Coleção de Drabbles escrita por Teffyhart


Capítulo 6
Indomável




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Dentre todas as coisas, existiam aquelas que nunca seriam dominadas. Que nunca seriam adestradas. Que, como o vento, eram livres em todos os sentidos da palavra. Eram pessoas selvagens que não importava o quanto você tentasse incutir suas ordens nelas, eram, simplesmente, indomáveis.

Era o caso de Sieghart. Ou ao menos ela achava que era por uma grande parte do tempo. Ele estava sempre um passo a frente das rédeas, se esquivando das correntes, perseguindo sua liberdade com todas as suas forças. O que era um tanto irônico, contudo, era o fato que ele não enxergava sua própria coleira.

Que era um guerreiro da Deusa, que há muito havia perdido o direito sobre seu próprio destino.

No entanto, ele continuava aquele tipo de pessoa que faz as coisas de sua própria maneira, que não aceita mandos ou desmandos. Foi uma surpresa para todos, inclusive ela, quando ele acatara suas ordens. Quando os olhos que brilhavam um prata líquido, cederam ao que ela decidira. Quando Sieghart, diferente de tudo que podia-se imaginar, dedicou-lhe sua alma, ajoelhando-se e notificando-a que, acima de tudo, Elesis possuía sua espada. Como um nobre cavaleiro.

Mas, ainda assim, a ruiva não conseguia vê-lo de outra maneira senão livre; indomável. Inalcançável. Não importava o quanto tentasse seguir seus passos ou quão adiantada achava que estava, ele sempre sabia. Ele sempre tinha controle sobre o que era e o que queria fazer.

Ele vinha à noite, enrolar-se em seus edredons e acalentar seu sono, apreciando o conforto e o carinho que recebia, mas bastava ela acordar para descobrir-se sozinha. Para descobrir que, como um lobo sem matilha, ele havia partido no silêncio da aurora para seguir seu próprio caminho.

Ela não podia dizer que tinha a guia, que o prendia, em suas mãos. Talvez não fosse uma realidade distante, era verdade, mas ela se recusaria, eternamente, a tê-la. Ela tinha certeza que, sem que ela precisasse possuí-lo como um todo, algo havia sido domesticado dentro dele.

Algo nas ações, preocupadas, interessadas. Algo pela noite, que ainda na manhã seguinte encontrava os cabelos negros, desarrumados. Algo em seus abraços, que lhe concediam segurança e conforto. Era estranho porque o imortal passava, de um lobo solitário, um predador natural e implacável, à um cachorro confiável, que cuidaria da casa e das crianças.

Ela gostava de dominá-lo, de vê-lo obedecê-la por vontade própria. Ela gostava de observá-lo quando sentava-se em seu colo, acalentando-o, enquanto o moreno a aprisionava em um abraço possessivo, sabendo que aquela posse era a responsável por guiar seu caminho.

Ela gostava de saber que, mesmo que não aceitasse o controle total do imortal, ele já havia oferecido suas correntes, seus segredos e sua total confiança à ela. Esperando suas ordens e a maneira qual deveria seguir.

Mas, mantendo seus desejos quietos, respeitava a liberdade dele. Respeitava a maneira bruta, que ainda faltava a lapidação, qual amava.

Ele era indomável, na melhor definição da palavra. Ainda assim existia aquela exceção, a maneira como gostava de ser domado pelas mãos quentes da líder, a maneira qual a amava.


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