Coleção de Drabbles escrita por Teffyhart


Capítulo 4
Massagem




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Por que ela acabara naquela situação era um mistério. Quer dizer, não era um tão grande, mas na cabecinha ruiva, que mil coisas pareciam sempre acontecer, ela ainda não conseguia entender como ela foi induzida a competir contra o imortal em um treino e acabou perdendo uma aposta.

E então estava lá ela, com as mangas dobradas até os cotovelos, um moreno muito contente deitado de barriga pra baixo no colchão, e o óleo de massagem que pingava de seus dedos. Grunhiu alguma coisa baixo e ajoelhou-se na cama. Deixando um joelho de cada lado do homem, que contente suspirava esperando pelo que lhe foi prometido, usou as próprias nádegas dele para poder sentar-se e, finalmente, começar.

Esticou-se sobre o dorso dele, aplicando pressão nos músculos, esfregando os dedos para desfazer a tensão deles. Elesis não podia mentir que quase gostava daquela situação. Gostava de ter um motivo para conhecer o corpo do moreno melhor.

Gostava da maneira como a pele dele era sempre quente sob a sua, de como os músculos relaxavam embaixo de suas palmas calejadas, de traçar os dedos, levemente, sobre as diversas pequenas cicatrizes que ele tinha pelo corpo, conhecendo e memorizando cada uma delas, mas principalmente gostava da maneira que simplesmente se derretia mediante ao seu toque, Sieghart parecia ronronar ao receber a massagem, espalhando-se melhor na cama.

Nenhum dos dois falava naquele momento, o silêncio compartilhado era de agrado mútuo. Até porque, mesmo que a ruiva não estivesse tão contrariada em fazer aquilo, quem tirava verdadeiro proveito era o imortal.

Sentindo as carícias em forma de massagem, a maneira com que o peso dela era confortável sobre seu corpo, a ponta da trança dela que as vezes encostava de leve em suas costas, o fazendo se arrepiar. Tudo ali era confortável, mas ele estava bem longe de estar relaxado. Bem longe mesmo. Sentia vontade de se bater toda vez que seus hormônios faziam um rebuliço por causa dela, por Ernasis! Ele não era mais um jovem que não tem controle sobre seu corpo.

Mas qualquer toque dela era suficiente para todas as vontades e desejos praticamente saírem por seus poros. Ou seus movimentos que o hipnotizavam descaradamente, como o gingado de seu quadril ou a maneira que alongava seus músculos antes de começar os treinos diários. Sua mente nada pura já tinha imaginado mil situações em diferentes lugares. Como era o caso naquele exato momento.

–Vira. - A voz fina quebrou o silêncio. Ele percebeu que diferente dele que já quase dormia, existia algo bem acordado.

–Que? - Perguntou.

–Vira de barriga pra cima. - Ela falou, sentando-se melhor e estalando os dedos que estavam rígidos pelos movimentos constantes. - Pra continuar a massagem.

Ele processou aquela informação por um tempo. Tentando apagar todas as imagens que já havia feito da líder, inclusive tentando apagar as evidências que elas existiram. Ela tomou aquele tempo como se ele estivesse tentando raciocinar com sono - afinal ela sabia o quanto o moreno era preguiçoso - portanto esperou pacientemente, alongando as mãos. Quando Sieghart chegou a conclusão que já não era morte certa virar-se, indicou que iria começar o movimento.

A ruiva meramente se ergueu. Sustentou-se em seus joelhos e deixou com que ele se virasse. Movimentou-se levemente pra frente, sentando-se sobre o abdômen dele, e pegou o frasco de óleo, passando mais um pouco deste em suas palmas, atenta ao que fazia e ao fato que os olhos prateados não desgrudaram em momento algum de sua imagem. - Para de me encarar. - Falou, sentindo que seu rosto esquentava. Ele desviou o olhar para o teto, incomumente quieto.

Ela continuou os movimentos. Ele pensou o quão morto estaria quando ela percebesse algo que não deveria estar ali. A culpa era dela, afinal, tão despojada sentada sobre ele. Sieghart podia sentir o calor que emanava dela. Mesmo que tivesse desviado o olhar para outro ponto, sua visão ainda capturava a ruiva, observando a maneira que os ombros dela se mexiam, ou como a blusa delineava suas curvas naquela posição.

Ela passou a massagem pelos braços dele, retirando-os de trás da cabeça morena. Elesis nunca tinha reparado o quanto os braços dele eram longos, ou o quanto a mão dele era tão calejada quanto a dela. Assim que terminou com um braço, passou para o próximo. Sem ter onde colocar a mão, no entanto, o imortal acabou apoiando-a na coxa dela. Elesis o encarou feio por um momento, ele ergueu os ombros, trabalhando em sua melhor cara de inocente. - Não tenho onde deixá-la. - Explicou.

–Não se acostume.

Ele não iria. Até porque se o fizesse seria o fim dos dias de paz da ruiva. Resmungou alguma coisa de volta, apenas para deixá-la satisfeita, e o assunto prontamente morreu.

Eventualmente ela simplesmente parou. O moreno a olhou, curioso, e ela se jogou ao seu lado na cama, retirando seu peso de cima dele. Com a cabeça afundada em um dos travesseiros, ela esticou os braços sobre a cabeceira da cama, pensando em alguma desculpa. - Estou com câimbra.

O moreno sorriu para ela. No momento ele não sabia se seu jeans iria matá-lo, estrangulando aquilo que não deveria, ou estava o protegendo da fúria da líder, encenando que sua ereção não estava ali, por mais evidente que estivesse. Por via das dúvidas o moreno usou o pretexto para deitar de lado. - Posso devolver a massagem qualquer dia desses. Ou mesmo agora. - Insinuou.

Só a menção de que ela teria os dedos dele correndo em sua pele fez a ruiva corar mais do que deveria. - Qualquer dia.– Garantiu. Ele riu da falta de jeito que ele se encontrava.

Ficaram ali, se encarando. Sem palavras, sem movimentos, sem nada. Apenas os dois. Elesis pensou em levantar. Pensou em escapar do olhar do moreno, que sempre a fazia querer perder as estribeiras, no entanto quando ela ergueu o tórax para, literalmente, fugir do imortal, ele passou um braço por sua cintura, a puxou para perto e aconchegou-se melhor.

–E-Ei, o que você pensa que tá fazendo, múmia estúpida? - Tentou soltar-se sem muito sucesso.

–Dormindo. - Respondeu. Antes que ela retrucasse ele encostou os lábios na pele do pescoço dela, dando um beijo estalado e rindo baixo, depois simplesmente aconchegou-se da melhor forma, próximo dela. Ela podia garantir que seu corpo - dela - parecia uma gelatina naquele momento. - E usando você como travesseiro extra.

A ruiva ficou um tempo parada, pensando na situação. O calor que ele emanava era muito confortável, assim como, querendo ou não, ela acabou se aconchegando contra o corpo maior, satisfeita pelo contato. Afinal, lá estava aquele idiota que era apaixonada usando-a como um bicho de pelúcia.

Talvez ela não devesse ter fingido não perceber a evidente ereção que ele tinha no momento - que já tinha desde muito antes -, rígida contra suas nádegas, afinal de contas existiam outras coisas muito mais interessantes que ambos podiam fazer.

Esse pensamento a deixou desconcertada e envergonhada, no final ela acabou enfiando o rosto na curva do pescoço dele, tentando esconder seu embaraço.

Sieghart era a única pessoa no mundo que conseguia a fazer se sentir sexy em botas de combate, afinal.


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