Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Fala gente! Férias e insônia dão nisso. Mais um capítulo e espero que gostem. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664666/chapter/8

Hoje acordei, acho, que antes do Animal. A casa ainda estava trancada. Tomara que ele não tenha tido mais pesadelos e tenha conseguido dormir. Ele é sempre o primeiro a acordar. Enfim, eu que não vou me enfiar no quarto dele pra ver. O que vou fazer é ir pegar os ovos no galinheiro. Hoje o João não está, é folga dele e eu que não vou pedir pro Jaime. Sujeitinho intragável!

–Amiguinhas, não é o tio João, mas é a tia Sofia. Não me belisquem como da última vez. –Falei enquanto, com cuidado, retirava os ovos dos ninhos. Ainda recebia umas bicadas. Elas não gostam da tia Sofia.

–Se tivesse falado, pegava pra você, gata.

Olhei para trás e comprovei o que já sabia. Aquela voz só poderia ser do insuportável do Jaime que estava recostado na porta do galinheiro. Só ele me chamava de gata.

–Não preciso de ajuda. Acho que sei muito bem recolher uns ovos sozinha. –Falei o ignorando e continuando a tentar pegar os malditos ovos.

–Não duvido que saiba, mas uma ajuda não vai mal...

Ele se aproximou e colocou sua mão sobre a minha. Eu puxei a minha rapidamente. Esse cara está pedindo uns tapas na fuça.

–O Jaime, não tem nada pra fazer não? Vai cuidar dos cavalos ou pastar com eles, não me interessa, só suma daqui.

–Ui, a gata tem garras! Já te falei que eu sempre consigo o que quero?

–Conseguia. Comigo você vai ficar querendo.

–Adoro as difíceis. Sempre gostei de um desafio.

–Dai-me paciência!

–Você sabe que me quer.

–Quero sim, quero te dar uns socos.

–Ih, lá vem seu cão de guarda acabar com a nossa festa! Sempre aparece nessas horas. Parece que tem radar.–Ele falou, apontando para o Animal que estava se aproximando.

–Não era pra você estar trabalhando, Jaime? Eu te pago pra ficar de fofoca com os outros empregados? -O Animal falou, ríspido.

–Eu estava ajudando a Sofia a recolher os ovos, patrão.

–Que péssima ajuda. Pelo que vejo é ela que está fazendo tudo. Volte para seus afazeres se não quiser ser despedido.

Eu estava fingindo recolher os ovos, mas, olhava tudo de rabo de olho. Era divertido ver o Animal esculachar o Jaime. Esse insuportável saiu com uma cara de poucos amigos. O Ricardo também é insuportável, mas é respeitoso comigo, não fica me dando essas cantadas baratas. Melhor ele que o Jaime.

–Tá difícil pegar esses ovos? A galinha passou cola neles? –Ele reclamou e só então reparei que estava muito tempo no mesmo ninho. Dei bandeira.

–Não, senhor.

–Pareceu. Anda logo com isso que eu vou precisar que você vá ao mercado pra mim.

–Agora?

–Sim, agora. Ontem que não poderá ser.

–Mas e o almoço?

–Quando chegar você faz. Anda que não tenho o dia todo.

Ele saiu para a casa e eu fui atrás. Ele teve pesadelos, tenho certeza. Acordou pior que ontem.

***

Esperei ele escrever a lista do que queria e aproveitei para fazer a lista do que estava faltando na casa. Já que teria que sair, aproveitaria para comprar o que faltava de uma vez.

–Aqui. Basta ir nesse endereço e entregar essa lista para um vendedor. Ele saberá o que fazer. –Ele me disse, entregando uma lista que mais parecia um pergaminho de grande.

–E como vou pagar isso? Digo, quem cuidava dessa parte era o Moacir e ele não me deixou nada.

–Leve o cartão de débito. Ele guarda na gaveta da mesa da sala de leitura.

–Tá ok.

–Tente não demorar com as minhas coisas.

Eu concordei, peguei o cartão com a senha e sai. Estava morta de curiosidade, mas não iria olhar a lista na frente dele. Esperei o engarrafamento da cidade para, enfim, ler o que ele queria que eu comprasse. Pedia telas com umas medidas e, os itens abaixo, eram cores com números. Ele é pintor? Nunca vi nenhum quadro na casa... Sei lá, só vou ter certeza depois que comprar isso.

Deixei a lista com o vendedor e, como era no mesmo shopping que eu iria comprar as outras coisas, aproveitei e fui fazer minhas compras. Passei naquela loja na volta e me espantei com a quantidade de bolsas, mas não foi maior que o meu susto com a conta. O valor total deu quase que o meu salário do mês! Depois desse desfalque, voltei para a casa.

–Trouxe minhas coisas? –O Animal estava parado na porta de entrada e perguntou assim que desci do carro.

–Trouxe. Estão na porta de trás.

Ele abriu o carro, pegou suas coisas e ignorou o fato de que havia outras bolsas bastante pesadas para serem levadas para dentro. Quanto cavalheirismo, meu Deus!

–Você é pintor? –Perguntei quando ele passou por mim.

–Não te interessa. –Ele falou, me ignorando e sumindo para dentro da casa.

Quando acho que ele está começando a se tornar mais sociável, ele muda, novamente, e volta a ser um Animal. Não sei se vou aguentar esse mês sem o Moacir não...

Deixei pra lá e carreguei aquelas bolsas pesadas, arrumei os alimentos na despensa e depois fui fazer o almoço. O Animal estava agitado. Ele andava de um lado pro outro na casa e entrava e saia toda hora. Eu o estava vigiando de canto de olho e, pelo que percebi, ele levou todas as coisas de pintura para a mata. Ele se enfia lá para pintar? Gente, isso está mais estranho que plantar maconha. Como ele pinta se nunca vi nenhum quadro na casa? Nadinha, necas de pitibiribas. As paredes são sóbrias, até demais com aquela cor creme irritante, sem quadros ou esculturas. Será que ele vende os quadros?

–O almoço já está pronto? –Ele apareceu, sem fazer nenhum barulho. Desgramado, quando quer é silencioso. Acho que já faz de propósito para me dar susto.

–Quase, patrão.

–Vou esperar por aqui, então. –Ele disse, puxando uma cadeira e se sentando.

–As coisas que você pediu estavam certas? –Perguntei, sem olhar para ele.

–Estavam. Eram aquilo mesmo.

–É que fiquei com medo. Não entendia suas anotações. Não entendo nada de arte. –Joguei um verde pra ver se colhia alguma coisa.

–É difícil. Não é para qualquer um. Precisa de todo um estudo que você não tem. -Isso, esfrega na minha cara que sou burra!

–Entendi!

–Já preparou o suco?

–Ainda não. Estou atolada aqui no fogão. Se sair para fazer isso, a comida vai queimar.

–Abacaxi ou laranja?

–Oi?!

–O suco. Qual prefere?

Ele está mesmo me perguntando isso? Não é ele que sempre decide tudo?

–Abacaxi. –Falei, ainda surpresa.

–Vou te ajudar porque quero almoçar rápido e sair mais rápido, mas você se vira pra limpar depois, é pra isso que te pago. –Ele falou enquanto pegava o abacaxi e descascava.

Eu fiquei abismada. Ele está sendo gentil? Está fazendo o suco? Esse não é o Ricardo que eu conheço. Será que essas tintas são tóxicas e o deixaram doidão? Melhor nem perguntar e aproveitar o momento. Não é todo dia que o patrão faz o suco e ainda deixa a empregada escolher o sabor.

Depois de uns minutos servi o almoço e ele nem fez questão de ir para a sala de jantar, comeu na cozinha mesmo e ainda pude me sentar à mesa com ele. O suco dele estava um pouco insosso, colocou muita água e pouco açúcar, mas eu que não vou reclamar. O almoço foi silencioso. O que está acontecendo com esse ser hoje?

–Não precisa fazer o jantar, mas deixe uns sanduiches naturais prontos na geladeira. –Ele falou, se levantando da mesa, e sumiu pela porta.

Esse não é o mesmo Animal de sempre. Não chega a ser um cavalheiro, mas é um avanço considerável pra ele. Será que ele é bipolar? Acho que nesse caso tripolar. Ele vai é me enlouquecer e me fazer ficar como ele. Uma hora gentil, outra rude. Quem o entende?

Continua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O Ricardo é pintor? Quem diria, hein? Novas revelações nos próximos capítulos.
Obrigada por lerem e até o próximo, pessoal.
Forte abraço e um feliz Natal!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ainda Vou Domar Esse Animal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.