A Mesma Face escrita por LelahBallu


Capítulo 6
Bad Liar


Notas iniciais do capítulo

Hey!!
Então, preciso ser rápida aqui... Eu demorei um pouco a revisara fic por que estou doente e está um pouco difícil prestar atenção nos pequenos detalhes, então qualquer errinho, desculpe!! Eu quero agradecer as recomendações da Back Onze e SenhoritaUzumaki, obrigada pelo carinho meninas, meu XOXO especial para vocês.
Eu desejo a todos uma boa leitura!!



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FELICITY SMOAK

Lancei minha bola vermelha sobre a parede e a agarrei rapidamente. Repeti o processo uma e outra vez enquanto aguardava a ligação de Helena. Eu encontrei um lugar perfeito na mansão para nossas ligações. Um quarto onde estava todos os produtos de limpeza da mansão, uma dispensa na verdade. Fui flagrada apenas uma vez por aqui, Roy o rapaz da manutenção da casa, o típico faz tudo entrou distraído e tropeçou  em meus pés antes que eu sequer pudesse adverti-lo de minha presença. Apesar de sua idade ser próxima ou até mesmo igual a minha, ele não parou de pedir desculpas e me chamar de senhora, quando por fim o acalmei ele olhou em volta e a confusão do momento fez com que ele esquecesse uma regra básica de nós empregados.

Nunca questione seu patrão.

Por mais bizarro seja seu comportamento, escandaloso ou apenas curioso, um bom empregado é cego, surdo e mudo para coisas como essa. Então eu o encarei com diversão quando ele me perguntou sem muita cerimônia o que diabos eu estava fazendo aqui. É claro que ao se tocar sobre o que disse e a forma que disse, ele voltou a desmanchar em desculpas. Eu voltei a tranquiliza-lo e pedi que ele não comentasse sobre esse meu estranho hábito a ninguém mais. Ele se retirou ainda confuso, mas aliviado por ainda ter um emprego para que voltar.

Outra coisa que eu não estava acostumada. Eu estava há um mês na mansão Queen, um mês contornando os comentários insinuantes de Moira, os galanteios de Alex, a frieza de Thea e o calor de Oliver, um mês sendo a dona dessa mansão e já estava claro que eu não havia nascido para ser patroa de ninguém. Meus dias eram ociosos e entediantes. Como Megan eu não tinha nenhum trabalho para ir, nenhuma obrigação a ser feita, nem mesmo um passatempo diferente de trair seu marido com bastante frequência. Assustei todos os empregados quando entrei na cozinha amarrando meus cabelos e dizendo que queria fazer biscoitos. Raysa me encarou descrente quando eu disse que agora eu iria deixar as crianças na escola acompanhada por Diggle. E Diggle, Deus, Diggle me assustava tanto quanto eu assustava os empregados. Ele me estudava constantemente, analisando cada gesto meu e franzindo o cenho sempre que eu tentava iniciar uma conversa amigável com ele.

Ele era educado, calado e distante.

E eu tinha quase certeza que ele sempre estava de alguma forma me julgando.

Esse mês com toda a certeza foi um verdadeiro tormento. Começando com Oliver, que apesar de suas palavras em meu primeiro dia aqui se tornava distante tão logo percebia que eu realmente falava a sério com a regra de “Nada de sexo”. Saía cedo para a empresa e voltava apenas muito tarde da noite, algumas vezes perdendo até mesmo o jantar com as crianças. Ele chegava a tentar alguma aproximação, e questionava se eu ainda estava levando isso em frente, então aborrecido se trancava no banheiro, entrava na cama e me dava às costas.

O casamento estava mais do que frio e me aborrecia ter que mudar isso.

Não é meu casamento para salvar.

Para ficar mais evidente que ele estava realmente me evitando, ele passou a viajar “A negócios” Pelo menos uma vez na semana, ia na quinta e retornava apenas no domingo, que era quando passava o dia com seus filhos. Megan havia me dito que Oliver tirava um dois dias no mês para visitar as filiais da Queen Consolidated, ela falou que ele sempre estava alternando para qual. Não demorou muito para eu perceber que ele realmente estava viajando que a negócios, mas que eram viagens desnecessárias. Apenas realizadas com o propósito de me evitar.

Foi em sua primeira ida que eu procurei um local tranquilo para ligar para Helena e atualiza-la. E foi percebendo o padrão que Oliver havia criado que eu fiz dessa a nossa rotina. Toda sexta as 21:00 horas eu vagava pela mansão e entrava aqui, onde ninguém realmente vinha, a esta hora nenhum empregado estava mais ocupado em tarefas relacionadas a limpeza, apenas em servir. Então o encontro com Roy foi uma ocasião a parte.

Suspirei parando a bola no ar e a encarando. Eu sentia falta da minha amiga, de ter uma amiga por perto. Eu não tinha ninguém para chamar de amigo aqui, as palavras trocadas com o confuso Roy foi o mais próximo que eu tive de uma conversa civilizada com alguém da minha idade. Eu poderia conversar com Thea, até tentei, mas se eu não recebia seus dardos venenosos, eu recebia sua frieza. E na última semana eu havia percebido que ela me encarava diferente, poderia ser paranoia minha, mas Thea me lançava olhares de suspeitas. Ela ficava me observando constantemente, às vezes chegava a franzir o cenho quando eu dizia algo, fazendo-me parar e tropeçar, questionando-me o que eu havia dito de errado. Alex, seu marido, era uma verdadeira dor na cabeça. Eu consegui evita-lo com certo sucesso, trabalhar em um hotel na agitada Las Vegas havia me dado experiência em fugir de homens como ele, quando eu sabia que ele estava em casa ficava em sua presença apenas quando não estava sozinha. Ignorava suas óbvias tentativas de marcar encontros escondidos e suas insinuações feitas até mesmo quando a família estava reunida.

Encarei o celular que estava no chão ao lado da minha coxa, perguntando-me por que ela estava demorando tanto em me ligar. Preocupação começou a me invadir. Passava das 21:30 e hoje era o dia dela ligar, o que havia acontecido? Mexi-me inquieta quando a porta do quarto lentamente ameaçou ser aberta. Encarei com desconfiança enquanto aguardava a pessoa entrar. Meus pensamentos já vagando para a desculpa que eu daria, não achava que fosse Roy, a final duvidava que ele voltasse aqui por este horário após a outra vez e temia que Alex houvesse me seguido em algum momento e soubesse desse meu hábito. Suspirei com alívio quando a porta finalmente se abriu e uma pequena cabeça loira coberta com um boné de jogo de time de baseball apareceu. Sorri ternamente quando Lexie me observou com seus olhos azuis tão parecidos com os do pai, ela me encarava com receio e confusão.

— O que foi abelhinha? Por que você não está na cama? – Perguntei ao notar sua cautela. Ela abriu um sorriso quando escutou o apelido que Oliver tão carinhosamente havia atribuído a ela. Eu o achava um pai incrível, e amoroso. Sempre preocupado com os filhos e os tratando carinhosamente, eu ficava triste que em sua tentativa de me evitar, ele estivesse se afastando das crianças. – Venha. – A chamei batendo em minha coxa. Sem demorar ela correu para se sentar em meu colo, deitando-se em mim. Uma das vantagens em não ter Oliver por perto: Quando ele saía, junto com esse horário marcado com Helena, eu me permitia vestir jeans. Fixei-me em abraçar Lexie apoiando meu queixo em sua cabeça. Eu não sabia como ela havia me descoberto, mas não estava chateada por ela ter me encontrado, só tinha que arranjar um jeito de que ela não acabasse o revelando a mais ninguém.

— Mamãe. – Chamou-me segurando minhas mãos.

— Sim, querida? – Perguntei espalmando minhas mãos e deixando-a se entreter com elas.

— Por que você se esconde aqui? – Perguntou sua voz saindo irregular. Como se temesse a resposta. A abracei mais junto a mim. – Você não nos quer por perto?

— Não querida, é claro que quero vocês por perto. – Inclinei-me querendo observar seu rosto. Ela voltou seu rosto buscando meu olhar. – Eu vou te contar um segredo, e você não pode contar para mais ninguém. – Sorri. Ela assentiu ansiosa em fazer parte de um segredo entre mãe e filha. – Você e seu irmão, são minhas pessoas preferidas aqui. – Seu sorriso se ampliou. Ela estava contente com o que eu havia dito. Mas não demorou muito e seu rosto tornou a ficar sério.

— Papai não? – Perguntou triste.

— É claro, seu pai também. – Menti. Não que eu não gostasse de Oliver, eu me sentia atraída por ele. E o pior é que não era apenas pelo seu corpo, mas também por quem ele era quando estava perto das crianças. A questão é que após perceber que eu me afastava de seus toques e evitava situações mais íntimas... Oliver não havia me dado nada além de frieza. Como um típico macho rejeitado, ele havia partido para a indiferença. Havia momentos em que nossos olhos se encontravam e eu via esperanças em seus olhos, mas logo sumia, e então eu me sentia culpada. Por junto a Megan estar ferrando sua vida.

Ele não tinha ideia do por que eu evitava um maior contato com ele. Então ele não compreendia, ele não sabia que eu era Megan e Felicity ao mesmo tempo. Que eu nunca poderia me afastar totalmente dele, e também não poderia ceder ao seu pedido. Ele provavelmente achava que sua esposa estava brincando com seus sentimentos, brincando com este casamento. E desde que conversa não parecia estar em seus planos, eu deixava-o se afastar.

— Se você nos quer por perto, por que você continua vindo aqui? – Perguntou após alguns segundos em silêncio, seu olhar voltando a ficar perdido, fitando a parede antes de voltar a se encostar em mim por completo. Então essa não era a primeira vez que ela sabia que eu estava aqui.

Apenas a primeira vez que teve coragem de se aproximar.

— Às vezes mamãe precisa de um tempo apenas para ela. – Murmurei por fim. – Isso não significa que te ame menos, ou não te queira por perto, significa apenas que eu preciso pensar um pouco.

— E por que você não vai para salão azul? – Perguntou sua voz se tornando sonolenta. Sorri percebendo que eu provavelmente ia ter carrega-la para seu quarto mais tarde. – Eu e o Will nunca entramos lá, como você pediu.  – Aquele salão era de Megan, não meu. Eu não era uma dama cercada de luxo, eu era Felicity a camareira que fugia com sua amiga por alguns minutos nos fundos da área dos empregados, ou na lavanderia. Ligar para Helena no salão azul seria uma traição ao que nós duas realmente éramos. Mas eu não podia dizer isso a uma criança. Então me ocupei em embala-la em meus braços.

— Eu não gosto mais do salão tanto assim. – Murmurei. – E você e William sempre podem vir até mim, lá ou aqui. Mas esse vai ser apenas nosso lugar, está bem? Nem mesmo papai pode saber. - A senti concordar com um balançar de cabeça e então seu corpo ficar mais pesado contra o meu.

Ela havia caído no sono.

Suspirei já me dando por vencida quando meu celular vibrou ao meu lado. Segurando Lexie com um braço peguei o celular levando-o a minha orelha.

— Desculpe. – Helena murmurou pulando qualquer cumprimento. – Foi uma merda de dia e quase impossível fugir de Michael hoje. Quase não consegui ter esse tempo para conversamos, e eu acho que não poderei demorar muito, desculpe. E então? Como estão as coisas aí?

— Tudo bem. – Murmurei baixinho não querendo e não podendo entrar muito no assunto, agora que eu tinha Lexie aqui comigo. – Como ela está? – Perguntei referindo-me a minha mãe.

— Irritada por que a filha até agora não parou para ligar para ela. – Reclamou. – O que você tem em sua cabeça? – Repreendeu-me. - O que custa você mesma ligar para Donna invés de me passar recadinhos?

— Eu não posso. – Continuei controlando meu tom de voz. – Ela me conhece, ela consegue saber quando algo não está bem apenas com um “oi” meu. – A lembrei. Helena conhecia muito bem minha mãe, Donna Smoak meio que virou sua mãe também, devido a nossa convivência.

— E você planeja passar os próximos cinco meses ignorando sua mãe? – Perguntou descrente.

— Não, eu vou ligar. – Falei sincera. – Provavelmente neste domingo. – Prometi. – Eu não quero ligar antes...

— Por que você está falando baixo a propósito? – Perguntou impaciente. Nesse exato momento Lexie se remexeu em meu colo.

— Lexie está dormindo. – Falei a olhando de esguelha.

— Quem? – Perguntou demorando a assimilar os nomes que eu já havia dito inúmeras vezes a ela.

— Minha filha. – A lembrei. Não podia entrar muito em detalhes caso a criança acordasse e acabasse nos ouvindo. – Eu preciso ir e coloca-la na cama, eu só precisava saber se vocês estavam bem, já fiquei afastada tempo demais. Eu mando mensagem logo e atualizo melhor, agora não posso ficar mais.

— Desculpe ter perdido o momento certo. – Lamentou com sinceridade. – E Lis?

— Sim? – Perguntei distraída.

— Não se apegue a essas crianças. – Pediu me chocando. – Só faz um mês e você se referiu a ela como sua filha com surpreendente naturalidade, eles não são seus filhos. Lembre-se disso.

— Eu não sou tola Helena, eu sei bem o que me pertence aqui. – E nada nessa casa é realmente meu. Não era esse o grande problema? – Boa noite.

— Até.  – Murmurou antes de desligar a chamada. Guardei o celular na bolsa da calça e deixei a bola na prateleira ao lado, e com certo custo consegui me erguer com Lexie em meus braços, ela abraçou meu pescoço e seu boné caiu no chão. 

Encarei o boné no chão e suspirei sabendo que eu não ia arriscar acordar a menina tentando me abaixar. O deixei lá me concentrando em descer os três degraus e entrar pela entrada da cozinha sem deixa-la cair, felizmente não havia ninguém por perto quando a atravessei e passei pela sala de janta, no momento em que havia chegado aos pés da escada escutei a porta se abrir atrás de mim, virei-me deixando meu olhar se encontrar com o de Oliver.

Ele ainda vestia um terno três peças. Seus trajes típicos quando trabalhava ou viajava a negócios. Carregava sua pasta e me encarava confuso, seu olhar caindo na criança agarrada a mim.

— Oi. – Murmurei insegura. Não era para Oliver está aqui, não hoje. Ele me avaliou seu olhar caindo em meu jeans, então parecendo despertar de sua confusão ele se aproximou. – Eu não sabia que você voltava hoje. – Confessei.

— Eu não ia. – Murmurou simplesmente.

— Eu a estava levando para o seu quarto. – Falei quando ele deixou sua pasta aos pés da escada.

— Eu te ajudo. – Assentiu tirando Lexie dos meus braços com delicadeza, ela abriu seus olhos apenas reconhecer a figura paterna e então se enroscar em seu pescoço com um suspiro feliz. Sem saber o que fazer me ocupei de pegar sua maleta e segui-lo enquanto ele subia as escadas. Mal sentindo o peso da filha. Fiquei parada junto a porta do seu quarto o observando coloca-la na cama e deixar um delicado beijo em sua testa. Sua atenção se concentrando no pequeno rosto, recuei sabendo que ele passaria pelo quarto de William e faria o mesmo, dei as costas a cena intima, mais uma vez me sentindo uma intrusa nessa casa. Cada dia naquela casa eu me sentia cada vez mais uma forasteira.

Os únicos momentos em que eu tinha certa descontração era quando eu estava a sós com as crianças. Por que ainda que eu estivesse com elas, quando tinha outra pessoa eu me sentia sendo avaliada, e cada gesto meu, por mais natural que fosse, soava como fingindo para eles. Entrei no quarto deixando os pertences de Oliver sobre a cama, meu olhar caindo sobre o relógio na parede.

O que havia o feito voltar mais cedo?

Considerando que ele provavelmente ainda ia se demorar antes de entrar no quarto, e provavelmente procuraria algo para comer, aproveitei o momento a sós para escolher uma roupa para dormir e me apressei a ir até o banheiro, não me esquecendo de é claro de trancar a porta. Toda cautela era necessária.

Mas uma vez parei ao notar, quando saí do banheiro, que Oliver não fez como eu havia imaginado. Ele estava em pé no meio do quarto, as mangas de sua camisa branca estavam erguidas acima dos cotovelos, e ainda vestia o colete do terno, suas mãos em seus bolsos. Ele estava esperando minha saída. Temi o que isso podia significar. Suspirei já imaginado o que me esperava, ele ergueu suas sobrancelhas em resposta ao meu suspiro audível.

— Eu não estou aqui para brigar. – Falou erguendo uma mão.

— Eu não disse nada.  – Murmurei optando por uma saída evasiva.

— Eu só queria conversar um pouco com você, antes de você deitar e literalmente me dar às costas. – Deu de ombros.

— Oliver, para quem não quer brigar, você deveria escolher melhor as palavras e impregnar menos tom acusatório nelas. – Falei cruzando meus braços e me aproximando dele. Ele assentiu reagindo ao que eu disse, seu semblante sério. O observei com receio. E se meu prazo houvesse acabado? Se ele ainda quisesse o divórcio? E onde estava Megan que até agora não fez o favor de ao menos ligar se certificando de que eu não havia fugido? – Sobre o que você quer falar? – Sua mão foi para sua nuca, o movimento fazendo com que eu o analisasse de uma maneira muito voltada para o interesse feminino.

— Você. – Falou por fim. – Nós.

— Ok. – Assenti. Afastei-me e optei por me sentar na cama, ele girou seu corpo me encarando.

— Você está bem? – O encarei confusa com sua pergunta.

— Por que eu não estaria? – Perguntei demostrando minha confusão.

— Às vezes você parece tão diferente de... Você. – Explicou. – Às vezes parece até mesmo ser outra pessoa, é você, mas tem algo diferente, entende? – Engoli em seco sem saber ao certo como responder.

— Eu não tenho ideia do que você está falando. – Falei por fim.

Grande mentirosa.

— Desde que você voltou, você parou de fumar, não bebe e sexo...

— E voltamos ao tema sexo. – Suspirei. – Eu estou nos dando um tempo. E você não deveria estar feliz por eu ter largado meus antigos vícios? – Perguntei frustrada.

— Em contrapartida assumiu novos. – Continuou parando em minha frente. – Você se tornou uma aficionada por café, e você dizia não suportar o cheiro sequer, pedia para eu que quando eu bebesse, longe de você. – Lembrou. Megan tinha que destruir cada coisa que me dava conforto? Até mesmo café? Tenha dó.

— Oliver, é difícil você largar algo como fumar, e não se apegar a outra coisa. – Dei de ombros. Isso era verdade, eu acho.

— Eu sinto como se não a conhecesse mais Megan. – Murmurou se agachando em minha frente, suas mãos pousando em minhas coxas. Tentei não fugir do seu olhar e muito menos do seu toque, Oliver infelizmente conseguia pegar cada gesto meu, por que então ele meneou a cabeça com desgosto. – É disso que eu estou falando, você fica tensa quando me aproximo, seu corpo não responde mais como antes ao meu toque, não somos mais um casal. Desde que você partiu eu sequer tenho lhe beijado direito. Você foge sempre que percebe ser essa minha intenção, eu não entendendo, o que aconteceu?

— Eu...

— Eu não quero tempo Megan. – Reclamou. – Eu quero minha esposa de volta. – Falou em tom firme. O olhei descrente. Ele queria Megan de volta, a mulher que o traía literalmente com qualquer um, apenas para ter sexo de volta. Oliver era um idiota.

— Eu não acho que você queira. – Murmurei sem deixar me envolver com seu comentário. Ele reagiu surpreso.

— O quê...

— Desde que eu voltei você tem fugido de minha presença. – Falei. – Honestamente, eu estou surpresa por você ter notado minha nova paixão pelo café. – Ri forçadamente. – Você sai cedo, volta tarde e inventou essas viagens desnecessárias apenas para se afastar, e tudo por que não pode lidar com se comunicar com sua esposa com algo além do sexo. Você me quer Oliver, para sexo e ser uma boa mãe, um objeto decorativo, e desde que eu neguei o primeiro você prontamente se afastou. – Acusei. – Pensou que eu estava brincando, e quando percebeu que não, foi embora.

— Megan você não está sendo razoável. – Declarou se erguendo.

— Ah foda-se. – Soltei antes que eu pudesse me conter o olhar perplexo de Oliver quase me fez tomar as palavras de volta. Megan estaria olhando para o céu nesse exato momento e pedindo paciência caso tivesse presenciado isso. Concentrando-me ainda no rosto de Oliver, que provavelmente estava se perguntando se eu realmente havia soltado essa, continuei.  – Você realmente usou essa frase comigo?

— Eu...

— Por que você voltou hoje, Oliver? – Perguntei com um suspiro.

— Eu senti sua falta, e das crianças. – Explicou erguendo uma mão como se fosse óbvio. – E você está certa, eu me afastei, mas cansei de fugir, vim conversar com você, tentar argumentar, eu não sei. Precisamos consertar nossa relação Megan, para o bem do nosso casamento, de nossos filhos.

— Eu concordo. – Assenti.

— Então não sei como o afastamento físico esteja melhorando as coisas. – Falou.

— Eu discordo. – Ele me encarou incrédulo. – Você percebe que agora estamos conversando? Realmente parando para lidar nossos problemas?

— Poderíamos muito bem fazer os dois. – Retrucou. O olhei sentindo certa pena. O homem estava uma bagunça. Colocando-me em seu lugar eu poderia entendê-lo um pouco, odiava a parte machista, mas entendia. Ele tinha uma esposa que esteve mais do que satisfeita em atender seus desejos, que compartilhava deles e que amava sexo, ela volta para casa e de repente não suporta que ele sequer a beije? Eu podia entender.

Não era que eu não quisesse beija-lo, mas se eu me deixasse levar por um beijo mais longo do que geralmente trocávamos quando perto das crianças, um beijo mais de bom dia e até logo... Eu poderia realmente me perder no beijo e deixar as coisas irem por um caminho que não teria volta.

— Oliver, você tem certeza de que não prefere que eu vá para outro quarto enquanto estamos nesse impasse? – Perguntei me solidarizando. Ele me encarou com aborrecimento. Acho que não.

— Eu não quero você em outro quarto. – Murmurou sua mão envolvendo minha nuca. – eu quero você em minha cama, eu quero estar em você. – Murmurou mais direto.

Oh Deus.

E ai estava mais uma vez a razão pela qual eu fugia até mesmo dos beijos de Oliver. Eu não acho que um homem como ele se contentaria apenas com beijos, e duvidava que eu mesma após estar envolvida com seus beijos, pudesse para-lo. O homem exalava sexo, e eu não podia mergulhar nisso. Com apenas a pressão de sua mão, eu me vi sendo erguida e parando em sua frente, meu rosto de repente muito próximo do seu. E ainda não estava próximo o suficiente.

— Oliver... – Comecei um protesto fraco.

— Você não se sente mais atraída por mim? – Perguntou sem deixar meus olhos desviar dos seus.

— Não se trata disso. – E era verdade, definitivamente não se tratava disso.  Elevei minha mão tocando seu peito, seu olhar se deslocou até lá e sua mão quente cobriu a minha, ergui meu rosto novamente e encontrei seus olhos mais uma vez fixos em meu rosto. Com uma respiração profunda tornei a dizer. – Não se trata disso. – Empurrei seu peito o afastando de mim, surpresa e mágoa dominando seu rosto. Eu queria poder contar a verdade a ele, bem agora eu fiquei tentada. Mas eu não podia.

Oliver não era meu marido, nesse último mês Oliver sequer foi meu amigo. Minha mãe dependia de mim. Oliver não.

— Eu não entendo. – Sua voz não foi mais do que um sussurro. – O que está errado?

— Eu estou. – Sorri tristemente. Tudo estava errado. Eu não era a verdadeira Megan, e Oliver estava pagando o preço por isso. – Eu sinto muito Oliver, mas não acho que sexo vai nos ajudar. – Ele respirou fundo, assemelhando a recusa vinda novamente. Recuou um passo, incrédulo. Impotente. Pela primeira vez eu fiquei tentada a toca-lo, não em receber seu toque. Que queria abraça-lo. O pensamento em si era perigoso. Estava na hora de eu me afastar dessa conversa, desse desejo de ser alguém que eu não era, e nem poderia ser.  – Eu estou cansada, é melhor eu ir dormir. – Murmurei desnecessariamente. Apenas procurando uma maneira de encerrar essa conversa, ele assentiu em concordância. Grato pela desculpa.

Oliver estava chateado.

Eu estava também.

Voltei para cama e como ele havia dito antes, deitei de lado o ignorando. Não ergui meu rosto mesmo sabendo que ele se ocupava de tirar grande parte de sua roupa ali mesmo no quarto, e só então ia para o banheiro, eu tinha certeza que quando deitasse na cama vestiria apenas sua cueca, mas como nas últimas semanas não tentaria mais se aproximar de mim. Ele sempre fazia isso, movia-se um pouco na cama, até que o sono o vencia, e apenas quando ele dormia, eu me sentia relaxada o suficiente para eu mesma ceder ao sono. Eu sempre acordava depois dele. Com a cama vazia. – Oliver? – Murmurei após senti-lo se mexer algumas vezes na cama. Eu sabia que estávamos de costa um para o outro.

— Sim?

— Não desista de mim. – Murmurei um pedido. Foi-se um longo momento em que pensei que ele não havia escutado, por eu mal consegui elevar minha voz acima de um sussurro. Mas então logo pensei que ele apenas estava me ignorando, quem sabe essa fosse sua resposta. Ou em uma visão mais positiva, ele apenas tinha caído no sono. Fosse o que fosse, eu não estava mais esperando nenhuma resposta quando sua voz finalmente sobressaiu o silêncio e retumbou em mim.

— Eu não quero. – Abracei o travesseiro sabendo que isso era o máximo que eu poderia conseguir. Então contrariando nossa rotina, deixei o cansaço da nossa conversa me drenar e o sono me levar antes dele.

 

OLIVER QUEEN

Abri meus olhos assimilando a claridade. Eu sempre acordava cedo, era uma maldição. Por mais que não precisasse, aqui estava eu, acordando muito antes do que era preciso, suspirei ao sentir o calor do braço feminino envolvendo meu corpo, sua cabeça encostada ao meu ombro. Essa era razão pela qual acordar cedo também era uma benção, eu podia me virar para ela e encarar seu rosto sem a preocupação de que a qualquer momento esse momento iria se desfazer.

Eu tinha certeza que ela não sabia que todas as noites, após finalmente cair no sono, quando pensava que eu já havia dormido, seu corpo procurava o meu. A principio achei que era mais uma tática sua, um jogo de pega e se afasta, não pensei que era real. Mas dia após dia ficou claro que sua busca era completamente inconsciente. Eu nunca fiquei até ela acordar, temia que mais uma vez ela me rejeitasse. Rejeitasse até mesmo um carinho tão singelo como esse,  então presumi que ela não tinha ideia de que ela, seu corpo, contrariava completamente as palavras que saiam de sua boca.

Ela estava tão diferente.

Seus gestos, seus gostos, tudo.

Até mesmo seu sorriso.

Aparte de ela fugir de qualquer contanto físico comigo, eu gostava de algumas de suas mudanças. Ainda que me deixassem confuso, havia facetas que conquistavam e que eu nunca havia percebido estar ali. Megan amava sexo, antes, mas ela nunca me segurou dessa forma antes, seu corpo nunca abraçou o meu, como se buscasse por segurança. Após o sexo cada um ia para o seu canto e geralmente mergulhávamos em mais um pouco de sexo matinal quando amanhecia o dia. Acomodei-me melhor observando seu rosto enquanto dormia, minha mão afastando uma mexa de seu cabelo, movida por sua própria vontade, aproximei meu rosto do seu e encostei minha testa a sua, fechando meus olhos me permiti por mais alguns segundos aproveitar desse momento. Então dando-me por vencido me afastei de seu corpo, um suave usual protesto feminino saindo de seus lábios, ela ainda estava dormindo. Sequer notaria que havia dormindo tão junto a mim.

Mais uma característica nova de Megan.

Agora ela tinha o sono pesado.

Quando desci fui prontamente recebido por Raysa que me informou que as crianças ainda estavam dormindo, e que Thea era a única que estava acordada. Tomava o desjejum no jardim. A informei que me juntaria a minha irmã e que ela levasse o meu café da manhã até lá. Thea encarava os jardins com um sorriso triste, suas pernas recolhidas as abraçando. Eu não gostava de ver minha irmã assim, para mim estava claro que seu marido não a fazia feliz, e que ela deveria simplesmente larga-lo, mas então me vinha a questão, e se Thea achava o mesmo de Megan e eu?  Como eu poderia opinar sobre seu casamento, se não queria que ela fizesse o mesmo para mim?

Quando me viu seu rosto demostrou surpresa, quase uma réplica do de Megan ontem a noite. Eu realmente havia assumindo um padrão então.

— Você já está de volta. – Comentou admirada. – As crianças já sabem? – Perguntou franzindo o cenho. Neguei com um aceno de cabeça.

— Cheguei a encontrar Lexie, mas ela estava adormecida nos braços da mãe. – Murmurei, a cena ainda tendo o poder me sensibilizar. – Não acho que ela tenha percebido a mudança de braços. William é mais sensível no sono, não quis acorda-lo, então não passei na porta do seu quarto ontem à noite.

— Megan deve ter ficado feliz em te receber então. – Murmurou. Eu esperava ironia, alguma acusação ou até mesmo aborrecimento em seu comentário, mas Thea apenas me encarava com curiosidade. Seja o que fosse a razão optei apenas por ser sincero.

— Não tenho certeza. – Dei de ombros. – Não estamos bem Speedy. – Confessei. Nenhum sorriso vitorioso, ou insinuação de que já não era sem tempo, ela apenas me observou mais atentamente.

— Ela está diferente não acha? – Questionou-me por fim. – Ela sempre foi boa com as crianças, se você pode considerar entregar presentes e dizer divirta-se como boa...

— Thea. – A repreendi.

— Eu sei. – Assentiu. – Eu sei que você sempre a considerou uma boa mãe, por que você precisava que ela fosse, mas agora, é a primeira vez que eu a vejo como uma mãe. – Deu de ombros. – E há outras coisas, algumas pequenas, outras grandes, eu não sei.

— Ela usa jeans agora. – Comentei lembrando-me desse delicioso detalhe. Thea meneou a cabeça com diversão. – O quê?

— Para um homem chegar a falar na roupa de uma mulher, é por que sua mente está a imaginando sem. – Falou por fim. – E embora eu possa falar agora em sua esposa sem rosnar, eu preferia não ter esse tipo de conversa com você.

— Ok. – Concordei. – Então, onde está o seu marido? – A questionei surpreendendo-a.

— Yeah, eu também não quero falar sobre isso com você. – Murmurou abaixando sua cabeça.

— Ele ao menos voltou para casa ontem? – Perguntei tentando fazer com que ela me encarasse, mas ela meneou a cabeça e desviou seus olhos.

— Speedy...

— Eu sei. – Assentiu, sua voz tremente. – Meu casamento está uma merda, e eu deveria lutar por coisa melhor do que isso. – Deu de ombros. – Eu conheço todo o discurso, eu só não consigo segui-lo ainda, nem você. – Apontou. – Seu casamento também está uma merda Ollie.

— Estamos tentando consertar isso. – Falei na defensiva.

— Boa sorte com isso. – Falou com tom irônico. Respirei fundo não querendo dar ela espaço para perceber que estava certa, que eu ia precisar de muita sorte. Ou de um bom advogado.  – Você acha que somos amaldiçoados? – Perguntou após um tempo. Segurei um sorriso divertido enquanto Raysa chegava e colocava algumas bandejas a nossa frente, só após sua saída me permiti encarar Thea novamente.

— Como é? – Perguntei ainda segurando o riso.

— Tudo bem pode rir. – Sorriu. – Mas pense comigo. Nós Queen, nunca fizemos um bom casamento, não nossos avós,e nossos pais foram o epítome do péssimo casamento. Como nós dois ainda arriscamos? E por que estamos surpresos por não estar dando certo? Seu primeiro casamento foi bom, mas...

— Mas ela morreu e me deixou com dois bebês. – Comentei. – Eu sei que é injusto, mas às vezes principalmente no começo, fiquei zangado com ela por isso, me deixar assim, sem saber como agir. Sozinho.

— Você não está sozinho. – Thea murmurou segurando minha mão. – As crianças são felizes. E por mais que eu a não suporte, Megan faz parte disso.  As vezes, eu fico aqui os vendo correr. – Murmurou assumindo novamente aquele semblante triste. – Eu consigo imaginar uma terceira criança, eu consigo imaginar meu filho brincando com meus sobrinhos.

— Você ainda pode ter outro Thea. – Murmurei tentando lhe dar algum conforto. –Um dia, você terá.

— Não com Alex. – Murmurou infeliz.

— E talvez seja melhor assim. – Comentei. Ela se limitou a assentir. Sua atenção se desviou para o rapaz que se aproximava segurando a coleira de um enorme e peludo cachorro, seu focinho estava enfaixado, assim como a pata traseira, e embora ele fosse grande, sua magreza era perceptível. Andavam lentamente, imagino por conta do animal. O cachorro precisava de cuidados. E eu tenho quase certeza que não nos pertencia. – Quem é ele? – Perguntei confuso.

— Roy Harper. – A resposta veio rápida.

— Bom. – Assenti. – Mas eu falava do cachorro, não do filho do caseiro. – Sorri. Ela me encarou azeda. Só não disse mais nada por que a essa altura o Sr. Harper já nos alcançava.

— Bom dia Sr. Queen. – O rapaz murmurou com um aceno, seu olhar foi para Thea apenas brevemente, um leve aceno de reconhecimento e um baixar de cabeça. Então me encarou de volta.

— Sr. Harper. – Assenti. – De quem é esse cachorro? – Perguntei direto. Ele me encarou com desconcerto.

— É seu senhor. – Falou fazendo com que eu o encarasse atônito. – Eu quero dizer, das crianças. Srª Queen pediu que eu o trouxesse hoje cedo.

— Ela pediu? – Continuei cada vez mais surpreso. Ele me encarou receoso de ter se envolvido em alguma discussão de casal, ele não queria contrariar sua patroa a entregando, e não queria me contrariar omitindo coisas de mim. Pobre rapaz. Estava em um beco sem saída. – Roy? – O chamei pelo primeiro nome, lembrando-o que ainda estava aguardando uma resposta, ele direcionou seu olhar para Thea como se buscasse por ajuda, mas Thea estava tão surpresa quanto eu.

— Sim, senhor. – Murmurou por fim. Vendo que não tinha como fugir. – Eu sou voluntário nos domingos em um abrigo de cães. – Esclareceu. – Eu precisei falar como a Srª Queen, por que me pediram para cobrir o plantão de um funcionário no sábado, e eu ajudo meu pai com os jardins, quando expliquei o motivo ela ficou interessada.

— Interessada. – Murmurei acidamente. Ele corou percebendo seu lapso.

— No que eu fazia. – O “Não em mim” estava implícito.  – Conversamos um pouco e eu falei sobre meu amigo aqui. – Indicou o cachorro que estava sentado sobre suas patas traseiras e me encarava com desconfiança. – O coitado foi mal tratado e agredido, teve que passar por algumas cirurgias, mas não tínhamos dinheiro ou material o suficiente, eu fiz uma campanha nas redes sociais para juntar o máximo possível, mas não estava rendendo. Mega... A Srª Queen, foi muito gentil e pagou pelo resto do tratamento, ela disse que queria adota-lo, e que quando ele tivesse em condições de ir para casa, eu o trouxesse. Ela queria dar as crianças, já que os outros cachorros não podem ter contato com elas.  – Esclareceu. – Na verdade eu vim perguntar ao senhor se sua esposa já estava acordada para que pudesse ver o cachorro. – Acrescentou percebendo a troca de olhares entre Thea e eu. – Sinto se o incomodei.

— Não nos incomodou. – Thea o tranquilizou.  – E Megan ainda não...

— É ele? – Girei meu pescoço com fim de encarar Megan que se aproximava com um grande sorriso dirigido a Roy. Roy assentiu em resposta. Sem cerimônia ela se ajoelhou parando em frente ao cachorro. – Céus como você foi machucado menino. – Murmurou alisando seu pescoço, o cachorro logo correspondeu seu carinho e aproximou o rosto do seu tentando lambe-la. Ela riu invés de se mostrar irritada, ela abraçou seu pescoço e beijo o pelo. – Ele não é lindo? – Roy sorriu assentindo. – Vocês chegaram a dar um nome a ele?

— Quando tiramos cachorros da rua, optamos por não nos apegar a ele. – Confessou. – Mas eu o chamava de Steve. – Franzi o cenho não entendendo do que se tratava. Megan sorriu assentindo.

— Como Steve Rogers? – Perguntou animada. – Por que ele é todo franzino agora e certamente com nossos cuidados ele vai ficar enorme. Não é meu garoto? – Perguntou para o cachorro.

— Exato. – Veio a resposta de Roy.

— É eu ainda estou completamente por fora do que vocês estão falando. – Thea murmurou. Ela expressou meus pensamentos em palavras, o que foi bom. Por que eu não sabia se poderia falar qualquer coisa sem demostrar que estava irritado. Não por ela ter adotado um cachorro, mas por nunca ter me consultado sobre, e por é claro, agir tão naturalmente em uma conversa com o filho do caseiro, mas comigo ela sempre parecia estar fugindo, ou discutindo.

— Thea Queen você nunca leu um quadrinho ou assistiu um filme do Capitão América? – Megan a perguntou com humor. Thea esqueceu-se de que geralmente ignorava Megan e qualquer pergunta sua, ou a respondia com frieza, por que ela sorriu, um sorriso cumplice.

— Chris Evans. – Respondeu simplesmente.

— Agora sim. – Megan sorriu concordando.

— Aqueles braços...

— Vocês duas estão sobre braços masculinos comigo, bem aqui? – Perguntei contrariado. Megan se ergueu, seu olhar caindo em mim e todo o seu bom humor se esvaindo. – Sim, eu estou aqui Megan. Mas por favor, continue fingindo que eu não existo. – A frase saiu exagerada e dramática demais até aos meus ouvidos.

— Bom dia Oliver. – Murmurou som um suspiro. – Eu vim falar com você, o cachorro me distraiu. – Esclareceu.

— Eu pensei que Chris Evan havia lhe distraído. – Comentei cruzando meus braços. Ela revirou os olhos para mim. Quando isso tinha ocorrido antes?

— Por favor, se for ter alguma crise de ciúmes, escolha alguém que não está no meio artístico e que eu tenha a possibilidade de conhecer. – Murmurou divertida. Então voltou-se para Roy. – Caminhe comigo até o lugar onde ele vai ficar e me explique todos os cuidados. – Pediu.

— Claro.

— E Roy? – Murmurou colocando a mão sobre seu ombro. – Obrigada, as crianças vão ama-lo.

— De nada. – Sorriu concordando. Se ela queria que eu voltasse meus ciúmes para alguém mais próximo, ela conseguiu. Percebendo meu silêncio e possivelmente minha expressão fechada ela me observou primeiro com descrença então voltou a sorrir, para minha maior surpresa ela se aproximou e beijou meu rosto, sua mão demorando-se em meu ombro, seu rosto ainda próximo ao meu quando falou.

— Agora você está sendo um bobo. – Com uma piscadela se afastou, deixando-me apenas com seu perfume como lembrança. Demorou alguns segundos para eu perceber que sorria.

— Ollie. – Thea me chamou divertida. – Um beijo no rosto faz você ficar bobo assim? – Ela falava isso, por que ela não tinha ideia que esse havia sido o primeiro contato físico que eu recebia de Megan desde que ela voltou, pelo ao menos consciente.

— Aparentemente agora ela trata os empregados pelo primeiro nome. – Observei não querendo entrar no assunto “nada de sexo” justo com minha irmã.

— Sim. – Assentiu. – Ela quase causou um infarto nos empregados quando decidiu que queria preparar biscoitos, deixou todos atônitos, por que ninguém alguma vez ouviu falar de Megan usando uma cozinha.  – Sorriu. – Todos gostaram. Ela fez com que todos provassem.

— Você também? – Perguntei tentando ainda lidar com a cena que Thea me descrevia. O que estava acontecendo com minha esposa afinal? Thea meneou a cabeça com diversão.

— No dia eu cogitei a possibilidade de um envenenamento em massa. – Respondeu. Invés de aborrecê-la com uma repreensão optei por esperar que ela continuasse. Fazia muito tempo que eu não conversava tanto com Thea, mas ela nunca demostrou o mínimo de simpatia por Megan, e agora ela parecia exibir exatamente isso, eu estava curioso e cada vez mais confuso. O que diabos estava acontecendo em minha casa? – Agora, eu confesso que se ela voltar a fazer, eu estarei esperando junto com as crianças, o cheiro estava bom.

— Thea, desde quando você não odeia minha esposa? – Perguntei a encarando diretamente. Ela apenas deu de ombros.

— Ela não é a mesma. – Murmurou simplesmente.

— Ela está diferente. – Falei estranhando sua escolha de palavras. Com um sorriso de gato ela assentiu.

— Sim, Ollie. Sua esposa está diferente. – Seu queixo se ergueu seu olhar caindo na direção que Megan havia partido com Roy. – E eu acho que finalmente chegou o momento de ter uma conversa com ela.

— Do que você está falando? – Perguntei não entendendo exatamente aonde ela queria chegar.

— Eu acho que pela primeira vez eu estou encarando a possibilidade de ver sua esposa como uma amiga. – Concluiu finalmente. – Ao menos essa Megan.

— É hoje você definitivamente está me confundido. – Murmurei por fim.

— Não se preocupe. – Deu de ombros se erguendo. – Com tantas horas ociosas eu pude observar atentamente sua Megan, então, eu tenho estado de olho nela. E eu acho que posso me sentir confortável em dizer que esta Megan você não deve deixar escapar.

— Esta Megan. – Murmurei ainda estranhando suas escolhas de palavras. – O que você quer dizer com isso?

— Apenas que ela já não é a mesma Megan. – Murmurou dando de ombros e se afastando, deixando-me ligeiramente inquieto com sua forma de falar, e com seu comportamento estranho.  Megan mudava completamente em um mês e ela já estava pronta para aprovar sua cunhada? Coisa que não fez em dois anos? Para mim a mudança de Megan era resultado apenas de se sentir pressionada após a menção feita ao divórcio. Eu temia que assim que ela se sentisse confortável achando que a possibilidade já não existia, ela voltasse aos velhos hábitos. E por mais que eu já não tivesse certeza, a desconfiança de que ela havia tido um amante ainda existia.

Por que Thea estava disposta a ignorar isso?

O que ela sabia que eu não?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e deixo o aviso que na quarta eu realmente posto a one para vocês, vou aproveitar para enviar para minha beta Luna que está ocupada e terá a quarta livre!! Bem, aguardo o feedback de vocês!!
Xoxo, LelahBallu.