Amem escrita por Liz Setório


Capítulo 12
Confusão


Notas iniciais do capítulo

Felizmente, esse capítulo ficou pronto mais rápido que o anterior e eu decidir postá-lo logo.

Boa leitura!



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Respirei fundo e tentei tirar aqueles pensamentos ruins da minha cabeça. Eu precisava me manter firme na minha decisão.

Ainda me sentindo um pouco mal, tomei coragem e levantei, não poderia deixar Miguel esperando mais.

A passos rápidos fui até onde o meu amante se encontrava, ao chegar próximo a ele, o abracei com força. Ao soltar-se de meu abraço, Miguel demonstrou intensa felicidade por me ver ali.

— Meu amor, eu nem acredito que você está aqui — declarou com um largo sorriso no rosto.

— Nem eu — sussurrei.

Depois da sua demonstração de felicidade, ele me deixou ciente de um pequeno contratempo:

— Houve um problema na reserva de passagens e a empresa de ônibus acabou vendendo um assento a mais do que a capacidade do ônibus. Então como eu ainda tinha dúvidas se você vinha ou não, eu me ofereci para caso você viesse irmos no outro ônibus. Tudo bem pra você?

Fiquei em silêncio tentando entender o que estava acontecendo e de forma que surpreendeu até a mim, vociferei:

— Não, Miguel. Nós não podemos ir.

Eu queria muito fugir com Miguel, mas aquele acontecido me deixava ainda mais indeciso. E se aquilo fosse uma espécie de sinal divino, indicando que não deveríamos fugir?

— Paulo, o que está havendo? Está tudo bem com você, meu amor? — interrogou com um visível nervosismo em sua voz.

— Miguel, eu te amo, mas… Mas… Acho que Deus está tentando nos avisar que isso tudo é uma grande burrice. Primeiro o mal estar que eu estou sentindo, depois esse erro da empresa de ônibus. Se isso não é sinal divino é o que?

— Uma coincidência, homem. Apenas isso.

— Eu não sei… Tudo isso está muito estranho.

— Paulo, você está muito nervoso, venha comigo, vamos nos sentar — disse me guiando pela mão para um banco que não ficava muito longe dali.

— Respire fundo. Eu vou comprar uma água pra você. Por favor, não saia daqui — pediu enquanto ia em direção a uma pequena lanchonete.

Durante o tempo que esperei por Miguel não consegui deixar de pensar que era muita coincidência aquilo tudo, e, pensar sobre o assunto só fazia o meu mal estar piorar. As náuseas aumentaram de uma forma tão rápida que cheguei a pensar que seria capaz de vomitar a qualquer momento.

— Beba e tente se acalmar — disse Miguel, me entregando uma garrafa de água.

Dei uma golada, mas a calma não veio, muito pelo contrário, toda aquela sensação ruim só aumentava.

— Paulo, se acalme, você está tremendo, homem.

— Vamos desistir disso. Vamos voltar pra nossa vida sacerdotal, por favor.

Toda coragem para fugir que eu tinha antes, tinha ido ralo abaixo. Eu tinha voltado a ser o Paulo medroso que não queria ir pro inferno.

— Eu não acredito que você está me pedindo isso. Isso é um insulto para mim, sabia? Antes você não tivesse vindo. Eu não aguento mais essa sua indecisão. Você tem dez minutos para se decidir, se não quiser ir, tudo bem, eu embarco sozinho no ônibus que só tem uma vaga.

— O ônibus sai em quanto tempo? — indaguei ainda cheio de dúvidas.

— O que tem vaga pra mim e você daqui a uma hora e o que só tem uma vaga sai daqui a vinte minutos.

— É pouco tempo pra eu me decidir.

— Você teve uma semana inteira pra isso — declarou num tom de voz hostil.

— Por que você não entende o quão difícil isso é pra mim?

— Você só pensa em você, Paulo. Você não olha as coisas ao seu redor. Você fica aí preso no seu mundinho de santidade, sendo que de santo você não tem nada ou pelo menos não tinha enquanto gemia de prazer ao receber um boquete meu — expôs num tom de voz extremamente agressivo.

Naquele momento, tive vontade de chorar. Ouvir aquelas coisas vindo da boca do homem que eu amava eram muito dolorosas para mim. No entanto, segurei o choro e tentei mostrar o meu ponto de vista para Miguel.

— Desculpe, desculpe se eu tenho consciência e se certas coisas a deixam pesadas. Desculpe, se eu tenho medo de receber um castigo de Deus. Desculpe, se eu não quero viver no seu mundinho de pecado. Miguel, nós dois somos humanos e como humanos pecamos. Nós dois pecamos juntos, mas se nos arrependermos, Deus pode nos perdoar.

— Vossa reverendíssima está dizendo que nos amarmos é pecado, me poupe. Sinceramente, Paulo, eu pensei que você já tinha superado isso. O que eu tenho que fazer pra você mudar de ideia? Me diga, Paulo. Eu faço o que você quiser, se você vir comigo, meu amor.

O tom de voz de Miguel tinha mudado radicalmente. Não havia mais sinais de agressividade em sua voz, agora toda a ira parecia ter se transformado em docura.

Aquilo me deixava ainda mais confuso. Era complicado tomar uma decisão naquele momento, eu me sentia completamente sem condições psicológicas para tal.

— Meu amor, você tem que se decidir logo. O tempo está passando — anunciou Miguel com um pouco de impaciência.

 


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Notas finais do capítulo

E aí vocês acham que o Paulo vai fazer o que?

Espero vocês no próximo capítulo e que se Deus quiser irá sair tão rápido quanto esse.

Beijinhos e até mais ♥