Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 6
Capítulo VI - Matteo


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pelo atraso do capitulo. Tive que colocar meu trabalho nas regras da ABNT e sofri muito para isso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635768/chapter/6

Angelina segurava minha mão como se quisesse arranca-la do meu corpo. Ela se encolhia ao meu lado à medida que sua amiga nos analisava e observava nossas mãos entrelaçadas. A garota na minha frente devia ser do mesmo tamanho de Angelina, com cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Ela soltou um riso que me pareceu debochado e abriu ainda mais a porta, me dando a chance de ver o resto do apartamento.

Não parecia ser muito grande, a sala tinha um sofá e duas poltronas voltadas para uma televisão pendurada na parede. Do outro lado tinha uma pequena mesa com quatro cadeiras. Eu só conseguia enxergar metade da cozinha e um corredor que se dividia em dois.

— Olá Aurora — Angelina disse enquanto dava um passo a frente ainda com nossas mão unidas — Vim pegar as minhas coisas.

— Já estava na hora — Aurora disse enquanto dava espaço para Angelina entrar — Estava falando com Thomas que se você não aparecesse hoje iriamos deixar suas coisas na rua.

Eu conhecia a garota há um minuto e já não simpatizava com ela. Angelina entrou e andou até o final do corredor onde virou para esquerda e saiu do meu campo de visão, Aurora me olhou novamente e vi o homem atrás dela se aproximar.

— É amigo da Angelina? — Aurora murmurou enquanto corria os olhos desde os meus pés até o último fio do meu cabelo — Nunca te vi antes.

— Sempre fomos discretos com a nossa relação — Eu iria me divertir um pouco enquanto Angelina não voltava, de qualquer jeito, esses dois mereciam sofrer — Gostamos de manter em segredo, por causa da minha profissão.

— Sua profissão? — disse surpresa enquanto encarava o homem atrás de si — Você o conhece Thomas?

Então esse era o famoso Thomas? O idiota que tinha traído Angelina? Tive que me segurar para não deixar escapar o riso que estava entalado na minha garganta. O cara era um almofadinha de primeira, e isso foi comprovado pelo fato de que mesmo usando apenas uma calça, ele tinha o cabelo penteado de um jeito perfeito.

— Não me lembro de vê-lo antes — Thomas disse enquanto se apoiava no batente da porta — Se conhecem há muito tempo?

— Desde que ela chegou aqui em Florença — eu disse como se estivesse pensando em algo, eu estava criativo para inventar histórias hoje — Fiquei muito feliz ao saber que terminaram.

Eles iam dizer alguma coisa quando escutei um barulho de dentro do apartamento, sem pensar duas vezes, corri para dentro em direção ao cômodo aonde eu tinha ouvido o som de algo caindo. Quando eu cheguei à porta do quarto vi Angelina no chão com uma grande mala no colo. Minha expressão deve ter deixado claro minha confusão, porque antes mesmo de eu perguntar ela já estava me explicando.

— A mala caiu quando eu a puxei de cima do armário — disse com um pequeno sorriso no rosto — Desculpe se o deixei preocupado.

— Sem problemas — falei enquanto observava o quarto onde eu estava. A cama pequena com cobertores brancos, um pequeno armário que deveria ser do meu tamanho e uma mesa e cadeira com vários livros empilhados — Quer ajuda?

— Seria maravilhoso ter uma pequena ajuda — falou enquanto indicava as malas que ainda estavam fora do seu alcance.

Me estiquei para descer as outras duas malas e as coloquei em sua frente. Ela começou a puxar as roupas de dentro do guarda-roupa e em seguida as jogava dentro da mala maior. Quando acabou, ela começou a esvaziar as gavetas. Quando chegou à última parou e me olhou, puxou uma mochila de algum canto e a colocou em minhas mãos.

— Você pode colocar aqueles livros aqui dentro? — disse apontando para a pequena escrivaninha junto à parede — Per favore.

Apenas assenti e me virei de costas para colocar os grandes livros dentro da mochila. Eu estava na metade quando ouvi Angelina soltar um suspiro aliviado atrás de mim, parei o que estava fazendo e espiei a causa de tamanho alivio. Angelina estava despejando o conteúdo da última gaveta para a mala em uma velocidade impressionante. Foi quando uma peça branca escapou de suas mãos e foi parar a poucos centímetros de onde eu estava que percebi o motivo de seu desespero. Ela não queria que visse suas roupas íntimas.

— Combina com você — falei enquanto me abaixava para pegar o sutiã que estava na minha frente e o levantava em sua direção — Branco é a cor dos anjos, não é?

Angelina podia ser facilmente confundida com um tomate neste momento. Ela estava extremamente vermelha e parecia não achar palavras para falar comigo. Ela arrancou da minha mão a peça branca e enfiou na mala com uma violência desnecessária. Eu ri diante de sua reação inocente.

— Você já pode ir — falou enquanto acabava de enfiar todas suas roupas na grande mala e se preparava para pegar os sapatos que estavam em baixo da cama.

— Tem certeza? — perguntei enquanto me aproximava mais — Não precisa mais da minha ajuda?

— Você já fez o suficiente — disse em um tom irritado enquanto me empurrava em direção à porta.

Sai do quarto em direção à sala rindo do seu constrangimento, se ela soubesse o quanto fica fofa quando está com as bochechas vermelhas. Parei no meio do corredor quando Aurora apareceu na minha frente impedindo a passagem. Parecia que ela estava determinada a arrancar de mim todas as informações possíveis sobre meu relacionamento com Angelina. Um relacionamento de quase 24 horas.

— Com licença — falei tentando passar, mas a garota na minha frente parecia empenhada a bloquear o meu caminho — Você poderia sair da minha frente?

— Por que Angelina nunca falou de você? — Provavelmente porque ela ainda não me conhecia, mas eu apenas dei de ombros como se o assunto não me importasse.

— Por que você não pergunta a ela? — indaguei em um tom nervoso.

Aproveitei o breve momento de distração dela e fui em direção à sala. Me sentei em uma das poltronas e parei para pensar na minha atual situação. Ajudar Angelina não era um problema, afinal ajudar pessoas fazia parte do meu dia-a-dia. Mas em algum momento, eu tinha ultrapassado o limite, eu acredito que foi no instante em que comprei aquela blusa e me preocupei em ajuda-la a se limpar que a barreira tinha sido quebrada.

Eu estava me apegando a Angelina e isso não era bom. Mas eu também não podia virar as costas para uma garota que não tinha para onde ir e dependia da minha ajuda até para pegar uma mala. Eu não era frio o suficiente para largar Angelina a sua própria sorte, mas eu acreditava que se eu passasse mais tempo perto dela, eu iria ter sérios problemas.

Eu ainda me lembrava da sensação de desespero quando ela estava trocando de roupa dentro do meu carro. Eu nunca tinha ficado tão tentado na minha vida, se ela tivesse demorado alguns segundos mais, eu provavelmente teria aberto a porta só para vê-la. E isso não era uma coisa que eu me orgulhava.

— Matteo — Senti uma mão no meu ombro e ergui os olhos para ver Angelina ao meu lado — Pode me ajudar a descer as malas?

— Claro — falei enquanto me levantava e a seguia em direção do corredor, onde três malas e uma mochila estavam no chão.

Angelina colocou a mochila nas costas, pegou a mala menor e foi em direção às escadas. Peguei as malas maiores e a segui, quando eu ia descer as a mão de Angelina no meu braço novamente e me virei para encara-la.

— Posso te perguntar uma coisa? — falou timidamente enquanto me olhava. Tecnicamente ela já estava me perguntando, mas apenas assenti esperando ela continuar — Você tem algum problema com animais no seu carro?

— Animais? — Por que ela queria saber disso agora? Ela tinha algum bicho de estimação? Olhei para ela que ainda esperava uma resposta — Eu tenho um gato então sem problemas.

Angelina abriu um sorriso e saiu correndo para dentro do apartamento. Encostei-me à parede e aguardei ela voltar. Ela provavelmente tinha algum animal de estimação e ficou com receio de eu não aprovar o bicho no meu carro. Eu só esperava que fosse um gato, porque não acho que Lego gostaria de um amigo canino.

— Podemos ir agora — Ouvi Angelina dizer enquanto passava apressadamente na minha frente e praticamente descia os degraus correndo.

Olhei para trás me perguntando o motivo de sua recente agitação. Eu tinha uma leve impressão que o motivo de sua inquietação tinha vindo de dentro do apartamento. Me dei a liberdade de voltar e ver o que tinha acontecido. Não fiquei surpreso ao entrar no apartamento e ver Aurora e Thomas se beijando.

Pelas coisas que Angelina tinha me dito, era do feitio de Aurora fazer esse tipo de coisa, mas eu acreditava que Thomas seria homem o suficiente para assumir seus erros e se manter distante de Aurora pelo tempo que Angelina estava presente. Além de não ser capaz de pedir desculpas ou se mostrar arrependido, ele tinha ferido ainda mais os sentimentos da pobre garota.

Eles estavam me encarando, eu estava plantado na entrada no apartamento, os observando atentamente. Angelina tinha confiado plenamente nos dois e eles tinham a traído e a dispensado como se ela não valesse nada. Eu estava com raiva, muita raiva. Eu nem percebi quando comecei a andar, meus passos me levando para mais perto do motivo de minha frustração. Eu queria tanto bater nos dois, mas sabia que se eu fizesse isso só arrumaria mais problemas.

Contentei-me em apenas me aproximar ainda mais de Thomas, reunir toda a minha força e dar um soco no lado direito de seu rosto. Angelina que batesse em Aurora quando criasse coragem. Thomas cambaleou para o lado e me olhou surpreso. Aurora começou a gritar comigo dizendo que ia chamar a policia, seria divertido se ela fizesse isso. Me aproximei ainda mais dos dois, queria que eles ouvissem cada palavra do que eu ia dizer.

— Eu vou dizer uma única vez — falei quando me coloquei frente a frente com eles — Deixem Angelina em paz.

Sai rapidamente do local. Apesar do que eu disse, teria sérios problemas se eles realmente chamassem a policia. Eu não podia abusar da minha posição, infelizmente. Peguei as malas que eu tinha deixado no corredor e desci as escadas atrás de Angelina. Ela não estava no térreo quando eu cheguei, presumi que já tivesse saído do prédio. A passos largos sai pelo portão e me dirigi até onde o carro estava estacionado.

Coloquei as malas ao lado do carro e percorri o local com os olhos a procura de Angelina. Foi quando um latido chamou a minha atenção e eu me virei, curioso sobre de onde o som tinha vindo. Angelina estava sentada na calçada com uma pequena bola de pelos no colo. Um cachorro, aparentemente Lego teria que aprender a viver com um companheiro canino.

— Estava te procurando — falei andando em sua direção e pegando o resto das malas para guardar no carro.

— Você me achou — disse enquanto continuava a fazer carinho no pequeno animal em seu colo.

Estranhei sua atitude, mas continuei o que estava fazendo. Chamei Angelina para entrar no carro para irmos, mas ela continuava sentada sem se mover. Caminhei até ela e gentilmente puxei seu braço para leva-la ao carro. Coloquei-a delicadamente no assento e dei a volta para entrar e dar a partida.

— Para onde estamos indo? — Angelina pareceu ter saído do seu transe momentâneo e me encarava com som seus olhos verdes.

— Estamos indo para minha casa — falei enquanto pegava a avenida principal — Você vai dormir lá essa noite.

— Estou tão cansada que não vou brigar com você — falou jogando a cabeça para trás — Não tem problema Cookie vir também?

— Quem é Cookie? — indaguei virando minha cabeça para encara-la. Angelina fez um sinal discreto para a bola de pelos que descansava em seu colo — Ele pode vir também.

— Acho que você é o único que se importa comigo nessa cidade — Observei atentamente o seu semblante, ela estava magoada e eu não podia culpa-la por isso.

— Isso não é verdade — Ela se virou para mim e levantou as sobrancelhas me instigando a continuar — Alex gostou de você também.

Angelina soltou uma sonora gargalhada e eu a acompanhei em seu momento. Ficamos em silêncio pelo resto da viagem e na subida para o meu apartamento. Quando finalmente chegamos, larguei as malas em um canto da sala e fui em direção ao quarto, abri o armário e peguei uma toalha. Voltei para sala e vi Angelina falando ao celular. Apoiei-me na parede e permaneci em silêncio para que ela não percebesse a minha presença.

— Eu já falei que estou bem mãe — disse enquanto andava de um lado para o outro na sala — O celular acabou a bateria e eu perdi o carregador. Comprei um novo hoje.

Ela não queria contar sobre o episódio com o Bacci. E parecia se enrolar cada vez mais nas mentiras que estava criando, ela claramente nunca tinha mentido para os pais.

— Eu prometo não fazer isso de novo — falou enquanto passava a mão pelo cabelo, ela estava começando a ficar nervosa.

— Precisa de ajuda aí? — perguntei em um tom divertido enquanto estendia a mão em direção ao telefone.

— Cale a boca — falou e depois arregalou os olhos — Eu não estava falando com a senhora.

Eu ri ainda mais da sua confusão. Ela fez um sinal para que eu saísse dali, mas eu apenas balancei a cabeção em sinal de negação. Aquilo estava divertido demais.

— Estava falando com o meu colega de quarto — Segurei ainda mais o meu riso, ela estava cavando a própria cova — Eu disse meu? Quis dizer minha. Minha colega de quarto.

Ela disse mais algumas palavras antes de desligar o celular e soltar um suspiro que me pareceu aliviado. Queria saber o que ela faria caso os seus pais viessem visita-la em Florença.

— Coloquei o celular para carregar naquela tomada — Apontou para o emaranhado de fios que estava conectado ao celular — Espero que não se importe.

Fiz que não com a cabeça e entreguei a toalha que estava em minhas mãos para ela. Indiquei para ela onde ficava o banheiro e observei ela pegar uma das malas e ir em direção ao meu quarto para tomar banho. Me surpreendi ao constatar que eu gostava muito de ter a imagem de Angelina perambulando pelo meu apartamento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Provavelmente o próximo sai na segunda. Muito obrigada a todos que comentaram, eu fico muito feliz quando vocês dizem que estão gostando. Beijos e até o próximo.