mestre de vocês se acha um presidente.

— Avante.

— Ah! Vocês já chegaram? Entre, Doutor, você sabe, você é de casa. - Diz a misteriosa voz, ecoando pela porta.

Determinado, o Doutor abre a porta, e adentra à sala. Os Daleks, logo se retiram em prontidão para o lado de fora, restando apenas, o Doutor e o misterioso individuo. O individuo, estava encapuzado,  sentado atrás de uma mesa, e de costas para o Doutor. O capuz que trajava, era negro, e as demais vestes eram levemente acinzentadas, compostas por algum grosso tecido. O Doutor, encarava curioso e impaciente, para aquele que minutos atrás, demonstrava tanto deboche em suas palavras.

— Eu estou aqui. Não vai falar nada? O mundo acabou, e a minha paciência também.

O individuo ri um pouco, e depois, suspira profundo:

— Desculpe. Não sou tão tímido, na verdade... Nada tímido! Mas... Quando estamos na frente de nossos ídolos, é diferente.

— Ídolos?! Se mostre logo! Quem é você? - Exige irritado.

— Ok! Vamos acabar com o mistério. Mas, eu já lhe disse, cuidado com o estres. 

O desconhecido individuo, se vira com a cadeira que sentava. Era uma cadeira giratória, ele, baixa o capuz, e então, quando o seu rosto é revelado, vemos uma certa figura. Era um já maduro homem, magro, tinha aparência em idade humana no que seria nas casas dos 40 a 50 anos. Usava um pequeno bigode, tinha cabelos loiros meio grisalhos, nariz afinado, lábios finos, e com um intenso olhar penetrante.

— Olá, Doutor. Eu sou o Ladrão. E... Eu sou seu fã.

Olhos fixos, sobrancelhas em pé, e uma face estática, esta, é a expressão do Doutor. Enquanto o Ladrão, sorria alegre e provocante. 

 

 


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Notas finais do capítulo

NÃO, O RUSTCH NÃO É O LADRÃO. Você se confundiu?
O Ladrão é um personagem de autoria minha, e eu já apresentei ele na historia, lá no segundo capítulo, usando o corredor da distinção. Eu não queria por um vilão da série como o Mestre, Davros ou só Daleks, porque como esta história já é bem genérica, ficaria ainda mais usando um deles, seria muito previsível. Então criei o meu próprio vilão. Você acha que isso foi uma boa ideia? Deixei até algumas dicas, tipo a galaxia Fratris, que o Strov fala, significa (IRMÃO) em latin, pus outras dicas também....
E a sombra de Gallifrey, a qual o título da história se refere, seria neste caso o Ladrão ou a arruinada Gallifrey paralela.
O que você achou que foi interessante no capítulo? E o que você acha que precisa ser melhorado na história? CONTE PARA MIM.
o próximo capítulo, acho que vai demorar mais um pouco para ser publicado, ( já está publicado) porque estou tentando estudar para o ENEM :)