Hastryn: Despertar escrita por Dreamy Boy


Capítulo 20
Valentia


Notas iniciais do capítulo

Agora, sim! Um recadinho maior.
O capítulo anterior serviu para mostrar como foi a descoberta de Katherine e Diana, além das formas como elas estão lidando com tudo. Vamos ver, agora, o ponto de vista da Charlie novamente :)



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Charlotte

Ao seu redor, no Centro Hospitalar, os corpos dos adoecidos estavam sendo cobertos, preparados para serem enterrados. Mais tarde, suas famílias saberiam do ocorrido e se preparariam para cerimônias fúnebres.

O odor de decomposição se espalhava pelo ambiente, trazendo à mulher uma sensação agonizante. As peles dos afetados pela praga ficavam quentes, pálidas e com extremidades roxas, devido ao fato de que esta acometia o sistema pulmonar por falta de oxigênio. Os olhos dos pacientes ficavam fundos. Eles sofriam grandes perdas de peso e de forças. O organismo se tornava cada vez mais fraco e os corpos eram tomados por um profundo cansaço físico. Ocorriam constantes vômitos e dificuldades de alimentação.

Ao ver Elliot dessa forma, seu coração não soube o que sentir.

Desejava, somente, que seu fim não fosse como os demais.

Que vivesse por tempo suficiente até descobrirem a cura.

Ao pensar em seu passado, jamais acreditaria que, um dia, seria obrigada a enfrentar algo como aquilo. Presenciou a morte de diversos seres humanos com os quais havia convivido pelo menos por algum momento, mas um momento importante a ponto de fazê-los ter alguma significação para ela. Obviamente, toda a população de Horgeon era importante, mas Charlie havia conhecido de perto alguns dos pacientes, e nunca se esqueceria de seus rostos.

Isaac, Sarah e os irmãos caçulas de Demetria não haviam resistido e, agora, estavam mortos diante da rainha. Ela havia falhado em salvá-los. A sensação de culpa a acompanharia por muito tempo. Talvez, para sempre. Não sabia como dar a notícia à jovem, que, por sorte, foi aceita em uma cidade que não teve contato direto com a ameaça.

Ao ler a carta de Katherine, convocou Hazel, Arianna, Aubrey, Thorfin, Aaron e Elizabeth. A pequena Freya acompanhou o irmão caçula de Elliot, pois seus pais também faleceram, de modo que também fosse hospedada pela rainha, para não ficar sozinha em sua residência. Todos haviam feito exames e, graças aos deuses, não foram encontrados sintomas.

— Por favor, diga que há uma forma de salvar o nosso filho! — Aubrey, desde que soube do estado de Elliot, entrou em pânico e tinha dificuldades para dormir, comer e até mesmo falar. Ela segurou as mãos da nora, implorando para que houvesse uma solução. — Foi isso que Katherine disse?

— Podemos dizer que sim, mas ainda será preciso muito trabalho. — Charlotte desenrolou o pergaminho e o leu em voz alta, para que todos os presentes a ouvissem. Aaron e Elizabeth sorriram ao saber da possibilidade de seus respectivos irmãos serem salvos. — Com a ajuda de um guerreiro, que trabalha há vários anos e conhece inúmeras regiões de Hastryn do Sul, descobri onde está a localização exata de Abigail. Ordenei que um grupo de soldados se preparasse para a viagem. Partiremos amanhã de manhã.

Com o estado grave de Elliot, Charlotte se tornou a única a chefiar tudo. Deveria confiar novamente em Robert e Roland para controlar Horgeon durante sua ausência, pois foram os selecionados pelo marido durante a Grande Guerra. Não estava na cidade tempo suficiente para arriscar novas pessoas, sabendo que aqueles dois haviam feito um bom trabalho.

— Descobrimos a existência de um cogumelo que, mesmo que não traga a cura, é capaz de fazer as dores diminuírem por um tempo. Talvez seja o tempo suficiente para a missão. Edmund, um dos membros da guarda, partiu pelas terras florestais à procura de suas reservas. Por causa de um livro deixado de canto, os cogumelos acabaram sendo esquecidos. Foi preciso uma pesquisa mais avançada nos exemplares mais escondidos da Biblioteca Medicinal.

Charlotte ansiava por uma luz em meio àquela escuridão. A carta enviada por Katherine foi o ponto-chave para que toda a esperança se reacendesse em seu coração e voltasse a ser a mulher determinada de sempre. As palavras de Hazel também foram essenciais para a postura que estava assumindo.

— Prometo que voltarei somente quando tivermos Abigail em nossas mãos.

Ela os envolveu em um abraço forte, direcionando uma atenção especial a cada um, inclusive Freya. Hazel e Arianna estariam no comando dos cuidados especiais das crianças, enquanto Aubrey e Thorfin realizaria o trabalho pesado que fosse necessário. Hazel era aquela que controlaria a fé de todos, e uma excelente contadora de histórias. Arianna, a que preparava as refeições capazes de sustentá-los. Os adultos participariam de qualquer reunião que Robert e Roland decidissem fazer, para que estivessem cientes dos possíveis acontecimentos que estariam por vir.

...

Caminhou até o aposento real e retirou algumas vestimentas costuradas especialmente para viagens, expedições, missões e passeios. Seriam extremamente úteis durante os próximos dias. As roupas e calçados eram escuros e feitos à base de couro, um material resistente, necessário em trajetos de longa distância. Em sua cintura, havia uma bainha, na qual seria posicionada a espada que a monarca utilizaria. No interior dos bolsos, dois punhais foram colocados, para o caso de surgir alguma emergência.

Quando sentiu que tudo estava preparado, partiu com os sujeitos escolhidos, sendo conduzida até a saída da cidade. Uma parte da população se encorajou a sair de suas próprias casas para vê-la ir em busca de algo que poderia salvá-los. Eles a aplaudiram e gritaram seu nome, desejando vida longa à rainha. Isso a emocionou e a trouxe uma sensação inteiramente positiva, motivando-a a continuar focada em realizar o seu objetivo.

Cada um tinha um cavalo diferente, para que a viagem demorasse menos. Eram animais fortes e bem preparados, para que conseguissem suportar os pesos daqueles que montavam em si durante os momentos que passariam fora da cidade.

Além da espada e dos punhais, Charlie também carregava um arco e tinha uma aljava presa ao corpo, repleta de fechas largas que poderiam perfurar o coração de qualquer inimigo que ousasse cruzar o seu caminho e confrontá-la. Estava determinada a salvar o seu povo e ninguém seria forte o suficiente para conseguir derrotá-la naquele momento.

Mas algo a deixava aflita.

Algo que atrapalhou seu sono durante a última noite.

Estava escondendo um segredo.

Isso a consumia por dentro.

Fazia-a sentir vontade de gritar a verdade a todos antes de partir.

Mas sabia que, se fizesse isso, eles a proibiriam de prosseguir.

Charlotte Trannyth conhecia uma antiga lenda, na qual nunca duvidou ser verdadeira. Caso o fosse, no momento em que chegariam às florestas, poderiam se encontrar com um ser extremamente perigoso e sanguinário. Um ser presente nas histórias de contos antigas. Nunca havia encontrado nada escrito e comprovado nas bibliotecas de Arroway e Horgeon a respeito do assunto, mas porque acreditava que todos os que apareciam diante dele não sobreviviam.

Sentia que estava prestes a conhecer um terrível inimigo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desses dois capítulos? Interessantes? Chatos? Poderiam ser melhores?



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