Rapunzel - A História nunca Contada [HIATOS] escrita por Captain Butter


Capítulo 6
Chapter V - The Power of an Old Enemy


Notas iniciais do capítulo

*desvia de pedras e tomates*
Oi pessoas :3, sei que demorei pakas para postar esse capítulo, mas bem, tinha CENTENAS de provas de última hora pra fazer na escola, sabe quando os professores ficam enrolando e acaba que não dão nenhuma trabalho ou coisa do tipo? Pois é, foi exatamente isso que aconteceu, mas por obra divina hoje fiz a última avaliação e estarei postando mais frequentemente.
Bem, nesse capítulo temos dois novos personagens, eles são das leitoras Gata de gelo e Madoka chan!
Escrevi esse capítulo escutando a música Dark Paradise da Lana Del Rey, não sei se combina muito com o conteúdo escrito aqui, mas bem, se quiserem ouvir enquanto leem, eis o link:

http://www.vagalume.com.br/lana-del-rey/dark-paradise.html

Agora chega de blá, blá, blá e vamos a leitura!
A tradução do título é o Poder de um Velho Inimigo.

Aparência das personagens:

Rachel: https://lh6.googleusercontent.com/proxy/h7tQoGt1eYPqhNi_1kTRt40PXC6VOvsLtd4RTSclnHt40Mr1s21hZBmmL1tL3XJ8LJLcIC6IXauKTrI_DolHU9UZGZNiMjhoLRnVx4_N_uKfCW2e4TbmScjdRAiWqMefXOqa0ZTwN-HDqDhrd3H-d6otn1f4NL8Q5UhG6E8I9Yv78sUR6g=w313-h471-nc

Trix: http://elasdisseram.com/wp-content/uploads/2013/04/f79487d12d2ccba98039306e7fc47397_large.jpg



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Chapter V – The Power of an Old Enemy

Perante aquela horrível cena, pavor e incredulidade se instalaram no rosto da quimera, os olhos verdes ficaram mais abertos, as sobrancelhas elevaram seu nível e o coração acelerou. O rosto pálido com manchas vermelhas, ele reconhecia claramente aquilo. Naquele inverno nem tão antigo assim, a nevasca estava incrivelmente forte... não ele não queria se lembrar daquilo, utilizara todas as suas forças para esquecer aquele rosto, porém era inevitável, bastava um simples olhar e toda a sua tristeza voltava a habitar aquele órgão que bombeava líquido vermelho por seu corpo.

Encabulado com aquilo e continuando a encarar o rosto da jovem, mal sentiu as mãos de Ruby pressionando e cutucando seu ombro quimera, fora despertado somente pelo grito que a lobisomem soltara ao cortar a palma de sua mão nas escamas de Jonathan.

– Merda! – deixou escapar. O sangue saía do ferimento deixando um filete escarlate por onde passava, uma pequena gota escorreu e pingou de sua mão, rumando ao chão como a primeira gota de uma chuva vermelha. Em poucos segundos atingiu o solo sem nutrientes, mas não foi só aquilo, ao ser absorvido pela terra a névoa que os cegava foi embora, simplesmente subiu ao céu e dissipou-se por completo, como açúcar em uma tempestade intensa.

A dor que ia se esvaindo aos poucos instantaneamente parou de latejar por conta da surpresa de Ruby, com o campo de visão aumentado a lobisomem pôde ver mais detalhadamente a paisagem pútrida, como no local onde estavam, não havia muitas árvores, as poucas que haviam eram maiores e mais grossas do que as do campo onde anteriormente andavam com cautela.

O céu continuava negro, mas agora passava a ligeira impressão de ser natural, como se do lado exterior a Colina do Forcado um véu preto caíra por completo sobre os cidadãos de Waincrad. Voltando os olhos para frente ela podia ver poças de sangue, porém este era mais escuro, como se estivesse ali há mais tempo. Jogados sobre eles haviam corpos, pálidos e quase sem vida, inflando de vez em quando o peito em uma tentativa quase inútil de fazer oxigênio circular por suas veias.

Correu o mais rápido que pode até um deles, ajoelhou-se, não ligando para a mancha permanente que acabara de causar em sua calça de couro negro, os cabelos castanhos daquela jovem eram incrivelmente sedosos, um tom tão escuro que passava a impressão de ser ruivo, seus olhos fixavam-se na negritude salpicada de estrelas acima de sua cabeça. Mesmo com a obscuridade, era possível notar que as íris daquela garota eram verdes, porém estavam sem vida, desfocados e a beira do desespero.

Juntamente com o líquido rubro abaixo dela, enxergavam-se poucos, porém ainda muitos grãos de areia, pintados bruscamente de vermelho. Raciocinando e ligando as peças, ela pode ter certa opção de achar que a garota caída era uma dominadora, o que de fato era incrível, dominadores, mesmo não parecendo, tinham uma resistência notável e dificilmente cederiam em uma batalha.

Olhou mais a sua volta, ela queria poder ir em direção as outras silhuetas jogadas, mas suas expectativas foram por água abaixo ao escutar um zunido elétrico. Voltou o olhar para trás, e surpreendeu-se ao dar conta que Jonathan permanecia ajoelhado ao lado de outro corpo, as mãos segurando um objeto cintilante, fonte daquele som, passava a ligeira impressão de ser feito pelo mesmo material da adaga brilhante agora presa em seu cinto.

Murmurou palavras em uma língua estranha, desconhecidas por aquelas duas garotas ali e até mesmo para aquele jogados no chão, instantaneamente ele ganhou mais luminescência, mais, mais e mais. O artefato cristalino emanava uma luz pura tão ofuscante que a loira, juntamente com Lilly, tiveram que tapar os olhos. Ficou daquela maneira por um pequeno tempo e após isso virou pó, se desintegrou transmutando-se para nada mais nada menos que uma espécie de poeira brilhante, como um enxame de vagalumes voando com plenitude e calma pelo ar.

Jonathan levantou ligeiramente a sua cabeça, apreciando a beleza daqueles pontos, elevou seus lábios um pouco para frente e soprou. A poeira deu piruetas, voltas e espirais enquanto flutuava, continuou fazendo aquilo até que a quimera sussurrou outras palavras. Ruby podia facilmente escutar aquilo Rumem para Allegar o mais rápido possível, avisem Ragnarok foram às sílabas que escaparam de sua boca.

Ela não sabia ao certo qual era o real significado daquilo, porém mantinha esperanças de que funcionaria, afinal, situações drásticas exigiam atitudes drásticas, se a quimera depositara fé em flocos amarelos com toda a certeza a jovem o seguiria nisso, ela não tinha nenhuma ideia melhor.

Jonathan esticou as pernas, anteriormente Lilly e Ruby não tinham notado a altura do rapaz, toda a agitação e adrenalina deixaram muitos e importantes detalhes passarem despercebidos por seus olhos, porém agora estava claro seus dois metros e alguns centímetros. Ele caminhou em direção as duas.

– Precisamos leva-los para a árvore. – falou com convicção. – Parece ser difícil, mas...

– Difícil? – Lilly indagou – Parece ser difícil? Sabe, estamos a centenas de metros, não, milhares e você quer carreguemos um por vez? Não sei se seus miolos estão funcionando direito, mas tem cinco pessoas quase mortas jogadas aqui! – apontou para os mesmos.

A quimera encarou-a com um olhar desafiador, como se quisesse que a boca da jovem ruiva caísse e impedisse-a de falar mais uma única letra.

– Às vezes seu sarcasmo vai muito além do que o necessário, Lilly. – um ligeiro toque de escárnio estava presente no tom em que falava, ele realmente estava encarando a situação como algo de extrema importância. Ragnarok havia pedido para que ele realizasse aquilo e com maior prazer e lealdade o faria, no entanto, tolerar pessoas que faziam brincadeiras em horas erradas era realmente quase impossível para ele. Jonathan entendia que o sarcasmo era uma maneira de Lilly se expressar com o mundo, porém em certas horas aquilo o deixava muito furioso, mas somente algo passageiro.

– Meu sarcasmo? Cara, você não faz nem ideia de como toda essa sua seriedade me irrita. Encara tudo e qualquer coisa como se fosse uma situação de vida ou morte!

– Isso é uma situação de vida ou morte! Não só deles como também de Ragnarok, se não determos aquela coisa...

– Chega! – por mais que Ruby quisesse assistir a discussão que anteriormente fora interrompida, a lobisomem não possuía um certo nível de paciência para aquilo – Temos que fazer outra coisa não é?! – referia-se a tarefa de levas os semimortos até a árvore.

Lilly e Jonathan se encararam, haviam se perdido naquela breve troca de fagulhas entre si e desligaram-se do foco principal.

– Usem qualquer coisa, raios, força, mas precisamos tira-los daqui, aquilo pode voltar. – disse.

Sem hesitar voltaram-se um para cada silhueta no chão, Ruby foi novamente a jovem com os cabelos castanhos intensos, de certa forma a aparência da jovem a hipnotizava, como se fosse uma velha conhecida do qual não pudesse se lembrar. Não havia nada de diferente naquela aparência angelical, em exceção, claro, da nova e recente neblina que começara a aparecer novamente.

Flutuava de forma rasteira e sutil pelo chão, não passando de poucos centímetros de espessura, porém ainda assim deixava a paisagem mais fantasmagórica que o normal, contornava todas as curvas da garota pálida no chão, de vez em quando ligeiras lufadas de vento faziam com que o material em estado gasoso atingisse seu rosto.

Surpresa, foi isso que os três sentiam. Após não encontrarem ninguém para enfrentar naquele lugar simplesmente focaram em salvar aquelas vidas, não que isso não fosse importante, porém o que ameaçava suas próprias havia sumido e agora do nada reaparecera. Lilly formou uma esfera fluorescente nas mãos, Jonathan ergueu a adaga enquanto seus olhos ganhavam uma centelha selvagem e Ruby exibiu, como sempre, as habituais mudanças que a deixavam com uma força sobre humana.

Ficaram em alerta, olhando atentamente cada detalhe diferente ou som peculiar que a Mãe Natureza ou forças sombrias ousassem produzir. Em um piscar de olhos poderiam morrer, e isso de fato era uma coisa que ninguém queria. A penumbra e o burburinho incessante de uma nascente eram as únicas melodias que chegavam em seus campos auditivos, até mesmo a loira não conseguia ouvir nada além disso.

A névoa ficou mais densa, porém não passara do nível em que estava, continuava a cercar os corpos, como se quisesse prende-los a aquela terra. O ranger de folhas ásperas deslizando uma sobre a outra foi produzido em algum local atrás de Jonathan, ele virou-se naquela direção, porém não havia nada, apenas morte e vento sombrio, seus olhos cintilaram, um brilho misterioso e enigmático.

Voltou à posição original, temendo que pelos poucos segundos em que dera as costas o ser tivera atacado as duas garotas e encontrasse-as mortas no chão, mas ao invés disso lá estava.

O hálito fedorento e que causava ânsia sendo expelido por uma boca de dentes podres bem a sua frente, um sorriso amarelo sendo formado pelos lábios carnudos e negros. Desviou o olhar um pouco para cima, os olhos incandescentes e macabros fixavam-se nele, como se, com todas as forças do mundo, quisesse mata-lo e pulveriza-lo até restar somente cinzas. Ergueu uma de suas mãos, negras, como obsidianas esculpidas e lapidadas em forma de ossos, abriu-a de forma rápida e pressionou-a contra face do rapaz, fazendo-o voar para longe, quebrando pedras, madeira e até mesmo sujando de terra.

Ruby e Lilly, espantadas com a cena, correram para lá e, sem pensar duas vezes, atacaram com tudo. A ruiva com rajadas elétricas multicoloridas, bolas de energia neon e golpes físicos modificados com sua própria magia, a lobisomem ia corpo a corpo, com chutes, arranhões, socos e tentativas em vão de dilacerar a garganta daquele ser. Jonathan voltava na maior velocidade que conseguia, fúria estava estampada em seu rosto, carregava a adaga de aspecto celestial em sua mão direita.

Como da vez em que caía de Allegar, o ar parecia abrir caminho para que ele passasse, deixando a maneira como se movia mais graciosa e delicada, em certos pontos do braço e rosto esquerdos sangue saía como uma cascata, com o impacto e esfoliação que o solo duro causara algumas de suas escamas foram arrancadas, deixando em seu lugar pequenos “buracos” quase imperceptíveis. Numa distância razoável ele suspendeu a mão em que segurava a arma.

– LILLY! – gritou esse nome como um grito de guerra.

Rapidamente a garota entendeu, afastou-se um pouco do encapuzado deixando somente Ruby atacando-o, a situação, pelo menos até aquele exato momento estava boa, tinham uma boa vantagem naquela luta unilateral. A quimera arremessou a adaga e jogou-a mirando Lilly, por um instante ela paralisou, não por medo, porém mais como uma estratégia para melhor o objeto. Se aproximava rapidamente, quatro, três, dois, um metro, a adaga se encontrava a exato um metro da ruiva, isso foi diminuído antes mesmo de qualquer um ali presente piscar, agora estava a centímetros.

Lilly arregalou seus olhos, assim que fez isso a faca parou no ar, suspensa apenas por uma aura dourada que a envolvia, flutuou de um jeito ligeiro até a mão da mesma enquanto corria novamente para a batalha. Deu um salto, esquivando-se do raio negro que a sombra lançara, levou a lâmina para frente no momento em que começou a cair, queria acertar a sombra, porém, mesmo não aparentando, ela era rápida, rápida a ponto de desviar de todas as tentativas de golpes que a garota dera.

– Ruby! – chamou a atenção da lobisomem, a mesma apurou a audição para escutar melhor o que a outra falaria – No alto! – apontou para um galho acima de sua cabeça, era grosso, retorcido e passava a impressão de estar ali há bastante tempo.

Ruby entendera o plano, mesmo sendo bem simples poderia funcionar, afinal, o inimigo não fazia nada além de desviar de seus ataques e lançar raios negros com as mãos caveirosas. Pulou em uma altura surpreendente, as pernas quase completamente transformadas contribuíram de maneira total para isso. Focou o galho acima do ser, seria um grande desafio quebra-lo, mas nada parecia impossível naquela hora. E de fato isso era verdade.

O vento jogava ferozmente seus cabelos loiros para cima, nenhum fio dourado se quer ousava entrar em seu campo de visão, formou punhos com as mãos e jogou fortemente os braços para frente. Com um urro selvagem realizou seu objetivo, quebrou a estrutura de madeira, deixando para trás apenas lascas pontiagudas e tortas.

Caiu de maneira veloz devido ao peso, porém seu alvo foi o mesmo, o encapuzado que Jonathan e Lilly estiveram distraindo nesse meio tempo foi atingido, com um crack de alguma coisa se quebrando dentro de seu corpo e um estalo rochoso ao atingir o chão.

Ao término daquele nada complexo plano as três pessoas se posicionaram em frente ao recente vulto caído. Apesar de parecer improvável, exibia um sorriso feio, torto e amarelo em sua boca, como se a situação fosse dada como engraçada e risadas fosse à coisa adequada para se fazer no momento.

Gargalhadas, era isso que ele fazia agora, gargalhava de um jeito seco e enferrujado, como se sua garganta estivesse cheia de teias de aranha. Fez isso por um bom tempo até que começou a se desfazer. Sua capa iniciou um processo de esfarelamento, fazendo com que pequenos retalhos negros voassem pelo ar como papel sendo queimado. As botas de couro foram depois, se desfazendo exatamente como o manto preto, mas após o último sinal de tecido obscuro se esvair e ser levado pelo vento, uma fumaça negra começou a surgir por debaixo dele.

Gélida e rala como uma nevasca fraca, se espalhou pelo chão onde pisavam, cobrindo por completo seus pés e raízes que brotavam para fora das árvores grotescas, por grande sorte não havia ninguém dos inconscientes perto dali a ponto de no mínimo tocar na substância gasosa. Jonathan pareceu incomodado com aquilo, por que após a derrota estaria eliminando tal coisa? Seria tóxica? Ele sabia que aquilo era ruim, sabia que de alguma maneira complicaria as coisas para finalmente saírem do lugar, então antes mesmo de conseguir respostas para suas perguntas, agarrou as duas garotas pelos braços e puxou-as para fora do alcance da fumaça.

No entanto, isso não fora o suficiente.

Em certos pontos, distanciados de maneira simétrica um do outro, gigantescas, ardentes e vívidas chamas apareceram, prontas para engolir em brasas tudo e qualquer um que materializasse em sua frente, esperando que as mesmas fizessem isso, os jovens petrificaram-se no local onde estavam, esperando o momento certo para saltarem e deixarem suas vidas sãs. Porém isso não aconteceu.

Ao invés de se espalharem e engolirem tudo ao redor iniciaram uma espécie de crescimento para cima, ficando do tamanho aproximado de Jonathan ou quase maior que o mesmo. Grandes corpos em brasas, diante e ao redor de si, emitindo perfurantes e agudos gritos. Não! Qualquer coisa menos isto! Não! A mente da quimera gritava, apesar de estarem não totalmente transformadas, ele reconheceu aquelas criaturas. Juntamente com a outra garota, ambas foram as responsáveis por fazerem seu passado um verdadeiro terror!

A intensidade do fogo começou a diminuir, deixando de ser uma linha ereta de flamas e tornando-se corpos belos, vestidos com uma espécie de tecido fino e leve como a brisa quente que soprava, os braços e os pescoços expostos... aquelas curvas de fato seriam atraentes se não fossem pelo fogo brilhante que esbanjava luz no lugar da cabeça.

– Da-da-damas vagantes – a quimera gaguejou. Estava claro que temia aquelas formas de vida.

– O que?! – Lilly pareceu chocada, não tinha crença de que aqueles demônios existiam.

– Então como explica elas logo a sua frente? – Ruby pareceu querer irrita-la, porém fora forçada a tapar de maneira brusca os ouvidos por conta do grito agudo que soltaram. As criaturas, vendo que conquistaram o objetivo, investiram numa velocidade incrível, indo aos pares para atacar os jovens.

Entre os afetados por aquele som, a mais danificada foi Ruby. Em certas horas sua audição aprimorada era necessária, porém em outras acabava se tornando uma fraqueza quase mortal. A onda sonora entrou por seu ouvido, passou por seu tímpano e ecoou dentro de sua cabeça, indo e vindo de forma aguda, causando uma dor imensa em sua cabeça. Não podendo evitar, seus olhos encheram de água, ameaçado cair em grande quantidade a qualquer momento.

Ela não queria aquilo, não importava o quão forte fosse à dor ou incomodo que sentia, não chorava, não demonstrava fraqueza. Lágrimas eram, para a loira, algo que somente fracos expeliam pelos globos oculares.

– Vadias! – sibilou entre os dentes com nojo enquanto avançava para duas Damas Vagantes que iam a sua direção.

Os inimigos ergueram as mãos, por incrível que pareçam, estas eram mais pontiagudas e caveirosas do que a do ser encapuzado que as “libertara de sue interior”, vinham para rasgar, cortar, arrancar seus olhos e picotar seu corpo em pedaços. Desviou de um ataque mortífero que rumava seu tórax, desferiu, com todas as suas forças, um soco no ser que fora o responsável por executar o golpe em vão.

Seu punho tocou algo macio, era esperado que o tecido que envolvia as vagantes teria essa consistência ao tato, porém não foi só isso, sua mão ficou presa, não importava o que fizesse, aquilo continuava e continuaria a deixar sua mão grudada. Com uma semente de pânico sendo semeada dentro de si, a outra vagante acertou-a.

De início ela sentiu um leve arranhão, como qualquer outro causado por uma lâmina, mas após um tempo a ardência se espalhou, deixando o local a volta do ferimento negro e com bolhas mais escuras ainda, pequenas rajadas de dor passavam em intervalos por seu braço e rumando para o resto do corpo. Com aquilo sua defesa ficou baixa e, aproveitando a oportunidade, as damas investiram novamente.

Dois novos cortes surgiram, ambos na região abdominal, ela se preparou para mais ondas de dor, no entanto elas não vieram, em seu lugar foi algo pior. Sua alma pareceu estar sofrendo danos, o latejar que já estava a passar voltou mais uma vez a ficar insuportável, um cansaço imenso se espalhou por seu corpo, deixando os músculos exaustos e implorando por descanso e arrego.

Seus olhos começaram a embaçar, ficaram desfocados e suas pernas amoleceram. Com isso começou a despencar ao chão, sentindo os efeitos de sua transformação abandonando-a. Tendo como última visão cabeças flamejantes observando-a, suas pálpebras ameaçaram se fechar apagando pela eternidade o brilho frio das íris azuis da garota.

Mesmo de forma inesperada, ela estava preparada para abraçar a morte como uma velha inimiga, conhece-la de perto e finalmente se juntar a seu pai, até que avistou pelos, desgrenhados, conhecidos e sujos pelos marrons pulando em cima dos seres que a observavam.

De início não passou de um rosnado feroz e selvagem, mas foi aumentando até virar um latido ameaçador. Escutando apenas esses ruídos, Ruby mal sentiu a sensação áspera que a cobria, parecido com... não, não era parecido, eram grãos de areia cobrindo-a. Subindo por sua pele, entrando em sua roupa, tapando completamente como um cobertos seu tronco e ganhando instantaneamente um brilho bege, um tom de trigo recém colhido.

Com aquilo o ar voltou a circular normalmente por seu corpo, inflando seus pulmões, passando por suas veias e oxigenando seu coração, a agonia foi se esvaindo, os arranhões iam se curando, sendo substituídos por novas células de pele e os olhos se abriram, arregalados e surpreendidos por enxergarem novamente uma centelha de vida. Levantou-se e deparou com o término de uma batalha, o lobisomem que pulara sobre si anteriormente agora estava com uma parte do rosto sujo com o tecido grudento de uma das damas vagantes que eliminara.

Enquanto a outra a observava com curiosidade e timidez, colocando uma mecha de cabelos castanhos atrás da orelha. O lupino agora caminhava com cautela em sua direção, analisando-a com cuidado. Em meio caminho se metamorfoseou, o rosto ficou sem pelos, os olhos redondos se tornaram mais achatados, o focinho diminuiu de tamanho tornando-se um nariz, duas das patas viraram mãos pequenas enquanto as outras duas ainda mantiam a função de pés.

Em poucos instantes lá estava uma humana, nua e com um sorriso fino nos lábios, encarando com os intensos e fortes olhos azuis marinhos a loira.

– Foi por pouco, Ruby. – soltou uma breve e fraca risada – Se não fosse pela garotinha você estaria morta. – direcionou a outra com um movimento rápido de cabeça, a mesma ficou com as bochechas vermelhas. Estendeu uma de suas mãos para ajuda-la a ficar de pé.

– Rachel... – encarou-a diretamente nos olhos. Mesmo não querendo aceitar a ajuda oferecida, ela pegou a mão com um pouco de receio, mas foi com aquele toque que ela se lembrou de tudo, onde estava, o que havia acontecido, as memórias vieram como um flash em sua mente. – O-onde estão os outros? Lilly, Jonathan, onde estão? – perguntou apressadamente, não que se importasse com o que de fato acontecera, porém seria prazeroso receber notícias dizendo que ambos estavam mortos.

– Acalme-se, seus amiguinhos estão bem. – apontou para mais além do horizonte, olhando para eles com convicção estavam à ruiva e a quimera, acompanhados de outros seres místicos que provavelmente seriam os que anteriormente estavam jogados no solo pútrido. Não existia mais nenhum micro sinal de que as vagantes estiveram ali.

Ficaram daquela maneira por um bom tempo, até que, mais além, fora possível enxergar tochas e luzes mágicas, suspensas por braços definidos de guerreiros. Liderados por uma mulher de cabelos negros e anciões olhos castanhos, trajando uma armadura de prata e com um olhar de fúria no rosto.

Ragnorok pensaram aqueles três juntos enquanto aguardavam se aproximarem.

“Seus poderes podem ser seu triunfo hoje, mas amanhã não passarão de suas próprias naturais ruínas...”


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Notas finais do capítulo

Well... espero que tenham gostado :3
Vou tentar postar o próximo capítulo ainda nessa semana, porém não é certeza!
Se possível, deixem suas opiniões e tudo mais, okay?
Até mais, peoples!
P.S: Queria saber com sinceridade, o que vocês acharam da capa, gente? Não são muito bom com edições (aliás, péssimo), mas bem, o que acharam?



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