Réglisse escrita por Ana Barbieri


Capítulo 3
Someone to take care of us


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Queenie. O nome realmente saltava-lhe aos ouvidos como as notas de uma canção há muito perdida e que de repente retornava à sua memória, dando sentido mais uma vez a vida. Enquanto terminava de organizar tudo antes de fechar, percebeu certa arrumação extraordinária em sua mesa. Os livros de caixa organizados por datas e as notas e receitas também rearranjadas na ordem de sua preferência. De fato, durante a tarde, ele ficara se lembrando sobre como precisava checá-las a fim de escolher como tentaria as novas combinações de receitas dali alguns dias. Agora que havia se estabilizado como um bom ponto de comércio, estava na hora de ousar um pouco mais e extrapolar a criatividade que tantos anos na cozinha lhe proporcionara. Com os cartões já posicionados, ele teria muito menos trabalho... teria sido ela? Queenie... o nome era curto, simples e parecia denotar uma pequena rainha e, bem, com aquele rosto, não seria difícil fazer tal comparação.

Durante todo o caminho de volta para seu pequeno apartamento, só conseguia pensar nela e no que fizera-o sentir. Costumavam perguntá-lo sobre de onde saíam suas ideias e ele sempre respondia não saber. Eram sonhos. Imagens que passeavam pela sua lembrança durante a noite e que não poderiam ser verdade... Meu Deus! Se fossem, ele poderia ser tachado de louco por pensar assim! Não se considerava dono de uma imaginação muito ampla, mas, talvez lhe faltassem motivos para permitir-se tais ideias antes... durante a guerra; em meio a um campo de batalha inóspito, cavando trincheiras sem cessar, a comida que tanto gostava parecendo serragem em sua boca... com o que sua imaginação trabalharia? E depois o trabalho repetitivo e maçante na fábrica de enlatados, lembrando-o todos os dias do porquê precisava abrir sua padaria, mas nunca com meios para alcançar seu sonho. Porém agora ele realizara-o e o mundo ganhara novas cores, a mais nova delas: cor de rosa.

Eu amo cozinhar”. Aquelas palavras singelas, mas ditas com tanta sinceridade e paixão. Jacob admirava pessoas que detinham tanto ardor por pequenas coisas quanto ele, os pequenos e tolos sonhadores. Deveras, para alguém tão apaixonado, ela ainda soava hesitante ante algumas tarefas, mas nunca dava um passo para trás... não recordava-se de alguma vez ter visto uma garota se divertir tanto na cozinha quanto ele desde, bem, desde sua abençoada avozinha. Ela também sentia um prazer inigualável criando suas receitas. Nem mesmo suas primeiras namoradas... geralmente cabia a ele surpreendê-las com uma refeição maravilhosa e não se importava com isso, sentia-se vaidoso com a aceitação delas de que jamais conseguiriam fazer nada semelhante. Deixavam-no à sós e retornavam quando tudo estava belamente preparado como uma peça de teatro. Isso levou-o a imaginar a senhorita Goldstein com farinha respingada em uma das bochechas e batendo palmas de alegria quando completava uma tarefa com perfeição, como brincava e ria com comentários espirituosos sobre o trabalho... tão cheia de vida!

— Queenie... – murmurou ao se sentar em uma cadeira próxima à cama. Repentinamente, sentiu um gosto doce na boca... alcaçuz; levando-o a tocar os lábios, sorrindo consigo mesmo...

℘℘℘

Tina percebera uma leve alteração no humor de sua irmã e imaginou que isso fosse resultado de alguma escapulida do escritório. Ela sabia que a caçula não gostava nem um pouco de seu trabalho e que, não fosse sua teimosia de que deveriam dividir a responsabilidade financeira, sequer tornaria a colocar os pés dentro do Macusa. Certa vez, a morena implicara com sua falta de ambição, mas, com o tempo, percebera que isso era nada mais do que consequência de seu enorme coração. Estava tão ocupada cuidando dela, mais até do que Tina cuidava de si mesma, que pensamentos como: ser a melhor em alguma coisa, focar nos anseios de seu próprio coração, soavam como banalidades. De fato, sua irmã era muito boa com feitiços em geral. Mantinha seus livros da época de escola sempre à mão, na sua estante. Lia até mais do que Tina. Especialmente romances. Não era à toa que fora escolhida para a Puckwudgie, coração de Ilvermorny.

— O que disse ao senhor Abernathy? – perguntou enquanto terminava de secar os pratos, ao passo que sua irmã os guardava. A pergunta colocou Queenie em alerta. Novamente a mentira fazia com que se sentisse tanto bem quanto mal. Detestava mentir para Teenie, mas, não tinha escolha. Sabia que estaria colocando o emprego dela em perigo se descobrissem que sua irmã mantinha relações com um no-maj. Lendo sua mente, descobriu que ela apenas tinha suspeitas de que a loira houvesse mentido para sair mais cedo... “quase isso, Teenie”, pensou.

— Que estava com “problemas femininos”. – respondeu rindo alegremente. Tina acompanhou-a, revirando um pouco os olhos, mas achando realmente engraçado. Conseguia imaginar o embaraço do senhor Abernathy frente aos problemas femininos de Queen.

Terminada a arrumação na cozinha, elas foram para o quarto, onde uma linha costurava sozinha um avental cor de rosa nas medidas da loira e um ferro passava os ternos da morena. Enquanto vestiam os pijamas, Tina se perguntava porque sua irmã estaria interessada em um avental quando nunca tivera problemas em cozinhar apenas com suas roupas normais. Mirou-a de soslaio. Estava agindo naturalmente, terminando de amarrar os laços de sua camisola e alcançando a escova de cabelos. Analisava o resultado do avental ao longe, satisfeita, virando-se para Teenie com candura.

— Chocolate quente? – sugeriu com um sorriso matreiro. Tina assentiu e a outra saiu com passos leves novamente para a cozinha. “Onde foi parar aquele coração partido...?” Perguntou-se a morena àquela noite, antes de pegar no sono. Ao seu lado, Queenie dormia tranquilamente, sorrindo calidamente em seus sonhos.

℘℘℘

Na manhã seguinte, a caçula Goldstein acordou às seis da manhã para preparar o café. Porpentina, em sono profundo, despertou apenas quando ouviu um gritinho vindo da cozinha. Com a varinha em punho, abriu a porta do quarto pronta para afastar qualquer mal agouro ou bruxo que fosse, mas, a cena com a qual se deparara fora muito mais inesperada que isso. Queenie chupava o dedo indicador como uma criança e tinha lágrimas nos olhos. No fogão havia uma chaleira.

— O que foi? – indagou Tina, confusa.

— Me queimei quando fui segurar a chaleira... – tentou explicar a outra, alcançando um pano para segurar pelo cabo e despejar um pouco da água quente no bule sobre a mesa e a outra metade dentro de uma garrafa com um filtro.

— Por que segurar a chaleira? Por que simplesmente não...? – Tina tornou a inquirir, se aproximando da mesa, limpando os olhos com as costas das mãos. Mas Queenie já havia colocado o prato com os ovos, o bacon e as torradas com manteiga sobre a mesa e aquilo pareceu encerrar os inquéritos. Ao reparar que sua irmã já estava completamente vestida, no entanto, sua desconfiança tornou a acordá-la. – Queen, por que já está vestida? Aliás, ainda é cedo! Nós começamos às oito e meia! – protestou a mais velha, seu tom brando e ao mesmo tempo autoritário preocupando a mais nova.

— Prometi ao senhor Abernathy que chegaria mais cedo hoje. Para compensar a saída de ontem... – respondeu sem rodeios. Sentia-se envergonhada por suas mentiras estarem saindo com maior naturalidade até mesmo para sua irmã e melhor amiga. Tina simplesmente fitou-a de boca aberta, sem saber o que responder e assistiu enquanto ela se despedia e batia a porta da frente. Voltando ao quarto, reparou que o avental havia sumido.

℘℘℘

Henry estava virando a esquina para o East Side quando vislumbrou o vulto de uma loira andando com passos largos, quase correndo, na mesma direção que ele. Carregava uma pequena bolsa cor de rosa, combinando com seu casaco, seu chapéu, seus sapatos e suas luvas... ele riu. Uma garota estonteante daquelas trabalhando para Kowalski! O mundo tinha perdido completamente a lógica. Avistando-o, ela acenou de leve com a cabeça, sorrindo de lado, parecendo constrangida e continuou na sua direção. Henry limitou-se a responder o aceno e a fazer o trajeto para os fundos da padaria. Queenie o imitou, a fim de parecer natural.

Jacob já estava lá, como disse que estaria e parecia muito disposto, embora ela conseguisse ler que o cansaço por acordar demasiadamente cedo ainda o rodeava. Ele cumprimentou-os com educação e continuou a separar as novas fornadas de pães, acenando para que ela o ajudasse. Rapidamente, retirou o recém costurado avental de dentro da bolsa; feito com os restos de um tecido que usara para um de seus vestidos. Era cor de rosa, mas simples e caía-lhe melhor do que um dos sobressalentes de Henry. Também retirou uma garrafa térmica de dentro da bolsa e colocou-a sobre a mesa de Jacob antes de finalmente começar a ajudar. Seu patrão mal reparava, mas seu colega observava aqueles pequenos gestos e ficava cada vez mais cético sobre o mundo.

Quando finalmente terminaram de aprontar as prateleiras com as primeiras fornadas de pães, bolos, roscas e broas, já era hora de abrir. A loira permaneceu atrás do balcão e respondeu aos primeiros pedidos, Jacob logo colocando-se ao lado dela. Aquele início de manhã era movimentado com as donas de casa que vinham atrás do que servir aos seus maridos e suas crianças. Algumas destas que acompanhavam suas mamães com rostinhos sonolentos e dedos na boca. A estas, Jacob oferecia um pequeno agrado... um docinho na forma de um pelúcio e elas saíam completamente despertas.

— Está cansado, senhor Kowalski. – observou ela, entregando o troco para uma cliente.

— É uma questão de pegar o costume da rotina, senhorita Goldstein... não se preocupe, já estou acostumado... – contrapôs ele, fazendo pouco caso, embora ela estivesse certa.

— O senhor tomou café? – indagou ainda preocupada. Ela sabia que não. Ele sorriu.

— Realmente não precisa se preocupar, senhorita...

— Deixei uma garrafa com café fresco em cima da sua mesa, vá tomar. Eu consigo ficar um momento sozinha. – interrompeu ela, tão autoritária quanto uma mãe de um recém-nascido. – Por favor, senhor Kowalski... e coma alguma coisa...

Encabulado por ter sido ordenado em seu próprio estabelecimento, mas tocado pela preocupação genuína dela, obedeceu. Na verdade, havia beliscado. Era preciso testar a mercadoria para ter certeza de que tudo saíra corretamente, não? Contudo, não tivera tempo para fazer seu próprio café e se vira obrigado a beber aquela mistura aguada que o vinte e quatro horas mais próximo oferecia. Girando a tampa da garrafa, o perfume dos grãos secos subiu-lhe às narinas. Tina costumava dizer que a maior benção de sua vida fora Queenie ter aprendido a fazer café como sua mãe, pois, o café da senhora Goldstein era a melhor coisa que um ser adormecido poderia desejar. Bastou um gole...

— Ei, Henry! – chamou Jacob, perplexo. O rapaz saiu da dispensa no mesmo instante. – Beba isto. – disse servindo outra xícara. Bebendo, os olhos de Henry se abriram em incredulidade. – Não é? – indagou seu patrão.

— Ela fez isso. – disse Henry sem rodeios, bebendo mais um gole. Jacob o imitava. – Não sei se é bondade no coração ou se ela gosta do senhor, patrão, mas... que Deus abençoe aquelas mãos!

Enquanto isso, Queenie questionava as horas a um dos fregueses que lhe estendia o dinheiro. Já estava quinze minutos atrasada para o Macusa. Pedindo licença à senhora que atendia agora, caminhou até os fundos onde Jacob e Henry discutiam sobre seu café. Ela sorriu, reprimindo uma risadinha ao passo que se aproximava. Ambos viraram ao mesmo tempo, assustados por sua entrada repentina, suas expressões levando-a ao inevitável riso. Precisava pedir por uns minutos para sair e resolver tudo com o senhor Abernathy, mas, isso envolveria mentir para Jacob... dentre todas as pessoas, ele e sua irmã eram os últimos a quem algum dia sonhara em contar qualquer coisa que não fosse verdade...

— Alguma coisa errada, senhorita Goldstein? – proferiu Jacob, dando um passo na direção dela. Queenie abriu e fechou a boca, sem saber o que falar, recuando para trás, ansiosa. – Senhorita Goldstein...? – insistiu ele.

— Eu preciso ir... preciso sair por alguns minutos... – gaguejou, remexendo na ponta dos dedos em mais um claro sinal de que a situação a deixava desconfortável. Henry franziu o cenho e Jacob apenas a fitava, confuso. – minha irmã não estava bem quando saí esta manhã... talvez ainda esteja... preciso checar... prometo não demorar... – continuou, a pressão levando-a às lágrimas. Jacob apressou-se para segurar-lhe as mãos e tentar acalmá-la.

— É claro, vá, nós podemos segurar as pontas por aqui... – disse tentando fazê-la sorrir; ela tentou, mas, lançou um olhar na direção de Henry que a mirou com desaprovação e não conseguiu. Soluçou baixinho, assentindo e saiu.

O senhor Abernathy estava parado na porta do escritório, esperando. Os olhos de Queenie já haviam secado, mas, ela continuava cabisbaixa. Mirou-o de relance, tornando a encarar o chão, ele não parecia contente com seu atraso e tampouco como se fosse deixar tocar por seus olhos ainda vermelhos.

— Tínhamos um acordo, Queenie... – ele começou com os braços para trás. – E conseguiu quebrá-lo no primeiro dia.

— Perdi a hora, senhor Abernathy... sinto muito... precisei fazer algo para Teenie – Tina – ela não parecia muito bem e acabei me atrasando... – desculpou-se completamente resignada. Seu supervisor pareceu considerar por um momento suas palavras. Desconhecia os horários de Porpentina Goldstein agora que retornara ao grupo de aurores, mas, era a primeira vez que Queenie se atrasava. Usualmente, ela apenas saía mais cedo, mas era sempre pontual.

— Muito bem. Ao trabalho, então! – disse abrindo-lhe o caminho. Ela sorriu e foi para a sua mesa. Limpara-se com a varinha antes de subir e escondera o avental dentro de um dos bolsos internos do casaco com um feitiço. O movimento dentro do escritório de registros de varinhas era escasso naquela época do ano e, ao verificar, parecia que um café já havia sido improvisado, sobrando pouco a ser feito. Verificou se Eilonwy deixara algo inacabado, embora soubesse que não deveria demorar-se ali. Manteve os olhos presos no relógio da parede dos fundos, enquanto separava os pedidos que precisavam ser assinados.

— Preciso que entregue isso na sala do senhor Wallace, Queenie, por favor. E volte logo em seguida. – pediu o senhor Abernathy. Ela assentiu e saiu para o quarto andar e ele não a perdeu de vista pelo resto da manhã. O relógio finalmente badalou a hora do almoço e antes mesmo de ser dispensada, ela saiu correndo de volta para o East Side. Aquelas caminhadas estavam sendo o melhor exercício que fazia em anos e logo ela nem chegaria a caber em seus vestidos. Se ao menos houvesse uma maneira de aparatar sem ser notada... só ansiava ainda ter um emprego quando avistasse Jacob ou Henry.

— Sinto muito, senhor Kowalski. – disse ao entrar, tornando a vestir o avental. Ele estava na cozinha, enrolando bolinhas de massa entre as mãos.

— Como estava sua irmã? – respondeu o padeiro, erguendo os olhos para ela com um sorriso amigável. Queenie suspirou encantada, aproximando-se a passos lentos da bancada onde ele trabalhava.

— Melhor, mas ainda estava na cama... deixei algo para ela comer e voltei o mais rápido que pude... – falou com os olhos vidrados no que ele fazia, sorrindo de lado. Eles ficaram em silêncio, a loja parecia deserta e não havia sinal de Henry, provavelmente em horário de almoço nas redondezas. Subitamente, seu próprio estômago roncou e ela sentiu todo seu sangue se concentrar em seu rosto. Jacob reprimiu uma risada, admirado com o fato de que, mesmo corada, suas maçãs ficavam mais rosadas do que vermelhas. Sem trocarem uma palavra, ele caminhou até um dos fornos e retirou uma travessa de pasteizinhos recheados. Havia no mínimo quatro dúzias ainda por vir e aquela primeira leva foi colocada bem abaixo dos olhos dela.

— É preciso testar a mercadoria. – comentou Jacob, meio brincalhão, tornando a enrolar massa. Queenie o fitou desconcertada. – Ora, vamos. A senhorita me fez tomar café, eu quero que almoce. Mas cuidado, ou Henry vai pensar que tenho um favorito. – acrescentou piscando para ela de forma encorajadora. Sua ajudante sorriu e levou um pastelzinho a boca... estava magnífico.

— E o senhor não tem? – inquiriu sem se dar conta. – Quero dizer, não tem uma favorita... quero dizer... – ela precisava fazer com que se lembrasse dela, mas não tinha ideia de como iria atiçar a memória dele sem parecer maluca...

— Eu entendo o que quer dizer, senhorita Goldstein. – acalmou-a ele, corando um pouco, mas sorrindo de lado. – Não, não tenho. A senhorita, por outro lado, imagino que...

— Também não. – informou-o de pronto. Ele ficou notadamente chocado e aquilo fê-la rir muito. O assunto fora encerrado e ela continuou comendo, enquanto ele terminava com a massa, colocando-a dentro de outro forno. – Eu realmente estou muito chateada por ter saído daquela forma mais cedo...

— Não se preocupe, - tranquilizou-a, limpando as mãos no avental – eu não tenho irmãos, mas imagino que também me preocuparia com eles.

— Ela é tudo o que tenho... não imagino o que faria sem a minha Teenie... – murmurou tristonha, mais uma vez sentindo-se culpada por mentir.

— Vocês...

— Nossos pais morreram quando éramos crianças. Tivemos que nos virar sozinhas e Teenie sempre tomou a frente. Mas as vezes se esforça tanto que parece se esquecer de cuidar melhor de si mesma... é aí que eu entro, suponho... preciso cuidar dela. – explicou gentilmente. Não se sentia mal por falar de seus pais, gostava das lembranças boas que isso trazia. Já Tina pensava diferente. Falava pouco a respeito, preferindo guardar seus sentimentos apenas para quando estivessem sozinhas, em reminiscência. Jacob assentiu. Seus pais haviam morrido há vários anos, mas ele os tivera por perto na infância e também sua avó e tantos outros primos. Vinha de uma família grande onde à vista da menor possibilidades, gostavam de se reunir e fazer uma excelente refeição. Imaginou como teria sido crescer sem aquela familiaridade e percebeu o quão tristonhos aqueles últimos anos dourados de infância passaram para as duas garotas... Nova York nem sempre era o lugar mais hospitaleiro.

Ainda assim, aquelas provações não impediram que a jovem à sua frente tivesse uma personalidade positiva e vivaz. Quantas pessoas passavam por muito menos e não conseguiam sentir mais nada além do gosto de amargor em suas bocas?

— Sim... é bom saber que alguém cuida de nós... – concordou, sentindo um grande carinho por aquela sua jovem ajudante de cozinha. Soava impossível que não tivesse alguém especial tomando conta dela, além da irmã mais velha, claro. A sineta da porta da padaria anunciou a chegada de um novo cliente e Queenie saiu em disparada, apertando a mão dele ao passar:

— De volta ao trabalho. – brincou com um risinho agradável. Não retornou ao escritório pelo resto do dia. Sentindo-se nem um pouco inclinada a passar uma tarde servindo café ou limpando banheiros.


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Notas finais do capítulo

Olá! Perceberam ali o alcaçuz?

Bem, como devem ter reparado, está havendo uma postagem em massa de vários capítulos e talvez as notas fiquem escassas ao final de alguns deles, de fato, talvez até o último que pretendo postar: o número 6. Em todo caso, permaneço desejando saber as opiniões de vocês e que minhas palavras os estejam agradando! Um Beijoooo!!



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