Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 7
Capítulo VII - Angelina


Notas iniciais do capítulo

É a segunda vez que eu tento, espero que agora vá. Espero que gostem desse capítulo e boa leitura.

Leiam as notas finais.



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Iria fazer dois meses que eu estava morando com Matteo. O plano inicial era eu ficar apenas por uns dias até eu achar um lugar para morar, mas de algum modo, sempre que o dia acabava, Matteo aparecia pedindo para eu ficar por mais algum tempo e eu apenas concordava.

Nós dois sabíamos que eu não ganhava o suficiente nos meus vários empregos para me sustentar sozinha, isso foi o principal debate quando decidimos minha estadia no apartamento. Matteo não me deixava pagar nada, então fizemos um acordo no qual ele pagava as despesas e eu fazia os serviços da casa.

E era nesse impasse que estávamos no momento. Matteo tinha chegado de madruga, se jogado no sofá e se recusa a levantar. Eu estava tentando passar o aspirador pela sala, mas ele estava atrapalhando o caminho. Nós raramente nos víamos no apartamento, nós dois saímos cedo e Matteo chegava sempre muito tarde, de forma que eu sempre estava dormindo quando ele aparecia em casa.

Na minha quinta tentativa eu desisti e apenas o deixei lá. Enquanto recolhia as coisas da sala, observei Cookie e Lego dividindo uma poltrona. Bartolini ficou preocupado de um gato e um cão estarem vivendo juntos, mas no terceiro dia nossas preocupações se mostraram infundadas quando vimos os dois deitados no tapete, um por cima do outro.

Mas se o gato se dava bem com Cookie, eu infelizmente não poderia dizer a mesma coisa. Lego se mostrava insensível aos meus carinhos e minhas tentativas de aproximação se mostrando sempre arisco. Já meu pequeno cachorro tinha se mostrado muito atencioso para com Matteo, largando facilmente a minha companhia para seguir Bartolini pela casa.

Traditore — falei em direção ao meu pequeno filhote, juntando as almofadas pelo chão.

— Espero que esteja falando com o cachorro — Matteo disse enquanto se levantava do sofá e se espreguiçava — E não com o meu gato.

— São dois traidores — disse em sua direção enquanto arrumava o aspirador para poder guarda-lo — Resolveu levantar?

— Queria que você desistisse da faxina — falou apontando para os utensílios que eu estava guardando — Hoje está um dia muito bonito para ficar em casa.

— Pode sair se quiser — falei enquanto acabava de recolher as coisas e me dirigia ao banheiro — Mas eu ainda não acabei aqui.

Matteo soltou um palavrão e eu fingi não ouvir enquanto andava calmamente até o banheiro me preparando para limpa-lo. Era nessa hora que eu me arrependia profundamente de ter convencido Matteo a despedir a empregada, mas meu orgulho era muito maior que meu arrependimento para pedir que ele a chamasse de volta.

— Angelina, por favor — ele disse enquanto se apoiava no batente da porta e tirava o balde cheio de produtos da minha mão — Hoje é domingo.

— Exatamente — falei enquanto pegava de volta o balde — Domingo é o único dia disponível para eu fazer a limpeza.

— Não se você saísse de um dos seus trabalhos — disse enquanto me encarava.

Já tínhamos discutido esse assunto na minha segunda semana aqui. Matteo insistia em dizer que não era necessário eu trabalhar em tantos lugares, mas eu simplesmente negava em me despedir. Seria um abuso da boa vontade dele se eu resolvesse sair dos meus empregos, mesmo contra a sua vontade eu contribuía com a renda da casa.

— Isso não está em discussão — disse enquanto me virava e colocava as luvas para começar a limpeza.

— Se você deixar a limpeza de lado hoje — Matteo começou a dizer e eu prestei atenção em suas palavras — Eu arrumo um jeito de te devolverem o carro.

Parei imediatamente o que eu estava fazendo. Meu carro estava apreendido desde o dia fatídico com o Bacci e a multa era muito alta, de fato que mesmo depois de dois meses eu ainda não tinha conseguido nem a metade da quantia.

— Estou ouvindo — falei enquanto desamarrava o avental que eu estava usando.

— Você vai se dar uma folga hoje — disse enquanto um leve sorriso ameaçava sair dos seu lábios — Sem preocupações com nada, se quiser nem precisa sair de casa.

Fiquei em silêncio por alguns segundos enquanto ponderava as minhas opções. Meu carro de volta em troca de um dia sem fazer nada? Eu podia fazer isso, não seria tão difícil. E eu necessitava do meu carro, a ideia de Matteo continuar a me dar carona pelos lugares me dava nos nervos.

— Com uma condição — Ele desfez seu sorriso e me olhou sério — Eu vou chamar uma diarista para limpar a casa amanhã e eu irei pagar por ela.

Fiz questão de frisar a palavra “eu” para que Matteo entendesse que aquilo não estava em discussão, ou ele aceitava ou eu voltava para esfregar o chão do banheiro. Ele pareceu refletir por alguns segundos antes de assentir e me lançar um olhar de desagrado. Ele não parecia ter ficado feliz com a minha proposta.

— Eu vou tomar banho agora — anunciou enquanto pegava a toalha que estava atrás de mim e a pendurava no ombro — Quando eu voltar quero que todas essas coisas de limpeza tenham desaparecido.

E saiu em direção ao banheiro do seu quarto. Me apressei a recolher todos os materiais de limpeza que estavam espalhados pela casa e deixa-los na área de serviço. Só faltava arrumar a bagunça do banheiro que fica na quarto de Matteo.

O banheiro gerou uma grande crise nos primeiros dias. O apartamento tinha dois quartos, sendo um deles uma suíte, a cozinha com a área de serviço, a sala e um banheiro normal que ficava no meio do corredor. A catástrofe veio no meu terceiro dia quando o chuveiro do banheiro central tinha queimado, restando apenas o da suíte para uso. Bartolini dizia que iria consertar quando tivesse folga, mas nesses dias ele geralmente dormia em vez de fazer alguma coisa.

Tivemos acidentes horríveis quando começamos a compartilhar o banheiro. Matteo não estava acostumado a morar junto com alguém, então no começo ele se esquecia de coisas importantes como não andar pelo apartamento só de cueca. Isso quando não invadíamos o banheiro quando o outro estava no chuveiro e por isso, e outras razões, Matteo tinha comprado uma trinca especial para a porta. E com a regra de que sempre que formos utilizar o a suíte avisar o um ao outro. Até agora estava dando certo.

Escutei meu celular tocar em algum canto e sai à procura dele. O achei em cima da bancada da cozinha com visor piscando e a palavra “Mamãe” aparecendo na tela. Estava cada vez mais difícil enganar minha família em relação a minha moradia, meus pais estavam fazendo planos de virem me visitar e eu sempre tentava mudar de assunto. Eu precisava me mudar imediatamente, mas isso só seria possível quando as férias chegassem e eu pudesse arrumar mais um emprego, me permitindo ter o dinheiro suficiente para alugar um pequeno apartamento.

— Oi mãe — falei assim que deslizei a tela para poder atender — Como à senhora está?

— Estou bem, todos nós estamos — disse. Depois do meu pequeno sumiço, minha mãe insistia em ligar pelo menos uma vez por dia — Estamos com saudade.

— Também sinto saudades de todos vocês — informei enquanto abria o armário procurando algo para comer que não precisasse de preparo — Novidades?

— Seu irmão se meteu em encrenca novamente — anunciou com um tom de voz normal. A família tinha parado de se preocupar com Angelo quando perceberam que ele não tinha mais jeito.

Minha mãe tinha tido dificuldades na gravidez então ela prometeu que se seus filhos nascessem saudáveis ia dar nomes angelicais para eles. Na escola éramos chamados de Irmãos Anjo, mas o titulo desapareceu rapidamente quando notaram que Angelo era de tudo menos um anjo.

— O que ele fez dessa vez? — perguntei enquanto pegava um pacote de bolinhos de cenoura e me dirigia à sala para poder comer.

— Saiu com a irmã mais nova de Giuseppe Fabbro outra vez — disse quando eu me sentei no sofá, esperei minha mãe continuar, ela sempre reclamava da vida de libertino que meu tinha — A garota só tem 19 anos, o que seu irmão tem na cabeça? Ele é um homem de 28 anos, já deveria estar formando uma família.

— Quem sabe ele não esteja pensando em formar uma família com Loretta Fabbro? — provoquei e ouvi-a murmurar umas centenas de palavras impróprias — Mamãe, se ele escolher ela não terá nada que possamos fazer.

— Eu não quero mais falar sobre seu irmão — ordenou e eu tive que fazer força para segurar uma risada — Vamos falar de você. Como está a faculdade?

— Ótima. Minhas notas estão boas — falei torcendo para ela não levar o assunto mais a fundo — Os professores são legais e meus colegas de classe também.

Quase todos os colegas, minha mente fez questão de me alertar. Desde o dia em que fui buscar as minhas coisas no apartamento, Aurora e Thomas não dirigiam palavras e nem olhares a mim. Eu não me preocupava com isso, a indiferença deles comigo não poderia ter vindo em melhor hora, visto que eu ainda não tinha superado minha paixão por Thomas. Eu não conseguia apagar da minha mente nossos seis meses de relacionamento, mas em comparação ao primeiro dia eu estava consideravelmente melhor.

— Isso é bom, querida — disse e logo depois a ouvi suspirar e acrescentar rapidamente em um sussurro — Algum possível candidato a ser meu futuro genro?

— Ninguém — exclamei com firmeza para que ela acreditasse. Eu não queria um relacionamento tão cedo depois do fiasco que foi o anterior.

— Eu entendo, mas com certeza deve haver alguém que... — Não consegui prestar atenção nas palavras da minha mãe porque Matteo havia entrado no meu campo de visão.

Ele usava apenas uma calça e secava o cabelo com uma toalha que tinha em uma das mãos. Era normal ver Bartolini andando pela casa sem camisa, mas eu ainda não havia me acostumado. Eu um momento eu estava concentrada nos meus exercícios de epidemiologia e no outro Matteo aparecia, minha boca ficava seca e uma inquietação tomava conta de mim.

— Mãe eu tenho que desligar agora — falei sem me despedir ou dar tempo para ela dizer algo, eu desliguei rapidamente.

Matteo tinha desenvolvido um estranho método de diversão. Ele dizia que era hilário me ver mentindo para os meus pais, porque segundo ele, eu estava me enrolando cada vez mais na minha rede de mentiras, e eu não tirava sua razão.

— Era sua mãe? — indagou se sentando ao meu lado e esticando o braço para pegar o pacote de bolinhos que estava fechado em cima do meu colo — Quando ela ligar de novo, fala que eu mandei um beijo.

— Cala a boca — pedi enquanto puxava um bolinho do pacote aberto e começava a comê-lo.

— Já pensou no que vamos fazer hoje? — perguntou puxando também um bolinho do pacote.

— Nós? — falei de boca cheia enquanto me virava e o encarava de olhos arregalados — A sua companhia não estava no trato.

— Contratar uma diarista também não — murmurou enquanto me encarava e levantava as sobrancelhas com ar de desafio — Nós somos amigos não é?

Somos? Honestamente, eu encarava Matteo como um benfeitor muito ativo na minha vida. O fato de eu ter compartilhado com ele a história de Thomas e Aurora era nada mais que uma necessidade que foi gerada pelo momento. Mas pelo visto, não era assim que ele encarava a nossa situação e vendo o brilho de seus olhos enquanto conversávamos, eu não tinha coragem de negar o que ele disse, de forma que eu fiz um gesto afirmativo para sua pergunta.

— Então não tem problemas fazermos alguma coisa juntos — acrescentou sorrindo na minha direção — Podemos chamar o Alex também.

Tive que conter uma careta de descontentamento. O tenente aparecia constantemente no apartamento, no meio das refeições, no meio dos programas de televisão, no meio dos meus estudos. Quando não era o momento ideal para ele surgir, lá estava ele. Decidi que desta vez não gostaria de ter Rosset como se fosse uma sombra.

— Para que incomodá-lo com uma coisa tão trivial — comentei com o tom descontraído, mas por dentro eu estava muito nervosa.

— Se você não faz questão — sentenciou e no instante seguinte, já tinha levantado e estava me puxando pelo braço — Vá se arrumar para irmos.

— Irmos para onde? — indaguei com tom de confusão.

— Não me decidi ainda — confessou enquanto recolhia o papel dos bolinhos que deixamos jogados no sofá — Mas prometo que será divertido.

No momento seguinte, ele já tinha indo em direção ao quarto e me apressava para que eu fosse mais rápida. Na minha pressa em me arrumar, só fui perceber um dado importante quando já estamos dentro do carro nos preparando para sair da garagem. Matteo tinha me convidado para sair, quando um homem e uma mulher saem juntos chama-se de encontro. Paralisei no momento em que eu percebi que Bartolini e eu estávamos em um encontro. Me arrependi profundamente em não ter chamado Rosset para ir conosco, porque infelizmente eu não tinha controle quando se tratava de Matteo.


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Notas finais do capítulo

O próximo sai na segunda e já está parcialmente escrito.
Falta muito pouco para a fic chegar aos 1000 views e 50 acompanhamentos, então se até o próximo capitulo tivermos alcançado a meta vou postar um capitulo bônus narrado por qualquer personagem que não seja o Matteo e a Angel.

Traditore = Traidor