Nos teletransportei pra longe, mas já era tarde demais. Eles conseguiram rastrear nossa presença com magia.

Me afastei de Lily rapidamente, e notei que uma fonte mágica se aproximava. Merda, me encontraram.

— Yanzinho? O que está acontecendo? - Dizia Lily um pouco assustada.

— Não deveria ter me seguido, assim eu teria me safado! - Falei, estressado.

Meu pai e outros feiticeiros apareceram na nossa frente, eles estavam furiosos. Ah, vão tomar no cu. Eu nem fiz nada, todos só ficaram um pouco fracos e a cidade apagou.

Meu pai olhou pra mim de cima a baixo, com a sua cara horrível e nada maneira (Qual é, estou sendo sincero. Eu pelo menos sou lindo, né?). O que aquele idiota iria falar pra mim?

— Pode me explicar o que fez? - Gritou meu pai com uma voz grave.

— Nada. Só estava pegando emprestado aquela fonte de magia. - Eu disse, despreocupado.

Lily se aproximou e se segurou de mal jeito na minha blusa. Mas que garota dramática, ela não percebeu que eu estava me ferrando ali?

— O que foi dessa vez? - Falei, olhando para ela.

— Yanzinho, não... consigo usar meu poder! - Ela dizia com uma expressão nervosa - Isso foi por causa da magia que você roubou?

Coloquei a mão para tampar meu rosto. Parabéns, idiota! Parabéns por me entregar por completo!  

Meu pai cerrou os punhos rapidamente. Dei um sorriso forçado, esperando para o maior sermão de todos.

— Tem ideia do que fez? Todos simplesmente vão enfraquecer e a barreira do mar ficará fraca. - Meu pai dizia enquanto se aproximava de mim - Você é idiota? Colocando todos em risco assim! Não criei meu filho pra ser um delinquente.

— Ah, para de falar merda. - Falei, me irritando - Você nem me considera seu filho, nem dá a mínima para o que eu faço. O que eu fiz nem foi nada perto do que realmente deveria.

E eu nem estava fazendo drama. Meu pai simplesmente me deixou sozinho, nunca perguntava sobre mim e nem se importava. Oh, me esqueci de um detalhe. Ninguém se importava.

Meu pai se calou por alguns segundos, enquanto Lily parecia cada vez mais nervosa. O que mais me surpreendeu foi quando meu pai se aproximou e me deu um soco.

Um soco mágico que fez meu rosto ficar roxo.

Olhei pra ele com espanto, enquanto ele parecia mais sério.

— Não tem o direito de me responder assim. Essa quantidade de magia fará mal até mesmo pra você, seu ingrato. Se não se controlar, ela irá te dominar e você vai perder o controle. - Ele dizia. - Se acha mesmo que pode nos tratar assim, eu deixarei a magia com você. Vamos ver o quanto tempo sua sanidade irá durar.

Olhei para ele com mais ódio ainda.

— Seu velho... - Eu estava me preparando para atacá-lo. - Não me arrependo de nada também. E que TODOS aqui vão pro inferno! Não dou a mínima se estão fracos, não dou a mínima pra nada.

Tentei avançar nele, mas ele rapidamente criou um escudo mágico.

— Já chega. Está expulso do mundo dos bruxos por dois anos. E mesmo que volte depois do prazo, nunca será tratado com respeito. - Ele afirmava. - Agora sai da minha frente.

— Vai se foder. - Gritei, enquanto virava as costas. Estava tentando esconder meus sentimentos negativos, eu estava péssimo.

Eu estava pronto para me teletransportar pra longe, cheio de raiva. Porém uma irritante decidiu esgotar minha paciência de vez.

— Yanzinho, m-me desculpa por aquilo. Mas não fique triste! - Gritava Lily - Eu irei te visitar por lá, irei te trazer sorvetes todos os dias! 

Me virei rapidamente.

— Será que dá pra parar de ser uma insignificante? - Falei, com ódio. - Por sua culpa isso aconteceu. Se não tivesse me seguido, eu teria escapado a tempo! Você é só um estorvo, deveria sair do meu caminho!

Lily estava em choque, e então abaixou a cabeça lentamente, pronta para chorar. Eu não estava aguentando mais isso.

— Vá embora logo. - Dizia meu pai, enquanto chamava Lily para se afastar.

Eu estava me sentindo um lixo.

Me teletransportei pra fora da terra dos bruxos pela primeira vez. Nunca havia saído da minha casa antes, então foi uma sensação nova. Mas eu tinha comigo os sentimentos de ódio, tristeza, vingança.

Olhei em volta para checar o local, ainda irritado. Parecia ser uma praia comum.

Argh, e eu ainda estava no mundo humano?

Me aproximei daquele mar lentamente. Coloquei a mão onde meu rosto estava roxo, aquele soco doeu muito. Pela primeira vez eu estava querendo chorar, mas tentei ser forte.

E enquanto olhava para aquele mar, meu sentimento de raiva só aumentou. Aquela barreira que vá para o inferno também.

— Coloquei todos em risco? Vá a merda, seu velho! - Eu dizia sozinho, enquanto me lembrava das falas do meu pai. - Veja só que eu sou capaz de fazer com o "mar"!

Cheio de raiva, me posicionei pra fazer uma magia que acertaria aquela região do mar por completo. E enquanto me concentrava, eu ia lembrando de tudo que me disseram.

"Vá embora"

                                        "Você nunca mais será tratado bem"

"Não criei meu filho para ser um delinquente"

Eu nunca tinha me sentido assim antes, pois enquanto fazia o feitiço me sentia cada vez mais forte. Me sentia perdendo minha sanidade, eu estava pronto pra mandar o mar e aquela barreira para o inferno.

Eu estava enlouquecendo.

Esse era o efeito daquela fonte mágica? Eu estava perdendo meu controle.

Porém perdi toda a minha raiva e concentração quando me deparei com uma sereia me espionando, e em seguida batendo a cabeça em uma rocha de forma mais tosca possível.

Desfiz minha magia rapidamente e comecei a olhar em volta, procurando por ela. A sereia ergueu sua cabeça fazendo uma expressão de dor, enquanto eu franzia a testa.

E por algum motivo, minha raiva começou a sumir e eu estava rindo.