Kandor: as chamas da magia escrita por Sílvia Costa


Capítulo 18
Capítulo XVII - Torneio I


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores(as), como estão?
Mais um capítulo de Kandor saindo :D

Para começar a esquentar os ânimos para as competições.



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— Por quanto tempo vai ficar aí me olhando?

— Até você admitir. Quanto tempo você vai levar para isso eu não sei.

Robert estava incomodado com a teimosia de Ariana que parecia aumentar cada vez mais conforme os dias passavam. Ela era uma das únicas mulheres que frequentavam a área reservada para os treinamentos com arco e flecha nas proximidades do palácio. A outra, a Imperatriz, cessou as visitas assim que as duas deixaram de andar tão juntas.

— Não tenho nada para admitir. Me deixe treinar em paz.

Era sutil porém Robert notava certa diferença nela ao treinar e isso incomodava. Apesar de pouco se falarem, ele sempre a observava nos treinos e quando estava por perto, em algum lugar do palácio ou do reino. Sabia quando estava impaciente ou chateada, cansada, feliz ou não, e agora bem à sua frente estava uma mulher preocupada tentando esconder seus problemas. Ela tencionou o arco mais uma vez e mirou em direção ao alvo, soltando a flecha logo em seguida. Seu corpo ereto e as mãos delicadas mal davam a impressão de que fazia alguma força, o que deixava Robert admirado. Ele não era tão bom assim com flechas, preferindo uma boa espada, mas tinha que admitir que ela era perfeita no que fazia. Pelo menos até agora.

A flecha rasgou o ar, veloz e impiedosa até que alcançou o alvo, porém não o centro dele. Ariana baixou o arco e analisou o instrumento, curiosa. Não, com certeza não era ele que estava estragado. Sem querer, ela encarou o guarda que se mantinha atento a todos os seus movimentos e esperou por um comentário que não veio, encontrando no seu lugar um olhar solidário à frustração que se formava nela.

— Você sabe, não é mesmo?

— Que a sua mira está horrível? — Ele se aproximou devagar, sem tirar os olhos dela. — Acho que sou o único que reparou nisso. Todos os outros estão concentrados no seu problema com a Imperatriz.

— Eu não tenho nada demais. É só uma dor de cabeça.

— Que está durando dias. Olhe para isso. — Ele levantou o braço esquerdo dela deixando na altura que usava para atirar as flechas. A manga no estilo sino de seu vestido azul e cinza pendeu, deixando a mostra um bracelete com duas pedras nas cores do reino. Não pôde deixar de reparar no quanto ela ficava bem naquele vestido e no trançado de fitas azuis que iam do busto até a cintura. Ele mostrou o alvo e a fatídica flecha no lugar errado. — Você nunca cravou uma tão longe do centro. O arco está perfeito mas sua dor de cabeça está prejudicando sua visão. — Ele suspirou antes de continuar, enquanto ela se preparava para voltar ao palácio e parar de ouvi-lo. — Estou preocupado com você.

— Por quê? — Seu rosto se fez inteiro em perguntas. Por qual motivo um integrante da Guarda iria se preocupar com ela? Ainda mais quem ela fazia questão de evitar.

Ele se aproximou ensaiando uma resposta quando o som de uma trombeta chamou a atenção dos dois. Todo o reino estava agitado naquela manhã de outono, respirando a brisa leve que começava a refrescar a terra. As folhas das árvores se pintavam de novas cores em preparação para a próxima estação, anunciando novos tempos e um novo general. Era o primeiro dia do torneio e todos tinham seu campeão. Para a sorte de Ariana, Robert também participaria e não podia se atrasar.

— Converso com você depois. — Ele conseguiu dizer antes de sair correndo.

 

 

************************

 

 

Marcon ajeitava os últimos detalhes do seu uniforme, próximo a entrada do palácio enquanto aguardava para o início do torneio. Seus pais conversavam a pouca distância com um senhor de cabelos grisalhos, de média estatura, olhar de rapina, abdômen saliente e bigode negro. Talvez fosse um pretendente de Ailla, ele pensava. Era um homem rico com certeza a julgar pelos trajes e se fora convidado para a ocasião, era importante por algum motivo. Magno se aproximou dele, vestido com elegância, altivo e arrogante, e os criados abriram espaço só de vê-lo se aproximar.

— É uma ótima manhã para começar, não acha?

— Sim. Essa manhã será de vitórias consecutivas e o posto de general será meu. — Ele se virou para a entrada, observando seus amigos. Augustos estava pronto e animado para competir. Desde criança era muito competitivo e um problema para Marcon, que sempre quis toda glória para si próprio. Poderia ser um bom aliado e se fosse inimigo, melhor ainda mantê-lo por perto. Marcel e Fernando conversavam distraídos observando a movimentação de criados e convidados pelos jardins.

— Você tem bons concorrentes, jovem Marcon.

— E supõe que será uma disputa agradável de  ver, não é mesmo?

— Não posso negar que gosto. E com toda certeza será uma diversão para tornar esses dias melhores.

— Eu posso imaginar. Mas se assegure de torcer pela pessoa certa.

— É claro que torço por você. Alguma dúvida?

Marcon não respondeu, preferindo guardar suas desconfianças, seguindo depois para fora. Seu tio e seu pai conversavam em certa parte do jardim com ar despreocupado e ele se aproximou.

— Você já reparou como a energia flui através dela?

— Não. Eu não consigo sentir absolutamente nada. — O general respondeu balançando a cabeça.

— Eu sinto. É diferente de como nossa irmã a usava. Ela nunca conseguiu formar um só ataque com o poder da Joia.

— Você acha que ela está se desenvolvendo bem?

— Devagar. Mas sim, o desenvolvimento é perceptível.

Marcon queria perguntar sobre a magia de Kandor, mas eles mal notaram sua presença e uma dúvida começou a fervilhar em sua mente: se seu pai percebia quando Diana usava magia, será que ele não poderia também usá-la, e assim assumir o trono? Era só uma suposição mas valia a pena investigar.

Não muito longe dali, no terceiro andar do palácio, alguém observava a porta de entrada do quarto dos pais da Imperatriz. Sorrateiramente, a pessoa se aproximou, com uma destreza no andar semelhante ao de um gato que observa a presa. A porta trancada não foi empecilho para quem tem experiência em entrar em diversos locais e logo o espaçoso quarto recebia uma intrusa. O ambiente estava em perfeita ordem, as janelas abertas para o ar da manhã preenchê-lo tendo ainda um vaso de flores e um livro deixados sobre a escrivaninha, indicando que alguém esteve alí recentemente.

— Tenho certeza de que fica aqui a porta de entrada para o local onde a Joia de Kandor se esconde. — Ela passou as mãos pelas paredes como que sentindo o vazio negro por onde a escada passa para levar até a fonte do poder. — Mas será mais divertido tirá-la de você na frente de todos. — Ela parou por um momento saboreando a imagem que sua imaginação formava. — Eu vou destruí-la de todas as formas possíveis, Diana. Eu vou destruí-la…


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Notas finais do capítulo

Esse pessoal é cheio de tramóias
rs
Para quem ficou curioso para ver, esse é o vestido de Ariana: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT_Y8-JOpzO2aZ5NZfuRGzpl83iRXugQ0e7eUK8UDhvdH2lILIAbg

E não percam o próximo! Façam suas apostas.
Até mais!