Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Fala gente!
Mais um capítulo. Espero que gostem!



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Eu, depois de mais de um mês, aprendi a dirigir e passei na prova de habilitação, raspando, mas passei. Esse tempo foi relativamente calmo, tirando umas gracinhas do Jaime, foi tranquilo. O Ricardo também voltou a se enfurnar na mata. Só aparece para comer e dormir. Melhor assim. É menos um que tenho que aturar. O Moacir viaja hoje de férias. Ele vai para o Rio grande do Sul visitar a filha. Pro meu desespero, vai ficar fora um mês. Não sei se sobreviverei nessa casa durante esse tempo sem ele. Sei bem que só ainda não fui demitida por causa dele. Apesar de ser autoritário, o Animal o respeita, acho que é o único empregado que consegue controla-lo.

Hoje, como minha prova de fogo, fiquei encarregada de levar o Moacir no aeroporto. Estou tremendo por dentro. Não sei se vou conseguir. Além de ainda não estar totalmente segura para dirigir, também não tenho lá um senso de direção muito bom. Tenho medo de me perder. Por sorte, a caminhonete tem GPS, mas mesmo assim...

–Vamos, Sofia? –O Moacir me perguntou.

–Tenho escolha?

–Não. –Ele falou, rindo.

–Que eu não me perca e não bate em nada...

Saímos para o lado de fora e o Animal, que estava na mata, agora estava apoiado na caminhonete. Achei que ele não fosse aparecer.

–Que honra! O animal saiu do mato para me ver. –O Moacir brincou.

–Se continuar eu volto pra lá. –Ele respondeu, de forma ríspida.

–Sabe que é brincadeira. Vem cá, rabugento. –O Moacir disse e fez algo que não esperava: Abraçou ao Animal e ele retribuiu. Estou com medo, o Ricardo não é afetivo assim.

–Dá um oi para a Mariana por mim. –O Animal disse.

–Vou dar, mas sabe que ela ia preferir te ver.

–Sabe que não gosto de viajar.

–Sei...

–Vai logo antes que perca o voo. –Ele disse, o empurrando.

–Tchau, Ricardo.

–Tchau, Moacir.

–Só mais um aviso: Eu vou ficar fora um mês, mas não quero ver, quando chegar, que vocês dois se mataram. –Ele disse, apontando para mim e para o Animal. –Deem um jeito de se suportarem. E não a despeça.

–Achei que o patrão fosse eu.

–E é, mas precisa de alguém para colocar algum bom senso nessa sua cabeça. Isso também vale pra você, Sofia. Não se matem e nem se esganem. Quero chegar e encontra-los inteiros. E vamos embora antes que me arrependa e fique.

O Moacir entrou no carro e eu entrei logo após e arranquei. O Animal ainda ficou nos observando até sumirmos de vista.

–O Animal conhece sua filha? –Perguntei.

–Conhece. Ele é como um tio para ela. Minha Mariana o adora.

–Nossa! Ela deve ter um pouco de mau gosto...

–Sofia! –Ele me repreendeu, rindo.

–Que foi? Tem que ser corajosa pra gostar dele.

–O Ricardo não é esse bicho de sete cabeças que vocês pintam.

–Mas parece. Nunca vi o cara sorrir.

–Ele já não tem mais motivos para isso.

–O que aconteceu com ele? Por que ele é tão amargurado?

–Coisas que não lhe dizem respeito. Agora presta a atenção no trânsito para não bater.

–De tanto conviver, você está ficando igualzinho a ele.

–Você não tem jeito, mulher. Fala a verdade: Vocês irão se matar na minha ausência, não irão?

–Só vai depender dele.

–E de você também. Você também é bastante abusada, Sofia.

–Eu?!

–Sim, você. Quantas vezes, só essa semana, já discutiu com ele? Vocês trocam farpas só com um oi.

–Se ele fosse um pouquinho menos arrogante, eu não precisaria reclamar.

–Só tenha paciência com ele e tente manter o seu emprego até eu voltar.

–Ele que precisa ter paciência comigo.

–Ai, Deus! Vocês não se suportam porque, no fundo, são iguais. Dois cabeças duras.

–Pois sim que sou igual a ele...

***

Chegamos ao aeroporto e ele me pediu, mais uma vez, para ter paciência e manter o emprego. Eu concordei e me despedi. Voltei para a fazenda e fui limpar a casa. Depois de mais de um mês, os cômodos realmente precisam de uma limpeza pesada. Só é uma pena que o Animal tenha tido a ideia de ficar na sala, lendo. Justamente onde eu estava limpando.

–Será que pode parar de cantarolar? Isso é irritante! -Ele gritou, se levantando e jogando o livro na poltrona.

–Se eu pudesse ouvir música, não precisaria cantarolar. Esse silêncio é desesperador! Não sei como aguenta. –Falei, no mesmo tom que ele.

–Use fones. Existem aparelhos que reproduzem músicas por fones.

–Os meus quebraram. Se eu deixar tocando alto você vai reclamar.

–Ainda é melhor do que ouvir você cantando. Como canta mal...

–Não canto mal!

–Canta. Ligue o rádio, pelo amor de Deus!

–Mas você não gosta de barulho.

–Posso me acostumar. É preferível uma música a te ouvir cantar.

Eu corri e liguei o rádio antes dele mudar de ideia. Ele me ofendeu e não gostei, mas agora terei música e não mais esse silêncio que me dá nos nervos. Não sei como ele aguenta ficar sem ouvir nada, ver uma televisão. Isso é desesperador!

Ele voltou e se sentou na poltrona e retomou o livro. Parecia irritado, mas o problema é dele. Não quero saber. Eu vou voltar para a minha limpeza e ao som de música. Viva pra mim!

–Será que pode parar de dançar? –Ele perguntou, após uns minutos.

–Não posso cantar, não posso dançar... Será que também não posso nem respirar que isso já te irrita?

–Ver você rebolando e dançando com a vassoura, enquanto varre, é irritante. Tira minha concentração.

–Então está me observando?!

–E tem como não olhar com você pra cá e pra lá esbarrando toda hora na poltrona?

–Você é muito chato!

–E você muito insubordinada. Eu vou pra outra sala que eu ganho mais...Ao menos lá poderei ler em paz.

Ele se levantou com o livro na mão e saiu. Melhor assim. Agora posso cantarolar, dançar e limpar sem ser perturbada.

***

Limpei a casa toda, mas deixei a biblioteca por último. Sei que ele estava lá e não queria ter mais atritos por hoje. Para não piorar a situação, desliguei o rádio e entrei. Ele havia dormido na poltrona e parecia que estava tendo um pesadelo, estava agitado e resmungava. Eu que não vou acordar. Tomara que seja algum monstro ou fera correndo atrás dele no sonho. Seria bom se fosse, sentiria do próprio veneno que nos faz passar.

–Tomara que te pegue... –Resmunguei enquanto limpava a estante.

Eu até tentei ignorar e ignorei por uns instantes, mas estava ficando pior e, mesmo não querendo, senti pena dele. Só espero que ele não me mate por acordá-lo.

–Acorda. Anda, Ricardo. –Falei, de forma calma, enquanto o balançava pelos ombros.

Ele deu um salto que até cai sentada no chão. Ele olhava ao redor, assustado. Eu me levantei e praguejei um pouco, em mente.

–Você está bem? –Perguntei.

–Estou. –Ele falou, voltando a sua postura autoritária.

–Acho que você estava tendo um pesadelo. Ainda não parece bem.

–Não foi nada.

–Tem certeza? –Perguntei ao ver como ele suava.

–Absoluta. Acho que sei, melhor do que você, sobre o meu estado de espírito. –Ele falou, voltando ao seu tom arrogante de sempre.

–Você é quem sabe. Só te acordei porque achei que o sonho devia ser muito ruim... –Joguei um verde para ver se ele me contava o pesadelo.

–Não foi nada de importante. Vou para o meu quarto. Não quero ser incomodado.

Ele saiu, apressado e pude perceber que ele ainda estava atordoado. O que esse louco sonhou para o deixar assim? Aposto que é sobre suas idas até a mata. Acho que seria bom se eu aproveitasse que o Moacir não está e investigasse um pouco a mata, o sótão, talvez. Minha curiosidade está pior que nunca e sei que só vai melhorar depois que eu descobrir o que quero.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando e agradeço por lerem até aqui.
Um Feliz Natal para todos e um forte abraço! Até o próximo, pessoal!



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