Sete Maneiras de Ser Humano escrita por Hinalle


Capítulo 5
Indolência do descuido - Preguiça




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Indolência do descuido

 

Inspirou lentamente, enquanto fechava os olhos e afundava a cabeça na almofada. O calor morno daquela tarde, que já morria, deixava-o naquela sensação de doce inconsciência, disperso em suas lembranças e em suas fantasias.

– Querido - uma voz chamou, distante.

Ele acreditou que fosse sua imaginação, então revirou-se no sofá, a fim de retomar sua leve sonolência.

Sentiu uma mão pousar em seu braço, e logo tentou afastá-la de si. A voz chamou, novamente, e ele abriu lentamente os olhos.

Viu a imagem borrada de sua noiva, e suas feições, preocupadas, despertaram-no de imediato.

– Aconteceu alguma coisa? - perguntou, apreensivo.

– Você não ouviu eu te chamando?

– Achei que fosse minha imaginação - admitiu, sem dar muita importância para o que dizia.

Ela ajoelhou-se no chão, segurando em uma das mãos dele.

– Querido, acho que você anda muito distante - desabafou, sem encará-lo.

– Como assim, amor?

– Já faz algum tempo que parece que foge de mim. Prefere ficar sozinho, não me acompanha mais ao supermercado, ao shopping. Talvez você não esteja mais tão apaixonado por mim quanto quando você me pediu em casamento - falou, sentindo-lhe a tristeza na voz.

Pensou em contradizê-la, em falar-lhe que, embora noivos, precisavam de algum tempo sozinhos, entretanto, a falta de brilho nos olhos da amada fizeram-no calar-se.

Lembrou-se das vezes em que ela o chamara, e ele demorava para desvencilhar-se dos lençóis de sua cama. Quando ela lhe convidava para sair, mas assistir televisão parecia-lhe mais agradável. Quando ela estava consigo, e ele a ignorava, mergulhado em sua própria satisfação em não estar trabalhando.

– Desculpe, querida. Foi egoísmo da minha parte querer aproveitar todo esse tempo sozinho... quando podia aproveitar ele com você...

– Você - começou, em um murmúrio e insegurança - ainda me ama?

– Claro que sim, querida - e sorriu, fazendo-a sorrir também.

Ficaram em silêncio por algum tempo, até que ela o quebrasse:

– Pode me fazer companhia lá na cozinha?

Ele meneou, afirmativamente, com a cabeça. Sentou-se no sofá e, esquecendo-se de suas lembranças e fantasias, foi viver o presente.

 


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Notas finais do capítulo

Agradeço por todos os comentários. Semana que vem tem mais!