30 motivos para odiar Benjamin Lacerda escrita por Huntress


Capítulo 8
22 de junho (terça-feira) – 8º Defeito


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um pouco mais curto porque não tem Benjamin nele ;-;
Um agradecimento especial à Giulianaamoedo, que está sempre por aqui ♥
Quero desejar boas-vindas às novas pessoas que estão acompanhando e pedir para que me contem o que estão achando.
Ana Carol H, Alifields03, Decody, Lana Walker, Bruna e Histórias, Andreza Soares e Manu, um ENORME agradecimento à vocês por terem favoritado a história ♥
Boa leitura.



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22 de junho (terça-feira) – 8º Defeito

— The Walking Dead é gravado nos Estados Unidos, Lívia, e não aqui – foi esse o comentário de Carol quando me viu chegando na escola, mas não pude rebater porque meu estado era realmente deplorável. O cabelo estava pior do que o normal, cheio de nós e completamente embaraçado, enormes olheiras embaixo dos olhos que não tive vontade de cobrir com maquiagem e o uniforme estava muito amassado.

Passei todas as aulas de cabeça abaixada, evitando a luz que piorava minha dor de cabeça e as perguntas constantes de meus amigos e até de alguns professores. Além disso, fiquei o intervalo inteiro na biblioteca, dormindo.

Eu estava péssima e isso estava escrito na minha cara, mas mantinha em minha cabeça que aquilo era passageiro e que iria melhorar logo, além de pensar em maneiras de evitar encontrar Benjamin. Comecei avisando para minha mãe que ficaria à tarde na escola para terminar um trabalho e almoçaria em um restaurante próximo, evitando vê-lo. Bloqueei seu contato para que não recebesse mensagens e ignorei suas ligações enquanto fazia minha lição para passar o tempo.

O próximo passo era chegar em casa antes que Benjamin retornasse da escola e bolar alguma desculpa para não deixá-lo entrar em meu quarto. Decidi ligar para minha mãe e combinei de ir à noite, que era seu período livre, olhar alguns vestidos para a festa do prefeito.

Depois de eu ter passar a tarde na escola, minha mãe me deixou em casa e aceitou minha proposta de ir às compras, dizendo que estava feliz em ver que eu realmente apareceria na festa. Sorri fraco e não falei nada durante o percurso. Quando cheguei em casa, fiquei no quarto assistindo uma série nova enquanto esperava o retorno de minha mãe do trabalho.

Nesse tempo que fiquei nem casa, tranquei a porta da varanda e fechei as cortinas do meu quarto, ignorando ainda as ligações de Benjamin – que já acumulavam mais de 20 chamadas perdidas no meu celular – além das vezes que ligou em meu fixo. Eu teria que passar a ideia de que, além de não estar em casa, eu estava ocupada demais para atender.

Benjamin é muito insistente — caso não tenha percebido ainda. Ele não aceita sua resposta enquanto não coincidir com a dele ou enquanto não fizerem algo que ele quer. Uma vez, disse a Benjamin que não gostava de Flash e ele praticamente me obrigou a assistir tudo até que admitisse que a série era boa. Em outra, eu disse que não queria ir na feira de ciências de sua escola, mas Benjamin passou o dia me cutucando e dizendo “Por favor!” e até ameaçando de me carregar amarrada até lá, tudo para me fazer assistir sua apresentação e dizer que estava boa. Esses são alguns dos exemplos, mas acho que o melhor é essa situação que vivi hoje. Por que ele não podia aceitar o fato de que eu não queria falar com ele?

Quando minha mãe chegou, corri rapidamente para dentro do carro e pedi para que acelerasse. Ela não entendeu, mas fez mesmo assim. Mal sabe ela que me salvou de ver um par de olhos verdes lindos e furiosos me fuzilando. Minha mãe perguntou o que tinha acontecido e eu disse que não era nada importante.

— Sabia que Ben ligou para mim no escritório perguntando o que aconteceu com você? – questionou-me. Arregalei os olhos e virei para encará-la. Ela estava curiosa e chateada ao mesmo tempo, dava para perceber. – Respondi que não sabia do que ele estava falando. Pode me explicar?

— Eu e Benjamin discutimos e não quero falar com ele – foi só o que respondi. Fiquei repetindo mentalmente que era parcialmente verdade, já que tínhamos discutido antes, mas não estava me convencendo. Ela suspirou, triste.

Aproveitei para checar meu celular. Havia 42 chamadas não atendidas.

— Promete que vai resolver isso depois? – assenti com a cabeça, dizendo para mim mesma que poderia até tentar e decidi mudar de assunto.

— Vinícius me chamou para sair – o rosto de minha mãe se iluminou com essa informação.

— Sério? Quando? Onde? – perguntou, eufórica, e fui obrigada a rir de sua reação. Contei rapidamente sobre o pedido, fazendo minha mãe rir quando disse que não tinha entendido que era um encontro e ela liberou minha ida ao shopping na sexta, dizendo que até compraria algumas roupas novas para eu usar na ocasião.

Passamos em várias lojas até que encontrasse um vestido que me agradasse. Minha mãe gostou, mas disse que precisava ser uma cor que chamasse atenção. Expliquei então que azul me deixava confortável e que não queria atenção exagerada. Depois de convencida, mamãe me levou para comprar milk-shake em um quiosque e fomos para as lojas de departamento, onde comprei um short jeans escuro, uma blusa florida aberta nos ombros e algumas outras peças de roupa.

Era em momentos como esse que agradecia pelo companheirismo de minha mãe, que, mesmo ficando fora o dia inteiro, ainda me criou com amor e se mostrava uma ótima amiga. Quando descobri estar gostando de Benjamin, quase contei a ela, mas percebi que as brincadeiras que fazia poderiam comprometer tudo, além de acabar contando para meu pai e, eventualmente, para a família de Benjamin.

Quando paramos o carro na garagem, pedi à minha mãe que não deixasse Benjamin entrar em casa de jeito nenhum. Ela bufou, brava com minhas escapadas, mas aceitou. Ouvi o barulho de uma porta abrindo e supus que Benjamin estivesse vindo para cá. Saí correndo do carro e entrei em casa ofegando, seguindo direto para meu quarto e decidindo ir tomar um banho logo em seguida.

Depois de sair do banheiro e me trocar, decidi deixar um bilhete para Benjamin. Arranquei uma folha de meu caderno, escrevi “Não me ligue mais” e colei no vidro da porta da varanda, do lado de fora. Fiz questão de batê-la bem forte para que, caso estivesse em seu quarto, conseguisse ouvir.

Desci para jantar, mas estava sem fome então comi muito pouco. Minha mãe mostrou estar chateada comigo e evitava falar, sendo que a única coisa que saiu de sua boca foi um “Passe o sal, por favor”. Queria ter perguntado o que ela disse para Benjamin e o que ele falou, qualquer coisa relacionada à conversa dos dois, mas desisti ao ver como ela estava.

Fiquei na sala com meu pai por um tempo, mas percebi que ele também não falava comigo direito. Sem saber o que estava acontecendo, subi as escadas e fui colocar meu pijama. Quando desci novamente, parei ao escutar a conversa dos meus pais.

— Ela claramente tem um motivo, Carla – escutei meu pai falando.

— E ela podia contá-lo para Ben, não acha? – rebateu. – Ele veio tão chateado conversar comigo e eu expliquei que Lívia disse que tinha a ver com a discussão que tiveram. Mas sabe o que descobri? Que Ben nem sabe de que discussão eu estava falando.

Subi para meu quarto, desistindo de conversar com qualquer um dos dois. Uma hora ou outra minha mãe ia descobrir que eu não tinha sido completamente honesta, mas o que falaria? Que a namorada do meu melhor amigo me ameaçou e que eu não estava aguentando ser trocada por alguém como Mariana? Falariam que eu estava sendo dramática e que teria que aceitar que meu amigo agora não era mais só meu.

Também já esperava que minha mãe ficasse do lado de Benjamin, ela o considerava como família, e com certeza levaria meu pai junto, principalmente porque a versão de Benjamin é bem mais convincente do que a minha. Eu tinha meus motivos para fazer isso, mas nenhum deles poderia saber, então seria um contra três.

Joguei-me na cama explodindo de raiva e abafei meu grito no travesseiro. Liguei a televisão, mas nada me distraía completamente, então apenas me deitei e tentei dormir. Já estava bocejando quando ouvi passos na varanda, que pararam depois de um tempo. Escutei mais alguns ruídos e, depois de esperar um tempo, fui checar se minha folha ainda estava lá.

Ela estava, mas completamente amassada no chão.

Lívia.

8º Defeito: Benjamin é insistente e não aceita um “não”
como resposta.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acham que vai acontecer?
Um beijo e até o próximo capítulo.