Coração de Lata escrita por Lady Padackles


Capítulo 2
Fazendo sala




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Antes de sair de casa para trabalhar, no dia seguinte, Sam pediu para alguns empregados carregarem Castiel para a área da piscina, onde já começava a bater sol. Dean acordou um pouco mais tarde, mas logo depois de tomar o café-da-manhã, foi dar uma espiadinha no robô.

Castiel permanecia imóvel. Devia estar carregando a umas duas horas... O louro fitou-o curioso. Depois se aproximou e tocou de leve sua pele e seus cabelos. Aquele androide era realmente, absolutamente, perfeito. Além de parecer real, ainda era bonito... Mas o que Dean faria com ele? Talvez o robô pudesse substituir Sebastian como mordomo da casa... Até que seria uma boa troca!

Campbell riu de seu pensamento. Depois esperou um pouco, na expectativa do robô finalmente começar a se mexer. Minutos depois, já impaciente, o louro decidiu se afastar e dar um mergulho na piscina. Era Agosto, e fazia calor na cidade de San Antonio, no Texas, onde moravam.

Dean estava bastante distraído quando viu, de repente, o androide se aproximar.

— Bom dia. Você é Dean Campbell?

O som que veio do androide fez o rapaz estremecer. Tudo bem que Castiel parecesse um ser humano real. Campbell, entretanto, jamais imaginou que sua forma de falar, se mexer, e se expressar pudessem ser também impecáveis... Seria impossível supor que Castiel não era humano, caso ele não soubesse a verdade.

— Sim... Sou eu... - gaguejou o louro em resposta. Mas como aquela máquina sabia seu nome? Dean estava prestes a perguntar, mas antes de fazê-lo, o androide foi logo explicando:

— Eu fui programado para lhe fazer companhia...

O rapaz apenas sorriu, sem saber exatamente o que mais dizer. Castiel o encarava, deixando o homem constrangido. Deveria ele puxar conversa? Mas dizer o que? Sem graça, o louro nadou de um lado para o outro da piscina, enquanto o robô o acompanhava com os olhos.

— Isso é uma piscina? - Perguntou Castiel, por fim, cortando o silêncio.

— É sim... - respondeu Dean. - É que hoje está quente... E eu gosto de nadar, pra fazer um pouco de exercício... - completou, de alguma forma sentindo-se obrigado a justificar-se.

— Sei... - suspirou o outro. Em seguida abriu um largo sorriso, que deixou o louro surpreso. - E eu posso nadar também? - quis saber o robô.

Dean sentia-se cada vez mais estranho, porque Castiel parecia humano demais... Ele já ia responder-lhe que podia fazer o que bem quisesse quando lembrou-se que talvez o androide pudesse se danificar com a água.

— Melhor não, Castiel...

A máquina fitou-o interrogativa com seus brilhantes olhos azuis.

— Desculpa, mas é que você... Sabe... Pode estragar... - Aquelas palavras haviam soado estranhas, e Dean engoliu em seco. Será que Castiel tinha noção do que significava estragar? O robô apenas continuava a olha-lo, esperando mais explicações. Que droga! Talvez fosse melhor sair logo daquela porra de piscina. E foi isso que Dean fez.

Castiel continuava encarando, prestando atenção em cada movimento que o homem fazia. Pouco a vontade, Campbell se enrolou na toalha depressa, e anunciou que precisava de um banho.

O robô seguiu seu dono até a entrada do banheiro, mas Dean não permitiu sua entrada, trancando a porta atrás de si.

Que pesadelo! Que presente de péssimo gosto que Sam fora lhe arranjar... Dean tomou um banho bastante demorado, sem a menor vontade de ter que encarar o androide de novo.

Quando saiu, já vestido, Castiel esperava por ele.

— Pega um copo de água para mim na cozinha? - pediu Dean.

Castiel sorriu. parecendo satisfeito por poder ser-lhe útil de alguma forma. O louro sentiu-se quase culpado quando o robozinho se afastou. A verdade é que ele não queria água coisa nenhuma. Tudo o que o louro queria era se trancar no quarto para ficar um pouco em paz, longe os olhares daquele ser estranho.

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Dean só abriu a porta na hora do almoço, quando Sebastian bateu. Todos os dias, no mesmo horário, o mordomo levava sua comida, sempre muito cheirosa e bem servida, no quarto. O rapaz pegou a bandeja, e não pôde deixar de notar Castiel, em pé, logo atrás de Sebastian, com o maldito copo de água nas mãos.

— Posso entrar? - pediu o robô.

Dean engoliu em seco e deu adeus à sua privacidade... Ele era educado demais para recusar o pedido, e se maldizia por isso. Existia isso de ser mal educado com um androide? Dean sentiu-se um perfeito idiota quando concordou com a entrada dele. Pegou a água, e agradeceu por ela. Tudo o que o louro queria agora era esganar Sam Winchester pelo presente de grego que ele lhe dera.

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— Graças a Deus que você chegou! - A raiva já tinha até passado. Dean atirou-se nos braços de Sam assim que avistou o moreno. Passar a tarde inteira calado, assistindo televisão com o robô de olhos compridos, tinha sido provação demais. O louro precisava era do carinho de seu marido, e também que ele desligasse aquela máquina que lhe atrapalhara o dia.

— Que foi, Dean? Acontenceu alguma coisa?

Sim. Castiel havia acontecido! O louro puxou o marido para um canto reservado e reclamou em seus ouvidos por um bom tempo. O androide o seguia, o encarava e o constrangia. Dean queria se ver livre dele o mais depressa possível. Winchester ouvia tudo atentamente, mas quando o marido, bufando, revoltou-se por ter tido que fazer sala pro robô, o mais jovem não se conteve, e explodiu em um acesso de risos.

— Desculpa, amor... - disse o moreno, quase sem fôlego, e tentando se conter já que Dean permanecia sério e mal humorado. - Mas... Fazer sala para o adróide? Só você mesmo... - completou o rapaz. - Deixa de ser bobo, Dean! Ele não é uma pessoa! Você não precisa ficar sem graça perto de um objeto eletrônico!

Sam Winchester parecia realmente não compreender sua aflição... Claro, ele ainda não tinha visto o tal objeto eletrônico em ação... Castiel era mais humano que Sebastian, disso Dean tinha certeza.

Mas, ao contrário do que previra o louro, Winchester não pareceu mudar de ideia quando finalmente ficou frente a frente com o brinquedinho que dera de presente ao marido.

— Ele parece humano, mas é só um robô, Dean! Aqui... O cabelo, a pele... É tudo artificial... - Disse o moreno colocando os fios escuros dos cabelos de Castiel entre os dedos. - Você não precisa ficar constrangido, não, seu bobo! Por mais tímido que seja, ficar com vergonha desse androide é palhaçada, né, Dean? Ele não tem alma, nem sentimentos - o moreno riu de novo, e Dean teve a impressão que Castiel agora parecia triste, humilhado. Talvez, por via das dúvidas, seu marido não devesse falar assim na frente do coitado... Ou então era ele, Dean, quem estava ficando maluco.

Sim! Só podia ser isso... Ele estava completamente pirado! Pelo jeito ficar trancado o dia todo naquela mansão havia lhe tirado o juízo, isso sim. Com aparência humana ou não, Castiel era só um robô... E Sam, como sempre, tinha razão... O louro soltou uma risadinha sem graça.

Dean respirou fundo e engoliu em seco. Repetiu para si mesmo que estava sendo ridículo. Ele não precisava, e não iria, ficar constrangido na presença daquele androide de novo, por mais humano que ele parecesse. E então veio a velha indagação. O que ele afinal haveria de fazer com Castiel? A verdade era que o robô não servia para lhe fazer companhia. No máximo poderia lhe fazer favores, mas disso ele não precisava... O Louro suspirou alto. Mais um presente caro e inútil...

— Você não me pega! - gritou Sam, tirando o mais velho de seus pensamentos. Espantado, Campbell viu seu marido correr como um maluco, subindo por cima dos móveis, com o robozinho Castiel a seu encalço. Estavam os dois brincando de pega-pega? Inacreditável!

Sam e Castiel pulavam por cima dos móveis, da cama, de tudo, parecendo duas crianças desgovernadas. Pelo jeito Winchester havia arranjado serventia para o androide, e bem depressa... Dean sorriu. Não tinha paciência para as brincadeiras infantis do marido, mas achava-o irresistível quando se comportava como uma criancinha. Vê-lo sorrindo e brincando, descabelado, lembravam a Dean de quando se conheceram, e como, apesar de tanto trabalho e responsabilidade, no fundo Sam não mudara nada. Era o mesmo garotinho adorável, que ele tanto amava...

— Vem brincar com a gente! - chamou Winchester. Mas Dean fez que não com a cabeça. O louro sentou-se, apenas observando o tamanho da fofura contida naquele sorriso cheio de covinhas. Seu marido era o homem mais adorável do mundo inteiro...

Quando a brincadeira acabou, Sam estava suado e ofegante. Castiel, que pareceu ter se divertido tanto quanto ele, agora tinha o olhar tranquilo e a mesma aparência serena de sempre.

— Agora quero brincar é com você... - disse Winchester, de forma sensual, já se aproximando do marido. Dean sorriu bobamente, e não demorou nem um pouco para sentir-se excitado. Ambos esqueceram-se do robozinho e logo já estavam nus, um nos braços do outro, fazendo carícias. Castiel assistia tudo, e, lá pelas tantas, Dean apagou a luz. Depois esqueceu-se por completo da presença do androide. Era besteira mesmo se importar com ele... Dean e Sam tiveram uma intensa e romântica noite de amor.

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No dia seguinte, o casal mais do que apaixonado, se despediu com beijos e carinhos antes de Sam sair para o trabalho. Que noite! Dean estava ainda anestesiado. Demorou para se levantar da cama, tomar banho, e pensar no que haveria de fazer durante o dia. A presença de Castiel parecia não perturbá-lo tanto. Estava de muito bom humor para deixar-se chatear com os olhares fixos do humanoide.


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