Rapunzel - A História nunca Contada [HIATOS] escrita por Captain Butter


Capítulo 5
Chapter IV - The Rescue


Notas iniciais do capítulo

Hi peoples!
Inicialmente, queria pedir desculpa por não ter postado ontem, no fim de semana não tive tempo e estou cheio de trabalhos de escola pra fazer X_X, mas acabei arranjando uma brecha e trouxe um capítulo grandão para vocês :3.
Chega de enrolação e boa leitura!
A tradução do título é O Resgate.



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Chapter IV – The Rescue

Mulheres trajadas com vestidos branco e preto corriam pelo corredor de madeira, a tiara de prata em suas cabeças pulava conforme o movimento que faziam. Os cabelos já estavam desgrenhados e as vestes abarrotadas quando chegaram ao corpo inconsciente nos braços da quimera. Uma delas era morena, sua pele era macia e negra, o que causava um grande contraste com seus olhos verde oliva e os cabelos castanhos que iam até os ombros. A outra era mais velha, os cabelos brancos e grisalhos estavam amarrados em coque frouxo, enquanto suas mãos flácidas mexiam-se apressadamente medindo os batimentos cardíacos de Ragnarok. Ambas tinham uma expressão de preocupação no rosto.

Suas mãos remexiam por todo aquele corpo enquanto colocavam panos molhados em sua testa. Largaram-na no chão, as curandeiras tiraram ervas da cesta que carregavam, dissolveram na água e depositaram na boca da Comandante, naquele instante uma onda de alívio pareceu invadi-la, os músculos que estavam tensos relaxaram, os olhos foscos ganharam foco e puderam observar claramente o seu redor.

A agonia ia se esvaindo dela aos poucos, dando espaço ao toque sedoso das mulheres que a tratavam. Terminou de engolir o líquido ao mesmo tempo em que a última essência de dor se foi. Uma única silhueta agora vinha apressadamente pelo corredor, apesar de estar longe era possível ver o símbolo da hierarquia brilhando no lado esquerdo de seu peito, pregado como um broche no colete de couro azul em seu peitoral.

Agachou-se e ergueu a Comandante com seus braços, tentando ao máximo deixa-la confortável. Seu rosto estava pendurado para baixo, os intensos olhos castanhos encaravam Jonathan.

– Vá... – ela sussurrou, era possível perceber um tom ansioso e desesperado em sua voz seca.

Eles... eles... estão em perigo. Estão prestes a morrer, Jonathan. Aquilo os pegou. As palavras ditas por Ragnarok ecoavam na cabeça da quimera, iam e vinham numa onda frenética enquanto seu coração acelerava cada vez que as ouvia. Ele não entendia como aquilo conseguia ser tão forte, poderia afetar o reino, todas as raças, mas Ragnarok? Justamente aquela mulher que possuía uma linhagem de sangue tão pura e mais velha que o próprio tempo? Até o recente momento Jonathan não tinha completa certeza de que aquele inimigo era algo a se temer e que fora designado a realizar uma missão inútil. Porém agora ele acreditava que todas as precações e medidas tomadas, tudo era necessário, mas até aquilo seria pouco.

O rapaz sentiu um choque, como uma ligeira descarga que servia para eliminar o acúmulo de energia de certo objeto, porém, junto com isso, imagens vieram como um filme em sua cabeça, um relevo negro, coberto pela podridão, cinco ou seis pessoas desacordadas no chão, pálidas e com uma aparência semimorta, grandes poças de sangue abaixo de cada corpo, o jeito como os corpos estavam jogados no chão formavam um círculo perfeito.

Dentre eles havia alguém que parecia conhecido, os cabelos negros ondulados, os ombros largos e a silhueta corpulenta definida pela luz do sol poente atrás de si. No centro de tudo um vulto encapuzado, exibindo um sorriso de dentes amarelos e podres. Ele abriu sua boca, porém foi expelida por ela algo doce e melodioso, a voz de Ragnarok sussurrando com uma última gota de esperança Ache-os. E sumiu.

Seus globos oculares desembaçaram e encararam novamente o chão verde e o trouxe a realidade.

Voltou seu olhar para as garotas atrás de si, que mantinham os olhos fixos no grande oco da árvore, esperando que alguém aparecesse e dissesse o que deviam fazer, ambas sabiam que ninguém viria, apenas realizam a ação para não entrarem em completo pânico por temerem a tal ameaça.

– Devemos ir atrás do que os pegou. – Jonathan falou baixo e observou sem questionar a essência de medo que se instalou no rosto da ruiva, aquilo era algo novo, dificilmente ela sentiria medo.

– Você está doido, é? – Lilly foi a primeira a protestar – Esse demônio ou seja lá o que for vez a sua Comandante chorar como uma bebezinha, sendo que ela apenas com uma – mostrou a quantidade nos dedos – palavra fez com que eu e essa lobisomem caíssemos no chão e implorássemos por misericórdia – gritava com fúria -. Agora a sua quimera de estimação quer simplesmente ir atrás do que a apagou?!

Por instantes o silêncio predominou, a tensão se alojou em meio aqueles três enquanto as curandeiras iam embora. Ruby permanecia ainda sem expressão alguma, apenas vislumbrava de maneira singela o início de uma suposta longa discussão, ela não possuía um lado naquele assunto, para ela as opções eram dignas, dos dois lados, um deles seria permanecer ali, salvar a própria pele e continuar a viver com mais desgraça sendo carregada em seus ombros, porém de um jeito ou de outro, ela arrumaria um burro de carga para carrega-la em seu lugar, outra era ir resgata-los e conseguir honra que não usaria absolutamente para nada, então apenas assistia. Mas ao invés de conseguir alguma diversão para entretê-la, Jonathan acabou com aquilo com apenas uma frase.

– Não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver. Comandante Ragnarok me ensinou isso, é bom sonhar e ter sonhos a realizar, porém devemos manter eles apenas como objetivos e não deixarmos que eles nos ceguem com uma ilusão irreal. – seu olhar agora estava sério, como se dissesse aquilo do fundo de seu coração – Não me importo se vocês vão ou não, foi Ragnarok que me tirou de uma vida ilusória e me ensinou a viver de verdade, sou eternamente grato por isso, portanto, se ela pediu isso, é isso que farei.

Aquelas simples palavras foram o suficiente para convencer Lilly, a expressão de medo se foi dando lugar para algo parecido com concordância, suas sobrancelhas finas relaxaram enquanto o que fora dito ainda era processado em sua cabeça, como se procurasse algo a mais naquilo, procurando algo que desse um indício mais pessoal daquele jovem misterioso.

– Eu... – iria falar alguma coisa, provavelmente relacionado ao que Jonathan dissera, mas disfarçou com outra coisa nada parecido a que diria anteriormente – Certo... e-eu vou. – gaguejou, porém com convicção.

Ambos olharam para Ruby, que de certa forma estava incomodada por não conseguir o que queria e parar de prestar atenção após perceber isso. Ligando-se novamente e notando os olhares sobre si, simplesmente abriu sua boca e falou o que lhe veio a mente.

– Claro. Eu vou.

– Ótimo. – a seriedade fora substituída por satisfação – Precisamos de um plano.

– Espere aí. Você ao menos sabe onde eles estão? – Lilly perguntou.

Em reposta Jonathan indicou sua cabeça, como se ali estivesse à resposta para todas as perguntas da garota, e de fato tinha todas as respostas, pelo menos para as perguntas direcionadas naquele assunto.

– Ragnarok me enviou o que viu – preocupação estava presente no jeito que falava -, ou pelo menos o que era necessário para descobrir onde estão.

– E então? – Ruby pronunciou, havia juntado as peças e rapidamente formulado algo parecido com o que dialogaram anteriormente – Conseguiu distinguir onde a coisa os pegou? – falava com frieza.

– De inicio não – especulava a verdade -, a paisagem estava modificada com a presença dele, completamente negra, mas... – vasculhou sua mente em busca de algo com vida e parecido com o que vira – é reconhecível, ele está na Colina do Forcado, o que a princípio seria onde nos encontraríamos.

– Temos o que precisamos? – foi a vez de Lilly – Digo, para tentarmos detê-lo? – a última frase foi pronunciada com um ligeiro toque de medo, a garota sabia que não, com todas as suas forças ela sabia que não havia chance, porém não se cansava de perguntar, queria algo positivo naquela situação.

– Somando todos os fatos e a força de nossas habilidades sem a Comandante? Não possuímos a mínima chance.

– Certo... rumemos a uma missão suicida! – levou o braço para cima em uma falsa comemoração.

Por um momento a brincadeira da ruiva fez os outros dois rirem, deixando de lado a séria tensão que se estabelecera em meio aquele horrível acontecimento, sabiam que aquela reação era errada para o instante, porém a tamanha preocupação e importância da tarefa da qual foram designados exigia alguma coisa para distraí-los, caso contrário todos teriam alguma espécie de colapso nervoso.

Após alguns minutos gargalhando, Jonathan voltou a seu velho e habitual toque obscuro em sua voz.

– Podemos não ter chance alguma, mas isso não significa que não tenhamos esperança. – falou com confiança – Vamos, precisamos de algum equipamento. – e penetrou a árvore.

Do lado de fora era impossível notar os milhares de detalhes esculpidos na madeira bruta em todas as paredes, períodos da história, símbolos mágicos e até mesmo retratos de aliados que realizaram grandes feitos ou derrotaram certos inimigos. Ruby observava de esguelha aquilo tudo, a loira não sabia ao certo por que estava ali, fora recrutada, ou melhor, arrastada para uma missão que decidiria o futuro do lugar onde vivia, mas sempre fizera horríveis coisas, ela com toda a certeza não merecia estar naquele lugar, e se por algum acaso desafortunado merecesse, seria para ser punida. Depois dessa tarefa de resgate ela encheria tudo e todos de perguntas, queria respostas, e queria naquele instante.

O chão que pisavam havia mudado seu material, agora corriam sobre alguma espécie de pedra branca, tão brilhante como pérolas refletindo a luz amarelada do sol. Era possível ver seus reflexos por todos os lados, mas o que se destacava eram os fios negros de Jonathan se contrastando com suas escamas azuis esverdeadas. Apesar de parecer impossível, seus olhos verdes também eram refletidos com grande intensidade no chão cor madrepérola.

Na frente dos jovens foi projetado um gigantesco pilar feito com o mesmo material da árvore, era tão alto que seu fim não era visível, possuía extensões por seu comprimento, como pontes curvadas e retorcidas que pareciam galhos grossos que serviam de caminho para salas que se dispunham em andares pela árvore. Andando sobre essas “pontes” haviam pessoas, as primeiras pessoas que a ruiva e a loira viam, além das curandeiras e Ragnarok, naquela habitação.

Jonathan andou até as escadas que cresciam para cima em torno do pilar, como uma gigantesca espiral. Os degraus em si possuíam também pequenos desenhos entalhados por sua estrutura, e com isso várias questões começaram a vagar pela cabeça de Lilly, perguntando-se quanto tempo fora tomado para detalhar apenas um daquele blocos de madeira, então quanto a centenas? Talvez milhares? Ao que demonstrava, aquela comunidade era com todas as forças algo que existia desde a fundação de Nyhx.

Subiam os degraus o mais rápido que podiam, desviando de elfos, dominadores, feiticeiros e outras criaturas milenares que surgiam por onde corriam. As pernas de Lilly estavam cansadas, a um bom tempo não subia escadas e com toda certeza subir mais de cem em um único dia não daria muito certo. Os músculos latejavam, os pés pediam arrego, suas coxas ardiam, mas ela não queria parar ali.

Vidas estavam em risco, Lilly não poderia fraquejar naquele momento, a dor que sentia não se compararia a dor de um coração parando de bombear sangue, então continuou. Porém para sua satisfação Jonathan se direcionou a uma daquelas extensões retorcidas da escadaria, o caminho era estreito, teriam que passar em fila indiana, caso contrário despencariam duma altura monstruosa. Hastes de pedra estavam fincadas nas bordas, ligadas por uma rede feita de cordas de um cipó fino e resistente.

Aquilo provavelmente teria a função de uma cerca, evitar que as pessoas caíssem, mesmo que naquele andar que estavam o fluxo de gente era menos, para falar a verdade o movimento era raro, os níveis superiores eram pouco habitados e obviamente não possuía muito uso, pelo menos para seres que não utilizavam frequentemente o armamento.

A quimera continuava a correr, ao contrário da ruiva não estava nem um pouco cansado, suas pernas ainda dispunham de muita energia e força para realizar atividades. Rumava para uma abertura, um grande buraco perfurado na parede com entalhes de ferro nas bordas, linhas difusas com floreios e espirais brotando modelados com graça. Na entrada possuía janelas de ambos os lados, estas eram grandes, com tamanho suficiente para uma pessoa alta ultrapassar.

Por dentro haviam bigornas, baldes de água gelada e um enorme forno de pedra polida, era redondo e possuía um tubo, mais fino que seu corpo, que subia alguns centímetros e adentrava em um buraco cujo destino era desconhecido, chamas ardiam e crepitavam em seu interior juntamente com alguém material, provavelmente ferro, que derretia com o calor em uma forma.

Um homem martelava incansavelmente uma lâmina em cima de uma bigorna, seus músculos definidos por conta do trabalho estavam cobertos de suor, gotículas voavam e caiam no chão a cada movimento que fazia, sua mão agarrava firmemente o martelo que por si realizava um movimente vai e vem, sobe, desce, sobe, desce.

O material na bigorna agora estava prensado e num formato reto, obtendo este resultado, ele agarrou a lâmina com as luvas de couro de porco selvagem e manteve seus olhos fixos nela, ignorando as três silhuetas ali presentes.

– Austeen, para de nos ignorar! É urgente! – Jonathan exclamou.

– Assim como era urgente semana passada e você me fez descer todos esses degraus só para convencer Lesly de sair de quarto? – sarcasmo, essa era a pura definição do tom de voz eu estava usando.

– O que? – raciocinou por um momento – Não! Isso é realmente importante! Ragnarok! Aquilo conseguiu finalmente derruba-la!

Aquela expressão “não estou nem aí” abandonou instantaneamente seu rosto, o objeto em sua mão caiu no chão com um estalo metálico e seus olhos se arregalaram. Atravessou a sala rapidamente e pressionou suas mãos sobre os ombros da quimera.

– Está me dizendo que ele conseguiu? Penetrou a proteção de Ragnarok? – sua íris era tão negra que a pupila chegava a se camuflar em meio aquilo, só era perceptível pelo contorno prateado claro em volta de si. O rosto era másculo, sua barba estava em tamanho mediano e necessitava ser aparada, o queixo ligeiramente quadrado tremia por conta do espanto, as sobrancelhas estavam levantadas deixando sua testa enrugada.

– Sim... – Jonathan pareceu hesitar por um momento, não querendo encarar a realidade e assumir os fatos que estavam a sua frente.

– O que precisam? – foi à única pergunta que escapou dos lábios secos do ferreiro, ele aguardou por um momento, ansiando por uma resposta, porém ela não veio, e perguntou novamente, desta vez com certa pitada de fúria – O que precisa?! Espadas, armaduras, andem logo, digam!

Aquela momentânea mudança de humor pegou-os de surpresa, a quimera achava que o homem iria ter certa desconfiança, ficaria em dúvidas se aquilo era verdade ou não, mas pelo contrário, ele concordou com aquilo mais rápido do que o ar que saia dos pulmões de Ruby.

– Armas, as mais fortes que tiver. Qualquer tipo, arcos, bestas, espadas.

– Ultimamente a quantidade de minérios que os anões têm enviado está sendo bem baixa, o estoque de armas caiu de maneira drástica desde a última remessa, sem contar que a qualidade também tem despencado por conta disso. – cruzou os braços, porém seu incomodo em ter que acreditar no que ouvira ainda estava presente, era perceptível por sua linguagem corporal – Mas guardo uma coisa, a um bom tempo, aliás, que foi feita justamente para situações como essa. – rumou para um armário velho no canto esquerdo superior da sala, estava escondido pelas sombras e de longe era quase impossível vê-lo.

Abriu suas velhas portinholas com cuidado, temendo que caíssem por conta da idade do móvel. Seu interior estava coberto de poeira, indicando que não era limpo a um bom tempo. Passou a mão em cima de uma das divisórias, um baú, com tamanho o suficiente para uma pequenina adaga ser guardada em seu interior, apareceu após a remoção da cortina de dejetos.

Retiraram-no lá de dentro, linhas douradas estavam esculpidas em suas pontas e se estendiam por todas as bordas da estrutura, sua tampa era de alguma espécie de pedra branca, assim como o chão do salão onde estava o pilar, porém esta tinha uma certa luminescência, como se estivesse emanando ondas harmoniosas, um trinco azul celeste metálico era o que protegia o conteúdo em seu interior.

O homem levou sua mão até o bolso e de lá tirou um cristal, pontudo e claro como a matéria do baú, levou-o até a fechadura e com um trick a tampa de desgrudou da base revelando o aveludado vermelho em seu interior. Afundado na almofada macia estava um frasco, do tamanho de um dedo anelar, transparente, com um líquido amarelo balançando sutilmente dentro.

– Isso é...? – Jonathan perguntou vagamente, parecia fascinado em ter aquele material em suas mãos.

– Sim – afirmou -, Água Divina. – sacudiu o conteúdo dentro do frasco.

– Ela... deu-lhe isso? – Jonathan perguntou, porém já possuía certa certeza de quem havia dado aquilo para o ferreiro.

– Ragnarok confiou este tesouro a mim a um bom tempo. Temia juntamente a mim que as trevas atacariam novamente, ao menos dessa vez podemos ter algo que sirva para atacarmos. – fez uma pausa enquanto o líquido parava de balançar – Banhe qualquer arma com isso e ela será quase invencível.

– Pare de enrolação! Não temos tempo! – tomou o frasco da mão do homem e partiu para fora, sem ao menos escutar o sermão que o dera, atravessou o portal de madeira e prata e se encontrou novamente naquele corredor.

Lilly e Ruby o seguiam, confusas e sem reação com a ação de Jonathan. A ruiva, percebendo que ele rumava para a ponte retorcida e apertada de madeira bruta, parou em meio caminho, fazendo a loira atrás de si esbarrar em suas costas.

– Olha por onde anda sua va... – a lobisomem estava pronta para xinga-la.

– Vamos descer isso tudo de novo? – não se importando para o que Ruby iria dizer, perguntou na esperança da quimera responder um simples não.

– A não ser que prefira... – ele começou a falar, porém Lilly o cortou, qualquer outra opção seria melhor do que revigorar a dor que agora começara a passar.

– Vamos! Eu não sei quais outros meios vocês utilizam para isso, mas sim, eu prefiro esse! Minhas pernas não vão aguentar essa tortura novamente.

As pontas de seus lábios se levantaram, formando um pequeno sorriso róseo.

– Certo. – voltou para trás, ia em direção as janelas nas laterais da entrada do cômodo que haviam saído, sua base era reta e apresentava bordas reluzentes de ouro puro, o vidro estava límpido e brilhando, assim como o céu do lado de fora. Jonathan empurrou o lado esquerdo, deixando o ar fresco entrar por aquela abertura, ele gostava daquela sensação, o ar passando por entre os fios negros na sua cabeça e batendo em seu rosto, forçando seus olhos a se fecharem e deixando a boca seca. – Ao menos que tenha um jeito de suportar uma queda com mais de centenas de altura, as escadas não são uma opção.

Lilly pareceu gostar daquilo, ele a estava desafiando, e se havia uma coisa que qualquer ser, humano ou mágico, daquele mundo que não devesse fazer, era desafiar Lilly Becker. Levou sua cabeça até de fora pelo lado aberto, o chão verde que existia lá em baixo não passava de um minúsculo borrão aos olhos de quem estivesse observando-o daquela altura.

Voltando para dentro, Lilly afastou-se dos outros, respirou fundo e estendeu seus braços para cima, uma aura dourada começou a surgir a seu redor, circulando a silhueta de seu corpo, seus cabelos começaram a levitar, deixando-a com uma aparência engraçada, fechou seus olhos, respirou fundo novamente, entornou seu crânio para trás, voltou a deixa-lo ereto.

Concentrou sua energia e abriu seus olhos, agora o verde-grama havia sido substituído por um amarelo vívido, suas pupilas estavam mais negras que o normal, a intensidade da aura havia aumentado, ela abaixou seus braços e ficou em posição de corrida, soltou o ar preso em seus pulmões, ficou parada por um tempo. Até que correu, Ruby e Jonathan não puderam vê-la, ela ultrapassou-os mais rápido do que um relâmpago rumo ao chão, deixou apenas para trás rajadas elétricas e destroços de vidro quebrado da janela caindo do lado de fora.

Perplexos, a lobisomem e o quimera se encararam.

– Minha vez. – sussurrou Ruby, se a ruiva conseguia, ela também tinha condições de faze-lo. Correr e pulou da janela, a partir daquele instante a adrenalina começou a correr juntamente com seu sangue, seus cabelos eram fortemente jogados para cima com o vento, ela não pode deixar de soltar uma risada. Aquilo era uma das melhores sensações que a loira já sentira.

Voltando a encarar a realidade a garota aguçou seus sentidos, os olhos ficaram cor de âmbar, os caninos e unhas cresceram e por incrível que pareça, ela conseguiu fortalecer seus ossos transformando-se em uma forma semi lupina.

O chão se aproximava cada vez mais, Ruby já podia avistar os cabelos vermelhos de sua inimiga. O verde ia ficando mais claro e mais próximo até que aterrissou com um som de rachadura. Olhou sobre seus pés e lá estava, um trinco grande e torto, causado pelo impacto da queda. Concentrando-se, voltou a seu estado humano, as modificações se desfizeram deixando seu corpo mais frágil.

Estava encabulada por achar que teria de esperar um bom tempo até Jonathan, porém isso logo sumiu vendo que ele havia encontrado o solo pouco tempo depois de ela mesma chegar. Descia de maneira graciosa, como se o ar a sua volta moldasse um próprio caminho para ele passar.

Sem mais delongas, ele ajeitou as roupas e começou a correr, sem soltar uma única sílaba ou som. Elas o seguiram, igualmente sem especularam nada, sem elogios ou conversas sobre como chegaram à grama sem morrer.

A paisagem a sua volta era algo comum, os altos carvalhos cresciam desorganizadamente , mas nenhum chegava a grandiosidade daquele que haviam saído, era possível escutar animais pulando de galho em galho e o sibilo de Impikins sobre seus pés. Lagos nasciam ali por perto, por conta disso havia um burburinho incessante. Tudo isso passava como um borrão pelos três.

Ruby permanecia na frente, ela não sabia o por quê, desconhecia a tal Colina do Forcado, mas tinha a crença de que reconheceria apenas com um olhar, havia uma canção que os Sumaê cantavam sobre o lugar, dizia basicamente que lobisomens eram enforcados lá quando cometiam crimes imperdoáveis, quando pequena era assustada dizendo que se fizesse algo desapropriado iria direto para o local. Lembrando-se disso, uma ligeira e pequenina essência de risada brilhou dentro de si.

Diminuindo a velocidade, a quimera passou a sua frente, pela primeira vez desde o tempo que haviam se encontrado na floresta, Ruby percebeu a tatuagem em seu braço direito, ia desde o pescoço até a ponta dos dedos, um dragão, que se entrelaçava em seus músculos como se o protegesse.

Estavam se aproximando de um aglomerado de árvores negras, todos sabiam o que aquilo significava, o inimigo estava ali, aguardando ou não por eles. Jonathan parou num solavanco e levou a mão ao pequeno frasco que pegara “emprestado” do ferreiro no alto dos domínios da Comandante Ragnarok.

Encarou-o por um instante, estava certo de que iria fazer aquilo? Sim, estava, aquela coisa machucara a mulher que ele tanto admirava, a deixara inconsciente, ele faria qualquer coisa para vinga-la. Sem pensar duas vezes arrancou, com os dente, a rolha que prendia o conteúdo dentro do pote de vidro, agarrou com a mão livre uma adaga qualquer que tinha preso no cinto e despejou a líquido.

Instantaneamente a arma ganhou um brilho, não somente isso como mudou de aparência, seu punhal de madeira e pedra passou a ficar dourado, linhas vermelho escuro surgiram em torno do lugar onde a quimera segurava, a lâmina ficara branca, assim como a pedra do baú em que anteriormente a substância usada estava guardada.

Deixando de admirar a beleza da adaga, voltaram à atenção para o campo negro a sua frente, deram alguns passos e pisaram no solo negro como obsidiana, um calafrio subiu sobre a espinha de cada um, como se naquele lugar a escuridão fosse tanta que qualquer fonte de luz ou de bem seria engolido pelo preto.

Porém a adaga não se apagara, pelo contrário, começara a brilhar mais. Continuaram a andar com cautela, principalmente Ruby, que tinha esse dom como um destaque seu. Tentavam não pisar em galhos e crânios mantendo o silêncio, numa chance de pegar a criatura desprevenida. Pouco em pouco as garotas perdiam as esperanças, quanto mais se aprofundavam menos acreditavam que havia algo ali e mais achavam que Jonathan havia confundido a área, guiando-as para um lugar onde no passado o inimigo estivera.

– Tem certeza de que é aqui? – Lilly sussurrou.

– Absoluta, nunca estou errado quando o assunto tem haver com Ragnarok.

Permitindo que a frase se dissolvesse no ar ele continuou a andar, mas desta vez com um passo em falso, acabou acertando um galho seco e fazendo barulho. Corvos voaram com o som, no entanto, por mais estranho que pareça, essa foi a “chave” para acharem o ser. Os espinhos a sua vista começaram a desaparecer, voltando para dentro da terra podre, as árvores voltaram-se para os lados, revelando uma trilha sem cor que deveriam ou não seguir.

Com a curiosidade e uma nova chama de esperança acendendo-se no peito de cada um, partiram em linha reta, andando entre morte e solidão. Poucos minutos depois uma vasta planície, sem árvore alguma, apenas uma neblina que escondia o chão a seus pés foi avistada.

Sem poderem enxergar quase nada, andaram agrupados e em posição de ataque, Lilly iluminava o caminho com uma esfera de raios verde neon em sua mão, apesar de estar de dia, o céu estava obscuro e sem nenhuma fonte de luz. Ruby ficava com as mãos para frente, para que rasgasse qualquer coisa que ousasse aparecer em seu escasso campo de visão e Jonathan mantia a adaga erguida, que também ajudava a clarear o ambiente.

Continuavam a andar sem parar, a neblina crescera e agora tampava completamente a paisagem sem vida, como se tentasse esconder algo, ela até poderia fazer isso, poderia enganar os olhos, mas não a audição desenvolvida da lobisomem. Uma voz, falava quase sem som algum Socorro, era o que dizia.

Ela olhou mais atentamente a seu redor, procurando a fonte daquela onda de som, não muito longe dali encontrou, caída no chão, uma jovem por volta de dezesseis anos, pálida e agonizada, com os cabelos negros manchados de rubro e os olhos azuis preenchidos de desespero.


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Notas finais do capítulo

Eu ia revisar o capítulo, mas NECESSITO terminar um trabalho após postar isso daqui. Então qualquer errinho, por favor me avisem. :3
Notei que não coloquei a foto da Ruby nos anteriores, então aqui está o link das imagens:

Ruby (humana):
http://data.whicdn.com/images/27495675/large.jpg

Ruby (transformada): http://images.akamai.steamusercontent.com/ugc/539636167305292714/798DE038D63E444CF825803AEE2C8962FAEC9D8A/

E a personagem nova:
http://static.tumblr.com/f08c43b8abbdb9d38e1ee6ae546d8d80/f4wtpuv/dzimscx2o/tumblr_static_tumblr_static_tumblr_mi0bzyoy9o1rmpea7o1_500.jpg

Gostaria de pedir desculpas a alguns leitores (não citarei nomes, pra falar a verdade não lembro quem eram, sorry again) disse a eles que seus personagens estariam nesse capítulos, mas bem, não estão. Tive uma outra ideia e introduzirei eles daqui a dois capítulos, apesar de isso não ser certeza, mas mesmo assim, DESCULPAS!!
Eu percebi que postar dia sim e dia não dá bastante trabalho e pela quantidade de trabalhos que tenho que fazer e a velocidade com a qual escrevo, essa ideia não vai dar muito certo, então... postarei só duas vezes por semana (ao menos até as férias).
A personagem nova é da leitora Anna Mills Jackson.
Enfim, acho que é isso, até o próximo *3*



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