Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 10
Capítulo IX - Angelina


Notas iniciais do capítulo

Adoro quando eu tento enviar o capitulo e aparece "Página da web não disponível"
É tão bom ter que escrever as notas tudo de novo.



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Os músculos do meu rosto estavam doendo de tanto que eu sorria. As garotas que trabalhavam comigo na cafeteria achavam que era apenas o sorriso que éramos obrigadas a dar aos clientes, mas eu sabia o real significado.

Eu estava nas nuvens desde meu encontro com o Matteo, não me lembro de ter sentido tanta felicidade desde o dia que recebi a carta da faculdade dizendo que eu havia sido aprovada. Os clientes da cafeteria pareciam gostar de serem atendidos por alguém sorridente e não pela ruiva mal-humorada que geralmente ficava no caixa, mas ela havia faltado e fui que fiquem em seu lugar.

O movimento estava calmo, clássico de uma sexta-feira à tarde. A maioria dos jovens não buscava o sossego e a calmaria que aqui estavam presentes e iam a bares ou boates nesse horário. Eu estava me dando o luxo de fazer alguns exercícios do curso enquanto nenhum cliente aparecia, as meninas que trabalhavam comigo faziam comentários maldosos ao meu respeito. Aparentemente, a traição de Thomas tinha virado assunto entre as fofoqueiras e de algum modo chegado ao ouvido das minhas companheiras de trabalho. Afinal, eu não era a única da faculdade a trabalhar aqui.

Ouvi barulhos de sirene e me virei na direção da vitrine para poder ver melhor. Uma viatura estava estacionando na frente da cafeteria e logo dois policiais desciam e se encaminhavam na direção da porta. Eu não precisava ser vidente para adivinhar quem era. E minhas suspeitas se comprovaram verdadeiras quando o sininho da porta tocou avisando sobre os novos clientes e Alex surgiu no meu campo de visão com Matteo logo atrás.

Abri ainda mais o meu sorriso ao ver Alex indo se sentar em uma mesa enquanto Matteo vinha na minha direção com os olhos brilhando de contentamento. Ele parou na minha frente e lançou um olhar feio na direção dos meus cadernos e apostilas.

— Você realmente não se dá um descanso não é? — perguntou se debruçando no balcão e ao mesmo tempo se aproximando de mim.

Dei de ombros como se admitisse que eu não tinha mais jeito e abri a registradora, me preparando para receber o pedido. Afastei meu material para o lado e imitei sua posição, me debruçando no balcão e o encarando.

— O que você está fazendo aqui? — indaguei olhando no fundo dos seus olhos castanhos.

— É meu horário de almoço — Arqueei as sobrancelhas duvidando de suas palavras — E eu queria sair para tomar um café.

— Seu posto é do outro lado da cidade — comentei vendo Alex acenar na minha direção e se sentando em uma mesa vazia — E você me disse uma vez que não gosta de almoçar com o tenente porque ele nunca fica quieto.

Ele suspirou e ia me dizer algo quando o gerente da cafeteria passou por nós e lançou um olhar sério na minha direção. Afastei-me imediatamente de Matteo e fingi que não estávamos tão próximos. Apertei ainda mais o nó do avental e endireitei minha postura.

— Conversamos em casa — decidi fazendo um pequeno gesto para o meu chefe que estava nos supervisionando.

— Sem problemas — anunciou e encarou o cardápio que ficava grudado no balcão — O café daqui é bom?

— Nunca experimentei — falei honestamente enquanto apontava para um combo de suco de laranja com algumas fatias de bolo — Eu recomendo esse.

— Por quê? — perguntou enquanto observava a foto do prato no cardápio.

— Primeiro porque você precisa comer algo até voltar para casa — disse anotando em um papel o pedido e colocando o número dois ao lado para expressar que eu queria dois daquele — E segundo que é a melhor coisa que eles fazem aqui.

— E quanto é? — sorri em sua direção e falei o valor, enquanto eu aguardava ele pegar o dinheiro na carteira fiz um aceno da direção de Rosset que nos encarava com um sorriso no rosto — Aqui e pode pegar o troco como gorjeta.

Lancei para ele um olhar bravo e ele apenas riu de mim enquanto se afastava e ia à direção da mesa que o tenente estava ocupando. A presença de Bartolini ali só colaborou para a minha mente reviver nossos momentos.

Após nosso encontro, Matteo começou a pegar mais folgas e desistir de horas extras. Ele passava bem mais tempo em casa, de modo que sempre nos víamos e conversávamos. Duas semanas tinham se passado desde aquele beijo, e eu tinha falado com ele mais nesses dias do que nos dois meses que passamos juntos.

Eu tinha descoberto uma pessoa incrível em Matteo. Ele possuía muitas qualidades, mas o que fazia ser inesquecível eram seus defeitos. Bartolini tinha pegado a mania de se intrometer na minha vida, sempre que tínhamos um tempo sozinhos ele me enchia de perguntas sobre a minha infância e a minha família. No começo eu não reclamava, mas a partir do momento que entramos no tema “Antigos Amores” eu tinha ficado aborrecida.

Eu não me importaria de falar sobre Thomas para ele, eu já havia contado tudo que tinha acontecido e Matteo nunca citava meu passado amoroso. O problema veio com a minha curiosidade, cansada de sofrer inúmeros questionários sobre a minha vida, resolvi devolver na mesma moeda em relação à Matteo.

Eu tinha perguntado sobre tudo na sua vida. Sua família, sua escola, sua infância. Não deixava nada passar e quando cheguei ao assunto das antigas namoradas, eu me culpei por ser tão curiosa. Não sei se ele tinha ficado aborrecido com as minhas especulações ou apenas queria se divertir nas minhas custas, mas Matteo contou para mim sobre todas suas namoradas e especialmente uma que quase tinha sido sua noiva.

Me lembro de ter ficado tão aborrecida com ele, que lhe neguei todos os seus pedidos para sairmos juntos, também não lhe dirigi a palavra por um três dias inteiros. Seu pedido de desculpas foi o que me fez voltar atrás na minha palavra e voltarmos a sermos amigos.

Eu não sabia que tipo de relação nós tínhamos. Nos tornamos colegas de apartamento por razões bem incomuns, mas tínhamos nos beijado uma vez. Eu gostava de ficar ao lado dele, mas ainda não conseguia identificar o sentimento que nos rodeava. Era amizade? Cumplicidade? Paixão? O que quer que seja, o nome definitivo ainda não era o suficiente para me fazer esquecer a dorzinha que eu sentia sempre que pensava em Thomas.

A dor diminuíra consideravelmente de tamanho de uns tempos para cá. Eu já nem sabia mais se era pelo orgulho ferido ou um coração destroçado, mas significava que eu ainda não estava pronta para um relacionamento.

— Se sentindo nas nuvens? — ouvi uma voz familiar perguntar e ergui o rosto para dar de cara com Rosset e seu inseparável sorriso — Matteo insisti em não me contar o que aconteceu entre vocês dois.

— Talvez seja porque não há nada para contar — falei e percebi a expressão de incredulidade no rosto do tenente. Foi apenas um beijo isso não poderia ser considerado algo há mais, não é?

— Vocês estão me escondendo alguma coisa — disse enquanto cruzava os braços e me lançava um olhar determinado — Mas não tem problema, em breve eu vou descobrir o que é.

Ri de seu objetivo infantil e ouvi o cozinheiro me chamando para pegar o prato que ele estava segurando e coloca-lo no balcão. Uma garçonete veio e rapidamente tomou os pratos da minha mão e foi alegremente servir a mesa de Bartolini com um balanço desnecessário nos quadris. Mordi o lábio para evitar dizer algo impróprio e voltei minha atenção para Alex que me encarava com um sorriso enorme no rosto.

— Nada não é? — falou enquanto se virava e volta para mesa onde estava sentado para poder comer.

Fuzilei a garçonete com o olhar e voltei a me concentrar nos meus exercícios. Eu estava tão concentrada na minha tarefa de bioestatística que não percebi os minutos passarem e logo Bartolini estava na minha frente segurando o quepe entre os dedos.

— Que horas você sai mesmo? — perguntou enquanto colocava o chapéu na cabeça.

— Ás 19hrs, por quê? — indaguei forçando a minha voz a soar firme e não o pequeno ganido que saiu entre meus lábios.

— Eu venho te buscar — falou convicto enquanto pegava em um dos braços de Rosset e o arrastava para fora — Tenho uma surpresa para você.

Essa última frase ecoou na minha cabeça por todo o restante de tempo que eu trabalhei. Eu olhava incessantemente para o relógio que ficava pendurado na parede, mas os ponteiros não pareciam andar nem sequer um milímetro.

Quando a hora de ir embora finalmente chegou, eu já não me aguentava de tanta ansiedade. Esperei pacientemente o gerente trancar tudo e dei tchau as minhas companheiras de trabalho enquanto cada uma seguia por um lado.

Não demorou muito até o carro de Matteo estacionar na minha frente e eu embarcar rapidamente. Eu queria lhe perguntar qual era a minha surpresa, mas me controlei e me forcei a ficar calada durante todo o percurso até a nossa casa. Soltei um risinho anasalado ao perceber minhas palavras. Nossa casa.

— O que foi? — ouvi Matteo perguntar enquanto eu ainda encarava a paisagem pela janela.

— Nada de mais — Não queria que ele pensasse que eu estava tomando conta da sua casa, afinal de contas, eu estava lá de favor — Pensei quando poderíamos sair para ir ao museu de novo.

Não percebi o significado das minhas palavras até ver o sorriso no rosto de Bartolini. Eu quis me estapear por dentro, eu basicamente tinha falado que queria repetir a experiência do nosso último passeio. E apesar de não ser uma mentira, havia certas coisas que eu gostaria de guardar só para mim, e essa era um delas.

— Podemos ir nesse final de semana — sugeriu quando entramos na rua do prédio onde morávamos — Estou de folga.

Apenas afirmei com a cabeça e esperei entramos na garagem. Pulei do carro assim que possível e tomei um susto ao reparar no carro que estava do lado da vaga de Matteo com uma fita vermelha em cima.

— Surpresa! — exclamou enquanto andava para ficar ao meu lado — Prometi que te entregaria não foi?

Bartolini estendeu a mão e me entregou a chave do meu carro. Com um aviso nos olhos para eu me comportar, eu estava tão extasiada de felicidade que nem me dei conta do momento em que eu havia enlaçado seu pescoço com os meus braços e o apertava contra mim.

Era um abraço de agradecimento. Não apenas pelo carro, mas por tudo que ele havia feito e tudo que ainda estava fazendo por mim. Senti suas mãos apertarem minha cintura e escondi meu rosto na curva do seu pescoço.

— Obrigada — sussurrei em seu ouvido enquanto permanecíamos abraçados — Por tudo.

— Não tem porque me agradecer, Anjo — falou enquanto puxava meu rosto na direção do seu e colava nossas testas — Descobri que adoro te agradar.

Nos instantes seguintes eu já estava com os lábios grudados nos dele. Eu segurava firmemente seu cabelo com as minhas mãos e o puxava na minha direção. Fechei meus olhos e me entreguei aquele beijo que parecia entorpecer meu corpo e meus sentidos. Ouvi um baque surdo ao mesmo tempo em que eu sentia meu corpo ser prensado entre Matteo e o carro.

Senti o perfume de Bartolini inundar meus poros e desci minhas mãos do seu cabelo para passar nas costas e braços firmes. Os lábios dele eram gentis e pareciam esquentar meu corpo à medida que sua língua adentrava na minha boca. Uma de suas mãos estava embrenhada nos meus cabelos enquanto a outra se apoiava no teto do carro.

Meus pulmões imploraram por ar e fui obrigada a parar o beijo. Com uma mordida no meu lábio inferior Matteo me soltou, mas continuou me abraçando e colou nossas testas novamente. Nossas respirações se misturavam à medida que nós dois ofegávamos. Seus lábios estavam inchados e vermelhos pelo esforço do beijo e eu tinha certeza que os meus estavam assim também.

— Acho... Acho melhor subirmos — murmurei com uma voz fraca, tentando normalizar minha respiração.

— Também acho — falou se afastando lentamente de mim, mas deixando sua mão na minha cintura.

Caminhamos até o elevador e entramos em silêncio. Apoiei minha cabeça no ombro dele e senti meu coração acelerar enquanto olhava o painel que avisava em qual andar estávamos. Matteo tirou sua mão da minha cintura para entrelaçar na minha mão e esperamos a porta abrir para andar até o apartamento.

Paramos de frente a porta e Bartolini buscou as chaves nos bolsos e rapidamente a encaixou na fechadura. A primeira coisa que vi quando abrimos a porta foi um amontoado de malas no canto da sala. Arqueei as sobrancelhas na dúvida de como isso foi parar lá. Ouvi passos de dentro de casa e levantei minha cabeça para ver uma morena de camisola andando na nossa direção.

Ela pulou no pescoço de Matteo o abraçando e logo em seguida no meu, me apertando fortemente. Quando nos soltou, deu alguns passos para trás para observar nossas mãos unidas. Vim um sorriso aparecer e logo ela estava nos abraçando novamente.

— Não posso acreditar! — gritou enquanto dava pulos ao nosso redor — Espere até mamãe saber! Ela vai ficar louca que nem eu.

— Mamãe? — indaguei olhando de um para outro, tentando achar respostas.

Matteo fechou a porta que ainda estava aberta atrás de nós e foi na direção da garota.

— Você não deveria estar na Holanda? — perguntou fazendo um gesto com a mão para que eu me aproximasse.

— Exatamente — respondeu me analisando atentamente — Eu deveria, mas não estou. Deixe esse assunto para depois, quem é essa aí?

— Elenore, gostaria de te apresentar Angelina, minha colega de apartamento — Elenore estendeu sua mão para me cumprimentar, repeti seu gesto e trocamos um aperto de mãos — Anjo, essa é Elenore. Minha irmã mais nova.


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Notas finais do capítulo

Meus trabalhos acabaram com a minha meta de escrever no feriado. Que bom que esse capítulo já estava escrito pela metade.

Prometo tentar ser mais rápida nas postagens. Beijos e até o próximo!