A Mesma Face escrita por LelahBallu


Capítulo 8
Promises


Notas iniciais do capítulo

Hey Hey!!!
Então, feliz 2018!!!
Eu sei que dessa vez não rolou nada relacionado a natal, nem mesmo ao ano novo. Eu até cheguei a pensar em algo, mas infelizmente não foi possível. Eu não vou ficar aqui me desculpando por ter postado fic "x" em vez de "y" quando se tem tantas fics você acaba priorizando não só a que está mais fácil de escrever, seja por algum determinado ponto do enredo da historia ou por que está tendo mais atenção dos leitores (E por tanto mais incentivo) em outra, só peço paciência que uma hora chega, as vezes é apenas questão de escutar a música certa ;) Então, antes de irem direto para o capítulo só quero agradecer e deixar meu Xoxo especial para a "NinaSQ" e a "Yume" pelas maravilhosas recomendações. Obrigada pelo carinho e por ter dedicado um pouco do tempo de vocês para isso.


Agora, sem mais delongas, desejo a todos uma boa leitura!!



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FELICITY SMOAK

Caminhei pela área reservada apenas aos empregados, sentindo os olhares confusos em mim. Alguns traziam até mesmo simpatia, mas a maioria era pena. Tudo graças aquelas malditas lágrimas que insistiam em vir. Eu não conseguia entender, eu não era uma garotinha chorona, nunca tinha sido. O que isso significava?

Oliver havia transado com Isabel, e dai?

Ele não é nada meu.

Ele não é meu amigo.

Não é meu namorado.

Não é meu noivo e certamente não é meu marido.

Oliver Queen não significava nada para mim.

Aquelas malditas lágrimas não significavam nada.

E ainda assim eu havia fugido. Eu havia escutado sua confissão e lhe dado às costas. Demorou algum tempo até eu perceber, assimilar o que ele havia feito. O choque me sobrepondo. Não devia ser uma surpresa, talvez não tenha sido, mas ainda assim uma parte minha havia congelado, dominada pelo choque, eu caminhei até o quarto livre mais perto, e então a outra parte cujos pensamentos estavam a mil, queria apenas partir, não conseguia ver por que continuar, por que ficar. Então com mãos trementes eu tentei ligar para Megan lhe dar um aviso e partir, mas ela nunca antedeu minha ligação, assim como todas as outras, então tudo o que pude fazer foi chamar um táxi pedindo urgência, quando ele perguntou meu destino, tudo que veio a minha mente foi que me deixasse em um hotel qualquer. Quando entrei no quarto elegante, mas impessoal que o gerente havia tão alegremente me guiado, eu me senti sufocada e diante de seu olhar perplexo pedi que indicasse onde ficava a lavanderia do hotel, ele negou é claro, disse que era uma área restrita a funcionários, e que eu não me sentiria confortável entre eles, calou-se apenas quando impaciente eu disse que pagaria o dobro do valor da diária, sempre guiado pelo dinheiro, seu sorriso voltou e me indicou a direção.

Então agora eu passava por aquelas pessoas que me lançavam os mesmos olhares que eu lançaria caso ainda trabalhasse em um hotel como aquele e visse uma mulher vestida em roupas que eu jamais poderia pagar, caminhar com lágrimas em seu rosto e escorregar pela parede até o chão ao lado de uma secadora. O gerente deve ter os dado alguma ordem pois se afastaram me dando a privacidade que eu tanto precisava.

Logo eu estava levando o celular até meu ouvido, o número já discado e tão familiar para mim. Ela sequer demorou a atender, como se previsse que algo estava errado, seu tom ao falar comigo foi repleto de preocupação.

Lis?!— Escutei o sussurro vindo da minha melhor amiga, fechei meus olhos, feliz por escutar sua voz já que não poderia estar ao seu lado agora. – Está tudo bem?

— Eu...

Esqueça essa pergunta idiota. – Murmurou antes que eu pudesse murmurar um falso “Eu estou bem”. – Hoje não é o dia de ligar, não é a hora e quase tenho certeza que escutei um fungar antes de começar essa tentativa falha de dizer que estava tudo bem. Então, não se esqueça de com quem está falando e vamos pular para a parte em que você me diz o que está errado e quem eu devo matar.

— Eu não devia ter ligado. – Murmurei percebendo meu erro. – Você deve estar ocupada, eu...

Eu não estou trabalhando hoje. – Murmurou me surpreendendo.

— O quê? – Forcei-me a lembrar dos nossos horários, hoje seria um dia agitado no hotel, sem chances de Helena apenas ter tirado uma folga hoje. – O que aconteceu? Você está doente?

Não.— Negou. Um sorriso podendo ser percebido apenas através do seu tom. – Mas foi isso que meu médico bonitão colocou em meu atestado. — Forcei um sorriso ao imaginar. Era bem a cara de Helena. - Então... E você, o que aconteceu? Como estão as coisas com seu marido bonitão? É ele que preciso matar, ou seu cunhado filho da puta tentou algo? Por favor, que não seja Thea eu tinha certa pena da garota, mas se ela está envolvida, eu estou preparada para ensinar boas maneiras para a princesinha Queen, você sabe que eu poss...

— É Oliver. – Murmurei a interrompendo e precisando trazer o problema à tona. - Ele transou com Isabel. – Completei percebendo que apenas falar a frase trazia sensações que eu não queria sentir.

Dê-me um minuto para eu lembrar quem é Isabel.— Pediu. Porém não demorou dois segundos e ela praticamente gritou em minha orelha. – Espere!! A vadia beta?!

— Como é que é? – Perguntei confusa.

Megan é a vadia alfa. – Esclareceu. – Eu costumo chamar Isabel de vadia beta. Então, Oliver dormiu com Isabel? Uma péssima escolha, eu sei, mas eu acho que estava mais do que na hora de Megan ter seu troco.— Permaneci calada enquanto ela seguia falando. – Ele foi enganado por tanto tempo, e está sendo enganado agora, é um pouco justo ele ter um pouco de sexo despreocupado...— Parou de tagarelar ao perceber meu silêncio. - Por quê você não está concordando comigo Felicity Smoak?

— Eu... Eu concordo. – Forcei-me a dizer. – É só que é tudo um pouco mais complicado...

Não. – Negou. – Não é.

— Helena...

Você chorou? – Perguntou de repente. – Quando eu atendi a chamada sua voz estava mais embargada. Você chorou?— Repetiu apara então com descrença acrescentar: — Por que Oliver traiu Megan? — Permaneci em silêncio enquanto avaliava sua pergunta, foi realmente por isso que eu chorei? Após ter prometido que não me deixar cair no desespero, não me render. Havia sido essa a razão? Escutei um suspiro vir através da linha. – Felicity, eu não sei o que está acontecendo aí, eu recebo apenas o que você se permite compartilhar, eu sou sua melhor amiga, eu te conheço bem, e você não é de chorar por homem. – Falou em tom duro. – Cooper está de prova. E ele foi seu namorado. Não gaste lágrimas por um homem que na verdade não passa de um desconhecido com quem você divide a casa.

— Não é...

— Eu sei.— Cortou-me. – Eu sei que não é tão simples. Você está se passando por sua esposa, passando por mãe para seus filhos, e pode ser um pouco natural que você confunda um pouco. Mas Oliver não é nada seu. Você sabe disso, certo?

— Eu sei. – Murmurei com convicção, por que isso era verdade, eu nunca me permiti imaginar o contrário. O que me fazia ficar ainda mais confusa, eu sabia desde o começo que jamais poderia me apegar a ele, a aquela família, então por quê? Por que o que ele fez me machucou?

— Então você sabe que não pode ficar verdadeiramente magoada por ele ter dormido com outra pessoa. — Continuou. – Você não pode chorar por ele, Felicity. E talvez você não esteja. Você está presa aí, cercada por desconhecidos, isolada. É claro que em algum momento você cederia a pressão. É normal. Mas Felicity? Você tem a mim.— Assenti mesmo sabendo que ela não podia me ver, e então enxuguei uma lágrima solitária, consequência do que havia dito. – Talvez seja por isso que você tenha me ligado, você apenas precisava escutar o que já sabia. Você não está sozinha, eu estou à distância de uns poucos números discados. Eu vou sempre atender suas ligações, e quando tudo terminar? Você vai voltar para a velha e decadente Vegas, abraçar sua mãe e me trazer um belo presente para me compensar por ter passado seis meses longe da minha melhor amiga. Sim?

— Sim. – Murmurei mais calma. – Sim. – Repeti com mais força.

Onde você está?— Perguntou após alguns segundos em silêncio.

— Em um hotel. – Informei olhando ao redor. – Na lavanderia para ser mais exata. – Isso trouxe uma gargalhada a ela.

Você nunca conseguirá ser uma madame não é mesmo? – Perguntou divertida.

— Não. – Assenti.

Mas você precisa. – Murmurou séria. — Você se comprometeu a isso, então não pode recuar.

— Eu ia contar a ele a verdade. – Confessei.

Sério?

— Ele merece. - Dei de ombros. – Eles merecem.

Mesmo agora? Depois de ter transado com a vadia beta?

— Principalmente agora. – Falei convicta.

Isso não faz dele igual a Megan?— Desdenhou.

— Eu não sei. – Dei de ombros. – Ele não sabe que é traído, e a traiu, mas o casamento dele está uma merda, eu posso ver porque aconteceu, eu não gosto, mas eu percebo que este caminho ia acabar sendo trilhado se nada mudasse. Eu preciso voltar lá, e contar tudo. – Falei.

Não faça isso.— Pediu.

— O quê? – Indaguei incerta de ter escutado direito.

Não estou dizendo para você continuar sendo Megan pelos próximos meses.  – Apressou-se a responder. – Apenas que se dê um tempo, dois dias, talvez três. Você está em um hotel certo?

— Sim. – Murmurei desconfiada.

Lembra-se como é ficar observando essas mulheres ricas, sem nenhuma preocupação, mergulhando em piscinas, e erguendo a mão apenas para aceitar uma nova taça de champanhe?— Perguntou, mas não chegou a esperar minha resposta. – Sempre imaginávamos como seria, se nós fossemos ricas assim, então, seja uma mulher assim.— Sugeriu. – Por esses dias fique aí, fazendo nada além de tomar um tempo para si e refletir. Você precisa desse tempo para você. E então você pode voltar para a mansão. Contar que é Felicity Smoak e Oliver Queen poderá lamentar não ter te conhecido antes. – Só Helena para imaginar que esse seria o primeiro pensamento de um homem traído cuja esposa fugiu com um de seus amantes por que o achava enfadonho fora da cama. — O que você acha?

O que o que você acha?

A pergunta simples permaneceu em minha mente por mais alguns minutos mesmo após eu encerrar a ligação, apoiei o meu queixo no celular enquanto considerava seriamente em sugestão.  E foi quando senti o celular vibrar e encarei a foto de Oliver informando-me se tratar de uma chamada sua repleta de remorso e pedidos de desculpas, foi que eu decidi. Deslizando o polegar em ignorar eu me ergui decidida a ter meu próprio momento de folga dos Queens.

Afinal eu estava interpretando Megan, certo?

E se ela podia, por que eu não?

OLIVER QUEEN

Acordei com a luz do sol invadindo meu rosto tão logo as cortinas foram puxadas bruscamente. Em um gesto automático os cobri com o antebraço enquanto escutava a voz feminina ralhar comigo, cheia de impaciência e acusação.

— Chega! – Thea murmurou puxando a outra cortina. – Eu não sei o que diabos está acontecendo nessa casa, e nem por que sua esposa resolveu sumir há dois dias, mas eu estou cansada de ser mantida no escuro. – Falou puxando meu lençol. – Eu não gosto do Oliver preguiçoso, e não gosto de ter que encarar meus sobrinhos enquanto procuro por mais uma desculpa por eles não verem a mãe. Diga-me o que aconteceu Oliver Queen. – Suspirei aborrecido e ergui meu tronco, meu olhar caindo em seu rosto vermelho de irritação.

— Com todo o respeito Thea. – Murmurei de mal humor. – Mas não se meta em meu casamento, você tem o seu para isso.

— Eu não me meteria em seu casamento, se vocês fossem capaz de consertar isso sozinhos. – Retrucou cruzando os braços. – Você não tem ido a QC. Megan sumiu, Diggle não tem parado em casa, o que me diz que ele é o responsável por procura-la. As crianças estão impacientes, nossa mãe parece que um gato que emboscou, matou e dançou no enterro do canário. Adrian tem vindo atualiza-lo de tudo e Isabel tem me enchido para falar com você. – Falou se aproximando, seu dedo se erguendo e cutucando meu peito. - Por que Isabel Rochev tem meu número?

— Eu realmente não sei. – Falei me levantando. – E eu também não me importo.

— Ollie...

— Thea você deve ter percebido que eu tenho estado no pior do meu humor nos últimos dias. – Falei virando-me para ela.  – Eu não quero descontar tudo em você, mas eu vou. Se você continuar listando tudo que está errado nessa maldita casa, eu vou. Então, por favor, apenas me deixe. – Concluí voltando a andar em direção ao banheiro. Querendo ou não, ela estava certa, eu precisava ir para QC, precisava enfrentar Isabel e deixar claro que o que a aconteceu naquele maldito dia não iria se repetir. Jamais.

Eu precisava encontrar Megan.

Deus eu precisava encontra-la.

— Apenas me diga o que aconteceu Ollie. – Pediu em tom mais conciliatório. - Se você me disser o que aconteceu talvez eu possa entender por que Megan disse que precisava de um tempo daqui. – Parei em brusco e virei para encara-la. Ela me encarou confusa. – O quê?

— Quando ela disse isso? – Perguntei rude. – Thea, quando você falou com minha esposa?

— Eu não falei com ela. – Negou. – Não realmente, ela me mandou uma mensagem pedindo para eu cuidar das crianças e disse que voltaria logo, mas que precisava de um tempo de nós, de você. Quando tentei ligar, ela rejeitou minha ligação.

— Assim como ela fez com cada maldita ligação minha. – Reclamei sentindo a frustação e raiva me dominar novamente. – Ela lhe mandou uma mensagem, enquanto comigo não pode responder ao menos a que lhe pergunto se ela está bem.

— O que aconteceu Ollie? – Thea tentou novamente. – Vocês brigaram de novo?

— Não. – Meneei a cabeça em negativa. – Nem mesmo isso tivemos. – Suspirei ciente de que não poderia me livrar mais de suas perguntas. - Eu pisei na bola speedy. – Confessei. – Feio.

— O que você fez? – Perguntou preocupada. – Isso tem a ver com Isabel certo? É por isso que você está evitando a empresa? Ela?

Assenti envergonhado.

— Eu traí Megan com Isabel. – Thea me encarou e para minha surpresa ela parecia triste com o que eu disse, não havia julgamento em seu olhar, mas era quase como se lamentasse. – Eu sequer pude esperar um momento adequado para contar isso a ela. Ela disse que precisava conversar comigo, eu acho, eu estava bêbado e acabei contando tudo. E então ela apenas se virou e foi embora, eu pensei que ela precisava de espaço, eu entendi isso, eu não imaginava que ela precisava sair da maldita casa!

— E agora? – Thea perguntou após alguns momentos. – Você quer se separar? Por isso é tão importante encontra-la?

— Eu não sei. – Respondi levando minhas mãos a cabeça. – Eu apenas... Eu preciso falar com ela. – Dei de ombros. – Para pedir desculpas, eu acho.

— Você acha? – Thea repetiu erguendo as sobrancelhas. – Irmão, você precisa seriamente rever como irá fazer o pedido de desculpas, por que se você colocar “Eu acho” no meio, eu provavelmente te segurarei enquanto Megan acerta suas bolas. – A encarei surpreso com a solidariedade repentina para com Megan. Como se decidida a me surpreender ainda mais, ela continuou. – Você se arrepende Ollie?

— É claro que sim.  – Respondi rapidamente.

— Você realmente se arrepende ou é por que quer sua mulher de volta? – Repetiu com certo cinismo.

A encarei incerto de como responder a isso. Thea era minha irmã, eu não queria falar sobre isso com ela. Eu sequer queria ter começado a falar sobre esse assunto. Thea conhecia de perto o conceito de traição, ela sofria constantemente em sua relação com Alex justamente devido às traições daquele idiota. Que moral eu tinha para julga-lo agora que eu tinha feito o mesmo, em o que eu era melhor do que meu cunhado? Se Megan me fizesse a mesma pergunta, como eu poderia responder a isso?

Eu me arrependia?

Sexo com Isabel foi um erro, eu sabia disso tão logo havíamos terminado. Eu sabia também que não queria que voltasse a acontecer, no que dependia de mim, foi uma vez para nunca mais. Foi um ato mecânico, pura necessidade fisiológica guiada pelo ressentimento, e péssimo julgamento. Mas como explicar isso a Megan? Como eu poderia ficar aqui parado e dizendo isso a Thea e esperasse que ela compreendesse?

— Ollie? – Thea voltou a chamar minha atenção.

— Eu me arrependo. – Falei por fim. – Eu jamais conseguiria explicar o quanto, mas eu me arrependo.

— E o que vai ser de seu casamento agora? – Insistiu.

— Eu acho que só Megan poderá me dizer isso agora. – Dei de ombros. – Se ela aparecer. – Acrescentei sentindo-me encurralado. - Nessa mensagem ela dizia quanto tempo ela precisava ficar longe de nós? De mim? – Perguntei indo até o guarda roupa e escolhendo um terno de três peças.  Eu não estava a julgando por partir, por um momento eu fiz, por causa das crianças, mas sabendo que ela havia a sua maneira entrado em contato com Thea me dizia que havia sido por elas. Eu estava preocupado.

— Não. – Negou prontamente.

— Sabe o que é engraçado? – Perguntei abrindo a gaveta onde eu guardava as gravatas. Na ausência de uma resposta a encarei brevemente, pois percebi que me encarava com pesar, eu não merecia esse tipo de olhar. Eu fiz merda. Eu não devia tê-la sentindo pena de mim, eu não queria. Respirando fundo encarei a gaveta novamente, meus dedos pegando o tecido e segurando-o com força. – Quando ela estava fora tudo o que eu pensava era no divórcio. Você e Tommy haviam dito em momentos diferentes que Megan não poderia ficar tanto tempo ausente se não tivesse me traindo com outra pessoa. Eu sabia que não conseguiria permanecer casado com uma pessoa que apenas jogou nosso casamento por conta de algo físico, sexual. Passageiro. E agora eu estou aqui, pensando que se eu tiver alguma sorte, Megan terá mais capacidade de perdão de que eu jamais teria com ela. Sou um hipócrita, não sou?

— O que mudou? – Thea murmurou sondando-me. – Mesmo sem traição, você parecia certo de que queria terminar o casamento. E depois vocês estavam sempre discutindo, você viajou para se distanciar dela, Ollie. Eu acho, se você chegou a traí-la, você não está implorando por esse divórcio?

— Eu acho que nós precisamos desse divórcio. – Assenti não tendo como fugir dessa resposta. – Mas eu não acho que nenhum de nós queira. Quando ela voltou, ela voltou diferente. E há certas características em nosso relacionamento que mudou de dinâmica, que eu desaprovo.

— Mas...

— Eu não a desaprovo. – Expliquei finalmente puxando uma gravata escura. – Há pequenas coisas nela, novas e contrastantes com quem ela era antes, que me agrada, que eu realmente aprecio. E isso me faz pensar no quanto eu posso ainda conhecer minha esposa. O que pode me agradar. E o que eu poderia ter evitado se tivesse sido mais paciente. – Lamentei.

— Entendo. – Murmurou após um suspiro. E o mais estranho, era que ela parecia entender de fato. Thea Queen, a mesma pessoa que havia iniciado as dúvidas sobre Megan em minha mente, não só parecia ser aquela em quem Megan confiava para mandar mensagens, como também ser a pessoa que realmente lamentava que não estivéssemos bem agora. Fato que se confirmou quando ela acrescentou. – Gostaria que as coisas fossem diferentes, mas eu entendo. – Deu de ombros parecendo perdida parada ali no quarto. – Eu vou deixar você sozinho, tome um banho, se arrume e vá para Queen Consolidated, você tem responsabilidades, e não pode conversar com Megan sem colocar um fim definitivo no que aconteceu com Isabel.

— Eu vou. – Assenti agradecido.

— Nesse meio tempo vou tentar convencer sua esposa a voltar para casa. – Murmurou com um sorriso debochado. – Eu nunca pensei que diria isso. Droga. – Meneou a cabeça com diversão e saiu do quarto. Sorri em resposta, mas não durou muito, logo o sorriso se transformou em uma careta.

Enfrentar Isabel.

Quase podia ser pior que enfrentar a própria Megan. A diferença era simples, eu queria enfrentar Megan. De Isabel eu queria distância.

Com menos pressa do que eu deveria ter, tomei meu banho e me arrumei. As crianças já haviam sido levadas para escola há um bom tempo e como resultado do meu atraso eu perdi isso. Dando uma rápida olhada em meu relógio pude notar que estava mais perto do horário do almoço do que do café da manhã, mas ainda pensando em protelar o máximo possível minha ida até a empresa, e por consequência meu encontro com Isabel, resolvi passar na cozinha e pegar alguma fruta para comer.

— Eu pensei que você já tivesse ido. – Thea murmurou surpresa e juntando-se a mim.

— Eu estou indo. – Assenti. – Só preciso pegar algo para comer. – Esclareci deixando que ela passasse em minha frente. Escutei um arfar surpreso vindo dela ao mesmo tempo em que reconhecia a voz feminina que murmurava ordens.

— Você tem que mexer com mais força Roy, não é como se seu braço fosse cair. – Surpreso dei um passo a frente desviando de Thea, meus olhos caindo em Megan que tinha sua atenção em Roy Harper. O rapaz mexia uma massa em uma enorme vasilha branca enquanto a fuzilava com o olhar.

— Você sabe, Lexie me dirigiu esse mesmo olhar quando eu disse que ela teria que amarrar os tênis dela sozinha. – Megan murmurou erguendo as sobrancelhas. – Ela tem cinco anos, qual é a sua desculpa?

— Eu sou um jardineiro. – Respondeu prontamente. – Não um assistente de chefe.

— O que significa que sabe usar as mãos. – Sorriu em resposta. Roy provavelmente teria lhe respondido algo de que se arrependeria depois, mas ele nos percebeu os observando, e logo toda sua postura mudou, não estava mais relaxado, sentou-se mais ereto na banqueta e enquanto ele começava a murmurar um cumprimento fraco notei minha esposa finalmente virar seu rosto para nos encarar, nos notando pela primeira vez.

Ela me encarou surpresa, como se não esperasse me encontrar aqui.

Em minha própria casa.

Nossa casa.

Abri minha boca, ainda que não soubesse o que dizer. Minha mente em branco, tal como um adolescente observando de longe a garota que queria namorar. Tornei a fechar minha boca, nenhuma palavra saindo, quando inúmeras e inúmeras palavras vinham a minha mente. Frases sendo formadas, perguntas surgindo, mas nenhuma chegando a sair. Era nisso que eu havia me tornado. Dois anos de casamento e pela primeira vez eu não sabia como me dirigir a minha esposa.

Quão fodido esse casamento ainda podia ficar? Isso significava que realmente chegou ao fim? Pigarrei tomando coragem para iniciar alguma conversa quando cansada de apenas nos observar nos encararmos em silêncio, Thea tomou a iniciativa. Bendita fosse minha irmã.

— Megan. – Murmurou se aproximando do balcão casualmente, como se Megan não houvesse sumido por dois dias, e sim por duas horas.  – Bom dia. – Sorriu cortês. Franzi meu cenho, não entendendo por que Thea estava pisando em cacos de vidro, era uma reação atípica, normalmente ela faria algum comentário sarcástico e acusatório. Mas parece que eu agora eu teria que me acostumar com o pensamento de que minha mulher e minha irmã na verdade eram amigas. – Tem tempo que você chegou?

Megan assim como eu pareceu estranhar a abordagem de Thea, pois sobrancelhas foram erguidas, com apenas um olhar ela dispensou Roy que parecia aliviado em sair do ambiente cercado por tensão. Com um aceno para nós dois ele pediu licença e saiu da cozinha.

— Eu cheguei há 15 minutos.  – Megan respondeu. – Eu queria fazer biscoitos para as crianças e para isso precisei da ajuda de Roy. Que odiou cada segundo.  - Explicou saindo de trás do balcão, enquanto me lançava um olhar. – E eu estou contando quanto tempo seu silêncio irá durar. – Observou.

— Eu...

— O que aconteceu?! – Thea murmurou em tom assustado, demorei alguns segundos até perceber a tipoia azul escuro que imobilizava o braço de Megan.

— Você está bem? – Perguntei me aproximando. Ela ergueu o braço bom indicando que eu não me aproximasse. Mais chocado pela sua atitude do que realmente atendendo seu pedido, parei em seco.

— Eu estou bem.  – Assentiu e então encarou Thea. – Eu estou bem. – Repetiu. – A história é curta e ridícula, mas eu prefiro conta-la depois. – Thea assentiu parecendo entender. – Agora eu gostaria de conversar com seu irmão.

— Ok. – Thea murmurou concordando. – Tentem serem razoáveis, vocês dois. – Acrescentou apontando de um para o outro. Megan meneou a cabeça enquanto exibia um sorriso divertido, isso é claro antes de voltar a me encarar. Tão logo seus olhos encontraram os meus o sorriso de foi.  Respirei fundo sabendo que era minha vez de tomar a iniciativa, e eu já não tinha Thea para facilitar qualquer coisa.

— Onde estão os outros? – Murmurei antecipando a possibilidade de sermos interrompidos por algum empregado.

— Eu os dispensei, queria a cozinha só para mim. – Respondeu.

— Você quis que o jardineiro ficasse. – Ressaltei.

— O jardineiro não me lança olhares divididos entre pena, diversão e curiosidade. – Respondeu prontamente. – Se isso lhe faz se sentir mais a vontade, podemos ir para outro lugar. – Continuou após um suspiro. - Duvido que eles fiquem longe por muito tempo agora que você está aqui.

— Vamos para o seu lugar. – Falei concordando. Ela me encarou surpresa, e então franziu o cenho como se tentasse desvendar algo.

— Como...

— O salão azul? – Murmurei ao mesmo tempo em que ela começava sua frase.

— Oh, sim, sim. – Assentiu. – Vamos. – Falou indicando que eu guiasse o caminho, como se esperasse uma deixa para mostrar que ela estava certa, a cozinheira surgiu junto com a empregada, como se estivessem em busca de algo. Megan me lançou um olhar repleto de “Eu não te disse” quando a encarei por cima do ombro. Ao chegar a frente à porta hesitei, eu raramente entrava naquele lugar, e pelo o que eu soube, Megan não havia ficado mais do que cinco minutos na única vez que entrou nessa sala desde que voltou. Abri a porta e dei espaço para que passasse primeiro, a tensão que havia se dissipado um pouco quando trocamos o breve olhar no caminho, voltando com força quando fechei a porta atrás de mim.

Estávamos novamente a sós e eu duvidava de que qualquer um de nós soubesse como conduzir essa conversa.

FELICITY SMOAK

Eu observei a expressão fechada de Oliver enquanto ele voltava a me analisar, dessa vez com maior atenção. Sem a proteção do balcão eu me sentia mais exposta ao seu olhar. Sentia-me como um inseto sendo dissecado.

— Eu sei que nós dois deveríamos pular logo para a parte em que tentamos resolver nossos problemas e discutimos sobre o que aconteceu na noite em que você foi embora. – Murmurou de alguma forma conseguindo citar sua traição sem trazê-la de fato à tona. Um feito interessante, por quer no ato ele conseguiu apenas chamar atenção ao fato de que eu parti. – Mas antes, eu preciso saber o que aconteceu. – Murmurou apontando com o queixo meu braço imobilizado. – Você realmente está bem? Quando aconteceu isso?

As perguntas vieram acompanhadas com um olhar preocupado. Não me surpreendeu, eu não conhecia completamente Oliver, não poderia tendo em conta de que tivemos tão poucos momentos sozinhos. E essa era a razão pela qual me trazia choque que tê-lo envolvido com Isabel tivesse provocado uma reação tão forte em mim, mas o pouco de que eu conhecia de Oliver, envolvia como ele era com sua família, eu sabia que independente de qualquer erro cometido por ele, ou mesmo por Megan, Oliver sempre estaria preocupado com ela, comigo. Oliver sempre ficaria preocupado com o bem estar daqueles que o cercavam.

E foi pensando nisso que respondi sua pergunta sem hesitar.

— Eu caí da escada do hotel. – Dei de ombros, o movimento me trazendo uma pontada aguda de dor. Oliver franziu o cenho como se não pudesse me compreender. – Enquanto eu subia. – Acrescentei nem um pouco animada em compartilhar esse detalhe. Impaciente como eu era, não esperei o elevador, e resolvi subir as escadas até o andar do meu quarto para pegar minhas poucas coisas e ir embora. Logo cedo pela manhã eu já estava ciente de que não poderia mais adiar esse confronto. Infelizmente andar sem foco e pisando forte me fez ganhar uma ida ao hospital. – Eu estou bem. – Repeti. – Estava no hospital mais cedo, depois de uma radiografia o médico confirmou que não havia nada quebrado, só uma pequena fratura no punho, ele passou um remédio para dor e disse que isso aqui ia ajudar. – Murmurei fazendo menção a tipoia.

— Enquanto você subia. – Repetiu incrédulo. Provavelmente duvidando que eu tivesse conseguido tamanha façanha. Fiquei irritada. De todas as informações que eu havia lhe dado, ele ia focar apenas na que me deixava ainda mais ridícula. Ao que parecia eu nunca teria um retorno triunfal, teria que deixar isso para a verdadeira Megan Queen. Que provavelmente iria me humilhar com sua entrada. Afastando meus pensamentos da razão de eu entrar em um problema atrás de outro, foquei em fuzilar meu marido postiço com o olhar.

— Você acha que eu posso culpar o peso do chifre, ou algo assim? – Seu olhar duro veio como resposta e me mostrou que ele não tinha visto muito humor em minha pequena piada.  – O quê? Você não gostou da forma com que eu casualmente citei sua traição?

— Não foi casual. – Murmurou irritado. – Foi uma atitude mesquinha e forçada de chamar atenção.

— Engraçado. – Murmurei irônica. – Por um momento pensei que você estivesse descrevendo outra coisa. – Seu olhar duro se atenuou. – O que houve entre vocês dois, para ser mais clara.

— Megan, não é assim que eu quero que haja essa conversa. – Murmurou parecendo buscar um pouco de paciência.

— E eu não queria ter essa conversa. – Retruquei. – Mas ei, parece que se há uma garantia nesse casamento é de nos decepcionar. - Ele suspirou parecendo se dá por vencido. Pelo o que eu podia notar, a culpa iria fazer Oliver tomar cada golpe que eu pudesse dar em silêncio.

— Sobre Isabel... – Esse era o momento em que eu apenas poderia deixa-lo falar. Fingir me emocionar com suas desculpas e aceitar ou até mesmo sugerir um novo recomeço, eu deveria fazer isso, se eu quisesse dar continuidade ao plano de Megan eu deveria, mas eu apenas não conseguia agir completamente como Megan no momento. Em se tratando dessa questão, por mais que decepcionasse Helena, eu era mais Felicity do que Megan. E foi por isso que eu acabei interrompendo Oliver.

— Deixe-me adivinhar... – O cortei. – Nunca vai voltar a acontecer, foi um lance de uma noite apenas e você se arrepende profundamente, certo?

— Megan...

— Eu não estou preparada para ouvir suas desculpas Oliver. – Confessei. – Por que eu não acredito nelas.

— Você não acredita em mim? – Questionou franzindo o cenho. – Você acha que eu teria feito o que fiz se eu não estivesse tão alterado?

— Você estava bêbado? – O questionei descrente. – Ela seduziu você?  - Segui o punindo. - Você não queria?

— Eu...

— Primeiro: Isso aqui só vai funcionar se fomos sinceros um com o outro. – Murmurei séria. – Não vamos rodear, nem esconder os fatos em frases elaboradas, quando você diz “Fiz o que que fiz” Você está tentando minimizar ou esconder o que aconteceu. – Falei sentando-me no sofá elegante. - E o que você fez Oliver, foi transar com outra mulher, uma mulher que tem acesso a essa casa, e que tem contato com você todos os dias, grande parte do seu dia, você passa na empresa em que ela trabalha, sua empresa.  – Continuei. - O que você fez foi transar com alguém que você sabia ficaria mais do que satisfeita em jogar isso em minha cara mais tarde, o que você fez foi transar com outra mulher apenas para me ferir. Foi um jeito mesquinho e cruel de chamar atenção. Agora você tem minha atenção, mas eu posso afirmar, que não é da forma que você queria.

— Eu jamais tive a intenção de te machucar. – Negou firmemente.

— Sim, você teve. – Reafirmei. Segui falando embora ele meneasse a cabeça em negativa. – E a única razão pela qual você me contou não foi apenas por que se sentiu mal, foi por que você sabia que Isabel não manteria isso em segredo.

— Eu...

— Oliver. – Murmurei o impedindo de continuar. Ele me encarou sem saber como agir. Surpreendendo não apenas ele, mas também bem a mim, observei minha mão se erguer estendendo para ele. – Venha aqui.

— Não. – Meneou a cabeça em negativa. – Você nem ao menos está me permitindo falar.

— Eu estou cansada de falar. – Suspirei. – Eu estou cansada Oliver. Você quer que eu realmente seja sincera com você? Eu não sei como agir aqui, eu me sinto perdida, eu sinto coisas que não deveria sentir. – Murmurei mais honesta do que deveria. – Escutar que você dormiu com ela me machucou de uma maneira de que eu não esperava. Saber que você fez por que estava irritado comigo, por que eu não estou sendo a mulher que você espera que eu seja, me machucou. E eu entendo que você fez isso por que a minha maneira eu te machuquei também. – Ele meneou a cabeça em negativa, aproximando-se de mim. Sentou-se na mesinha em frente ao sofá em que eu estava.  Sua mão encontrando a minha que já não estava erguida.

— Eu sinto muito. – Murmurou após algum tempo. – Talvez você esteja certa, talvez eu tivesse te punindo, talvez tenha sido uma tentativa de chamar atenção. Eu não vou tentar fazê-la acreditar do contrário, mas eu preciso que você entenda algo, eu realmente me arrependo. Eu não posso voltar ao tempo, então não vou desejar que as coisas tivessem sido diferentes, mas eu posso ser brutalmente honesto com você e afirmar que nunca, nunca... Nunca vai voltar a acontecer.

— Eu só queria que encontrássemos uma maneira de não machucar um ao outro. – Respondi. – E eu acredito que você já conhece uma, mas nenhum de nós dois estamos prontos para ceder a isso.

— Você está falando de separação. – Deduziu.

— Eu estou. – Assenti. – Mas eu não posso levar isso adiante, não agora. Eu ainda tenho motivos para continuar aqui. – Murmurei vagamente. O observei estreitar os olhos como se analisassem minha escolha de palavras. – Nossos filhos. – Murmurei rapidamente.

— Eu não sou um dos motivos? – Questionou. Não havia acusação, não havia desdém, ele apenas estava tentando ver o que ainda restava do seu casamento. – Nós. Nós não somos?

— Eu acho que você merece o melhor Oliver. – O respondi. – E eu não sei se sou o melhor para você.

— O que eu sou para você? – Murmurou confuso.

— Mais do que eu posso ter. – A resposta veio automática. Fazendo com que ele me encarasse ainda confuso.

— Você é minha mulher. – Rebateu. – Você já me tem. – Respirei fundo absorvendo suas palavras. -  E eu não estou pronto para desistir disso.  Então, por favor. Não desista de mim. – Observei seu rosto, e senti seus dedos entrelaçarem aos meus. Pela primeira vez me senti realmente próxima de Oliver, e eu sabia que não era o certo, e que ele continuava sendo mais do que eu poderia ter. Ao contrário do que ele acreditava, Oliver jamais poderia ser meu. Ainda assim me movi ficando perto dele, deixando-me ser abraçada por ele, respirando seu perfume encostei minha cabeça em seu queixo, mantendo meu olhar escondido do seu o respondi.

— Eu não quero.

Não houve resposta sua, e nem eu esperava por uma. Oliver apenas seguiu me abraçando, seu braço me envolvendo com cuidado, me fazendo perceber que ele mais do que eu estava ciente do meu braço machucado. Quando por fim se afastou foi para direcionar seu olhar para lá. O cenho franzido mais uma vez indicando preocupação.

— Doí? – Perguntou quase levando a mão até lá, mas parando. Meneei a cabeça em negação.

— Não enquanto estou sob efeito de remédios. – Expliquei me levantando do sofá. - Doeu bastante na hora, mas felizmente não tem nada quebrado.

— Você realmente caiu subindo as escadas? – Perguntou atrás de mim.

— Não. – Neguei. – A dor de ser traída me fez me atirar delas. - Ao perceber o silêncio atrás de mim, me virei para encara-lo, seu rosto fechado. – Suponho que ainda é muito cedo para brincadeiras.

— Sim. – Limitou-se a assentir.

— Ok. – Suspirei. – Preciso me encontrar com sua irmã, eu queria continuar com a sobremesa das crianças, mas com esse braço apenas fico dando ordens mesmo e eu preciso falar...

— Megan. – Oliver me interrompeu.

— Sim?

— Por que você não me chamou? No hospital. – Esclareceu ao me ver confusa. – Eu entendo você ter se afastado, mas por que não avisar que está em um hospital?

— Eu não pensei que seria preciso. – Respondi sincera. Desde que cresci eu quase não ia a hospitais, e geralmente era acompanhando a minha mãe, quando eu era a paciente eu preferia não ter que preocupa-la. Eu era grandinha, eu não precisava que fossem me buscar, ou nada do tipo. – E eu não achei que você estaria aqui.

— Você pensou que eu estaria na QC. – Assenti. – Com Isabel.

— Fazendo dinheiro e transando sobre mesas. – Respondi sem graça.

— Você realmente acha que vai se repetir.  Esses dois dias que você esteve fora, eu estive aqui, ou fora procurando por você. Eu não voltei a ter contato com Isabel. – Encarou-me com desgosto. – Isso não vai acontecer Megan.

— Pode não ser com ela Oliver. – Murmurei. – Mas mais cedo ou mais tarde você sentirá que não vale a pena continuar insistindo. Vai se sentir frustrado e não estou falando sexualmente. Você não está feliz.

— Eu posso ser feliz com você. – Retrucou. – E eu quero fazer você feliz. – Deu de ombros. - Você não me deixa. E para constar, eu não estou falando de sexo aqui, você se afastou.

— Ainda assim...

— Você está me dizendo que não vai tentar? – Questionou-me. – Está me dizendo que não se importa se eu dormir com outras?

— Eu estou dizendo que é por me importar que não quero me iludir. – Respondi. – Eu sinto muito Oliver, mas eu não confio em você.

— Está bem. – Meneou a cabeça. – Eu entendo, mas isso não significa que não esteja errada.

— Eu nunca quis tanto estar errada. – Murmurei abrindo a porta. – Você está de saída certo?

— Eu estava. – Concordou. – Eu não preciso ir. Eu já me ausentei boa parte da manhã de qualquer forma.

— Vá. – Murmurei o surpreendendo. – Não mude seus planos por mim. Eu preciso descansar um pouco de qualquer jeito, e eu sinto que se você continuar aqui, vamos continuar remoendo algo de que eu já não quero mais tocar no assunto. Aconteceu, não vale mais a pena ser citado.

— Ignorar o problema não irá o fazer sumir. – Retrucou.

— Eu não estou ignorando nada. – Neguei girando-me para ele. Irritada pelo o que havia dito. – Eu voltei, eu conversei com você, me expus e posso não ter te perdoado, mas apenas por que em nenhum momento você pediu por desculpas.

— Eu...

— Você sente muito. – Assenti indicando que havia entendido essa parte. – Você se arrepende. Mas você não pede desculpas, e você está evitando sua própria empresa, eu só posso imaginar o porquê. Eu não estou ignorando o problema Oliver, eu o enfrentei. Você meu querido, ainda tem uma vadia para dispensar.  – Falei lhe dando as costas o deixando surpreso.  – Faça-a entender que não está disponível e talvez eu também entenda.

Segui caminhando sem me dar o trabalho de checa-lo. Eu realmente precisava falar com Thea, não havia me comunicado muito com ela quando estive fora, e ela devia estar se questionando se eu contei tudo para o seu irmão ou não. Chegou o momento de eu dizer a Thea que havia repensado em minha decisão, que eu não partiria, e que agora mais do que antes eu estava determinada a ser Megan Queen.

Foi com esse estado de humor que me vi em frente à Moira Queen, quando subi as escadas. Respirei fundo sabendo que não poderia evitar um confronto. Desde nossa conversa no jardim, Moira mantinha-se em silêncio, mas sempre altiva, seu olhar me mostrando que aquele silêncio era algo do que se preocupar.

— Moira. – Acenei forçando um sorriso. Ela me encarou com desgosto.

— Você voltou. – Murmurou simplesmente.

— Eu voltei. – Repeti.

— Uma pena. – Falou quando fiz menção de passar por ela. – Eu já estava me perguntando se deveria passar a chamar Isabel de nora.

— Estranho. – Murmurei com falsa confusão. – Você tem dois filhos, ambos casados, não vejo por que você se confundiria com algo assim. Pode ser a idade minha querida? – Questionei me aproximando mais de seu rosto. – Ou você tem outro filho fora do casamento que eu desconheça? – Ela piscou incrédula. Por incrível que pareça ela realmente não tinha ideia que Megan sabia que Thea era meia irmã de Oliver. E embora Megan não tenha podido usar isso para provocar Thea, eu podia muito bem usar para ter alguma vantagem sobre Moira. Eu jamais contaria a Thea é claro, mas ela não precisava saber disso. Ergui minhas sobrancelhas ao notar o silêncio duradouro de minha sogra. – Não? Deve ser a idade então. – Sorri me afastando.

Não pude evitar revirar os olhos quando me afastei. Conhecendo minha sorte, eu encontraria Alex no caminho. Mas para ser sincera eu preferia lidar com o idiota do Alex a ter que voltar a falar com Oliver caso ele não tivesse indo embora, eu estava esgotada, eu não conseguia ignorar o que aconteceu, e eu não podia realmente ficar esperançosa com o que ele disse, por que eu era Megan para Oliver, não Felicity. De uma forma ou de outra não importa quanto eu avançasse com Oliver enquanto Megan. Felicity sempre estaria na estaca zero.

Foi à possibilidade de encontrar Alex que me fez desistir de ir até o quarto de Thea e procura-la.

Alex também deveria estar na empresa, mas considerando que nem o CEO estava indo, ele certamente estaria aproveitando disso, eu não tinha ideia do que supostamente Alex devia fazer na empresa, eu só tinha certeza de que ele não estava fazendo. Determinada a deixar o encontro com Thea para mais tarde e descansar um pouco já que meu braço começava a me incomodar, abri a porta do quarto apenas para me deparar com Thea deitada no meio da minha cama.

— Isso não me surpreende. – Murmurei fechando a porta atrás de mim.

— Deveria. – Murmurou com um sorriso. – Se eu não soubesse que essa cama não vê nenhuma atividade além de dormir de conchinha há um bom tempo, eu não estaria deitada nela.

— Nós não...

— Poupe-me. – Falou se erguendo apenas o suficiente para ficar sentada. – Durante o sono as coisas ficam confusas, você não tem como separar o que julga certo e errado, e aposto minha herança que você já deve ter se enrolado em Oliver em algum momento.

— Eu não tenho uma herança para apostar. – Dei de ombros, lamentando logo em seguida. – Mas ficaria feliz em ganhar a sua. Agora, eu preciso falar com você sobre algo. – Continuei hesitante enquanto sentava na cama de frente para ela. Ela me encarou com extrema atenção, analisando-me e em seguida sorrindo, fato que me surpreendeu.

— Você quer continuar sendo Megan. – Deduziu.

— Eu não quero continuar sendo Megan. – Neguei a corrigindo. – Eu preciso continuar sendo Megan. Eu sei que você quer que eu conte a verdade para seu irmão, e eu não tenho ideia de como convencê-la a concordar comigo, mas...

— Por mim tudo bem. – Falou me cortando e chocando.

— O quê? – Indaguei incrédula.

— Por mim tudo bem. – Repetiu. – Eu quero dizer, você vai ter que fazer de mim sua aliada, e me contar tudo o que Megan te contou, vai ter que me avisar imediatamente quando a própria Megan entrar em contato e avisar do seu retorno. Em resumo, nada poderá ser escondido, mas eu concordo. – Assentiu. – Para ser sincera eu estava aqui pensando em como convencê-la a ficar.

— Eu não entendo. – Murmurei honesta. – Você odeia Megan. Essa seria a oportunidade perfeita para desmascara-la. Para afasta-la de sua família, por que continuar enganando Oliver?

— Eu acho que nós, nossa família precisa de você. – Esclareceu. A encarei sem saber como responder. – Ollie certamente precisa. – Meneei a cabeça em negativa, já começando a protestar contra o que disse. – Ele precisa Felicity, e ouso dizer que você também precisa dele.

— Você não me conhece.  – Argumentei. – E Oliver? Ele nunca entenderia o que está acontecendo aqui. Eu preciso voltar para casa Thea, mas eu não posso. Não agora, minha mãe continua precisando de minha ajuda e ficar isolada em um hotel, vivendo uma vida que eu jamais poderia bancar, me fez perceber que só terminando o que eu tenho que fazer aqui, eu poderia. Desde que saí tentei ligar para Megan, contar o que aconteceu, mas ela não respondeu nenhuma ligação minha. Hoje cedo recebi uma mensagem sua. Nenhuma pergunta, nenhuma preocupação. Ela apenas me lembrava de uma festa da empresa que acontecerá em duas semanas, e então falava de outra na qual ela é responsável por organizar, só isso. Eu percebi mais uma vez que Megan é uma egoísta, que não se importa com ninguém a não ser ela, e que não merecia saber o que aconteceu. Eu me lembrei do quanto Megan é mesquinha e que me culparia pelo o que havia acontecido, e em um estalar de dedos, eu seria descartada, minha mãe não contaria mais com o dinheiro, e eu provavelmente iria para a cadeia.

— Soa como uma boa razão para continuar como Megan. – Thea sorriu.  – Conhecer meu irmão melhor, e deixar com ele te conheça também.

— Você escutou o que eu disse? – Perguntei franzindo o cenho. – Agora mais do que nunca eu preciso ser Megan. Eu não posso deixar Oliver me conhecer.

— Felicity, eu gostaria que você se visse como eu a vejo. – Thea murmurou me surpreendendo.

— Eu espero que nessa sua visão eu não esteja na cadeia. – Brinquei.

— Desde que você chegou, você tem escolhido as pessoas com que atua como Megan. – Esclareceu. – Você nunca foi Megan com Oliver. Não totalmente. Então, Oliver está te conhecendo sim.

— Eu só estou aqui um pouco mais de um mês. – A lembrei. – Nesse mês Oliver esteve fugindo de ficar muito tempo sozinho comigo. Ele viajou. Eu não posso ter uma ligação com uma pessoa com quem eu mal convivi.

— Ele pode não ter ficado a sós com você por muito tempo. – Assentiu. – Mas ele definitivamente te observou, através dos outros, enquanto você não estava vendo, com as crianças. Eu sei disso por que eu o observei. Oliver está confuso e fascinado por você. E você tem sim uma ligação com ele, e eu sei disso por que a ideia de Oliver com outra  fez sair dessa casa de imediato. A chateou ao ponto de ficar fora por mais dois dias. E voltar apenas por que tinha que continuar sendo Megan.

— Não. – Neguei. – É como Helena disse, eu fiquei chateada por que eu estava estressada, sentia-me muito pressionada como Megan e confundi algumas coisas. Eu mal o conheço.

— Helena? – Thea perguntou em dúvida.

— Minha melhor amiga. – Expliquei. – Megan não sabe que contei tudo a ela.

— Eu não sei quem é Helena, eu vejo que você a admira e confia no que diz. – Thea começou. – Mas com todo o respeito, Helena não está aqui, não está dividindo a cama com meu irmão, não está criando seus filhos. Ela pode te conhecer muito bem Felicity, mas soa mais que Helena quer te proteger, dizendo o que você não deve sentir, ela está lhe dizendo para não se envolver e acabar se machucando. Meu ponto é, você já está envolvida, e Ollie já te machucou. Eu entendo que você tem que passar por Megan, e assumir certos aspectos da vida dela, mas eu lhe peço que com Oliver, seja Megan, mas não deixe de ser Felicity. Por que eu realmente sinto que vocês precisam um do outro, para serem vocês mesmos.

A encarei incerta de como reagir ao seu pedido, minha mente registrando a seriedade com que uma garota de apenas 22 anos estava lidando com meus problemas, com “meu casamento”, mas que não conseguia dar um fim no próprio. Um casamento que só podia ser descrito como tóxico. Algo em comum com o que Megan e Oliver tinham.

— Thea. – A chamei. - Posso lhe perguntar algo?- Perguntei hesitante.

— Claro. – Respondeu sem hesitar.

— Por que você continua com Alex? – Perguntei sincera. – Ele não te merece.

— Por que Alex não está sendo ele mesmo. – Respondeu. – Eu me apaixonei por alguém completamente diferente, e parte de mim não consegue parar de se perguntar se ele ainda está ali.

— Ele era um apenas um garoto, Thea. – Murmurei não podendo deixar de me sensibilizar com sua situação. – Assim como você.  Vocês ainda são muito jovens, vocês se casaram muito cedo. – A garota tinha apenas 18 anos quando se casou, Alex era apenas dois anos mais velho que Thea. Para mim soava como um absurdo.  Com 18 anos começamos namoros e terminamos por besteira, apenas para voltar atrás novamente. Thea Queen se casou com seu primeiro namorado, ficou grávida e perdeu o bebê tudo em um período muito curto. Ela teve que amadurecer rapidamente, enquanto Alex só pode mostrar seu real caráter após já está casado, após a primeira e grande dificuldade. Ela inclinou a cabeça me analisando.

— Ele foi o melhor namorado que uma garota poderia ter. – Falou parecendo sentir saudades daquele tempo. – Ele tinha que ser o pior marido, não é mesmo?

— Thea...

— Eu não fui muito melhor. – Confessou. – Eu não perdi um feto, Felicity. Eu já estava com seis meses quando aconteceu. Eu não soube lidar com o que aconteceu, Alex tentou me dar conforto. Ele realmente tentou. Eu chorei por semanas, e costumava ficar trancada em meu quarto em silêncio. Ele tentava conversar comigo, tentava estar comigo. Tentou me levar a uma terapeuta. Eu joguei coisas sobre ele. Eu o mandei para o inferno, eu disse certa vez, que me arrependia de ter casado com ele. Ele não disse nada, ele não me respondeu. Ele apenas sentou-se ao meu lado. E pela primeira vez Alex compartilhou de meu silêncio. Eu não percebi naquele momento que o silêncio seria o que dominaria nossa relação a partir de então. Ollie tentou me ajudar, mas ele também estava ocupado demais com as crianças.  Era viúvo e não conseguia me dar o suporte que eu sei, ele queria me dar.

— Eu sinto muito. – Murmurei estendendo minha mão até a sua e a segurando. Thea apertou de volta, parecendo precisar de um momento até continuar.

— A primeira vez que eu notei estar sendo traída? Um maldito clichê. – Meneou a cabeça. – Eu notei o perfume diferente, eu notei que ele já não me encarava nos olhos. Mas eu não precisei sair de casa por que eu não conseguia ficar no mesmo ambiente que ele. Eu não precisei de um tempo para mim, você sabe por quê? Eu senti alívio. – Confessou. - Eu não precisava ser sua esposa mais, eu não precisava tentar salvar um casamento. Eu poderia apenas continuar com minha dor. – Continuou. – E ao fazer isso eu ignorei completamente a sua dor. Então Megan chegou e eu que já não a suportava quando amiga de Samantha, suportava menos agora que estava prestes a se casar com Ollie. Eu precisei sair do meu casulo, por que na segunda vez em que eu notei o estranho perfume em meu marido, não foi o de uma desconhecida. Mas o da minha cunhada.  E nesse momento, agora era Alex que não se importava mais com nosso casamento.

— Megan não me contou nada disso. – Confessei. – Ela disse apenas que Alex é um parasita, que lhe traia com qualquer garota, e que não queria ter filhos, nunca mais. Desde que eu cheguei ele só tem tentado me encurralar e pareceu muito zangado com o fim do caso entre ele e Megan, um verdadeiro idiota. Eu apenas...

— Pegou o que estava na superfície. – Sorriu. – Está bem, a forma que eu ajo também faz com que ele pareça apenas mais um idiota. Por que honestamente? É no que ele se transformou. Ele não era assim Felicity, eu me tornei amarga. Eu mudei. Ele mudou. Eu só me pergunto se não podemos mudar um ao outro ainda. Você sabe, ele teve muita paciência comigo, até que não tinha mais como ter, eu sinto que devo isso também. Eu ainda não estou pronta para desistir.

— Vocês Queen, parecem ser todos teimosos desse jeito. – Sorri.

— Nós somos. – Assentiu para então se erguer. – E ao que parece você também. Diga-me Felicity, isso não faz de você uma Queen? – Pisquei incerta de como responder a sua brincadeira. Felizmente ela me poupou de ter que lhe dar uma resposta. - Eu preciso ir, fiquei de pegar as crianças hoje.

— Eu posso ir. – Falei me erguendo. Ela negou me parando.

— Melhor descansar esse braço. Eu prometo que ninguém conseguirá impedir Lexie de vir correndo quando chegarmos. – Sorriu. – Até lá aproveite esse pouco tempo de sossego.

— Obrigada. – Murmurei voltando a me sentar, ainda aturdida com sua pequena brincadeira. Por que Thea parecia tão animada em ter uma completa estranha no meio de sua família? Megan devia ser bem pior do que eu imaginava, para eu ser considerada uma boa escolha. Meneei a cabeça enquanto passada a surpresa, eu me divertia com o que disse. Como se fosse possível, uma ex-camareira virar uma Queen.

Tirei a horrenda tipoia e descansei o braço sobre uma almofada, não foi necessário o uso de gesso, mas o médico pediu que eu usasse uma tala, fechei meus olhos me prometendo apenas um rápido cochilo. Quando os tornei a abri, os mais doces olhos me encaravam, sorri ao notar a proximidade de William.

— Hey tigre. – Ele sorriu diante meu cumprimento.

— Papai disse que você estava machucada. – Seu olhar desviou até meu braço. – Que precisamos ter cuidado.

— Seu pai? – Franzi o cenho um pouco perdida ainda na névoa de sono. Thea havia ido buscar as crianças, disso eu me lembrava. William assentiu, seu olhar indo até a porta no momento em que Oliver surgiu segurando a mão de Lexie.

— Você dormiu um pouco mais do que esperava. – Oliver murmurou se aproximando. Observei Lexie o acompanha-lo hesitante, seu pequeno corpo parecia agitado, suas mãos se mexendo sem que ela pudesse se conter. Notei que estava se segurando. Oliver havia alertado as crianças e agora elas se continham.

— Eu espero que você não esteja segurando meu abraço, abelhinha. – Murmurei e um enorme sorriso veio como resposta, mas ainda assim ela encarou seu pai, precisando de aprovação. Ele assentiu a erguendo sobre a cama e com mais cuidado do que qualquer um teria a senti me abraçar carinhosamente, encarei Will que apenas nos observava e segurei sua mão.

— Eu senti sua falta. – Eu esperava uma frase assim vindo de Lexie, mas para minha surpresa havia sido William que havia dito, Lexie se afastou encarando o irmão, a pequena também se surpreendendo, Oliver sentou-se na cama, minha atenção indo rapidamente até ele quando puxou Lexie até seu colo. Para então voltar a encarar William com um sorriso.

— Eu senti sua falta também. – Respondi me sentando.

— Tia Thea disse que você precisou ajudar uma amiga. – William falou. – Que precisou ficar lá com ela.

— Eu precisei. – Falei sabendo que essa havia sido a desculpa de Thea havia dado a eles.

— Mamãe, como você se machucou? – Lexie indagou fascinada com meu braço.

— Essa é a razão pela qual eu digo para você não subir as escadas correndo. – Murmurei a encarando.

— Você estava correndo?

— Não. – Neguei. – Eu estava distraída.

— Então eu posso subir correndo? – Franziu o cenho.

— Não. – Repeti divertida.

— E se eu correr com muita atenção? – Indagou.

— Mesmo assim. – Sorri.

— Mas...

— Continua sendo não. – A cortei. Ela se calou me observando por um longo tempo, um bico se formando. Deixei meu olhar cair em Oliver que nos observa atento, seu cenho franzido. Ao notar que eu o encarava, seu olhar se prendeu ao meu, havia tanta preocupação naqueles olhos.

— Desculpe. – Murmurou finalmente. Assenti em resposta, sabendo que por hora seria o suficiente. Minha atenção permanecendo seu rosto até que a voz de Lexie tornou a chamar nossa atenção.

— Mamãe.

— Sim, querida? – Perguntei puxando William para um meio abraço, eu havia notado que Will era mais na dele, era reservado e não iniciava contato, mas eu também havia notado que ele se isolava quando Lexie estava presente, quase como se sentisse deixado de lado.

— Eu sei que sua amiga precisava de você. – Falou segurando as mãos do pai, tal como costumava fazer com as minhas quando estava no meu colo. – Mas nós precisamos mais.

— Mesmo? – Indaguei emocionada. Ela assentiu fortemente.

— Por favor, não vá embora. – Pediu com um fio de voz. Suspirei sabendo que não poderia fazer semelhante promessa a criança. Oliver acariciou seu cabelo a acalmando.

— Ela não vai. – O encarei surpresa, seus olhos estavam em mim quando o disse, e não em Lexie quando acrescentou. – Eu prometo.

Inclinei minha cabeça o observando. Ele não deveria, não podia ter feito tal promessa. Eu não falava apenas por mim, mas por Megan. Mesmo considerando que tudo daria certo, que eu passaria meus seis meses como Megan Queen. A verdadeira Megan retornaria, e Thea não deixaria isso ficar por menos, as crianças ficariam arrasadas quando sua mãe não voltasse mais para casa, eu sabia que ele estava errado em dizer com toda aquela certeza que eu não iria mais embora. Mas ainda assim me vi repetindo suas palavras, talvez não apenas tranquilizar essas crianças, mas talvez movida pela esperança de que fosse verdade. De que tudo daria certo.

— Eu não vou. – Oliver respirou fundo ao me escutar enunciar as palavras. – Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e tenha valido a espera. Fico no aguardo do feedback.
Xoxo, LelahBallu.



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