Eu esbarrei em alguém e quase caí no chão, mas Yan me segurou. A pessoa se virou imediatamente para trás, era uma garota.

Que fofa! Pensei, olhando para ela. Ela tinha cabelos loiros (que não pareciam ser naturais), e olhos castanhos.

— Você está bem? - Perguntou ela, enquanto Yan já iria me puxar para sair dali.

Fiquei encarando e não sabia o que dizer. Ela fez o mesmo.

— Ela está. - Disse Yan, frio, como sempre... - Vamos. - Ele pegou meu braço.

Não sei o que deu em mim, mas ela parecia ser bem gentil. Eu tenho que perguntar sobre esse lugar! Pensei.

— Espera. - Falei, soltando meu braço rapidamente e me virando para a garota. - Me desculpa por ter esbarrado em você. - Eu disfarcei. - Será que... você não pode nos dar informações sobre esse lugar?

A garota abriu um sorriso.

— Vocês são novos aqui? - Ela disse, um pouco tímida. Eu assenti. - Posso dar informações, mas tem que ser rápido... tenho aula de piano daqui a pouco.

Franzi a testa. Aula de piano? Isso tem a ver com música? Minha pergunta foi rapidamente respondida pelo Yan, que sussurrou impaciente um "Sim."

Ele está lendo meus pensamentos, por acaso? Olhei para ele, Yan sussurrou outro "Sim". Maldito bruxo!

Ela nos olhava confusa. É, de fato era estranho eu e Yan nos olharmos como se estivéssemos conversando. E estávamos. Só que mentalmente.

Comecei a disfarçar.

— Não, não ligue para nós. Somos idiotas! - Dei uma risada forçada. - Podemos ir para outro lugar?

Ela assentiu e disse que iria nos levar para uma cafeteria. Não sabia o que era isso, e bem quando ia perguntar, Yan começou a conversar comigo mentalmente.

— Qual seu plano, idiota? Ela é só uma humana. - Disse Yan, na minha mente!

— Exatamente! Ela vai nos dar informações sobre esse lugar, retardado. - Falei, na mente dele.

Percebi que enquanto andávamos, ela ainda nos olhava confusa. Dei outra risada forçada.

Não demorou muito, ela anunciou que chegamos e se sentou em uma mesa. Eu e Yan nos sentamos também.

Uma moça se dirigiu até a nossa mesa e perguntou o que queríamos. Então é um lugar tipo a lanchonete?

— Vou querer uma xícara de chá. - Disse ela, enquanto a moça anotava os pedidos. - E vocês? O que vão querer?

Eu e Yan respondemos "Nada". Seria um desastre se acontecesse o mesmo acidente da lanchonete...

A moça voltou depois de alguns minutos e trouxe o que ela havia pedido. Começamos a conversar.

— Vocês ainda não disseram seus nomes. - Ela começou a tomar o chá, sorrindo.

Yan me olhou, como se perguntasse "Você vai dizer?".

— Érica. - Falei, rapidamente.

— Só Érica? - Perguntou, dando uma risadinha. Eu assenti. - Meu nome é Yasmin Bennett.

Yasmin... combina muito com ela.

— E... qual seu nome? - Ela olhou para o Yan.

— Yan. - Ele esqueceu de completar "Yan, o chato".

Yasmin iria dizer alguma coisa, mas um gato se sentou perto de sua cadeira. Os olhos dela brilharam e ela rapidamente se levantou.

— Que coisa mais fofa! Fofo, fofo, é sim... - Ela dizia enquanto fazia carinho no animal. Eu e Yan olhamos para ela, entediados. Ela nos trocou pelo gato...

Olhei para as coisas dela. Ela tinha um caderno... de gato. Uma touca de gato, um lenço de gato e... ela estava usando meias de gato.

— Você deve gostar mesmo de gatos... - Falei, surpresa. Enquanto isso, Yan parecia completamente entediado.

— Mas eles não são fofos? - Ela pegou o gato e o trouxe para perto. Olhei para o animal.

Que coisa mais fofa! Pensei.

Comecei a fazer carinho nele também, e acabei esquecendo completamente o que eu iria perguntar a ela.

— Cabeças de vento... - Reclamou Yan, enquanto apoiava sua cabeça na mesa. - Podemos voltar ao que estávamos fazendo?

Eu e Yasmin rimos. Ela voltou a se sentar, abraçada com o gato.

— Gostei de você, Érica! - Ela sorriu e Yan deu um suspiro.

— Eu também, poderíamos nos encontrar mais vezes. - Dei um sorriso, também.

— Oh, sim... o que vocês queriam perguntar? - Yasmin colocou o gato no chão, se concentrando.

— O que iríamos perguntar é sobre esse lugar. Não sabemos nada sobre ele porque... porque... - Eu tentava encontrar uma boa desculpa, mas não me vinha nada na cabeça.

— Não precisa dizer. - Ela continuou tomando o chá. - Vocês sabem onde estamos, não é?

Eu e Yan ficamos em silêncios. Nós realmente não sabíamos!

Ela riu e nos contou mais sobre aquele lugar. Descobri que quando queremos algo por aqui, temos que pagar... então o que eu e o Yan fizemos na lanchonete foi roubo? Estamos ferrados...

— Oh... já está quase na hora. Eu tenho que ir. - Disse ela, se levantando rapidamente. - Até mais, Érica! As aulas de piano são perto da praia. É só fazer o que te expliquei e vai chegar até lá. Venha me ver!

Ela acenou. Acenei de volta e Yan já foi se levantando. Percebi que já estava ficando tarde.

Vou voltar para o mar hoje a noite. Por um minuto tinha esquecido da minha missão. Não posso perder o foco... certo, de amanhã não passa. Vou procurar o humano. Não sei se vou conseguir fazer aquilo, mas... se eu não conseguir, terei que dar um jeito de ele esquecer.

Valentina e Victória. O que será que elas vão pensar quando eu contar sobre minha missão? Será que elas vão ficar surpresas? Valentina irá querer me matar? É, com certeza. Pensei.

— Vamos, Yan. Vou visitar o mar antes de ficar definitivamente por aqui, isso até encontrar o humano. - Falei, me levantando da cadeira. - Você deveria ter conversado mais com a Yasmin. Ela foi tão simpática!

— Não estou com paciência hoje, boba. - Ele deu um sorrisinho irônico. - Vamos logo antes que eu exploda essa cidade.

Eu assenti, enquanto ria. Nós começamos a andar e comecei a pensar sobre aquela garota.

 Yasmin Bennett.

Até que humanos não são tão ruins. Pensei, e me lembrei do que ela havia acabado de falar, sobre aulas de piano.

Talvez eu olhe isso mais tarde... estou curiosa.