A Mesma Face escrita por LelahBallu


Capítulo 7
Burden


Notas iniciais do capítulo

Hey hey!!
Voltei, não bem com a fic mais votada, mas foi a que pude escrever, então aos fãs de Problem, peço desculpas por isso. Eu queria primeiro avisar a vocês que o título desse capítulo é o mesmo de uma música que acho representa bastante esse capítulo, então se vocês estiverem interessados sugiro que escutem "Burden de Subtact & Jay Rodger". Pode ser depois do capítulo, eu só acho que é uma música que vale a penas vocês irem atrás. Fora isso eu queria agradecer o carinho de todos nos comentários. Obrigada!!
Agora, vamos a leitura!!



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FELICITY SMOAK
Respirei fundo antes de observar o corredor através da estreita abertura da minha porta.
Sem sinal de Alex.
Maldito fodido Alex.
O cara simplesmente não aceitava um “não” como resposta. E não era aquele tipo de cara, o cara charmoso que vai lhe seduzir, te conquistar com um sorriso de lado e toda a postura de garoto mau. Não. É o tipo de idiota que vai ter perseguir em sua própria casa, seu marido por perto ou não. Por que Megan escolheu Alex afinal? Por que se arriscar com um idiota daquele?
Após meu breve encontro com os irmãos Queen ontem pela manhã. Lexie e William desceram alegres ao ouvir através de seu pai sobre o novo cachorro. Eu estava mostrando as crianças seu novo amigo de quatro patas, quando Alex chegou fedendo a bebida e a bordel e exigiu falar comigo. Deixei claro que aquele não era um bom momento, ele encarou as crianças como se não fossem mais do que um inconveniente, e estava prestes a falar algo que deixava claro isso quando Oliver chegou perguntando o que estava acontecendo. Por mais estúpido que Alex fosse, eu sabia que ele nunca iria enfrentar Oliver abertamente, ele me encarou com um olhar arredio e forçou um sorriso a Oliver, dizendo que estava apenas passando quando viu o cachorro e ficou curioso. Oliver o encarou com desconfiança, mas deve ter atribuído o comportamento de Alex a estar claramente de ressaca, pois deixou passar.
Não querendo ser abordada por suas dúvidas e desconfiança eu rapidamente chamei sua atenção para o que eu queria conversar com ele antes de ser distraída por Roy e pelo cachorro. Deu certo, falar sobre fazermos algo apenas eu, ele e as crianças pareceu o agradar e distrair. Sem falar que as crianças ficaram radiantes com o pequeno programa em família. Que ficou para hoje.
E era por isso que eu ficava vigiando os cantos da casa, para ter certeza de que não seria abordada por Alex de novo. Eu precisava descer e encontrar Oliver. Sentindo-me confiante decidi que já podia descer. Com um suspiro cansado fechei a porta atrás de mim e atravessei o corredor. Era um fodido inferno ter que todas às vezes ter certeza que o cunhado do seu marido, seu cunhando, não estava pronto para te agarrar. Um fodido inferno.
— Não tão rápido. – Reconheci a voz masculina apenas um segundo antes de sentir meu braço ser puxado. Antes que qualquer protesto fosse formado em minha boca Alex puxou-me para um banheiro. Felizmente minha mãe tinha me ensinando um ou outro truque, então quando seu rosto se aproximou do meu para um beijo, meu punho se encontrou com sua boca. Infelizmente eu não tive o recuo necessário para um murro bem dado, mas teve efeito satisfatório, ao vê-lo recuar colocando a mão na boca e me encarando incrédulo.
— Mas que diabos Megan? – Perguntou segurando meus ombros. – Você me bateu?
— Você me assustou! – Retruquei. – O que você tem na cabeça? Você ia me beijar a força? Com Oliver lá em baixo?
— Bem, nunca antes foi à força. – Respondeu. – Eu não me importo com o estúpido do seu marido, nem você. Você sempre achou a possibilidade de ser descoberta um fator excitante. – Lembrou-me. – Por que você está fugindo de mim? Passei o mês todo tentando te encontrar sozinha. Se você não tivesse fugindo eu não teria que encurrala-la em um banheiro. E que merda foi aquilo ontem? Desde quando você se importa com os malditos pirralhos? Apenas os deixasse com o monte de pulgas e me encontrasse porra.
— Bem, garotão. – Resmunguei o empurrando. – Entenda a dica. Eu não quero mais levar isso à diante, pare de fazer insinuações em jantares de famílias, pare de deixar recadinhos em vasos de plantas e pare de me seguir por corredores. O que havia entre nós dois acabou. Ok? – Em vez de assentir ele me encarou atônito.
Oh merda, lá vem, o maldito ego masculino.
— Você não pode simplesmente acabar as coisas dessa forma. – Meneou a cabeça. – Não é assim que funciona, Megan.
— É exatamente assim que funciona. – Murmurei empurrando seu peito ao perceber que ele havia voltado a se aproximar. – Não haja como um garotinho que perdeu seu brinquedo favorito Alex, ambos sabemos que esse brinquedo nunca foi seu. – Murmurei irritada. O observei ficar mais tenso.
— Sua puta. Você sabe que eu posso tonar sua vida aqui um verdadeiro inferno. – Ameaçou-me. – Uma palavra minha e seu precioso maridinho descobre a vadia que você é.
— Eu gostaria de vê-lo tentar. – Retruquei passando mais coragem do que realmente sentia. – Sim, eu posso muito bem me ferrar aqui, mas não esqueça Alex. Que Oliver não vai receber qualquer coisa que você diga de braços abertos. E não importa quão irritado comigo ele esteja, é você que tem mais a perder se toda a merda for jogada contra o ventilador. Então engula seu maldito ego, saia desse maldito banheiro e que essa seja maldita última vez que você tenta me agarrar.
— Sua...
— Fora! – Exigi erguendo meu queixo. Ele não pareceu muito animado a ir, na verdade ele parecia pronto para voltar a avançar quando a porta do banheiro foi aberta.
— Você sempre foi um pouco lento pela manhã, meu amor. – Thea murmurou fazendo com que eu abrisse a boca em choque e Alex ficasse pálido. – Mas uma simples palavra como “Fora” não devia exigir muito de você.
Oh merda.
Eu estava tão fodida.
Esse pensamento deve ter sido compartilhado por Alex, por que o idiota simplesmente perdeu a habilidade de falar. Mesmo eu, não sabia como diabos explicar essa situação sem insultar a Inteligência da Queen mais nova. Thea em nenhum momento deixou seu olhar cair em mim. Ela seguia encarando Alex que lentamente parecia sair de sua inércia. Suas mãos se abrindo para toca-la. Ela cruzou os braços e ergueu seu queixo o desafiando a se aproximar.
— Thea, minha...
— Apenas saia. – O cortou. – E agradeça por não ter sido Ollie a abrir essa maldita porta. – Acrescentou.
— Thea...
— Saia Alex. – Exigiu. Sua voz pela primeira vez denunciando seu real estado, ao emitir um pouco de tremor. Eu não conseguia fazer outra coisa senão encara-la. Alex assentiu a contornando, ele jogou um olhar cumplice para mim por cima do seu ombro. Obviamente chegou a conclusão de que nós dois estávamos ferrados. E de alguma forma esperava que fosse eu a salvar a situação.
A questão é que eu não tinha ideia de como, por que para mim parecia óbvio que Thea tinha escutado boa parte de nossa briga. A observei ir até a porta e tranca-la dessa vez na chave, eu a analisava enquanto ela fazia o mesmo comigo. Em minha mente eu apenas queria me lembrar se Megan havia falado algo sobre Thea Queen ser violenta. O tipo arrancar os cabelos da outra violenta. Eu queria ter a frieza de Megan, poder fingir ser ela. Erguer minha cabeça com um sorriso arrogante nos lábios e dizer algo como “Ora se esse não é um inconveniente, minha querida” ou qualquer coisa que fizesse sentindo para Megan. Mas eu estava nervosa, com medo. Thea poderia muito fazer com que tudo explodisse de uma vez, e Megan que até o momento não havia feito nem mesmo o favor de ligar, não teria marido nenhum para voltar.
Thea inclinou sua cabeça. A maneira com que me estudava me intrigou e deixou-me ainda mais inquieta. Parecia um oponente prestes a fazer um movimento decisivo no tabuleiro de xadrez.
— Você realmente não sabe o que fazer agora, não é mesmo? – Perguntou parecendo até mesmo divertida. Eu estava confusa como o inferno com essa sua atitude. – Não se preocupe, esta não é a primeira vez que vejo meu marido se esgueirar de algum esconderijo após ter passado alguns momentos com minha cunhada. – Vi a mágoa por trás daquele sorriso. E senti pena imediata pela garota que amava e não era considerada. – Apenas agora sei como agir.
Erguendo meu queixo foquei na razão por estar aqui, por ter que passar por Megan, por ter que ser ela. Mesmo em meio a isso, eu tinha que contornar de alguma forma essa situação, não por mim, não por Megan, mas por minha mãe, ela seria a que mais sofreria as consequências.
— Você vai contar a Oliver? – Perguntei a observando. – Que seu marido me encurralou em um banheiro e tentou tirar proveito de mim? – Continuei deixando claro que eu não apenas aceitaria ser apontada como a traidora aqui. Ela sorriu.
Thea Queen sorriu.
E isso me deixou mais apreensiva.
Ela não devia estar sorrindo.
Não após flagrar seu marido e sua cunhada discutindo o término do caso que mantinham.
Inferno, eu estava até mesmo preparada para uma bofetada digna daquelas novelas mexicanas.
Eu não estava preparada para o seu sorriso.
Deus me ajude.
— Isso vai de depender. – Murmurou cruzando se braços. – Quão sincera você vai ser em suas respostas as minhas perguntas.
— Perguntas? – Repeti incrédula. Eu realmente não esperava que ela fosse do tipo que fosse perguntar quantas vezes aconteceu, ou há quanto tempo isso ocorria. – Que perguntas?
— Tantas questões. – Thea murmurou com um olhar distraído antes de focar em mim novamente. – Podemos começar com a mais básica e talvez importante de todas. – Seu olhar cruzou ao meu com perspicácia. - Qual o seu nome?
Oh. Merda. Não.
De todas as pessoas, por que Thea?
Pisquei atônita tentando transformar meu rosto e passar a ideia de confusa.
O plano aqui era negar até a morte.
— Do que você está falando Thea? – Murmurei controlando minha voz. – Você sabe bem o meu nome. – Forcei um sorriso debochado. – Megan, mais precisamente Megan Queen, minha querida.
— Não. – Murmurou quebrando seu sorriso. – Por favor, não faça isso. Não insulte minha inteligência e não finja ser quem você não é. Após um mês disso você deve estar cansada, e se apoiar em mim seria o melhor a fazer nesse momento.
A encarei sem entender o que dizia.
Apoiar-me nela?
Ela não estava indo correr para Oliver falar sobre suas suspeitas?
— Eu... –Murmurei incerta sobre o que eu realmente ia dizer, mas antes que eu pudesse balbuciar qualquer coisa escutei passos pequenos apressados indicando uma leve corrida, e risos infantis. Thea olhou para a porta atrás de si e sorriu.
— As crianças já estão prontas. – Murmurou. – E este não é o lugar ideal para termos essa conversa. É melhor você descer, sei que planejou um dia com as crianças e Oliver. E em um gesto de boa vontade e adiantando que eu sou a pessoa certa a quem você deve confiar esse segredo, devo alerta-la que Isabel está lá em baixo.
— Isabel Rochev. – Murmurei lembrando-me do aviso de Megan sobre a tal prima distante que eu ainda não havia tido a oportunidade de conhecer. Para ser sincera nem mesmo Tommy e Sara eu havia conhecido ainda, pois estes últimos viajaram logo após minha volta e retornaram apenas recentemente.
— Desça. – Instruiu-me. – Vista sua melhor armadura de Megan Queen, e não deixe que aquela piranha estrague o dia que você planejou. – Murmurou antes de abrir a porta atrás de si. – E no final do dia, me encontre em seu esconderijo. Temos muito que conversar.
E então ela saiu deixando-me atônita.
Mas o que diabos aconteceu aqui?
E Isabel Rochev?
Esse dia seria feito por um conjunto infinito de batalhas?
Suspirei dando-me conta de que eu não poderia ficar trancada no banheiro procurando uma solução para minha situação com Thea. No fundo eu sabia que não tinha muito o que eu fazer, mas eu estava mais do que relutante em apenas confiar nela. E fora isso eu não podia me esconder e fingir que não tinha obrigações a fazer. Eu tinha que continuar sendo Megan Queen. Enquanto eu não obtivesse as reais intenções de Thea, eu não era Felicity Smoak. Eu era Megan Queen. E Isabel Rochev não ia ficar a sós com meu marido.
Desci as escadas com passos decididos e deixei meu olhar cair sobre a empregada.
— Onde está meu marido? – Perguntei direta.
— Ele está na biblioteca, Srª Queen. – Murmurou com um aceno respeitoso.
— Obrigada. – Murmurei avançando em direção para o cômodo em questão.
— Espere. – Escutei sua voz sobressair as minhas costas. – Ele está ocupado...
— Eu sei. – Murmurei sem me importar com o aviso e deixando minhas mãos caírem nos trincos das portas, as abri surpreendendo não só Oliver como a morena que estava ridiculamente perto dele. Uma mão em seu peito, o rosto próximo do seu como se segundos antes estivesse sussurrando algo em seu ouvido.
Yep.
Essa aí ia dar trabalho.
Sorri para os dois e notei que Oliver de imediato deu um passo para o lado se afastando do contato de Isabel. Sem demora ele contornou a mesa e se sentou atrás dela. Seu olhar nos observando.
Você não poderia parecer mais culpado, meu querido.
Ótimo, agora eu tinha Megan até em minha mente.
— Bom dia. – Murmurei com falsa tranquilidade. – Espero não está interrompendo nada importante.
— Na verdade você... – A boca feminina começou com um sorriso vitorioso.
— Não estou? – A interrompi avançando. – Bom. – A observei pressionar os lábios com raiva. Sua carranca se aprofundando quando parei ao seu lado. - Eu não esperava sua visita minha cara, não tão cedo, mas eu entendo que algumas pessoas carecem de bom senso e não hesitam em se esquecerem de normas tão simples como esperar ser convidada.
— Eu...
— Oliver? – A interrompi mais uma vez. Ele me encarou com certa diversão. O estúpido. Homens adoram ter esse tipo de atenção em si, e que eu tivesse reagido à cena que vi amaciava muito o seu tão sofrido ego. – Preciso conversar com você. – Avancei parando em frente à mesa e deslizei meu olhar para Isabel que me encarava com raiva. – A sós. – Especifiquei.
— Tudo bem. – Oliver assentiu, seu olhar caindo em Isabel. – Eu acho que podemos discutir sobre o tema mais tarde.
— Absolutamente não. – Negou se aproximando. Não querendo ter nenhuma proximidade dela me afastei ficando ao lado da mesa, o olhar de Oliver acompanhou o movimento. Isabel me encarou altiva. – Estávamos discutindo sobre a empresa.
— Mesmo? – Questionei com falso interesse. Claro que ela precisava estar tão próxima para isso. – Eu não ousaria atrapalhar vocês. – Ela sorriu contente. Mas seu sorriso murchou ao me observar sentar sobre a mesa. Oliver apenas ergueu suas sobrancelhas em resposta. Apoiei-me em um braço e a encarei com deboche. – Por favor, continuem.
— Você não pode ficar aqui. – Isabel murmurou indignada.
— Por que não? – Perguntei com falsa confusão. – É minha empresa também. E esta é minha casa.
— Você nunca teve interesse antes. – Retrucou.
— Considere-me interessada. – Sorri. Quase saltei quando senti a mão de Oliver sobre minha coxa, voltei minha atenção para ele que me encarava com diversão e uma centelha de algo mais.
Oh Deus, isso ia se voltar contra mim mais tarde.
Merda.
— Diga o que você precisa dizer Isabel. – Exigiu a encarando brevemente. Eu já não encarava Isabel, mas ainda assim tinha certeza que a frase havia a irritado. Oliver a estava dispensando e seu olhar fixo no meu dizia o porquê. Por Quem.
Engoli em seco percebendo-me presa a ele devido a tensão que carregava o ambiente e forcei-me a encarar Isabel quando ela com tom aborrecido o respondeu.
— É o Sr. Palmer. – Franzi o cenho quando percebi que o nome me era familiar. Mas não era um dos amantes de Megan eu tinha certeza, de fato eu duvidava que fosse dela que eu tivesse ouvido o nome. Deixei a sensação de lado e passei a me concentrar no que Isabel dizia, por que era isso ou deixar-me ser distraída pelos pequenos círculos que Oliver fazia em minha coxa. – Ele deu a entender em nossa última ligação que estava recuando com o contrato. Disse que não via como uma parceria entre as duas empresas conseguiria trazer algum lucro para a sua. Na verdade, ele afirmou que não havia nenhuma vantagem para ele. A Palmer Tech. estaria investindo muito e recebendo muito pouco. – Oh sim, Palmer Tech, basicamente meu sonho de emprego, caso eu pudesse sonhar tão longe. Era de Ray Palmer que eles estavam falando, inferno. – Eu tentei conversar com ele, Oliver, mas ele parece resoluto quanto a...
— Converse novamente. – Oliver mexeu-se inquieto, em um gesto que nos causou surpresa coloquei minha mão sobre a sua. – Você sabe de que precisamos do capital que a Palmer Tech pode investir nesse novo projeto...
— Eu sei. – Retrucou. – Mas honestamente? Ele está certo. A curto prazo ele não tem nada a ganhar se associando a nós.
— Bem, então o convença a longo prazo. – Murmurei fazendo com que ela piscasse incrédula. Provavelmente irritada por ter tido a ousadia de me intrometer no que ela achava ser seu território. Bem, em minha defesa foi ela quem começou com o lance de entrar no território alheio. – Ray Palmer é conhecido por ser um homem inteligente. Ele não liga de fato se não vai ter lucro de imediato. Ele é um homem cuja mente está pelo menos 10 passos à frente. Essa não é a razão por ele querer recuar com a parceria. Ele percebeu apenas que vocês não venderam direito o peixe de vocês. Se for em longo prazo que ele receberá o grande lucro e se vale a pena esperar, vocês precisam mostrar isso a ele. – Isabel me encarou com desprezo.
— Você não tem capacidade para...
— Ela está certa. – Oliver a interrompeu. O encarei surpresa, eu queria poder ter um gravador quando ele me olhou ainda sério e disse: - Você está certa. – Seu olhar caiu novamente sobre Isabel. – Foi Palmer que entrou em contato conosco, não queríamos precisamente ele, mas ainda assim ele que nos abordou. Então ele deve ter visto alguma vantagem. Megan está certa, Ray Palmer é um homem inteligente, ele sem dúvida alguma está nos testando. Marque uma reunião com ele.
— Mas... - Começou para então parar bruscamente. – Como o convenço?
— Você quer realmente que eu faça todo o seu trabalho? – Não pude resistir em provoca-la. O franzir de lábios como resposta fez bem para minha alma. – Junte seu time. Faça uma perspectiva de lucro, e em quanto tempo isso virá. Mostre que um acordo com a QC irá mais do que satisfazê-lo, mesmo que não de imediato, que a espera irá valer a pena. E por favor, não apenas encha o homem de números, faça isso em um almoço casual.
— Um almoço? – Indagou confusa.
— Sim, você me parece precisar desesperadamente de um encontro. – Sorri com falsa doçura. – Podemos muito bem eliminar dois problemas de uma vez só.
— Você gostaria. – Retrucou erguendo suas sobrancelhas. Seu olhar voltou para Oliver. – Presumo que você concorde com isso.
— Com o quê? – Perguntou genuinamente confuso.
— Em um encontro com Ray Palmer. – Esclareceu.
— Isso é com você. – Respondeu prontamente. – Marque uma reunião com ele e faça o que Megan disse, mas eu devo admitir que ela está certa, um ambiente casual para isso poderia contar a nosso favor. – Deu de ombros. – Isso é tudo?
— Na verdade...
— Bom. – A interrompi não querendo que ela se aproveitasse mais da desculpa trabalho para de alguma forma monopoliza-lo. – Por que eu ainda quero ter aquela conversa a sós com meu marido. – Murmurei a encarando diretamente. Isabel era esperta, ela sabia que havia chegado o momento de recuar, com um sorriso frio ela acenou.
— Está bem. – Não gostei nem um pouco do tom em sua vez, e ela tinha dito apenas duas palavras. Com suspeita a observei pegar sua bolsa na cadeira em frente a mesa. Um sorriso sedutor substituindo o de antes, seu olhar totalmente concentrado em Oliver quando continuou. – Presumo que podemos discutir melhor sobre o assunto na segunda feira, em seu escritório, a sós, onde teremos tempo o suficiente para abordar cada pequeno detalhe dessa... Situação.
Vaca.
Observei suas costas em quanto se afastava com um andar que deve ter treinado inúmeras vezes e que ela deve ter agraciado Oliver em cada uma dessas visitas que ela fazia ao seu escritório. Respirei fundo e desci da mesa, meus braços cruzados. Devo ter surpreendido Oliver por ter me afastado tão bruscamente. Eu geralmente era mais delicada e esperta ao sair para longe do seu toque.
A grande ironia é que dessa vez eu não havia fugido de seu toque.
Eu estava irritada.
Muito.
E por algum motivo eu queria jogar alguma coisa em Oliver.
— O quê? – Murmurou percebendo que eu o fuzilava com o olhar.
— Nada. – Dei de ombros.
— Megan...
— Olhe eu só vim aqui lhe avisar que nós dois estamos saindo com as crianças em meia hora. – Falei lhe dando as costas. Nunca ser chamada de Megan ardeu tanto em meus ouvidos. Escutei o arrastar de cadeira enquanto eu me aproximava da porta e antes que eu pudesse abri-la senti sua mão fechar ao redor do meu braço virando-me para si.
— Por que está irritada? – Perguntou impaciente.
— Eu não estou. – Neguei. – Eu estou bem, tranquila. – Dei de ombros.
— Megan... – Oh aquele maldito nome. Suspirei e ele pegou isso. – O quê? Tudo o que eu faço a irrita agora? Tenho que manter minhas mãos nos bolsos perto de você, mesmo minha voz a irrita? Por que você insiste nisso então?
— Nisso? – Perguntei estreitando meus olhos. – Por isso, você quer dizer nosso casamento? Tem razão Oliver, por que inferno eu insisto nisso?
— Eu não entendo você. – Reclamou me soltando. – Em um minuto parece acessível, coerente, no outro seguinte está pulando para longe de mim e me encarando como se eu fosse um pedaço de merda.
— Melhor que você que fica parecendo um cachorro no cio. – Ele me encarou atônito. Nesse momento percebi que eu havia ido longe demais, mas nada me impediu de me aproximar dele e cutucar seu peito. – Você está apenas esperando o momento certo para pegar o que Isabel tão desesperadamente oferece. – Ele me encarou, sua cabeça inclinado enquanto me analisava.
— Cachorros não entram no cio. – Murmurou por fim.
— Este sim. – Retruquei o empurrando.
— Você só pode estar brincando.
— Ela estava se jogando sobre você. – Falei lembrando-me do momento em que eu havia entrado. – E você estava mais do que feliz com isso.
— Você está com ciúmes. – Sorriu admirado.
— Não. – Neguei chocada com o que disse. – Não se trata disso. A mulher não perde a oportunidade em deixar claro que o deseja. E você macho arrogante que é, fica contente em receber esse tipo de admiração.
— Você está com ciúmes. – Repetiu.
— Eu não estou com ciúmes Oliver. – Neguei novamente.
— Sim, você está. – Afirmou aproximando-se. Eu sequer havia percebido que tinha me afastado novamente. – Você viu Isabel próxima de mim e sentiu a necessidade de mantê-la afastada, e agora está irritada comigo por achar que eu correspondo a ela. Você está com ciúmes. Nada estava acontecendo. Você pode guardar suas garras, gatinha. – Sorriu divertido.
O encarei irritada.
Eu queria apagar aquele sorriso idiota de sua face.
Como eu queria.
E ele havia me chamado de gatinha?
Por que ele não chama Isabel de gatinha?
Oh Deus.
Oh merda.
Eu realmente estava com ciúmes.
Fodido inferno.
Eu estava com ciúmes de Oliver.
Eu não podia me deixar sentir algo por Oliver.
Marido postiço ou não.
O encarei atônita, minha cabeça dando voltas com o que minha descoberta. O sorriso de Oliver diminuiu percebendo que eu não compartilhava de sua graça. Confuso, suas mãos se ergueram arrastando-se de meus ombros até meu pescoço, seus polegares acariciando meu rosto. Encarei sua camisa azul, percebendo vagamente que ele usava muito aquela cor. Meu cérebro idiota lembrando que fazia jogo perfeito com seus olhos. Aqueles olhos que agora me encaravam ansiosos e intensos. De repente ele estava muito perto, e eu estava muito cansada de me afastar, então pela primeira vez sua proximidade não me incomodou. De fato parecia não ser suficiente.
— Você não percebe por que temos brigado tanto? – Perguntou apenas a distância de um beijo. Respirei fundo resistindo à vontade de menear a cabeça em negação. Eu na verdade sabia, eu poderia deduzir, como Megan eu estava falhando miseravelmente. – Eu quero você, e não tê-la está me deixando louco. Eu tenho tentado lhe dar espaço, eu entendo até certo ponto por que precisamos disso, mas isso não me impede de querer, ansiar por você. – Pisquei ainda inquieta. – Você. – Repetiu. – Eu não quero Isabel, eu quero você. E você sabe disso.
— Eu tenho a impressão de que você está apenas esperando que eu erre. – Confessei. – Esperando o momento em que vou decepciona-lo e então você terá a desculpa perfeita para... – Interrompi-me percebendo o quanto vulnerável havia soado, mas incapaz de parar completamente. – Eu não quero decepciona-lo, mas eu continuo fazendo isso. E eu não sei se vou parar.
— Eu a tenho decepcionado também. – Seus olhos prenderam os meus quando sua testa se encostou a minha, sua cabeça se inclinando. Quase lá. Meneei minha cabeça em negativa.
— Você não entende. – Lamentei.
— Faça-me entender gatinha. – Pediu arrastando sua mão pelo meu rosto afastando meu cabelo. – Você me quer, eu posso sentir isso. Nada está perdido.
— Eu...
— Talvez seja eu que tenha que fazê-la entender. – Murmurou antes de descer seus lábios sobre os meus. Um beijo tão cálido. Tão surpreendente terno. Já havíamos nos beijado antes, sempre beijos rápidos e ao perceber que eu me esforçava para ser assim, seus beijos também eram indiferentes. Apenas para agradar as crianças. Para trazer certa normalidade em um casamento que estava fadado ao fracasso. Mas este beijo era tão diferente dos outros, que era fácil demais esquecer que houve outros. Em meio a esse beijo eu pude perceber mais uma vez por que eu evitava a todo custo que algo assim viesse a acontecer. Como recuar após isso? Como voltar a estaca zero?
Oliver recuou apenas para me encarar brevemente, seus olhos correndo por meu rosto. Analisando. Esperando por uma resposta. Então o que havia sido um beijo cálido deu vazão para um beijo repleto de luxúria. Oliver me beijou profunda e longamente, sua língua avançando, seduzindo-me e instigando, segurei sua camisa precisando fazer algum uso de minhas mãos enquanto correspondia avidamente seu beijo.
Seu corpo empurrou guiando o meu até a parede ao lado da porta, suas mãos agitando-se por meu corpo trazendo calor. Eu estava completamente perdida em seu cheiro quando seus lábios se afastaram dos meus para irem até o meu pescoço, minha mão agarrando seus cabelos curtos.
Foi quando senti suas mãos subindo por trás das minhas coxas e entrando em minha saia que acordei. Ele tinha razão. Eu o queria, bem agora enquanto suas mãos apertavam a carne da minha bunda eu o queria. Mas eu não podia.
— Oliver. – Murmurei afastando meus lábios que mais uma vez desfrutavam de seus beijos. Ele não entendeu de imediato, seu corpo moveu-se sobre o meu em um movimento sinuoso. Suprimi um gemido enquanto tentava empurra-lo. – Oliver, não. – Isso o fez endurecer. Ele parou, sua cabeça ainda contra a curva do meu pescoço, por um momento tudo o que ele fez foi respirar sobre minha pele, então suas mãos me soltaram e seu rosto se ergueu, encarando-me.
— Não? – Murmurou com desgosto.
— Eu sinto muito, mas...
— Não? – Repetiu dando um passo para trás. - Isso é alguma brincadeira para você? – Perguntou recuando um pouco mais, apressei-me a ajeitar nervosamente minhas roupas. – Eu sou seu brinquedo Megan?
— Oliver...
— Eu... – Meneou a cabeça. – Droga!! – Avancei um passo determinada a algo que eu sequer sabia o que era, então percebendo isso, eu parei em brusco. Seus olhos me avaliaram, percebendo meu movimento. – O que diabos está acontecendo conosco Megan?
— Descul...
— Basta. – Murmurou surpreendente baixo, mas me calando, provavelmente devido a isso. – Eu preciso... Eu não consigo ficar aqui agora. – Meneou sua cabeça uma vez mais. – Eu não consigo escutar suas desculpas desprovidas de uma explicação válida. Eu não consigo continuar com esse jogo em que apenas você conhece as regras, eu estou cansado. Eu só... Eu preciso estar longe de você. – Completou passando por mim. Permaneci parada enquanto escutava a porta se fechar fortemente atrás de mim. Engoli em seco, sentindo minha garganta travada percebi que pela primeira vez desde que eu havia chegado eu sentia a necessidade de chorar.
Por que eu estava cansada também.
De viver uma vida que não era minha.
De ser a mulher errada.
De desejar ser a certa.
Eu queria poder contar a verdade e eu estava tão tentada a fazer isso. Queria ir até ele e apenas jogar isso em seu colo, deixar que ele decida o que fará a seguir e lidar com as consequências. Eu faria, se as consequências não chegassem apenas para mim.
Eu queria chorar por estar diante essa absurda posição, mas eu não chorei. Eu não faria isso. Eu era uma Smoak, e Donna Smoak havia deixado claro que éramos mulheres fortes. Não chorávamos enquanto ficávamos sufocadas pensando em todos nossos problemas, erguíamos nossos queixos e batalhávamos por achar uma solução. E era isso que eu precisava fazer agora.
Eu precisava encontrar minha solução.
— Megan? – Pisquei inquieta ao escutar o chamado de Thea atrás de mim e me virei para encara-la. Eu não sabia por quanto tempo eu havia ficado parada aqui, mas devia ter sido o suficiente para chamar sua atenção.
— Sim? – Murmurei distraída. Então percebi o que poderia acontecer a seguir. Thea estava aqui para me encurralar e fazer inúmeras perguntas que até o momento eu não sabia exatamente como responder. A encarei apreensiva enquanto aguardava o próximo round com apenas a mudança de oponente. Mas ela se limitou a me encarar analisando, seu semblante parecendo até mesmo preocupado.
— As crianças estão ansiosas. – Murmurou por fim.
— Oh. – Murmurei levando minhas mãos aos cabelos. Eu havia planejado algo em família, mas Oliver não estaria indo depois do que aconteceu. – Oliver...
— Eu acabo de vê-lo saindo em seu carro. – Murmurou cruzando seus braços. – Por sorte eles estavam na cozinha, por que Oliver parecia... Possesso. – Acrescentou hesitante. – O que você pensa em fazer?
— Eu acho que vamos ser nós três então. – Dei de ombros. – Não quero decepciona-los completamente e adiar o passeio, eles ficarão chateados com a ausência do pai, mas se não formos...
— Eu entendo. – Assentiu. Concordei com um aceno e por algum tempo tudo o que ela fez foi me encarar. Parecia hesitante. Insegura. – Você sabe, eu poderia acompanhar vocês...
— Você quer ir conosco? – Murmurei surpreendida.
— São meus sobrinhos. – Deu de ombros.
— É claro. – Murmurei sem jeito. – Eu devia tê-la chamado desde o começo Thea...
— Não se preocupe, eu percebi que você queria algo apenas entre você, Oliver e as crianças. – Sorriu. – Mas já que a vaga está aberta...
— Claro. – Concordei prontamente. – Seria ótimo.
— Então... – Começou inclinando sua cabeça e me lançando um olhar cheio de perspectiva. – No que você estava pensando?
— Eu pensei em um piquenique. – Confessei. A sugestão era tão inocente e o programa era tão familiar que me vi envergonhada por realmente ter seguido essa linha. – Mas agora eu estou me perguntando quão bem você pode se manter sobre patins. – Perguntei divertida. Ela me encarou com a boca aberta e olhar pedido.
— Eu... Como é que é?!!

THEA QUEEN
Observei a mulher agachada em frente às duas crianças enquanto conversava com eles em tom doce. Apoie-me de lado contra a gélida barra que cercava a pista de patinação e limitei-me a seguir os observando. “Megan” colocava um capacete em Lexie enquanto lhe dizia o quanto divertido seria tudo, ela explicava que primeiro eles teriam algumas aulas com os instrutores e em seguida se juntaria a nós. William se limitava a assentir sempre que ela lhe dava uma nova instrução de como não deveria se afastar de sua irmã e ajuda-la. Segurei um sorriso quando observei minha sobrinha segurar as mãos de Megan e tentar se equilibrar em seus pequenos patins.
Ela estava toda protegida e seu rostinho mostrava que estava preocupada e pouco temerosa de cair, mas a confiança em sua mãe era grande o suficiente para seguir em frente. Um jovem surgiu atrás de Megan e curvou-se para falar com Lexie. Logo a ajudava a entrar na pequena pista reservada justamente para crianças que estavam apenas começando. William foi logo atrás acompanhado também de outro jovem que devia ter lá seus 16 anos. Megan sorriu os encorajando quando eles a encaram por sobre os ombros e acenou. Apenas quando eles já estavam envolvidos e concentrados nos instrutores, foi que Megan se aproximou.
— Vamos patinar? – Perguntou acenando com a cabeça pista, a entrada estava justo ao meu lado. Encarei a pista com aborrecimento e então olhei para os meus pés que já estavam calçados com patins assim como o da loira a minha frente.
— Você terá que ter paciência. – Murmurei após um suspiro. – Há muito tempo que não patino, estou enferrujada. – Ela sorriu e assentiu.
— Não se preocupe. Apenas flexione os joelhos e deslize um pé e em seguida o outro. – Murmurou entrando na pista e fazendo justo como havia dito. Só que com muita mais elegância que eu jamais poderia ter.
— Você é muito boa nisso. – Reclamei enquanto com rigidez tentava me equilibrar nos malditos patins, ela veio para o meu lado pronta para me ajudar caso necessário. Patinar no gelo não era e nunca ia ser meu lance.
— Eu tive uma ótima instrutora. – Murmurou vagamente. Ela estava tensa. Na verdade ela estava assim desde que Oliver havia sumido no ar deixando apenas sua irritação e amargura. Foi doloroso vê-la explicar para as crianças que o pai não mais os acompanharia e tentar justifica-lo. Ela sorria sempre que conversava com as crianças e tinha ficado mais tranquila em volta delas, mas eu podia perceber que ela ainda estava tensa.
Eu não tinha ideia do que havia acontecido. Poderia associar a presença de Isabel é claro, mas não parecia ser apenas isso. O que estava claro era que eles haviam brigado e que Ollie de alguma forma havia magoado essa mulher.
Era estranho.
Eu não tinha ideia de quem era ela.
Eu apenas tinha certeza de que ela não a verdadeira Megan.
Mas por algum motivo eu me sensibilizava com ela.
Desde que ela havia chegado eu havia estranhado suas novas atitudes. Tão contrárias à verdadeira Megan. É claro que no começo eu não usava frases como “A verdadeira Megan” e a “Outra Megan” eu geralmente utilizava “A Megan de antes” e “A Megan atual”. Mas à medida que os dias passavam ficava cada vez mais claro que era impossível uma pessoa ter mudado tanto assim sem de fato ter se tornado em outra pessoa.
— Ok. – A outra Megan murmurou ao meu lado após alguns segundos em silêncio em que eu me limitei a prestar atenção nos movimentos dos meus pés desajeitados. Ela segurou meu braço ajudando-me enquanto falava. – Nós temos pelo menos 20 minutos até que as crianças se juntem a nós. Eu presumo que agora você poderá fazer suas perguntas. – Murmurou me surpreendendo. A encarei deixando um sorriso escorregar em meus lábios.
— É isso? – Perguntei esquecendo-me de meus pés. – Não vai mais tentar negar entender a o que eu me referia? Não vai fingir confusão?
— Como você tão bem explicou... – Murmurou me encarando. – Seria um insulto a sua inteligência. E eu acho que tenho apenas a perder se seguir essa linha. Então... Primeira pergunta?
Não precisei sequer pensar.
— Qual o seu verdadeiro nome? – Soltei impaciente. – Eu estou um pouco cansada de chama-la de “A outra Megan” em minha mente. – Confessei. Ela me encarou parecendo indecisa sobre isso. Não confiava em mim, assim como eu não confiava nela, mas ela não tinha muitas opções aqui.
— Felicity. – Murmurou por fim. – Meu nome é Felicity Smoak.
— Você é uma criminosa Felicity Smoak? – Perguntei direta. Ela piscou aturdida. – Eu quero dizer, além de assumir a identidade da minha cunhada é claro.
— Não. – Respondeu desviando o olhar do meu apenas para encarar de longe as crianças. – E você não acha que eu seja, ou não me deixaria perto de seus sobrinhos.
— Verdade. – Assenti. – Mas isso não significa que eu confie em você, e você também sabe disso. – Ela não negou. Girei parando em sua frente o movimento quase fazendo com minha bunda fosse apresentada intimamente ao gelo. – A única razão por não ter te entregado ainda é por que tenho lhe observado com as crianças, e por que eu quero lhe dar algo que eu duvido meu irmão lhe dará se ele descobrir toda essa farsa sozinho...
— Que é...
— O benefício da dúvida. – Falei. Ela suspirou sabendo que eu estava certa. – Eu não sei o quanto você é culpada, não sei o que você está ganhando com tudo isso, mas sei que se houver alguma chance de que você ser ao menos em parte inocente, você precisará de ajuda quando isso detonar na cabeça do meu irmão. – Ela meneou a cabeça como se não acreditasse no que estava acontecendo. – Você não acredita que eu poderia te ajudar não é mesmo?
— Eu não sou completamente culpada, mas também não completamente inocente Thea. – Falou com pesar. – No fim de tudo você ficará ao lado da sua família. Você não me conhece, e eu não conheço você, não realmente. Tudo o que sei sobre vocês foi decorado de uma pasta com suas fotos que Megan me entregou.
A encarei incrédula.
— Explique mais sobre isso. – Exigi. – De que forma você está relacionada com Megan? Vocês tem que ser irmãs gêmeas, vocês são idênticas. – Comentei admirada com isso. Eu havia conhecido uma vez duas irmãs gêmeas, em um acampamento de verão que fui obrigada a ir, nem elas eram tão parecidas entre si como Megan e Felicity eram. Ela rapidamente descartou a ideia com um balançar de cabeça.
— Eu sei que parece mentira, mas não somos. – Comentou. – Eu não tinha ideia de quem era Megan Queen ou qualquer outro Queen até duas semanas antes de eu chegar aqui. – Continuou. – Quando vi Megan pela primeira vez foi um choque. Eu trabalho... Eu quero dizer, trabalhava em um hotel em Vegas, fazendo de tudo um pouco, mas oficialmente era camareira. Megan estava jantando com um... – Hesitou, mas pareceu deixar de lado sua apreensão. – Esqueça, você já conhece bem o caráter da sua cunhada. Ela estava com um amante. – Revelou. Ela estava certa, nenhuma surpresa aqui. Infelizmente o único que não conhecia verdadeiramente Megan era Ollie. – Eu preciso resumir as coisas aqui, então: Megan me viu como uma oportunidade de prolongar sua viagem e ficar longe de qualquer responsabilidade com sua família, em suas próprias palavras era queria férias de vocês.
— Mas que vadi...
— É eu sei. – Concordou. – Ela me ofereceu dinheiro em troca e eu recusei de imediato, eu não queria e não podia me passar por outra pessoa, mentir para a família dessa pessoa... – Seu tom diminuiu quando uma família passou por nós. -... Mas ela armou para mim, eu fiquei assustada, Ok? – Voltou a erguer a voz ao tom natural. - Voltando atrás eu posso perceber que se eu tivesse recuado antes, as consequências seriam bem menores que agora, mas eu estava assustada e acontece que eu realmente precisava daquele dinheiro. Eu cedi. Eu passei as duas semanas seguintes aprendendo a ser Megan. A agir como ela, flertar, se vestir, tudo. Aprendi sobre vocês, sobre as crianças e seus amantes. Eu a odeio, odeio o que ela fez com vocês e comigo, eu sei que não é um pedido de desculpas decente, e que não diminui minha participação nisso. Mas eu juro, eu jamais teria aceitado participar se eu não tivesse me sentido tão encurralada. – Ela me encarou temerosa. – Eu sinto muito Thea.
— Por se passar pela mulher do meu irmão? – Questionei sem saber exatamente o que pensar sobre isso. Tê-la dizendo isso tornava tudo tão real, que eu estava confusa como proceder. – Ollie é quem merece maior parte das desculpas.
— Não. – Meneou a cabeça. – Eu quero dizer, eu sinto muito por isso também, mas eu sinto muito pela cena que presenciou hoje mais cedo. Entre Alex e eu. – Esclareceu.
— Oh. – Foi tudo o que pude responder. Encarei meus pés enquanto me lembrava da cena a que se referia. Não era nenhuma novidade ser traída, mas ainda machucava e me envergonhava.
— Eu só quero deixar claro uma coisa. – Falou chamando minha atenção. – Megan fez muitas exigências, mas eu também fiz as minhas, eu me neguei a dormir com qualquer um de seus relacionamentos. E é por isso que Alex estava tão puto, entre nós dois não aconteceu nada.
— E é por isso que meu irmão tem estado tão puto também. – Deduzi após alguns segundos refletindo sobre sua frase. – Você não estar dormindo com ele também. – Apontei. Ela ficou vermelha. – Você colocou Ollie de molho!!
— Thea!!
— O quê?! – Perguntei de repente muito divertida com a situação, por mais inacreditável que fosse. – Eu estou enganada? – Ela olhou ao redor temendo que alguém pudesse ter escutado algo. Então deu de ombros. – Como você está conseguindo isso? Eu odeio Megan, mas um dos motivos pelos quais os homens amam tanto ela é que ela nunca os deixa na mão, se você me entende. – Murmurei fechando minha mão em punho e fazendo gestos de subida e descida. Ela me encarou horrorizada.
— Thea Queen!! – Observei com humor ela voltar a olhar ao redor, seguindo seu olhar notei um casal que segurava a mão de uma garotinha desviar o caminho do nosso, eles claramente tinham me visto.
— Eu sinto muito, eu sou uma jovem mulher casada de 22 anos que foi traída mais vezes do que meu marido consegue trocar de meias. Uma de suas amantes por acaso mora no quarto perto do meu e acaba por ser minha cunhada, que não bastasse trair meu irmão até com o carteiro se possível, ficou cansada da família que quase a nunca vê e contratou uma mulher que apesar de ser idêntica a ela, não é sua gêmea, para passar por ela por sabe Deus quanto tempo por ela. – Falei amargurada. – Eu preciso ter um pouco de diversão aqui.
— Não é divertido. – Negou. – Eu estou assim. – Ergueu o polegar e o indicador quase encostados. – De assinar um divórcio que não é meu, e posso muito bem ser presa pelo o que estou fazendo. Principalmente por que em pouco mais de um mês já fui descoberta. Você está toda calma e fazendo piadas e isso me assusta mais do que se tivesse gritando comigo, por que eu não te conheço o suficiente para deduzir se isso é ou não a calmaria antes da tempestade. Eu estou pirando aqui sem saber se assim que sairmos daqui você estará me entregando para o seu irmão, e por consequência para a polícia. – Completou sem fôlego. – O pior de tudo? Eu nem tenho ideia de onde foi que eu errei!
— Deus, você é tão diferente de Megan que não sei como você chegou tão longe. – Murmurei admirada. - Eu tenho que te dar algum crédito, você realmente aprendeu tudo, em algumas situações me confundiu, quando você se esforça até sua forma de falar se altera, sua voz fica mais arrastada, mas perto das crianças você se perde facilmente, você não se sente como se precisasse de defesas com elas, e foi te observando com elas que eu percebi que você não podia ser Megan. – Confessei. Ela piscou atônita.
— Foi meu envolvimento com as crianças que me entregou? – Comentou admirada.
— Você é muito boa com elas. – Assenti. Ela olhou para trás novamente procurando por elas. E então seu nervoso olhar caiu sobre mim. – Você quer saber se eu vou te entregar não é mesmo?
— Tem passado por minha mente sim. – Tentou sorrir, então ficou séria. – Olhe, eu sei que não tenho direito nenhum de te pedir isso, mas eu sei que eu não posso levar isso adiante por muito tempo, e que mesmo por alguma razão absurda você não me entregasse, mais tarde Oliver descobriria sozinho e tudo seria pior. Tivemos outra briga hoje, e ele está muito na borda, me fez ver que não adianta eu seguir mentido, ele não merece isso. E eu sei que você provavelmente deve estar pensando que eu estou dizendo isso por que muito convenientemente hoje você me abordou exigindo a verdade. Acreditando ou não em mim, eu preciso lhe pedir isso. Deixe que eu conte a ele, sim? Hoje mesmo, eu contarei a Oliver sobre tudo. Ele merece a verdade, todos vocês merecem, então, por favor. Deixe-me ser a pessoa que lhe diz. Eu já contei tantas mentiras a ele, eu queria ter a oportunidade de dizer a verdade. Então Thea, o que você me diz?

OLIVER QUEEN
Escutei vagamente os sons de passos movendo-se pelo quarto enquanto eu ainda sentia minha mente entorpecida pelo álcool. Com o antebraço eu cobria meus olhos, resistindo à vontade de apenas tira-lo encarar minha esposa que certamente estava parada em frente à cama apenas me observando. Incerta de como me abordar após a forma que eu saí.
Eu era um maldito covarde.
Eu não queria ter essa conversa, preferia ter ficado em Tommy acabando com todas suas bebidas, mas ele me expulsou alegando que eu já tinha bebido muito, havia chamado Diggle e tomado a chave do meu carro. O bastardo sugeriu que eu não visse Megan hoje, que adiasse o máximo possível e falasse com ela apenas quando eu tivesse deixado todo o álcool sair do meu sistema e pudesse pensar direito em minhas palavras. A parte sóbria que existia em mim concordava com ele, enquanto eu tropeçava degraus acima cogitei ir para outro quarto e evita-la, mas a parte embriagada era movida totalmente pelo meu lado emocional, era menos razoável e infelizmente era mais dominante.
Era de se esperar que após perceber que ela ainda não havia chegado e esperar por tanto tempo deitado nessa maldita cama eu já teria ficado mais consciente, mas o período sozinho apenas fez com que eu repensasse de novo e de novo cada aspecto desse inferno de dia. Então eu estava ainda mais resoluto a ter essa conversa, mesmo que não gostasse nem um pouco. Eu teria.
Droga se eu não fosse tão... Idiota.
Impulsivo.
Eu queria tanto não ter essa conversa.
— Oliver? – Escutei o chamado suave e hesitante. Demorei alguns bons segundos antes de finalmente tirar o braço e encara-la. Com um esforço que só poderia ser necessário devido ao meu atual estado me ergui ficando sentado e a encarando. Esfreguei meu rosto tentando sem sucesso me recompor.
— Você demorou. – Murmurei, fiquei surpreso com a rouquidão da minha voz. Ela inclinou o rosto ainda me analisando.
— As crianças estavam se divertindo muito, acabamos estendendo o passeio. – Deu de ombros. Deu um passo se aproximando. – A levamos para o cais e depois fomos em busca de pizza. – Explicou. Ela sorriu levemente. – Eles estão esgotados, mas acho que você ainda pode pega-los acordados, se quiser dar boa noite.
— Eu não acho que seja bom eu me aproximar agora. – Confessei. Ela franziu o cenho e então o nariz, parecendo só então notar que eu fedia a um maldito bar.
— Não. – Concordou. – Não seria bom. – Suspirou com pesar. – Isso é ruim, por que eu queria ter uma conversa com você, mas não acho que esse seja o melhor momento.
Não pude evitar sorrir com ironia.
— Por que não? – Perguntei a surpreendendo. – Conversar é tudo o que fazemos. – Recebi uma careta em resposta.
— É algo sério Oliver. – Murmurou dando mais um passo perto. – Muito sério.
— Eu preciso conversar com você também. – Assenti.
— Por que não deixamos isso para amanhã? – Sugeriu. – Eu não posso lidar com outra briga agora...
— É importante...
— Eu sei. – Assentiu. – Eu sei que você precisa falar sobre divórcio, ou que caminho seguir com relação ao casamento, mas por que não deixamos isso para amanhã? Eu estou cansada Oliver, e você está bêbado. Eu não quero que nenhum de nós dois fale algo de que se arrependa, ou que isso acabe de forma errada, com cada um gritando com o outro, amanhã você vai perceber por que eu não consigo mais seguir brigando por esse casamento e talvez me odeie... – Interrompendo a si mesma ela avançou mais uma vez tão perto quanto poderia estar, seu olhar era triste, e culpado, e isso agitou em mim. Ela não devia se sentir culpada, depois de hoje era a última que deveria se sentir assim. Pela primeira vez eu sentia culpa, sentia que eu havia fodido meu casamento. E eu não sabia se haveria algo para salvar depois dessa conversa. Quando sua mão caiu sobre meu ombro e seu carinhoso olhar encontrou o meu. Foi como se despejassem toneladas e toneladas em minhas costas e suas palavras seguintes vieram como facas me cortando lentamente. – Você é um bom homem, um bom pai. E eu quero ter essa conversa quando você estiver bem o suficiente para entender que é por esse motivo que não posso seguir assim...
— Eu sinto tanto... – Murmurei a interrompendo. – Eu...
— Você não precisa pedir desculpas pelo o que aconteceu hoje. – Murmurou levando sua mão para o meu rosto o acariciando. – Eu posso entender por que você saiu daquela maneira, você...
— Eu transei com ela. – Falei não podendo mais seguir escutando-a desculpar minha atitude de mais cedo. Sua mão se afastou como se tivesse levado um choque, seu corpo ficou rígido e seus olhos me encararam aturdidos. Confusos. Como se não tivesse escutado direito, ou duvidasse do que havia escutado. – Eu transei com Isabel. – Apenas quando disse o nome foi que ela pareceu despertar. Ela recuou, seus olhos trazendo o brilho de lágrimas não derramadas. Mágoa.
Eu a havia machucado.
— Desculpe. – Repeti. Ela tomou uma respiração profunda e meneou a cabeça como se negasse para si mesma. – Megan diga algo. – Pedi. Sua boca se abriu como se buscasse as palavras, mas então parou e voltou a menear a cabeça, então com um último olhar me deu as costas e saiu do quarto.
Eu poderia tê-la seguido, implorado por seu perdão, mas eu temia o que poderia acontecer se isso acontecesse, então apenas a deixei ir. Era certo que ela não quereria dormir no mesmo quarto que eu, e como eu poderia culpa-la por isso?
Eu realmente havia fodido tudo dessa vez.
Transar com Isabel.
Tão vazio.
Tão mesquinho.
Tão impulsivo.
Eu sequer tinha a desculpa de se estar bêbado, por que a verdade era que eu não havia tocado em nenhuma bebida até ter saído de seu apartamento. Logo após perceber que havia feito a maior estupidez da minha vida.
Com um suspiro me livrei das roupas e caminhei até o banheiro, precisando tirar todo aquele cheiro da minha pele. Precisando ficar mais sóbrio, precisando apenas limpar esse dia de mim.
Se tudo fosse tão fácil assim.
Sai do banheiro escutando batidas firme na porta, me apressei a vestir uma calça e caminhei pesadamente até a porta e a abri. Surpreso, encarei Diggle.
— O que aconteceu? – Perguntei estranhando a seriedade em seu rosto.
— É a Srª Queen, senhor. – Murmurou.
— O que tem minha esposa? – Perguntei preocupado.
— Ela partiu. – Falou rapidamente. – A vi saindo e perguntei se precisava de meus serviços, ela negou, disse que ia por si só. Pensei que usaria seu próprio carro, mas ela saiu em um táxi.
— Por que você não a impediu? – Perguntei considerando com ainda mais preocupação no que isso podia significar.
— Com todo o respeito Sr. Queen, eu nunca precisei intervir ou perguntar quando sua esposa saía. – Falou direto. – A única razão por que vim informa-lo é que ela não parecia estar bem.
— Como assim? – Uma das razões pelas quais contratei Diggle, era por ele ser direto e objetivo, mas agora ele hesitava em ser mais específico, o que significava que nada de bom estava aí.
— Ela estava chorando. – Concluiu por fim. Trinquei meus dentes ao escutar o que disse, culpa me dominando.
Megan nunca chorava.
Respirei fundo, uma resolução vindo a minha mente.
— Prepare o carro Diggle. – Murmurei caminhando para o armário em busca de uma camisa. – Precisamos encontrar minha esposa.


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Notas finais do capítulo

"Já chega
Diz o formato do seu rosto
Os sais sobre suas bochechas
E a maneira que você está olhando para baixo."
(Burden, Subtact & Jay Rodger)

Hey!! Espero que tenham gostado do capítulo e escutem a música que em minha opinião representa muito esse capítulo, em fim, fico no aguardo do feedback de vocês!!
Xoxo, LelahBallu