No começo, Jonny achou que ter um piano no dormitório da universidade era uma excentricidade que seu colega poderia evitar, já que o espaço ali não era favorável para tal coisa. Porém, argumentar com Martin mostrara-se bem mais difícil do que imaginara a princípio. Além disso, acostumara-se a estudar ouvindo-o tocar. De melodias lúgubres a músicas felizes, do clássico ao pop, de Chopin a Beatles... o gosto de Chris era bastante eclético.

Estava concentrado em seus cálculos, mas não deixava de prestar atenção também à música. Intimamente, Jonny se perguntava como Chris conseguia tirar boas notas se passava a maior parte do tempo lendo ou tocando, e quase nunca estudando. Ele começou a tocar algo que Jonny não reconheceu. Ficou curioso e deixou o lápis pousar sobre a folha onde estava a resolução de uma equação gigantesca. Ouviu por um tempo, totalmente encantado com a harmonia das notas.

— De quem é essa? — perguntou ao fim da canção.

— Minha — Chris respondeu. Jonny sabia que ele compunha, mas não evitou a surpresa.

— Cara, você deveria fazer isso profissionalmente.

— Você também. — Jonny balançou a cabeça.

— Isso não é sobre mim, Martin.

— Por quê? Você não gostaria de montar uma banda comigo?

— Oh. Ahm...