Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 5
Capítulo V - Angelina


Notas iniciais do capítulo

É a segunda vez que eu tento enviar o capitulo, acho que o Nyah! não gosta de mim.

Esse capitulo foi o mais fácil de escrever até agora. Espero que gostem e boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635768/chapter/5

No momento que eu acordei naquele banco da faculdade, me senti o ser humano mais patético que existia. Não por ter dormido em um banco de madeira, mas sim por não ter tido coragem o suficiente para enfrentar Aurora e Thomas. Eu deveria ter voltado para minha casa e não me escondido como se fosse uma criminosa, não tinha sido eu a cometer a traição. Então por que eu continuava fugindo?

Porque eu era uma covarde. Eu sabia lá no fundo que nem nos meus sonhos mais profundos eu conseguiria enfrentar eles. Pelo menos, não sozinha.

Decidi me levantar para ir embora, se alguém me encontrasse era capaz de eu ser até expulsa da faculdade. Levantei rapidamente e fui até a porta, abrindo-a e verificando se tinha alguém no corredor. Estava vazio. Ótimo.

Fui andando o mais rápido possível em direção à saída, observando cada corredor para evitar encontros indesejados. Cheguei ao portão principal da faculdade e agradeci mentalmente por ele estar aberto ontem de noite e agora. Comecei a andar em direção a rua, pensando o quê eu iria fazer da minha vida.

Voltar para Cosenza estava fora de cogitação. Não iria abandonar minha faculdade e Florença para voltar ao rancho da minha família. Minha moradia era o problema, Aurora jamais me deixaria voltar para o apartamento. Se eu fosse sozinha, o mais novo casal iria me atormentar até a minha exaustão mental. Foi quando eu tive a ideia, ainda que um pouco egoísta da minha parte, que iria arrastar alguém comigo para meu antigo apartamento.

Bartolini podia fazer isso, ele poderia pedir para um de seus policiais para que me acompanhasse e me ajudasse a descer as malas pelas escadas. Eu não tinha certeza se ele iria me ajudar, mas ceder um dos seus cadetes não o afetaria certo? Ele tinha dezenas a seu dispor.

Com isso em mente, andei até a cabine telefônica mais próxima e disquei o número da policia, felizmente, os números de emergência eram de graça. Quase que imediatamente, consegui ouvir a voz da atendente perguntando se eu precisava de ajuda. Ela não fazia ideia de como.

— Olá — falei enquanto engolia em seco e tomava coragem para seguir com o plano. Realmente, era mais fácil falar do que fazer — Eu gostaria de falar com o Capitão Bartolini.

— Oh! — A moça que me atendia deixou escapar sua exclamação surpresa — O Capitão não se encontra no momento, posso ajuda-la em outra coisa?

Merda. Meu plano mal havia começado e já tinha dado errado. Pensei rápido, quem mais poderia me ajudar? Eu tinha um conhecimento limitado de pessoas capazes disso. Tentei me lembrar de quem mais eu tinha conhecido na delegacia, Bacci não era considerado como opção por motivos óbvios. A moça ainda esperava na linha quando me lembrei do Tenente que tinha quase pegado o meu depoimento. Se eu pudesse lembrar seu sobrenome, certamente as coisas facilitariam para mim. E foi como um estalo na minha cabeça que agarrei o telefone em minhas mãos e me preparei para falar:

— Gostaria de falar então com o Tenente Rosset — falei, quase atropelando as palavras. Eu estava me apegando a Deus para que ele se lembrasse de mim — Diga para ele que Angelina Moretti deseja falar com ele.

Ouvi uma confirmação do outro lado e depois a voz da atendente me mandando esperar alguns minutos. Comecei a enrolar o fio do telefone nos meus dedos, esperando pacientemente a música de fundo acabar e o Tenente me atender. Soltei um suspiro cansando, minha noite tinha sido horrível.

— Aqui fala o Tenente Rosset — Ouvi a voz do outro lado da linha e suspirei aliviada, as coisas pareciam começar a dar certo — Com quem eu estou falando?

— Olá, aqui é Angelina Moretti — falei torcendo para que ele se lembrasse — Conversamos ontem lembra?

— Sim, a garota do Bacci, não é? — Então era assim que estavam me chamando, pelo menos era melhor que prostituta — Em que posso ajuda-la?

Respirei fundo. E disse para mim mesma “É agora Angelina”.

— Sabe como posso achar o Capitão Bartolini? — falei um pouco relutante. Tinha medo ele desligasse na minha cara — Quero agradecer por ontem à noite.

Não era totalmente mentira, mas não era a minha prioridade no momento.

— Ontem à noite? — Consegui distinguir confusão em sua voz. Ele devia estar pensando que eu tinha dormido com o seu chefe e por isso tinha sido liberada.

— Ele me levou até em casa — Eu tinha batido o recordes de mentiras hoje, esperava que ninguém descobrisse depois — Houve uma confusão com o policial que me prendeu...

— Eu sei, não se preocupe — Havia um tom de divertimento em sua voz — Onde você está? Posso te levar até ele.

Agradeci a divindade que tinha me ajudado e disse meu endereço. Ele falou que em poucos minutos chegaria e que era para eu esperar. Coloquei o telefone no gancho e sai da cabine, andando até a beirada da calçada e me sentando ali. As pessoas que passavam me olhavam estranho, deviam pensar que eu era uma mendiga. Eu não estava muito longe de ser, além de estar sem casa, minhas roupas estavam amassadas e provavelmente meu cabelo e rosto não tinham uma aparência agradável.

Acho que esperei uns 15 minutos até ele chegar. Notei o carro cinza esportivo parando muito perto de onde eu estava e depois um loiro alto descendo dele e se aproximando em passos rápidos. Me levantei e bati a mão na parte de trás da calça para tirar a sujeira da calçada que pudesse ter grudado em minha roupa.

Ciao — ele disse assim que se aproximou o suficiente para eu poder ouvir sua voz, ele ainda vestia uma farda e tinha a arma presa na cintura — Esperou muito?

Fiz que não com a cabeça e ele fez um gesto em direção ao carro, abrindo a porta para eu poder entrar. Acomodei-me no banco observando Rosset dar a volta e se sentar ao meu lado, ligando o carro logo em seguida. Partimos pelas ruas de Florença em silêncio, ele guiando o carro pelo trânsito e eu olhando a paisagem que passava pela janela.

— Eu queria te contar uma coisa — Olhei para ele e o esperei continuar — Bacci está preso, Matteo deu ordem de o colocar em uma cela.

— Sério? — perguntei. Eu não acreditava que ele realmente tinha feito isso, sorri lembrando como Bartolini tinha ficado furioso quando contei a verdade. Agora eu realmente tinha que agradecê-lo.

— Sabe cozinhar? — Me virei e olhei para ele arqueando uma das sobrancelhas, pensando o quê isso tinha a ver com o assunto anterior — Sabe fazer pães, torradas e essas coisas?

— Sei fazer biscoitos — falei encarando ele que sorriu com a minha resposta — Por quê?

— O que é preciso para se fazer biscoitos? — Ele ignorou a minha pergunta e continuou falando — Farinha, ovos, tem mais alguma coisa?

Eu não estava conseguindo entender o que ele queria me fazendo falar sobre biscoitos, mas eu estava meio que agradecida por ele ter desviando minha mente para um assunto tão banal no momento.

— Precisa de sal, açúcar, chocolate — Inclinei a cabeça para o lado enquanto pensava no resto dos ingredientes — Fermento, margarina, e pronto.

Sale? Mas biscoitos são doces — ele disse enquanto elevava o seu tom de voz para um nível de confusão e diversão — Para que sal?

— É necessário — Eu nunca tinha perguntado para que servia o sal, eu só seguia a receita — Por que estamos falando de biscoitos?

— Vamos ao supermercado — E mais uma vez ele ignorou o que eu disse — Tenho certeza que para onde estamos indo, não vai ter nem o sal.

Ele tinha se apegado ao fator sal e eu só conseguia rir. Desisti de argumentar com ele e me deixei levar. Ele parou em um estacionamento do supermercado e pegou um bloco de notas e uma caneta.

— Sal, margarina, açúcar, farinha, ovos — Ele ia escrevendo rapidamente no bloco quando parou e olhou para mim — Mais alguma coisa?

— Fermento e chocolate — falei enquanto observa ele escrever o resto — Vamos fazer biscoitos?

— Não — ele disse como se fosse óbvio — Você vai fazer biscoitos, eu só vou esperar.

Abri a boca para protestar, mas ele já estava saindo do carro. Eu ia abrir a minha porta para ir com ele quando ele apareceu na minha janela e me fez abaixar o vidro.

— Eu estou indo comprar os ingredientes — falou em um tom sério — Você fica ai e me espera.

Eu ia tentar argumentar novamente, mas ele já tinha ido em direção as portas do supermercado. Bufei irritada, eu odiava depender dos outros. Eu definitivamente não gostava quando alguém fazia algo para mim sendo que eu poderia fazer sozinha, eu não me sentia confortável. Não gostava de dever favores aos outros.

E mesmo com essa mentalidade, eu estava indo obter um favor de alguém. E não era um favor pessoal, era profissional. Eu não sabia se Bartolini ficaria com problemas se me ajudasse, mas a policia era para ajudar as pessoas, certo? Então não deveria ter problemas.

Sem nada para fazer, comecei a averiguar o interior do carro. Abri o porta-luvas e mexi no que estava lá dentro, alguns CDs, um carregador de celular portátil, um jornal, nada de interessante para mim. Resolvi ver se eu conseguia ligar o rádio, comecei a mexer nos botões a procura do certo. Desisti quando apertei um botão forte demais e ele quase pulou para fora, seria melhor se eu não quebrasse o carro.

Abri o porta-luvas novamente e peguei o jornal, folheando até achar a parte onde ficavam os quadrinhos, eu ria muito com eles. Olhei para o segmento dos signos e ri novamente, Aurora era assinante de uma revista voltada só para o estudo dos signos. Ela acreditava que era verdade tudo o que estava escrito na revista, lembro-me de um dia que ela não usou roupas pretas porque atrairia espíritos ruins para ela. Será que estava escrito na revista que ela deveria roubar meu namorado?

Desviei meus olhos para o meu signo, nunca acreditei nessas coisas, eu achava ridículo o fato de que as estrelas poderiam prever o meu futuro, mas como eu estava sem fazer nada e Rosset não dava sinais de que iria voltar nesse momento, me permiti uma leitura rápida sobre o meu futuro. Passei os olhos rapidamente sobre o texto, era realmente irônico meu signo ser o mesmo que o fator decisivo que fez Thomas procurar Aurora ao invés de mim.

A seção era dividida em duas, o horóscopo mensal e o semanal. Honestamente, eu acreditava que não existia diferença entre os dois. Não me dei o trabalho de virar a página então eu só li o semanal. De todo texto, apenas uma frase chamou minha atenção “Grandes mudanças chegam para você, virginiano”. Acho que pela primeira vez o horóscopo tinha acertado em alguma coisa.

Senti a porta ao meu lado abrindo e Rosset se inclinou para apertar um botão e saiu outra vez. Olhei para trás e o vi abrindo o porta-malas e enfiando várias sacolas neles. Acho que ele comprou bem mais que sal e os ingredientes. Ele voltou e logo depois de abrir a porta, se enfiou ao meu lado, ligando o carro novamente. Logo estávamos de volta às ruas de Florença.

— Pronto — falou assim que saímos do estacionamento — Agora podemos ir.

— Ir para onde? — falei assim que entramos em um bairro só de prédios, vi Rosset tentar esconder um sorriso — E o que os biscoitos têm a ver com isso?

— Estamos indo ver o Matteo — declarou como se fosse óbvio e se virou para mim quando paramos em um sinal vermelho — Não era o que você queria?

Attesa — falei virando no meu assento e o encarando — Para onde exatamente estamos indo?

— Achei que você já soubesse — falou enquanto voltava os olhos para mim. Achou que eu já soubesse? Ele aparentemente não ouviu as minhas perguntas sobre o nosso destino — Estamos indo para casa do Matteo.

Gelei no meu assento. Por mais que ele não dissesse aonde era o nosso destino, eu achava que estávamos indo em direção a alguma delegacia. Como eu iria pedir ajuda dentro da casa dele, interrompendo o seu dia de folga? E se ele estiver acompanhado? Balancei a cabeça freneticamente, eu não iria entrar na casa dele.

— O que foi? — perguntou para mim, visivelmente preocupado — Está com dor ou alguma coisa parecida?

— Não — Neguei rapidamente enquanto balançava a cabeça — Não posso ir lá e se ele... E se ele estiver acompanhado?

Accompagnati? — Ele pareceu não entender as minhas preocupações, mas alguns segundos depois explodiu em uma gargalhada — Matteo? Acompanhado? Só um milagre para isso acontecer.

Isso queria dizer que Matteo não tinha uma namorada? Eu não entendia a questão do milagre então apenas permaneci em silêncio. Seguimos por mais alguns minutos até ele estacionar de frente para um prédio grande e branco. Ele fez sinal para eu descer e saiu logo em seguida. Abriu o porta-malas, pegando algumas sacolas e fechou novamente. Ele foi na frente e começou uma conversa com o porteiro que logo liberou nossa entrada.

Entramos no saguão e eu fiquei encantada com a decoração do lugar, espelhos espalhados pelas paredes, os sofás cor de vinho com almofadas brancas e os vasos de flores em cima da mesa de centro. Só percebi que o elevador chegou quando Rosset chamou a minha atenção. Entrei no elevador e vi Rosset apertar o botão número sete. Soltei um riso baixo e vi a atenção do Tenente se prender em mim.

— O que foi? — perguntou enquanto esperávamos o elevador subir.

— Sete é o meu número favorito — falei quando as portas se abriram e um apito indicou que tínhamos chegado.

Ele sorriu e saiu do cubículo, eu o segui até que paramos em frente à porta de número 77. Levantei a mão para tocar a campainha, mas Rosset a segurou e balançou a cabeça em sinal negativo, em seguida andou até o apartamento ao lado se abaixou perto de um vaso de planta. Quando levantou tinha uma chave nas mãos e um sorriso no rosto.

— Não conte para ele que eu fiz isso — falou para mim enquanto enfiava a chave na fechadura.

Ele abriu a porta, deu espaço para eu passar e colocou um dedo sobre os lábios fazendo o sinal de silêncio. Ele me guiou até a cozinha onde colocou as sacolas sobre o balcão. Tirou as coisas de dentro e pegou todas as sacolas e colocou dentro de um armário.

— Agora faça biscoitos — disse em um tom baixo — Estarei esperando lá na sala.

Assenti e comecei o preparo. Não entendia o que estávamos fazendo aqui, muito menos o porquê de eu estar fazendo biscoitos, mas em vez de contestar eu só concordei e comecei a procurar tigelas para eu misturar os ingredientes.

Quebrei os ovos, coloquei uma pitada de fermento, as raspas de chocolate. Quando fui abrir o saco de farinha, ele caiu no chão levantando uma nuvem branca. Me abaixei para pegar o saco e quando me levantei, me deparei com uma visão dos Deuses. Bartolini estava na minha frente, sem camisa e com um brilho de divertimento nos olhos.

Ciao — falei enquanto levantava a mão e acenava em sua direção — Se importa?

Apontei em direção ao seu peito desnudo. Eu não conseguia me concentrar com aquela visão na minha frente. Bartolini riu e fez menção de se retirar quando Rosset entrou na cozinha para beber água. Após uma rodada de perguntas de como entramos aqui e uma ameaça de que eu poderia ser presa, acabei soltando que o Tenente era o idealizador do plano.

Quando Rosset saiu da cozinha eu sabia que aquela era minha chance. Era o momento ideal para que pedisse ajuda dele. E foi o que eu fiz, contei a ele sobre Thomas, somente o necessário, mas foi o suficiente para que eu me sentisse mais leve.

Mas com certeza não estava nos meus planos quando Bartolini saiu da cozinha parecendo desesperado e em menos de um minuto já tinha voltado completamente vestido e me perguntando sobre o meu endereço enquanto calçava uma meia e um tênis. Bartolini me pegou pelo pulso e começou a me arrastar até pelo apartamento enquanto se despedia do Tenente.

— Estou toda suja de farinha! Não posso ir assim, Thomas irá... — Se eu aparecesse assim, daria mais motivos para Aurora e Thomas fazerem piadas de mim. Eu não queria que isso acontecesse, uma vez já era o suficiente.

— Então mande Thomas ir tomar no... — Bartolini não pode terminar a frase porque Rosset tinha o interrompido, mas era uma sugestão para se levar a sério.

Quando chegamos ao estacionamento, Bartolini me levou até seu carro onde eu entrei e esperei ele sair em direção às ruas. Foi quando eu o agradeci, acho que eu nunca fui tão sincera na minha vida quanto naquele momento. E quando o cansaço bateu, eu apenas me deixei levar e fechei os meus olhos.

Acordei porque tinha raios de sol no meu rosto e isso era extremamente irritante. Olhei para o lado, mas Bartolini não estava lá, me perguntei aonde ele tinha ido. A resposta vem alguns segundos depois quando o vi atravessar a rua com várias sacolas na mão. Ele entrou e me deu dois sacos, fazendo um gesto para que eu os abrisse.

— Você não tomou café, certo? — Abri um saco e vi um sanduiche natural e um copo de suco de laranja — Achei melhor comermos alguma coisa antes de irmos.

Abri a segunda sacola e tirei de lá uma blusa azul. Ela parecia ser um número maior que o meu, mas era melhor que a blusa suja de farinha que eu estava usando.

— Não precisava fazer isso — Indiquei as duas sacolas no meu colo, ele apenas deu de ombros, como se isso não fosse importante.

Comemos em silêncio, eu podia sentir o olhar de Bartolini sobre mim, mas eu apenas ignorava e continuava a morder o meu sanduiche. Pelo canto do olho podia o ver sorrindo de vez em quando, o que por algum motivo me fazia sorrir de volta.

— Ah! Quase me esqueci — falou enquanto pegava outra escola e a colocava no meu colo — Isso é pra você também.

Abri a sacola e de lá tirei uma garrafa d’água e duas toalhas. Lancei para ele um olhar de indagação, não entendo o que ele queria que eu fizesse com aquilo. Ele pegou a garrafa e abriu a porta, colocando um pé para fora e deixando o outro no carro. Abriu a garrafa e estendeu a mão pegando a toalha, logo em seguida virou a água nela, molhando a rua onde estávamos estacionados. Ele fechou a garrafa e me devolveu, torcendo a toalha no lado de fora, tirando o excesso de água. Fechou a porta e me olhou com a toalha em mãos.

— É para você fazer isso — disse enquanto pegava a toalha e passava levemente pelo meu rosto, depois meu pescoço e de repente parou — Agora você se seca com a outra.

Era para eu limpar a farinha, ele disse que ia sair para eu poder me limpar e me trocar. Esperei alguns minutos, só para ter certeza que ele não iria olhar e tirei a blusa. Peguei a tolha e passei por todos os lugares que estavam sujos, em seguida, peguei a outra toalha e a usei para me secar, como Matteo tinha dito.

Coloquei a minha nova blusa e me observei pelo retrovisor, não dava para ver muita coisa, mas era melhor que a anterior. Bati no vidro para chamar a atenção de Bartolini, o chamando para dentro do carro novamente. Ele entrou e ficou me observando por alguns segundos, eu estava me acostumando com suas análises.

— Ficou boa em você — falou enquanto dava partida no carro e íamos em direção ao nosso destino — Sobre o seu ex...

— Thomas — Eu podia ver que ele estava com receio de conversar isso comigo — Ele me traiu com a minha colega de quarto e agora estou expulsa do apartamento.

— E o contrato? — perguntou voltando seu olhar para mim quando podia.

— Só tem o nome da Aurora — falei enquanto olhava para ele, que parecia nervoso — Era ela que pagava a maior parte do aluguel, então não achamos necessário colocar o meu nome.

Vi que ele ia falar novamente quando paramos e ele voltou com a sua análise. Observei aonde tínhamos chegado, era a minha casa. Ele e eu descemos ao mesmo tempo e seguimos em direção ao portão. O porteiro me reconheceu e rapidamente autorizou a nossa entrada. Seguimos lado a lado pelo pequeno saguão e subimos os dois andares de escada, quando paramos em frente ao meu futuro antigo apartamento, Bartolini pegou a minha mão.

— Você está pronta? — falou me encarando.

Eu não consegui responder por que ele já tinha tocado a campainha e logo passos podiam ser ouvidos do outro lado. Quando Aurora apareceu, vestida apenas por uma camiseta, com Thomas logo atrás senti vontade de fugir. Mas a única coisa que fiz foi levantar a cabeça, dar um sorriso falso e apertar ainda mais a mão de Matteo que me segurava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu me divirto muito escrevendo essa história. Beijos e até o próximo.

Sale = Sal
Accompagnati = Acompanhado
Attesa = Espera