O Conto da Piedade escrita por Glasya


Capítulo 13
Capítulo XII — Chantagem de Terraquente


Notas iniciais do capítulo

Após duas semanas de correria na faculdade, finalmente tive tempo pra terminar o capítulo! D:



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Chara acordou suando, envolvida em um cobertor extremamente quente. Imediatamente desenrolou seu corpo, mas o quarto estava quase tão quente quanto a própria cama. Esta, na verdade, era uma grande pedra retangular aquecida.

A menina não fazia ideia de onde estava; as paredes do quarto eram pintadas em tons de vermelho e cor-de-rosa, e eram cobertas de pôsteres de anime e videogames. Haviam várias pelúcias de personagens japonesas sobre a cama, e uma escrivaninha vermelha acomodava um computador de última geração junto com várias action figures. Uma pilha de mangás crescia ao lado da escrivaninha, alguns embalados em plástico transparente e marcados com as palavras “coleção completa” escritas com canetinha azul.

O vestido que antes usava estava dobrado sobre uma cadeira que parecia ser extremamente confortável que tomava seu lugar em frente ao computador, mas devido à temperatura do quarto, preferiu se manter apenas com a roupa íntima por enquanto.

— E aí! — A voz de Flowey ecoa pelo quarto.

— Ah não, você de novo não… — Sentou-se na cama e puxou o cobertor para o seu colo, enrolando o corpo. Preferia passar calor à ficar seminua na frente daquela criatura detestável.

— Você deu um mergulho e tanto, hein? Estou surpreso que você não tenha congelado lá em Nevada. Você definitivamente não morre fácil.

— Hã… Isso era pra ser um elogio?

— Ué, mas é claro! — A flor riu. — De nada!

— Sério, cara… Qual é o teu problema? Por que não me deixa em paz?

— Já te disse, acho divertido ver você se fudendo por aí.

O risinho cínico de Flowey já estava lhe dando nos nervos. Sem pensar duas vezes, a menina levanta um dos pés para esmagar Flowey.

— NÃO! PERAÍ! PERAÍ! EU TÔ AQUI PRA TE AJUDAR A SAIR!

— HA! JURA!? De novo esse papinho?! Você tem TRÊS SEGUNDOS pra me dizer alguma coisa útil! 3… 2…

— Esse é o quarto da doutora Alphys! — A flor começou a falar. — Ela é a cientista real, trabalha pessoalmente pro rei!

— Tá. Que mais? — Chara abaixou o pé.

— A troglodita azul que te trouxe pra cá é Undyne, ela é capitã da guarda real e foi aprendiz do rei por uns anos aí, mas agora quer a cabeça dele numa bandeja e tá atiçando o povo com essa ideia.

— Por que?

— Sei lá, acha que eu fico por aí ouvindo as fofocas?

— Acho. E por que elas me sequestraram?

— Só que não! — Indignou-se a flor. — E provavelmente te sequestraram pra absorver sua alma e sobrepujar o rei.

— É O QUÊ!? M-minha… Alma?! Mas… Mas por que…?

— A alma humana é a única capaz de manter suas características intactas mesmo depois da morte. Elas são praticamente indestrutíveis, e ficam mais fortes a cada vez que renascem em um humano diferente.

— Como assim? Tá falando de reencarnação?

— É, sua mongolóide, reencarnação. Obrigado por constatar o óbvio, pelo menos você consegue fazer umas conexões simples.

— Dá pra parar de me ofender!? Sabe, nem todo mundo acredita em reencarnação e não tem nada que comprove isso.

— Não perguntei o que os humanos acreditam ou não. Eles que fiquem com suas crenças estúpidas. O que ocorre aqui é que VÃO MATAR VOCÊ, ‘cê ainda não entendeu isso?

— Eu já entendi MUITO BEM essa parte. O que ainda não entendi é COMO você vai me ajudar a sair daqui.

— Tem uma porta secreta… — A flor se interrompeu de repente, e olhou para a porta. — Tem alguém vindo. Faça o que fizer, não diga o seu nome.

— Por que…?

— Tá de sacanagem? Quer que te matem ainda mais rápido? É o nome da princesa morta, imbecil!

Flowey desapareceu, deixando a menina se sentindo uma idiota por ter esquecido de uma informação tão crucial. Quase ao mesmo tempo a porta de metal do quarto se retraiu para cima, desaparecendo por completo entre as camadas de concreto, revelando uma pequena figura reptiliana de escamas amareladas e jaleco branco. A figura se aproxima a passos curtos e desajeitados, portando uma bandeja com bolo e um copo de suco.

— Eu… Hã… O-oi! Hehe… Err… Eu pensei que estivesse com fome. Digo, eu, eu trouxe comida… Comida humana. — Diz a mulher-lagarto, piscando os olhos por trás dos grossos óculos de grau.

Chara não movia um único músculo, de tão apreensiva que estava. Observou a mulher-lagarto depositando delicadamente a bandeja sobre a cama de pedra, e se virando para encarar a humana mais uma vez.

— E-eu me chamo Alphys… Esse é… Bem, esse é o meu quarto… Então… É isso, seja bem-vinda! Hehe… he… — Alphys parecia nervosa; pressionava as pontas dos indicadores uma contra a outra em frente ao corpo, como um personagem de anime. — Qual é o seu nome, humana?

— Ch- — Estava prestes a dizer seu nome quando se lembrou do aviso de Flowey. Apesar de não confiar plenamente nele, preferiu não arriscar. — Hã… Amber… Meu nome é Amber.

— É um nome lindo! — A mulher-lagarto sorri, e um silêncio perturbador se forma entre as duas. — Você… Hum… Caiu há pouco tempo, né?

— Há algumas semanas. — Chara estava cautelosa. Na verdade, apavorada. Se o que Flowey lhe disse fosse verdade, não poderia arriscar sequer comer um pedaço de bolo, apesar da sua fome…

— Hã… Hum… — O nervosismo de Alphys era visível, e só deixava a humana ainda mais inquieta. — V-você vê anime?

— Na verdade, não.

— Ah… Ok… — Alphys pareceu desapontada, fitando o chão por alguns segundos. — Você não gosta, não é?

— Não sei. Eu nunca vi, pra falar a verdade.

— Ah! Nesse caso, eu posso te mostrar! — Subitamente animada, Alphys andou pelo quarto e abriu seu guarda-roupas. Onde deveriam haver roupas, havia pilhas e mais pilhas de DVDs. — Eu tenho um MONTE deles! Além de animes eu tenho desenhos, que não são a mesma coisa, e filmes, e… e seriados, e jogos… Ah, e quadrinhos também! Principalmente mangá!

— Err… Legal…

— De que tipo de história você gosta? Romance? Aventura? Ação? Eu tenho tudo aqui!

— Eu… Eu não sei.

Para Chara a situação ficava mais esquisita e mais tensa a cada palavra que Alphys dizia. Certamente estava tentando ser legal para ganhar sua confiança, e assim que baixasse a guarda teria uma desagradável surpresa. Chara não cairia nessa.

— Olha, eu posso te perguntar uma coisa? — Teve de interromper o monólogo de Alphys sobre as Duper Gatinhas.

— Claro!

— Por que me sequestraram?

— Q-quê?! Err… Digo… N-não fui eu…

— Eu não sou idiota. Aquela mulher azul tava falando com uma “Alphys” ao telefone, e eu reconheço a sua voz. — Tomou o cuidado de não mencionar Flowey. Não queria dar informações à ela, e nem se passar por louca.

Alphys engoliu em seco e mordeu o lábio. O nervosismo voltou ao seu rosto, e agora amassava fervorosamente a ponta do jaleco com as mãos.

— Hehe… He… É, eu… Eu tava no telefone com ela… M-mas, mas, salvamos sua vida!

— E depois me sequestraram. Acho que isso anula a boa ação…

— Não foi bem um “sequestro”... — A lagarto desenhou aspas no ar com os dedos.

— E como você chama abduzir uma pessoa contra a vontade dela!?

— I-isso foi por segurança! Pra salvar vidas! Sua vida, e a de Undyne também!

— Como exatamente um SEQUESTRO salva vidas?

— E-essa palavra é muito forte… Foi só… Uma precaução… Err… É que… Undyne ficou realmente muito machucada da última vez que lutou com a rainha… E… Eu não queria mais conflitos… E… E… — Quanto mais Alphys tentava se explicar, mais se enrolava e mais suspeita parecia sua narrativa. — Por favor, não me odeie!

— Porque agora com certeza Toriel não vai querer brigar com ninguém que tenha sequestrado a neta dela. — Disse, ironicamente.

— Não! Ela vai ficar mais aberta à uma negociação…

— Então além de sequestro, isso é uma chantagem?

O tom da garota era severo, tal qual suas feições. Sabia que aquilo não daria em nada e que irritar sua sequestradora poderia não ser uma boa ideia, mas Chara estava com raiva. Muita raiva. Tinha mais raiva do que tinha medo, o que era uma péssima proporção.

— N-não precisa ficar brava… Ninguém aqui quer te machucar…

— Então me deixa ir embora!

— Eu não posso… M-me desculpe, eu não posso…

Em meio à lamentos e pedidos de desculpas, Alphys correu para fora do quarto e a porta se fechou logo atrás dela. A humana praguejou, gritou e bateu com força seus punhos contra a porta de metal, mas seus esforços foram sumariamente ignorados.

— Psiu! Dá pra fazer menos barulho? — Flowey reapareceu, e desta vez emaranhava pequenas raízes no teclado do computador. — Quer que ela volte, sua idiota? Essa é sua chance de escapar daqui!

— Escapar como? Essa porta é de ferro e não tem fechadura, não dá pra arrombar!

— Essa não é a única porta desse quarto.

Com um sorriso vitorioso, Flowey se virou para o computador e começou a usar suas raízes e pequenas folhas para digitar.

— “LoveUndyneS2”. Que senha estúpida! Mas o que se esperar de uma perdedora feito Alphys, né?

— Anda rápido com isso! — Chara olhava para a porta frequentemente, apreensiva. Até onde sabia, a “doutora” poderia voltar a qualquer momento, sem prévio aviso. — E me explica direito essa história de roubar almas. Por que os monstros fazem isso?

— Você acha que eu sou o quê? Um NPC de algum joguinho de RPG idiota? Acorda! Eu não tenho obrigação de te explicar porra nenhuma, ainda mais quando estamos sem tempo. Mas vou resumir: Com o poder de sete almas humanas, a barreira que prende os monstros aqui se quebra, e tá todo mundo livre pra voltar pra superfície. — Houve um “bip” sonoro e uma porta secreta na parede esquerda do quarto se abre. — Voilá. Agora, menos papo e mais ação. Mete o pé, anda!

Chara ainda tinha muitas perguntas. Aquela história a deixou ainda mais confusa do que já estava, mas sair dali era mais urgente; sem hesitar, pegou seu vestido da cadeira e entrou pela porta, descendo um lance de escadas até chegar a um corredor. Era frio e escuro ali embaixo, o que a obrigou a vestir-se; não tinha janelas, apenas grandes dutos metálicos de ventilação, que se dividiam entre as várias bifurcações do corredor. Uma estranha neblina se formava, mesmo estando no subsolo.

— Flowey? — Sussurrou, na esperança de que a flor talvez pudesse guiá-la, mas ninguém veio.

Merda…

Seguiu pelo corredor da direita, a passos cautelosos, fazendo o mínimo de barulho o possível. Um monitor¹ se acendeu com a sua proximidade, e o susto quase a fez gritar.

ENTRADA #1

Então, é isso… Hora de fazer o que o Rei me pediu. Eu vou criar um poder capaz de nos libertar. Eu vou liberar o potencial máximo da ALMA.

Era o que dizia no painel com letras luminosas. Avançou alguns passos e viu que adiante havia mais painéis, então decidiu se aproximar.

ENTRADA #5

Eu consegui. Usando as fórmulas, eu a extraí das ALMAs humanas. Eu acredito que é isso que dê às ALMAs deles a força para persistir mesmo após a morte. A vontade de continuar existindo… A vontade de mudar o destino. Vamos chamar esse poder de… “DETERMINAÇÃO”.

Se queria respostas, definitivamente era ali que Chara as encontraria. Prosseguiu, apesar dos ecos estranhos que ressoavam pelo corredor. Não é como se tivesse muita escolha, afinal. À medida que andava, as mensagens nos painéis ficavam mais perturbadoras, e os sons e lamentos horripilantes que ecoavam pelos corredores a deixavam ainda mais apreensiva. Sem falar na sensação constante de estar sendo observada…

ENTRADA #8

Escolhi um candidato. Não contei à ASGORE ainda, porque queria lhe fazer uma surpresa… No meio de seu jardim, há algo especial. A primeira flor dourada, que nasceu antes de todas as outras. A flor da superfície. Apareceu assim que a rainha desapareceu. Eu fico pensando… O que acontece quando algo sem uma ALMA ganha vontade de viver?

Alphys definitivamente não era tão boazinha quanto quis parecer. Seus experimentos com almas humanas e de monstros levaram à criações bizarras, entre elas o próprio Flowey, e tudo indicava que ela teria o mesmo destino que os outros humanos tiveram nas mãos da doutora se continuasse ali. Teria que encontrar a saída daquele labirinto, e rápido.

No fim do corredor à sua frente, uma massa disforme começou a se mover na direção de Chara. Sem pensar duas vezes a menina desatou a correr pelo caminho de onde viera, mas uma revoada de — alguma coisa — se amontoou no corredor, vindo em sua direção fazendo barulhos terríveis, como se suas asas fossem dobradiças enferrujadas.

Virou à esquerda, seguindo um longo corredor espelhado. Sobressaltou-se com seu próprio reflexo disforme nos espelhos, que pareciam mais criaturas a perseguí-la que sua própria imagem a acompanhá-la, mas não parou de correr nem por um instante. No fim do corredor, entrou na única porta visível.

A porta dava em uma sala que mais parecia uma oficina. Era ainda mais fria que todo o resto, e havia caixas de ferramentas e componentes eletrônicos espalhados pelo chão e pela bancada no centro da sala, e várias peças avulsas entulhavam as prateleiras. Um grande ferro de solda em forma de garra pendia sobre a bancada, um emaranhado de cabos e fios elétricos estava exposto no teto, e alguns se espalhavam também pelo chão. Parte da confusão de fios levava à um computador do outro lado da sala; duas grandes CPUs e quatro monitores que exibiam o projeto de uma espécie de robô humanóide. Ao lado do computador havia uma porta sinalizada como “saída”.

Tomando cuidado para não pisar em nenhuma ferramenta ou cabo exposto, Chara andou até a porta, mas quando estava à poucos passos de seu objetivo, uma voz metálica a sobressalta:

— OHHHH YES!

Chara tentou desesperadamente abrir a porta, mas estava trancada. Amedrontada, se virou para encarar o que quer que estivesse ali; um holofote se acendeu sobre a bancada no centro da sala, revelando uma criatura de formas antropomórficas, mas feita de metal. Era pintada nas cores preta e rosa, com leves tons de lilás. Na horizontal, apoiava-se sobre um dos cotovelos e repousava o outro braço sobre o joelho,  ocupando praticamente todo o espaço da mesa. A criatura era bela, mas havia algo de muito assustador em suas feições. Apesar de estar sorrindo, um brilho cor-de-rosa era parcialmente visível sob o cabelo negro que lhe cobria um dos olhos.

— POR QUE A PRESSA, QUERIDA? — Indagou o robô, a encarando com seu olho não coberto.

— Ah… Eu… Eu só… — Chara não sabia o que dizer. Não sabia o quão inteligente a criatura era, mas se soubesse que ela estava tentando escapar, certamente a levaria de volta à Alphys ou a mataria ali mesmo.

— FAZ TANTO TEMPO QUE NÃO TEMOS UM HUMANO AQUI EM BAIXO! E VOCÊ SE PARECE TANTO COM O ÚLTIMO QUE VEIO AQUI… POR ACASO VOCÊ NÃO CONHECE FRISK, CONHECE, MINHA LINDA?

— Bem… N-na verdade… Ele é meu pai. V-você… Você era amigo dele?

— VOCÊ É FILHA DE FRISK? OH. MY. GAWD. — O robô cobre a boca com a ponta dos dedos, e então se deita completamente sobre a mesa levando as costas da mão à testa, dramaticamente simulando um desmaio. — OH! É ISSO QUE CHAMAM DE… SENTIR… O PESO DA IDADE?

— Hã… Eu realmente não sei…

— FRISK! OH, MEU PEQUENO FRISK… SÓ AGORA SOUBE QUE VOCÊ ERA UM MENINO! — O robô interrompe seu drama e se inclina para Chara. — Você é uma menina mesmo, né?

— Sou…

— Bem, pelo menos dessa vez eu acertei. — Ri o robô.

— Por favor senhor… Ou senhora… Se tinha alguma consideração pelo meu pai, por favor, me ajude! Eu-

— “SENHOR”? “SENHORA”? HOHOHOHOHOHO! QUERIDA, EU NÃO ME ENCAIXO NESSAS DEFINIÇÕES SIMPLÓRIAS DOS HUMANOS!² Eu sou simplesmente… METATTON.

— Tá, né… Desculpa… Mas a questão é que- — A menina é interrompida novamente pelo robô.

— Está perdoada, tolinha. Você não é culpada pela sua ignorância.

— Escuta, por favor, eu preciso-

— Qual seu nome, boneca?

— Amber. — Mentiu. — Será que você podia me ajudar a-

— AMBER, AMBER, AMBER! OH YES! EU POSSO SENTIR! ESSE É O NOME DE UMA SUPERSTAR! — A criatura desenha um arco no ar com as mãos.

— Hã… Obrigada…? Mas por favor me ajuda, eu fui sequestrada por-

— SEQUESTRADA!? — A expressão caricata de surpresa volta à face metálica de Mettaton. — NÃO ME DIGA QUE ALPHYS SEQUESTROU VOCÊ!?

— Sim! — Chara estava aliviada por finalmente ter sido ouvida, mas começava a ficar impaciente; já havia perdido tempo demais naquele lugar. — Ela e uma mulher-peixe esquisita!

— EU SEMPRE SOUBE QUE ESSE RELACIONAMENTO³ NÃO FARIA BEM PRA NINGUÉM! ALPHYS SEMPRE FOI UMA STALKER MEDONHA, MAS NUNCA PENSEI QUE ELA SERIA CAPAZ DE SEQUESTRAR ALGUÉM DE VERDADE! Mentira, eu pensei sim. Na verdade, era até bem óbvio… Ela só não  tinha coragem, mas agora ela tem a Pequena Sereia pra fazer o trabalhinho sujo por ela.

— Então, você pode me ajudar a sair daqui!? — Chara soou um pouco mais rude do que gostaria. Estava cansada de ser interrompida, e preferia arriscar confiar em Mettaton que voltar a vagar por aqueles corredores horripilantes e acabar topando com algum outro monstro sinistro.

— Oh, boneca…! — Cantarola o robô, colocando suas mãos metálicas em concha ao redor do rosto de Chara. — É claro que vamos sair desse lugar horrível.

Tomada por uma onda de alívio, a menina deixa escapar um suspiro, mas logo seu alívio se desfaz; o brilho cor-de-rosa voltou a ser visível sob o espesso cabelo negro de Mettaton, coroando o sorriso maligno que carregava no rosto.

— Ah, sim… Você vai me dar MUITA audiência! Venha comigo, lindinha, porque É HORA DO SHOW!


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Notas finais do capítulo

(1) As entradas podem ser encontradas no jogo em painéis espalhados pelo True Lab. Após facer a rota Pacifista, é desbloqueada a rota True Pacifist (que é onde enfrentamos Asriel Dreemur em sua forma divina). Para isso, o jogador precisa escolher "Continuar" após ver o final Pacifista, voltar todo o caminho até o CORE e atender a uma ligação de Undyne onde ela diz que precisa que o humano entregue algo à Dra Alphys em seu laboratório em Terraquente. Isso desbloqueia um "encontro" com Alphys no lixão, onde esta acaba se declarando para Undyne. Após esses eventos, o jogador recebe uma ligação de Papyrus onde ele pede para que o humano vá até o laboratório ver como Alphys está. Chegando lá, o laboratório estará vazio, mas haverá um bilhete no chão e a porta que antes não abria estará aberta, dando acesso ao Laboratório Verdadeiro.
Todos os textos dos painéis, assim como fitas de vídeo encontradas no local revelam detalhes sobre a criação dos Almagamates e do papel de Alphys na história do jogo.
O conteúdo dos painéis pode ser conferido em: http://undertale.wikia.com/wiki/True_Lab

(2) Eu sei que no canon Mettaton usa pronomes masculinos, mas aqui escolhi representá-lo como neutro/fluido.

(3) Por mais que no canon Alphys e Undyne nunca tenham assumido nada, como a história se passa 3X anos depois dos eventos do jogo, assumi que as duas agora têm um relacionamento de longa data.



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