Amem escrita por Liz Setório


Capítulo 11
Castigo?


Notas iniciais do capítulo

Capítulo demorou mas saiu, né?

Eu acho a música "Se" do Djavan a cara desse capítulo (da segunda metade), a cara do Miguel, cantando isso pro Paulo na verdade. Então, sugiro ouvir a música lendo o capítulo.

https://www.youtube.com/watch?v=5RrB64D2ZyQ

Boa leitura!



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A única reação que pude ter foi a de um leve arrepio pelo corpo. Eu não tinha mais barreiras, estava pronto para me entregar de corpo e alma a Miguel, talvez mais corpo do que alma…

Num movimento rápido Miguel abaixou as minhas calças e junto com elas, ele foi parar no chão e de lá fez  a minha cueca descer até os meus joelhos, deixando então a minha não tão recente ereção a mostra.

A princípio fiquei um pouco envergonhado com o que estava prestes a acontecer, mas foi então que fui surpreendido, não seria naquele momento que eu descobriria o quão prazeroso pode ser receber sexo oral de alguém tão intenso quanto o meu amante. Miguel até insinuou realizar o ato, mas logo depois, sentou novamente no meu colo, dedicando-se a abrir os botões da minha camisa. Feito isso, ele começou a beijar delicadamente a minha orelha, enquanto vagarosamente descia com os beijos até a minha boca.

Eu que durante muito tempo mantive-me inerte, me entreguei ao ritmo de sedução que pairava no ar e comecei a passar a mão pelo peitoral musculoso de Miguel, era muito gostoso poder sentir os músculos daquele homem de corpo tão escultural.

Quando me dei conta as minhas mãos já estavam na cueca de Miguel e ainda mais rápido do que ele me deixou nu, eu o deixei completamente despido.

Estávamos então os dois completamente desnudos e entregues um ao outro. Naquele momento me permiti libertar-me de alguns pudores para entregar-me ao prazer.

O misto de emoções que sentia era tão grande que nunca conseguiria descrever todas. Ao mesmo tempo que me sentia um pecador, me sentia também louco para cometer aquele pecado.

Miguel me beijava de forma intensa. Ele me beijava como um canibal que ansiava por devorar a minha alma.

Ele era meu e eu era dele, não poderia sentir sensação maior de completude do que a sentida naquele instante.

Enquanto Miguel me masturbava, me fazia emitir gemidos, gemidos mais intensos do que um dia eu poderia ter pensando em exprimir.

Olhar para a minha batina jogada no chão fazia eu me sentir completamente impuro, porém pela primeira vez eu não estava tão preocupado com a minha pureza, o inferno já não me amedrontava tanto, o mais importante para mim era aproveitar aquele momento de pecado.

E aquele instante pecaminoso foi intensamente aproveitado por nós dois. Eu me permiti fazer coisas que nunca imaginaria.

O corpo de um foi imensamente explorado pelo outro. No momento da penetração, Miguel mostrou-se mais resistente a dor de ser penetrado do que eu. Será que ele já havia feito aquilo antes? Enquanto o penetrava não pensei nisso, esse questionamento só veio depois. Durante o ato sexual, eu não pensava em nada, só conseguia prestar atenção nos gemidos que estava proporcionando ao meu parceiro e ao prazer que estava conseguindo obter com aquele ato.

Eu nunca havia imaginado que o prazer sexual poderia ser algo tão intenso. Aquela troca de carinhos e entrega de um para o outro foi algo de longa duração, mas é óbvio que o nosso ato sexual não se resumiu apenas à penetração. Afinal, o sexo não se resume a penetrar ou ser penetrado. É muito mais que isso e nós, com certeza fomos muito além. Exploramos nossos corpos de uma forma que nunca havíamos pensado ser possível.

O que começou na sala acabou terminando no quarto de Miguel, com nós dois deitados em sua cama. Ficamos em silêncio por um longo período de tempo. Aquele momento não precisava de palavras, estávamos mais conectados do que nunca.

Após o nosso instante de silêncio, ousei perguntar a Miguel sobre a sua performance sexual e sobre o lubrificante íntimo que havia surgido do nada.

— Essa não foi a sua primeira vez, né?

— Por que você está perguntando isso?

— Porque para você, ser penetrado parecia ser uma coisa muito natural… Você parece não ter sentido tanta dor quanto eu. Sei que o lubrificante ajuda, mas comigo quase que não ajudou...

Ele demorou um pouco a responder e quando o fez, confessou algo que eu nunca poderia nem imaginar que tinha acontecido.

— Essa realmente não foi a minha primeira vez, nem a segunda, muito menos a terceira… Eu… Eu… Tinha um amante no seminário.

— O que? — indaguei completamente incrédulo.

— É isso mesmo, eu me envolvia com um rapaz lá no seminário.

— Posso saber o nome dele?

— Tobias.

— Tobias?! Então foi por isso que ele saiu?

— Sim. Ele tentou me convencer a ir junto, mas eu não quis. Eu era cabeça dura como você e achava que o meu lugar era na Igreja.

Fiquei em silêncio, era muita informação para mim. Eu não fazia a menor ideia do que falar diante daquela revelação feita por Miguel.

— Eu não quero te perder como eu perdi o Tobias. Eu amava ele e acabei o deixando escapar. Eu não quero te deixar escapar, Paulo. Eu te amo, Paulo e peço, peço não, suplico que você largue a Igreja e fuja comigo — declarou Miguel, quebrando o silêncio.

— Juro que vou pensar sobre isso. Eu também te amo.

Fiquei surpreso comigo mesmo por ter, enfim expressado o meu amor por Miguel. Ele pareceu ficar tão feliz com isso que me deu um curto beijo recheado de paixão.

Findado o beijo, questionei a Miguel sobre o lubrificante.

— Me diga uma coisa. De onde surgiu aquele lubrificante? Você está transando com alguém?

— Não, jamais. De agora em diante só transarei com você. O lubrificante comprei pra gente usar, só não imaginei que a gente ia usar tão rápido.

Depois daquela explicação, ainda trocamos mais alguns beijos antes de nos vestirmos. Eu precisava ir embora logo, pois faltava pouco tempo para Lucas chegar e seria muito constrangedor se ele nos visse deitados e nus na cama de Miguel.

Quando coloquei a batina, senti todo o peso do pecado cair sobre mim. Novamente os pensamentos conflitantes tomaram conta da minha mente. Eles foram tão fortes que me causaram um mal estar.

— Está tudo bem com você? — perguntou Miguel.

— Não — respondi secamente.

— O que houve? Foi por causa do que fizemos, né?

Limitei-me a balançar a cabeça. Miguel parecia já estar decidido sobre largar a Igreja e eu não queria perturbá-lo com a minha indecisão e falso moralismo.

— Eu vou comprar as passagens hoje, Paulo e daqui a uma semana nos encontramos na rodoviária e partimos juntos. Vamos ser felizes meu amor.

— Miguel, eu tenho que ser sincero com você, eu ainda não estou completamente certo sobre isso.

Eu não queria perturbá-lo com a minha indecisão, mas também não poderia deixar que ele criasse ilusões.

— Eu vou te dar até a hora de embarque para se decidir. Mais tarde te mando uma mensagem para dizer o horário de partida do ônibus. Não me responda nada. Acho melhor não nos falarmos durante essa semana. A sua passagem estará comigo e se até a hora de embarque você não aparecer, eu vou embarcar sozinho. A Igreja não me faz mais feliz e eu vou tentar buscar a minha felicidade longe daqui, mesmo sem você.

— Eu te prometo que vou pensar sobre isso.

— Pense mesmo, Paulo. Nós podemos ser muito felizes juntos.

[...]

Assim que a Michele chegou em casa, conversei com ela sobre a proposta de Miguel.

— Tio, eu acho que o senhor deveria aceitar.

— Sério mesmo? E você? Você vai morar onde?

— Não se preocupe comigo. Eu me viro. Digo pra minha mãe que o senhor foi transferido. Não vai ficar muito caro pra ela pagar um aluguel, posso tentar dividir com alguém, não sei, eu dou meu jeito. O importante é o senhor se feliz com o Miguel, porque tá na cara que vocês dois se amam muito.

— Muito obrigado pelo apoio, mas eu ainda estou muito dividido. Preciso pensar melhor sobre o assunto.

[...]

Era difícil tomar uma decisão. Por um lado eu queria viver o meu amor com Miguel, mas por outro eu não queria largar a Igreja.

Depois de uma semana de pensamento confusos, enfim havia chegado o dia da viagem e cheio de medo eu tomei uma decisão: partiria ao lado do meu amor.

Comecei a colocar as minhas coisas numa mochila grande e no meio de outras roupas, acabei pegando em uma batina. Aquilo me fez parar por um instante e os pensamentos conflituosos voltaram, mas não por muito tempo. Apesar de estar com muito medo do que teria que encarar dali em diante, eu sabia que não estava mais puro para ser padre, eu havia pecado e não poderia mais voltar atrás.

Com a mochila pronta me despedi de Michele.

— Tio, eu espero que dê tudo certo. Eu te desejo toda a felicidade do mundo.

— Obrigado — disse e em seguida a abracei.

Sem o apoio de Michele teria sido impossível para mim tomar aquela decisão.

Fui para o ponto de ônibus rezando para nenhum conhecido me ver. Afinal, eu estava sem batina, caso alguém me visse eu poderia me dar mal, pois com certeza muitos questionamentos seriam feitos a mim.

Dei sorte e o ônibus para a rodoviária não demorou. Com o coração na mão, entrei no veículo e desejei chegar à rodoviária o mais rápido possível. Miguel era muito pontual e com certeza chegaria antes mim. Eu não queria deixar o meu amor esperando, queria viver o nosso amor o mais rápido possível.

Tudo corria bem, porém do nada comecei a sentir uma sensação ruim. Era como se eu estivesse me sentindo sufocado, a cada instante parecia ser mais difícil conseguir respirar. Tentei me acalmar, mas parecia ser impossível que eu conseguisse ficar calmo, quanto mais perto eu chegava da rodoviária, mais aumentava o meu mal estar. Mesmo assim tentei me manter firme e chegar até o meu destino.

Consegui chegar até a rodoviária. No entanto, a sensação ruim que eu sentia estava ainda pior. Náuseas horríveis acompanhavam a minha dificuldade de respirar. Acabei sentando em um banco, para tentar ganhar forças para chegar até Miguel. Do nada um questionamento veio a minha mente: será que aquilo era um castigo de Deus? Será que Deus estava me castigando por querer fugir com Miguel?


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Notas finais do capítulo

Eita, será que é castigo divino?


Ah, se possível, opinem sobre a cena hot (será que posso chamar de hot? nem foi tão explícita assim...). É a primeira vez que escrevo algo do tipo entre dois homens e gostaria de ter críticas construtivas sobre.

Muito obrigada por estarem acompanhando ♥



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