Amem escrita por Liz Setório


Capítulo 10
Um Pouco de Pecado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Resolvi ir até a casa de Miguel, eu precisava aproveitar o fato de Lucas ter ido pro cursinho, Miguel e eu tínhamos que conversar pessoalmente, para juntos tentarmos fazer algo, algo que não fosse fugir é claro, isso não tinha o menor sentido, não poderíamos simplesmente largar tudo para viver esse suposto amor.

Andei pela rua de cabeça baixa, me sentia extremamente envergonhado, era como se todos soubessem o que eu tinha feito. Ter sido, de certa forma, desmoralizado frente a minha sobrinha, foi como se eu tivesse sido exposto para todo mundo. Era agoniante pensar que ela havia lido o meu diário, diário onde expressava o meu amor por Miguel de forma completamente aberta, talvez até de forma ainda mais explícita do que admitia para mim mesmo, em meus pensamentos. Naquele diário não havia repressão alguma, eu era puro sentimento, não fazia a menor questão de utilizar eufemismos.

— Te quero todo para mim Miguel e quero ser todo seu também. Quero com você ultrapassar todos os limites — ousei sussurrar para mim umas das partes daquele tão ousado diário.

Arrependia-me amargamente de ter inventado de escrever aquelas coisas, mas eu precisava colocá-las para fora de alguma forma, não poderia viver sufocado com aqueles sentimentos.

Naquele momento não tinha mais o que fazer, não tinha como eu entrar na mente de Michele e apagar tudo o que ela tinha lido, tampouco havia a possibilidade de que eu voltasse no tempo e mudasse todos os acontecimentos entre mim e Miguel, o que eu poderia fazer era tentar tirar da cabeça dele a ideia absurda de abandonar a Igreja e fugir sem rumo.

Ao chegar a casa dele fui logo recebido, recebido da pior forma possível, Miguel encontrava-se sem camisa e com uma cueca samba-canção azul.

Nunca imaginei que veria Miguel tão desnudo daquela forma. Esforcei-me ao máximo para não ficar encarando o seu peitoral malhado. Eu estava ali para poder achar uma saída para que não pecassemos mais, atos pecaminosos deveriam passar longe da minha imaginação naquele momento.

— Por acaso você acha que essa é a maneira adequada de um padre apresentar-se a um amigo, sendo esse também padre? — questionei em tom repressor.

— Acho que você é o único padre aqui — respondeu de forma amarga.

— Não diga besteiras, Miguel — rebati extremamente irritado.

— Se você não vai embora comigo, pode sair daqui, daqui a pouco estou indo comprar as passagens — vociferou num tom de voz firme.

— Eu quero conversar justamente sobre isso, por favor, me deixe entrar.

Atendendo ao meu pedido ele abriu passagem para mim.

Já dentro da casa, ignorei o fato dele estar praticamente nu e fui logo me sentando no sofá. Sentando ao meu lado, questionou:

— Então, o que vossa reverendíssima deseja?

— Desejo que vossa reverendíssima lembre das suas obrigações como padre.

— Paulo, por favor, entenda que eu não quero mais pertencer a vida sacerdotal. Eu, assim como você, estou impuro para ser padre. Por que você não entende isso? Por que não entende que é um pecado maior a gente continuar na igreja, fingindo que nada está acontecendo?

Miguel parecia achar que era fácil para mim desvencilhar-me da Igreja. Ele parecia não me entender eu também não o entendia. Como poderia ser para ele tão fácil querer largar a vida sacerdotal?

— Porque não podemos fazer com que as coisas sejam como antes? Sermos apenas bons amigos?

— Porque eu te amo, Paulo e sei que você me ama também — disse olhando nos meus olhos.

— Miguel, isso não é…

— Não, Paulo eu não vou aceitar que você fique chamando o que nós sentimos de safadeza ou qualquer outra coisa do tipo — disse, tomando a palavra.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Não poderia dizer que não amava Miguel, isso seria uma enorme mentira, um padre não deveria ficar mentindo. Então, por um momento de loucura, fiz a seguinte pergunta a Miguel:

— E se fugirmos como será a nossa vida? O que faremos com Lucas e Michele?

— Iremos para uma cidade do interior onde tenho alguns amigos, lá eles encontrarão trabalho para nós. Enquanto aos meninos, nós não temos nenhuma responsabilidade com eles.

— Como assim Miguel? O Lucas está morando na sua casa e a Michele na minha, se a gente for embora, outros sacerdotes serão chamados para assumir nossos lugares e como a casa é da Igreja, eles serão os novos donos e o Lucas e a Michele ficarão sem ter onde morar.

— Podemos falar com eles e pedirem para dizer aos pais que fomos transferidos e que eles vão precisar de dinheiro para alugar uma casa.

— Nós os pediremos para mentir?

— Paulo, a nossa vida já é uma mentira.

Ele tinha razão, fingíamos ser padres honrados, quando na verdade tínhamos sucumbindo ao pecado. Não teria muita diferença mentir um pouco mais. Ou teria? Miguel me deixava confuso. Talvez fugir não fosse tão má ideia assim

— Eu preciso pensar sobre isso.

— Você vai me dar uma chance? — indagou Miguel, sem esconder a sua felicidade.

— Eu só quero pensar melhor sobre isso.

— Tudo bem, então irei comprar as passagens hoje, mas com a data de embarque para daqui a uma semana.

— Uma semana é pouco tempo para eu me decidir.

— Não, para mim é muito tempo. Eu quero poder estar junto a você o quanto antes.

O jeito como Miguel falava deixava claro o seu amor por mim, porém a verdade era que eu não sabia como lidar com aquele amor, mesmo que eu o amasse imensamente.

Ele me fazia ter vontade de cometer loucuras e a cada momento estava ficando mais complicado para eu conseguir me controlar. Sentia-me cada vez mais tentado a viver em pecado com Miguel.

— Você me faz ter vontade de cometer loucuras — deixei escapar dos meus pensamentos.

— Que tipo de loucuras, padre? — perguntou, alisando a minha perna com o seu pé.

— Por que você faz isso comigo, padre Miguel?

— Isso o que?

— Me seduz dessa forma descarada e despudorada.

— Talvez porque você faça o mesmo comigo.

— Não, eu não faço.

— Faz sim — declarou, sentando no meu colo.

Antes que eu pudesse pensar em impedir, Miguel começou a desabotoar os botões da minha batina.

O jeito como ele me olhava enquanto desabotoava a batina era extremamente sedutor, ele tinha o pecado em seus olhos e muito provavelmente eu também tinha nos meus.

Quando eu já estava sem batina foi a hora de Miguel enfim, desabotoar minha calça. Nesse momento, quis o impedir, coloquei minha mão sobre a sua, mas ele não aceitou a minha objeção. Miguel continuou me beijando e pouco a pouco eu fui entrando no clima. 

— Se permita um pouco de pecado, padre — sussurrou da forma mais sexy possível no meu ouvido.


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