Kandor: as chamas da magia escrita por Sílvia Costa


Capítulo 19
Capítulo XVIII - Torneio II


Notas iniciais do capítulo

Como vão todos? Sei que esperam por esse capítulo por dois meses mas não me matem rsrs

Ele é gigantesco e a leitura ficaria cansativa então dividi em dois. Vou postar o restante no sábado (sem falta, prometo). Como sempre, cortarei em alguma parte interessante :D



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O som da trombeta indicava o início do tão esperado torneio e boa parte dos súditos se reuniu para assistir a competição, animados e esperançosos de que seu campeão conquistasse o título. Em uma área plana, próxima ao palácio, foram construídas duas arquibancadas paralelas para alocar os espectadores e de frente para o local onde ocorreria parte da disputa, colocaram um palanque e sobre ele os assentos para a família real. Nessa parte, dois mastros envoltos em fitas verdes e brancas foram posicionados, um de cada lado.

Clermon e Aurora trocaram o aborrecimento com a filha por um sorriso, tentando esconder os problemas enquanto Ailla, que se vestiu ricamente com um vestido branco de mangas longas, detalhes dourados por todo o tecido e que varria o chão por onde ela passava, tomou seu lugar junto à eles; ávida por ver seu irmão competir após a interessante conversa que ocorreu mais cedo no quarto dele.

— Espero que ganhe essa disputa, irmãozinho.

— De verdade ou é só uma das suas provocações? — Ele limpava sua espada com cuidado em frente à janela.

— Eu tenho meus objetivos e você os seus. Quem sabe se tornando o General você ganha também o coração da sua querida Diana? — Seu rosto se contorceu em uma expressão de desdém.

— E você o que ganharia com isto?

— Sejamos claros: você quer Diana ou o trono… eu ainda não sei. — Ela caminhou suavemente em sua direção com o olhar fixo no dele. — E eu quero me livrar dos pretendentes indesejados. Há uma pessoa que me interessa e me parece uma boa opção, porém não é possível conseguir isso se ela estiver no meu caminho, já que ele parece servi-la muito bem. — Ele fez uma pausa se virando totalmente para ela mas sem responder. Queria ver até onde as ideias de sua irmã iriam. — Pense nisso. Podemos nos ajudar.

De imediato ele mirou a ponta da espada em seu pescoço, quase encostando na alva e impecável pele. Seu olhar perscrutava Ailla com cuidado enquanto ela, sem demonstrar medo, mantinha a altivez e segurava seu olhar. Lentamente, ele abaixou a espada.

— Tenha cuidado, irmãzinha.

— Digo o mesmo para você, irmãozinho.

A imagem de um Marcon determinado e feroz se instalou na sua mente mas aquilo não lhe assustava.  Esperaria para ver até onde chegaria no torneio, pois talvez houvesse alguém melhor do que ele, e seus olhos se puseram a procurar o oponente a altura. Pelo menos havia algo com o que se distrair depois de ser apresentada a um de seus desagradáveis pretendentes, que tomou lugar entre os comerciantes, mirando-a sem cessar. Bartolomeu Bonneville era um homem maduro e robusto, pai de sete filhos, com uma casa luxuosa e vastas terras. Em sua juventude, serviu a Imperatriz Ana nos seus últimos anos de reinado e um de seus filhos estava agora na competição pelo posto de General.

Do outro lado da estrutura se aglomeravam mais súditos, pessoas humildes a espera da entrada de seus filhos, maridos ou algum parente que se inscreveu para a competição. Seus olhos atentos a examinar a família e os conselheiros notaram a ausência de Daniel, e suas bocas foram ligeiras em criar teorias e tratar de assuntos diversos, interrompidas somente para dar atenção ao responsável por anunciar os competidores e manter a ordem nas disputas.

— Senhoras e senhores, estimada e honrosa Imperatriz — ele se curvou profundamente de frente para ela — e sua família; estamos aqui hoje para iniciar o torneio que vai definir o novo general da Guarda. Meu nome é Gonzalo e tenho a honra de participar dessa grande disputa. Tenho certeza de que será muito interessante. Vamos receber calorosamente os nossos competidores.

Pela lateral, ao som de palmas e gritos, um por um entrou vestindo o uniforme. Por sobre a camisa cinza de mangas longas, trajavam uma túnica azul, com detalhes verdes na barra e nas mangas. No peito, o bordado do brasão do reino se destacava: a pedra do poder no centro, na cor azul, com duas espadas cruzadas atrás e de cada lado, um cavalo negro empinando. Abaixo deles, uma faixa trazia o nome do reino, lembrando a terra a qual pertenciam. A túnica chegava até a metade da coxa e tinha mangas pouco acima dos cotovelos, onde o corte formava um detalhe triangular. A calça e botas pretas completavam a vestimenta, juntamente com a capa da mesma cor, cobrindo até a metade da panturrilha e cujo capuz estava para trás. Era permitido colocar nela um broche ou detalhe que remetesse a sua família ou seus ideais, não mais destacado, é claro, do que o brasão do reino.

Na altura dos quadris, traziam um cinto que servia para encaixar a espada e também tinham uma aljava com flechas. Ryan foi o primeiro a entrar confiante, seguido por Henry e Alexandre. Marcon entrou com um sorriso calmo e orgulhoso, e logo depois vieram Augustus, Marcel, Fernando e Leon. Andrei e Mikhail, os mais velhos na competição e filhos de um casal considerado um dos mais leais ao reino, amigos de Solano e Sarah; Ivan, filho de Bartolomeu; Claus, cujo pai integrou em outros anos a Guarda; Oliver e Antony, filhos de comerciantes. Robert fechou o cortejo de concorrentes, quase perdendo o início do torneio.

Eles se colocaram a frente do local onde a Imperatriz se sentava, aguardando que anunciasse como seriam as disputas. O povo ainda gritava o nome de seus preferidos e frases de apoio enquanto ela os observava, reparando na tensão de uns, na calma de outros ou em quem não ousava levantar o olhar de encontro ao dela. Ela queria vê-los por dentro, descobrir a verdadeira intenção que os levava a competir. Seria pelo status que o cargo traria, para agradar alguém como o pai, por exemplo, ou realmente se interessavam em auxiliar o reino? Era difícil saber mas cada um deles daria, com certeza, o melhor de si.

— Com a palavra, a Imperatriz.

Uma salva de palmas a acolheu vindo de todos os lados e ela se levantou a tempo de ver Ariana chegar atrasada e tomar um lugar junto ao Conselho, onde Nãna, por teimosia, não aceitou ficar. O vestido vinho, rodado, de decote canoa, exibiu seus bordados dourados nos ombros e nas mangas, ao passo que a pequena cauda deslizou com delicadeza pela madeira. A pesada tiara com a qual foi coroada foi substituída pela menor, própria para o dia. Ao vê-la de pé, os demais fizeram uma reverência e os competidores se puseram sob um dos joelhos.

— Quero agradecer a todos que vieram prestigiar o torneio e dizer que estou muito feliz que esse momento tenha chegado e que eu possa estar tão próxima a vocês novamente. Também quero agradecer ao General John por todos esses anos de serviço. — Ela se voltou para ele e continuou. — A Guarda e todo o reino são muito gratos por tudo e feliz que possa descansar um pouco.

Ele lhe deu um sorriso acanhado e fez um aceno de cabeça, segurando a mão de sua esposa. Diana lhe deu um sorriso em retribuição, os olhos cheios de gratidão e certa tristeza, e continuou.

— Agora vamos as regras dessa competição. Será diferente dos outros anos mas tenham certeza de que o vencedor dará valor ao lugar que conquistou. Inicialmente, vamos dividir os competidores em dois grupos e posteriormente ficarão quatro de vocês, sendo dois em cada grupo para assim começarmos as lutas em dupla. Faremos duas disputas com integrantes de grupos diferentes e os dois vencedores serão finalistas para a última luta, que será realizada amanhã. — Ela contemplou de todos os lados alguns rostos surpresos e notou os pequenos burburinhos. — Será desclassificado quem ferir o cavalo do oponente ou que o atacar após uma queda. Quem ferir o outro competidor abaixo da cintura, também será expulso e aquele que se machucar e não conseguir continuar será retirado do local por guardas que já foram escalados para esse serviço.

Os comentários aumentaram de todas as partes. Pela primeira vez em anos o General não seria escolhido pela preferência da Imperatriz, do Conselho ou em duelos, o que causou uma surpresa difícil de esconder e segurar. Aliado a isto, estava a satisfação disfarçada de alguns súditos, como uma sombra negra a se alastrar sorrateiramente pelo reino.

— Para criar os grupos, vamos selecionar dois de vocês que escolherão os demais integrantes. E agora, levantem-se. — Ela disse aos competidores e virando-se para a lateral. — Gonzalo, vamos dar início ao torneio.

O anunciante se aproximou com um saco negro na mão que estendeu a cada um deles. Receosos como os demais espectadores, um por um retirou uma esfera contida nele, feita de feno enrolado por um tecido da mesma cor do saco.

— Agora que já receberam as esferas, podem abri-las.

As mãos hábeis rasgaram o tecido e vasculharam o feno. A maioria ficou somente com isso, sem entender qual a sua finalidade. Entretanto, havia duas esferas cujo interior continha algo a mais.

— Marcon Wood e Henry Zumach formarão os grupos desta competição.

Ele iniciou uma salva de palmas seguida pelos demais. Os dois rapazes traziam nas mãos duas pequenas pedras, azul e verde, e se olhavam de soslaio, Marcon querendo vencer Henry e este com o objetivo de fazê-lo pagar por todas as humilhações que já fez aos outros. Agenon ficou muito feliz e receoso ao mesmo tempo, vendo a tensão que se formou, enquanto Clermon se sentia orgulhoso do filho por ter chegado até alí e esperava a vitória.

— Escolham agora seus companheiros no grupo. Zumach, pode começar.

A primeira decisão em um dos momentos mais importantes de sua vida. Se escolhesse com sabedoria, poderia vencer seu oponente, o que mais lhe importava naquele momento. Precisava de habilidades mas também de quem soubesse usar estratégia. Não podia perder porque seu sonho estava em jogo, pensava.

— Ryan.

— Ryan Muscat, nosso primeiro escolhido. — Seus familiares gritavam por seu nome e batiam palmas com a escolha, instigando outras pessoas a os acompanharem. — Wood, quem será sua primeira escolha?

Marcon estava pensativo mas um sorriso surgiu ao ouvir  o nome do primeiro escolhido do rival. Isso seria divertido, imaginava, principalmente se pudesse eliminar Ryan e por último seu fiel amiguinho. Para isso, escolheu quem julgava ser um dos melhores.

— Ivan Bonneville. — Seu pai vibrou no assento com a escolha, comentava com os amigos ao lado e pensava em como seu filho era bom e que com certeza venceria.

 

************************

 

O leve trote dos cavalos não era o único som que se ouviu quando os grupos adentraram o bosque próximo as terras do palácio. O que marcava aquela manhã eram os gritos de incentivo nos dois grupos que se formaram e a euforia de quem os assistia. Robert e Henry estavam a frente na trilha, seguidos por Alexandre, Ryan, Leon, Claus e Antony. Mikhail seguia na retaguarda atento a qualquer movimento do grupo de Marcon ou possíveis surpresas. Deram um nome para cada grupo: eles eram o grupo Águias e Marcon estava a frente dos Coiotes.

A tarefa era aparentemente fácil: usar um mapa para encontrar o local onde foram escondidos dois objetos que continham as instruções para continuar no torneio.

— Isso está simples demais. Deve haver algo escondido nessas árvores para nos atrasar. — Comentou Antony, um jovem moreno e alto, filho mais novo de um comerciante.

— Com certeza. Não nos dariam um mapa para acharmos um objeto e só.

— Por onde vamos, Henry? — A frente deles se abriu um caminho com duas trilhas mas quando se está rodeado pelas árvores, quase tudo é igual.

— Por aqui. — Ele tomou o caminho da esquerda se lembrando que Diana disse a todos para tomarem cuidado. — Temos que ser rápidos. Quanto mais cedo pegarmos essas instruções, mais vantagens teremos sobre os outros.

A ideia de cada um era vencer mas acima de tudo, não permitir que alguém do grupo adversário levasse o título. Para eles, seria o fim da Guarda se algum dos outros conseguisse o poder. Quem toleraria Marcon ou um dos seus no comando? Internamente eles tinham um senso de cooperação muito maior e a certeza de que valia mais do que o título. Valia salvar o reino de um General mesquinho e manipulador.

Tudo parecia muito calmo enquanto adentravam o local e cerca de uma hora já tinha se passado. O mapa trazia algumas partes ilegíveis e pontos com nomes diferentes do habitual. Provavelmente um exemplar antigo retirado da biblioteca do palácio que só dificultaria a tarefa.

A apreensão começava a tomar conta deles já que não tinham encontrado nada no percurso ainda e o silêncio pesava o ambiente. Qual objeto eles encontrariam? Que importância ele teria para continuarem? Henry pensava no grupo e como líder, se teria de eliminar algum dos outros. Decisão difícil, concluiu.

— Podemos nos apressar um pouco?

Ele deu início a um trote e foi seguido pelos outros. A sensação de liberdade enquanto o cavalo corria era algo que todos gostavam e parte daquela área se mostrou propícia para uma rápida corrida. O terreno plano e as árvores um tanto esparsas quase formavam uma clareira, cujo chão estava coberto pela folhagem do início do outono. Dizem que as pessoas e os mares calmos causam as grandes tempestades e isso podia se aplicar também aquele bosque.

Ligeiramente, o terreno se tornou traiçoeiro. As folhas e a terra abaixo deles começaram a se mover em uma dança rápida em busca dos primeiros que deixariam a competição. Alexandre notou que seu cavalo perdeu certa firmeza no galope, deslizando um pouco para o lado.

— O que está acontecendo? O terreno está se movendo!?

Uma energia percorreu os concorrentes e seus cavalos em uma luta para escapar do local. Um misto de terra e patas se juntou aos gritos e a tentativa desesperada da sair do alcance de um inimigo que os puxava para baixo sem reservas. Segurando firmemente as rédeas, Henry forçou o cavalo a seguir em frente mais rápido juntamente com Mikhail e Leon enquanto Ryan tentava escapar pela lateral com Antony.

— Rápido! — Henry gritava. — Aos poucos eles conseguiram se afastar do perigo e esperaram a poeira baixar. O grupo acabou se dividindo e entre eles se abriu uma cratera fria e profunda, tendo duas vezes e meia a altura de um homem.

 — Estão todos bem? — Alexandre questionou.

— Claus está com você?

— Não, Ryan.

— Alguém aí? Nos tirem daqui!

— Mas de onde veio isto? — Leon desceu do cavalo e se aproximou um pouco para ver melhor onde caíram.

Antony gritava algumas palavras e tossia em meio a poeira. Claus se ajeitava com os olhos embaçados e os cavalos inquietos relinchavam e pisoteavam o fundo da cratera sem parar. Henry e Alexandre se aproximaram a pé, verificando até onde era seguro os outros chegarem.

— Antony, você está bem? Está sozinho? — Henry perguntou já tentando avaliar o quão fundo estavam.

— Está tudo bem. Claus está comigo.

— Vamos jogar um corda. — Eles se entreolharam. — Consegue subir?

Antes que ele pudesse responder duas flechas cortaram o ar. A primeira cravou na entrada do buraco e a outra ao lado de Alexandre. Ela trazia um pedaço de pergaminho enrolado à haste que ele o retirou e leu devagar:

— Eliminados.

— Eles estão...

— Eliminados. Em pensar que eu quase caí. — Ele mirou Henry com tristeza. — Vamos embora. Já está claro que não podemos tirá-los de lá.

— Arqueiros... estão nos vigiando.

— Vamos sair daqui logo.

— Não podemos deixá-los lá!

— Ryan, não temos escolha. — Alexandre levantou a voz com firmeza trazendo um peso para o ambiente.

— Me desculpem. Eu devia ter analisado melhor o terreno.

— Não é culpa sua, Henry. — Mikhail colocou a mão em seu ombro, como um sinal de conforto. — É uma disputa. Vamos continuar?

Estavam indignados em deixar os amigos para trás mas sendo aquela uma disputa, não dava para voltar e muito menos resgatá-los, assim como Diana tinha dito. Seriam desclassificados também se tentassem? Provavelmente não, entretanto perderiam um tempo precioso que daria vantagem aos demais. Tratava-se de uma questão de vencer e eles não estavam dispostos a abrir mão desse objetivo.

Enquanto avançavam o dia se tornou mais quente e seco. Analisando melhor o mapa descobriram que o ponto final seria na entrada de algumas cavernas. O que procuravam deveria estar escondido por lá mas ainda teriam de verificar nos salões formados por elas. Havia uma forma rápida de chegar até lá, uma área conhecida de todos eles. Se descessem por uma das encostas passariam perto do rio, que os ajudaria muito devido a sede, e logo chegariam ao destino. Entretanto não era tão simples assim. Alguém já tinha se encarregado de tornar essa passagem impossível.

Eles assistiram o plano cair por terra ao se depararem com a descida repleta de flechas envoltas em tecidos flamejantes. O cheiro de álcool era forte e as folhas caídas também crepitavam. Em uma das árvores próximas havia um pergaminho amarrado que Mikhail retirou.

— Cortesia dos Coiotes. — Eles se entreolharam e a raiva se propagou.

— Estão trapaceando!

— Deveriam ser desclassificados!

— Malditos Coiotes! — Mikhail vociferou.

— Como conseguiram dar a volta por nós e chegar até aqui? — Robert andou também até o início da descida.

— Não sei mas eu pagaria para saber.

— Marcon nos paga! Vou duelar com ele no final.

— Não vai adiantar ficar nervoso, Leon.

— Mas Henry, olha pra isso. Estão nos prejudicando.

— Vamos seguir adiante. Tem que haver outra forma de passar. — Ele falou com voz firme e deu meia volta, seguindo em outra direção. — Venham.

A frente deles havia outro caminho mais demorado e longo, todavia a única opção se quisessem chegar ao final. Relutantes, eles guiaram os cavalos para lá, esperando uma nova surpresa vindo de algum lugar e foi justamente o que tiveram. Logo a frente se abriu uma trilha, a única passagem para o local onde encontrariam a entrada das cavernas. O problema seria passar pela fileira de troncos suspensos por cordas em um constante, perigoso e rápido vai e vem.

— Bem que disseram que se parecia com um teste de sobrevivência.

— Vamos, Robert. É só gravar o tempo que cada um leva para ir de um lado a outro. Vou mostrar para vocês.

— Ryan, tome cuidado. Não sabemos se é só isso.

Ele se adiantou com o cavalo e se aproximou do primeiro obstáculo. O animal esperava um sinal para seguir enquanto Ryan observava os movimentos. Calmamente ele passou pelo primeiro e se viu cercado mas com espaço suficiente para se manter a salvo. Passou pelo segundo e então os demais o acompanharam.

— Viram? Eu disse que era fácil.

A comemoração veio cedo demais. Como um prenúncio de problemas um som encheu o ar e fogo começou a se alastrar pelos troncos. Flechas flamejantes vieram dos galhos mais altos das frondosas árvores, marcando o real início dos problemas deles e com as chamas se espalhando, não se ferir tornou-se quase impossível. Os cavalos se desesperaram e relutavam em obedecer, esbarrando nos troncos e mudando o ritmo deles. Encurralados eles forçaram uma fuga, tentando evitar ao máximo os danos.

— Mantenham a calma!

Henry estava no meio da trilha de obstáculos e assistiu Ryan puxar a fila assim que o primeiro impacto da surpresa passou. Controlar os cavalos seria a primeira coisa a fazer e depois sair o mais rápido que fosse possível.

— Depressa! — Robert pedia no fim da fila.

Um tanto desajeitados eles passavam pelos troncos um a um, as fagulhas voando com o balanço e caindo sobre suas roupas e no pelo dos animais. O som do crepitar invadia seus ouvidos, dizendo que o tempo era precioso para que pudessem fugir, não sendo possível sair pelas laterais, rodeadas de uma fileira de árvores muito próximas. Quem abriria uma trilha só para encurralá-los? Levado pelo medo logo o cavalo de Leon estacou impedindo a passagem do demais e espalhando o desespero para os outros. O calor incomodava cada vez mais e não havia com o quê apagar o fogo.

— Leon, precisa mostrar que você sabe o que está fazendo, que está no comando.

— Não dá Robert. Se eu arriscar passar por este tronco ele vai sair correndo em direção aos outros. Vai se machucar. — Os outros mantinham a calma o máximo que podiam mas não havia outra saída ao alcance.

— Robert, consegue cortar a corda dele?

— Cortar com o quê?

— Do que vocês estão falando? — Leon questionava.

— Com uma flecha. Você é o melhor de nós com elas. — Órion marchava levantando poeira em sinal de nervosismo. — Mire na corda quando o tronco estiver para a esquerda. Se cortar na hora certa ele vai continuar com impulso para passar entre aqueles galhos.

— Você é louco Henry mas acerte isso Robert ou vamos sair da competição aqui mesmo! Só temos uma chance.

Alexandre estava agitado porém era a única ideia que se desse errado traria problemas quando ele caísse. Robert mirou a flecha na corda e esperou. Ele veio de um lado ao outro e fez todo o percurso novamente. Uma agonia de segundos que crescia com a expectativa. Ariana lhe veio a mente, o sorriso bonito e a pele contra o sol da tarde. Ele colocou suas esperanças naquela flecha e a soltou. Ela abriu passagem com velocidade e rasgou parcialmente a corda. O tronco balançou desengonçado para um lado, enchendo de adrenalina as veias dos competidores e novamente foi para a esquerda, desfiando a corda com seu peso até ela se partir.


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Notas finais do capítulo

Bem, só dá para saber o que acharam se vocês comentarem. Podem brigar comigo também que eu deixo rs
Decidi fazer diferente do que já encontrei em outras fics. Espero que tenham gostado mas estejam livres para dizer que ficou estranho se tiverem essa impressão.
No próximo eu mostro o final do grupo de Henry (ideia boa a dele mas será que funciona) e o que aconteceu com o de Marcon.

Daqui a pouco virão as lutas em dupla.
Quem vencerá?

Um detalhe: para quem me pede imagens de referência, o dream cast. Bem, aí vão algumas:

Diana (tentem imaginar mais morena. Não encontrei o mago do Photoshop dos sonhos ainda): https://drive.google.com/file/d/1wk8SvASNhhOTUgp4SA4xatCsQrSCqjey/view?usp=sharing

Ariana: https://drive.google.com/file/d/1JuDyfQVYX3CkM_Yx4Zp6_vJ09UX9gOBI/view?usp=sharing

Henry: https://drive.google.com/file/d/1vlzlgAN3pYxcoXrXMRX_KQ938kVPO4Ll/view?usp=sharing

Solano: https://drive.google.com/file/d/1VSn-_wbxaFYWcrswiW8-AJUFQc07LbWg/view?usp=sharing

Ailla: https://drive.google.com/file/d/10LrArG9aQ3GyIKrfq_RoCr6l-5FAErp0/view?usp=sharing

Marcon: https://drive.google.com/file/d/1OBX_5ofi2eanPotLb8urEmCRSJuI74v5/view?usp=sharing



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