Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 11
Capítulo X - Matteo


Notas iniciais do capítulo

Eu finalmente consegui terminar esse capítulo! Fiquei presa nos meus milhares de trabalhos, fim de ano não é fácil. Espero que gostem.



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Nunca quis tanto matar minha irmã como nesses últimos dias. Eu estava pensando seriamente em ligar para minha mãe e falar que Elenore havia voltado só para ter paz e sossego novamente.

Mentiroso. Eu sabia que a razão de querer mandar minha irmã embora não era pela paz, Elenore já havia me visitado várias vezes e comparado com as visitas anteriores ela estava bem comportada.

Era sobre Angelina. Era o fato que minha irmã louca arrastava minha colega de apartamento por Florença enquanto eu trabalhava, era sobre o momento em que eu queria beijar Angelina e não podia porque minha irmã estava no cômodo ao lado assistindo Friends.

E agora que eu tinha uma folga de três dias, Angelina estava se preparando para passar o feriado com a família. Eu tinha apenas um dia restante antes dela voltar para sua cidade natal e me deixar sozinho até a semana seguinte. Bufei de frustração diante do meu impasse em chama-la para sair. Elenore me observava e me chamava de covarde a cada cinco minutos, minha vontade de esgana-la só crescia.

— Argh! — gritou alto e saltou para o meu lado — É só ir até ela e convida-la para sair. Não é tão difícil.

— Cale a boca — rosnei na sua direção. Será que minha mãe estava em casa agora? — Eu estou me preparando.

— Não sabia que você era covarde em relação às mulheres — comentou em tom irônico — É só um jantar, Matteo.

— E desde quando você é perita em relações? — indaguei enquanto eu mantinha um sorriso brincalhão nos lábios — Não tem nem 25 anos e já se divorciou três vezes.

O sorriso aumentou rapidamente quando ela me empurrou abrindo passagem. Ri de sua infantilidade e me concentrei no meu discurso para Angelina. Senti um aperto no coração ao lembrar que não a veria até a semana seguinte, eu tinha me acostumado a sua presença.

— Aquele Julio não conta — disse Elenore entrando no meu quarto novamente enquanto segurava um pote de sorvete — Só ficamos casados por três horas.

Fechei meus olhos e inspirei lentamente. Eu era o único da família que sabia sobre os casórios relâmpagos da minha irmã, eu nunca ousaria contar a minha mãe sobre isso, eu queria evitar que meus pais tivessem um AVC. Meu pai era o reverendo de uma igreja de bairro, assumir os divórcios de Elenore e minhas noites em baladas era declarar o atestado de óbito da reputação dele.

Eu provavelmente estava exagerando muito sobre os meus pais, mas o que os olhos não veem o coração não sente não é? Eu e Elenore tínhamos concordado há muitos anos esconder as saídas com os amigos e os relacionamentos que não eram sérios da nossa família. Elenore era a que mais utilizava o nosso acordo, eu costumava usar bastante uns anos atrás, mas desde que eu tinha sido promovido raramente saía de casa.

— Matteo? Elenore? Eu cheguei! — Fechei os olhos ao escutar a voz de Angelina ecoando pela casa.

— É agora — falei para mim mesmo.

— Boa sorte Romeu — Minha irmã disse enquanto plantava um beijo na minha bochecha — Estarei fora à noite toda e provavelmente amanhã de manhã também.

— Você sabe que não vai acontecer nada — comentei a vendo juntar suas coisas em uma mochila pequena — Vai passar a noite aonde?

— Em uma casa de swing — falou rapidamente e antes que eu pudesse protestar contra seu passeio ela já tinha corrido para longe. Definitivamente, os poucos cabelos brancos que eu possuía era graças a Elenore.

— Para aonde ela ia nessa pressa toda? — Angelina indagou com um sorriso no rosto.

— Você não vai querer saber — falei enquanto tentava arrumar a bagunça que a minha irmã tinha feito.

— Então... Como foi seu dia? — ela perguntou novamente enquanto me ajudava a arrumar o quarto.

— Normal — Observei como ela tentava se aproximar de Lego que estava jogado na minha cama — Ele não vai te morder.

— Isso é porque você está aqui — informou fazendo um pequeno carinho no meu gato — Ele nunca me deixa tocá-lo, acho que ele não gosta de mim.

Como alguém pode não gostar de você? Controlei minha boca para evitar dizer essa frase. Olhei seu rosto para ver se ela estava cansada demais, não iria convida-la para jantar se ela estivesse exausta pelo trabalho.

Como eu queria que Angelina largasse os seus empregos! A rotina dela era mais exaustiva do que a minha e mesmo quando chegava em casa ela não parava. De manhã ela ia para faculdade, depois ia para a cafeteria, mas quando ela estava de folga fazia um bico em uma loja de roupas e nos fins de semana passeava com vários cachorros. Eu tinha medo que algum dia desses ela sofresse uma sincope.

Claro que ela não ligava para as minhas preocupações. Angelina se recusava a abandonar seus trabalhos e arranjava um jeito de contribuir com a renda mensal, apesar dos meus frequentes protestos.

— Está ocupada hoje à noite? — perguntei tão rápido que temi a sua incompreensão das minhas palavras — Se você não estiver cansada é claro.

— Eu estou bem — respondeu, mas seu corpo largado na minha cama dizia outra coisa — Você quer sair hoje?

Eu podia notar a sonolência em sua voz. Parece que não ia ser dessa vez que iriamos sair para jantar.

— Não. Eu só queria saber mesmo — falei e depois completei com um sussurro — Descanse bella mia.

O fato dela não ter me seguido comprovou seu cansaço. Tentei não pensar na imagem de Angelina deitada na minha cama e me dirigi à cozinha para tentar cozinhar algo coisa comestível. Minhas habilidades culinárias eram resumidas a macarrão e uma lasanha um bocado estranha.

Abri o armário para verificar os ingredientes e fiz um agradecimento mudo a Angelina por lembrar-se de fazer as compras. Eu não podia negar que depois dela ter vindo morar aqui as refeições melhoram consideravelmente. Honestamente, era ela que cozinhava aqui.

Achei um pacote de macarrão e me preparei para fazer um spaghetti à moda italiana. Coloquei a água no fogo e quase tropecei no pequeno cachorro de Angelina que estava atrás de mim. Me abaixei para fazer um singelo carinho nele e voltei ao trabalho. Enquanto eu esperava a água ferver comecei a fazer o molho.

Com tudo pronto misturei o macarrão com o molho e tirei uma pequena porção para colocar no prato. Eu não sabia se deveria levar a comida para Angelina no quarto então só deixei na panela para ela comer quando acordasse. Enquanto comia notei um celular vibrando em cima do balcão e recuei ao notar que era o meu. O visor piscava o nome “Mamãe” constantemente enquanto uma sinfonia era o toque.

Eu não podia atender e também não podia acordar Angelina. No desespero apenas deixei tocar e não me preocupei em avisar minha colega que neste momento estava dormindo tranquilamente. Acabei de comer e deixei a louça na pia com uma promessa que iria lava-la depois.

Fui em direção à sala para assistir televisão e pude ouvir o barulho de patas me seguindo pelo carpete. Me sentei e logo senti Cookie ao meu redor abanando seu pequeno rabo para mim. Soltei um riso e me aconcheguei no sofá abandonando a ideia de assistir alguma coisa para poder tirar um cochilo.

Não sei por quanto tempo eu dormi, mas acordei com alguém cutucando o meu braço. Abri os olhos para ver Angelina de pé com uma careta de desaprovação no rosto. Tentei me levantar, mas uma dor no pescoço me fez travar e cerrar a mandíbula.

— Por que está dormindo no sofá? — indagou tentando me puxar.

— É só um cochilo, Anjo — falei e me forcei a levantar, ficando de frente para ela.

— Um cochilo que durou até às 02hrs da manhã? — ela colocou as mãos na cintura como se para dar mais credibilidade ao que falava — Você devia ter me tirado da sua cama!

— Essa é a última coisa que eu faria — respondi sinceramente na sua direção.

Ela pareceu ficar sem fala por alguns minutos, me olhando com os olhos arregalados. Será que eu tinha passado dos limites? Eu esperava que não.

— Então — pigarrei para chamar sua atenção — Está tudo pronto para amanhã?

— Sim! — um sorriso largo tomou conta do seu rosto — Não vejo a hora de ver minha família.

— E você vai contar sobre nós para eles? — Existiam milhares de maneiras para ela interpretar minha frase.

— Não sei ainda — Me olhou com os olhos cheios de culpa — Não gosto de mentir para eles, mas sei que se eu falasse a verdade eles jamais me permitiriam ficar aqui.

— Desculpe — falei olhando diretamente para ela. Eu não gostava de saber que ela tinha que mentir para os pais por minha culpa.

— Eu não me arrependo se você quer saber — disse e me encarou com seus brilhantes olhos verdes — Gosto de morar com você.

Ela bocejou e eu me toquei que era hora de nós dormirmos. A puxei até o corredor e desliguei as luzes da sala. Fomos andando até o quarto dela que era o mais próximo e pararmos de frente para a porta.

— Boa noite Anjo — Me inclinei para dar um beijo em sua testa — Durma bem cara mia.


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Notas finais do capítulo

Eu estou esperando para escrever o próximo capítulo desde que eu comecei essa fic. Então provavelmente ele seja postado bem rápido. Beijos e até o próximo!