A Casa Caiu escrita por Andye


Capítulo 3
Nossa Casa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como prometido, apareci. Dessa vez, sem correrias e contratempos.
No capítulo de hoje temos discussão, como sempre. Afinal, Romione sem muita discussão até fica sem graça, não é?
Já estou com capítulos prontos até o 8, mas agora tenho que colocar minha beta, Anne A., contra a parede porque meus caps betados acabaram agora então, se eu me atrasar, mandem os berradores para ela :D
Sem mais no momento, desejo a todos um ótimo fim de semana, e até a próxima sexta, se a beta assim permitir ;)



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Quando Hermione conseguiu passar pelo último degrau da escadaria foi que os pensamentos de Rony se tranquilizaram e ele levantou. Desligou a TV e seguiu no encalço da garota.

Quando olhou, viu que ela já estava praticamente em seu quarto e, sabendo ele da zorra na qual o cômodo se encontrava, deu passos largos tomando a dianteira da garota, parando em frente à porta.

— O que pensa que está fazendo? — o ruivo perguntou emburrado.

— Como assim? — ela realmente pareceu confusa.

— Por que está indo pro meu quarto?

— Ronald, não sei se compreendeu o que falei, mas essa casa é tão sua quanto minha. Existe um quarto nela, e é nele que eu vou ficar — disse tentando entrar no cômodo.

— Não senhora — abriu os braços interrompendo a entrada dela — Esse quarto é meu, com minhas roupas, minha cama, minhas coisas. Não cabe nenhuma Hermione Espaçosa Granger aqui.

— O que você está insinuando? — ela semicerrou os olhos, irritada.

— E mais uma vez a carapuça serviu — comentou com ironia, ainda com os braços abertos.

— Olha aqui, seu idiota — levantou a voz — Você não pense que pode ficar me insultando o quanto quer porque eu não vou permitir. Estou sendo até bem educada com você e não permito que me desrespeite.

— Oh... — fez pouco aumentando o tom também — Bem educada, é? Por favor, não me faça rir. Eu só quero que saia da minha casa.

— ESSA CASA É MINHA! — falou em seu mais alto tom esganiçado, se aproximando ameaçadoramente dele, os braços esticados ao longo do corpo, o rosto tão vermelho que parecia estar em ponto de explodir.

— NÃO, É MINHA. — Rony respondeu em seu tom igualmente ameaçador, aproximando-se também, o rosto igualmente vermelho, os olhos enraivecidos muito próximos dos dela — E EU NÃO VOU PERMITIR QUE VOCÊ VENHA COM SEU PERFECCIONISMO IRRITANTE MUDAR A MINHA ROTINA.

— E QUE CULPA EU TENHO QUE VOCÊ SEJA UM IRRESPONSÁVEL DESORGANIZADO? NÃO VOU VIVER EM UM CHIQUEIRO.

— MINHA CASA NÃO É UM CHIQUEIRO.

— ESSA CASA É MINHA. MINHA! QUANTAS VEZES VOU TER QUE REPETIR? MINHA! VOCÊ NÃO ENTENDE?

— MAS QUE MERDA!! POR QUE VOCÊ VOLTOU, EIM? PRA INFERNIZAR MINHA VIDA DE NOVO? POR QUE NÃO VOLTA DE UMA VEZ PRAS SUAS VIAGENS INTERNACIONAIS? A MINHA VIDA ERA BEM MELHOR QUANDO VOCÊ ESTAVA LONGE DE MIM.

— E VOCÊ, POR ACASO, ACHA QUE ESTOU SATISFEITA COM SUA PRESENÇA NA MINHA CASA? — se aproximou ainda mais, os olhos arregalados na direção dos dele — ESTAVA MUITO BEM, OBRIGADA, ATÉ VOCÊ APARECER AQUI.

— O PROBLEMA É QUE EU NÃO APARECI AQUI, EU ‘MORO’ AQUI PORQUE ‘COMPREI’ ESSA CASA. DEU PRA ENTENDER AGORA OU SERÁ NECESSÁRIO DESENHAR?

— MAS COMO VOCÊ É IDIOTA, RONALD. QUANDO VAI CRESCER E PARAR COM ESSAS FRASES BESTAS?

— ASSIM QUE VOCÊ FIZER O FAVOR DE SUMIR DEFINITIVAMENTE DA MINHA VIDA.

Nesse momento eles pararam de falar. Haviam, enfim, percebido que estavam mais próximos do que o permitido para os dois e estravam agora na perigosa zona de risco: os lábios muito próximos.

Hermione perdeu o sentido da resposta que já havia preparado para a última frase do ruivo. Rony já havia esquecido completamente tudo o que havia dito e ouvido até alí. Se olharam perigosamente, mas, dessa vez, o perigo estava nos antigos sentimentos que balançavam violentamente os pensamentos dos dois.

Finalmente, um som abafado e distante se fez ouvir. Eles ainda permaneceram na mesma posição até que, pela segunda vez, ouviram o som. Rony foi o primeiro a desviar o olhar e foi ele também quem andou até as escadas, reparando antes de descer que Hermione estava de boca aberta, com seus olhos levemente vermelhos e se enchendo de lágrimas.

Deu as costas ao ouvir o terceiro som e saiu do corredor gritando um “Já vai” bem mais ignorante do que esperava. Sua vontade era ficar ali e saber o que ela tinha.

Hermione viu quando o ruivo se virou e desceu de uma vez as escadas depois de dar uma última olhada pra ela. Sentia uma raiva crescente dentro de si e a única vontade que tinha era de estuporar Ronald Weasley.

Como esse idiota insensível é capaz de falar essas coisas pra mim? Como pôde ser capaz de me acusar de tantas coisas, e nem ao menos ter a decência de me pedir desculpas depois de me ofender com todas essas palavras? É um imbecil mesmo.

O coração da morena palpitava em um ritmo frenético, mas não apenas de raiva por aquela discussão sem sentido, mas por ter ficado sem resposta, por ter perdido aquela batalha.

Ah… Hermione Granger, isso não vai dar certo. Por que não vai embora de uma vez? Você já tinha decidido devolver a casa, isso é o melhor a fazer… Mas não, eu não vou sair dessa casa, é minha, fui eu que gastei todas as minhas economias aqui e não será esse ruivo irritante que me fará desistir… O problema é se ele sempre se aproximar de mim assim.

"Merlin, que ódio! Como pude me perder na discussão pelo simples fato dele se aproximar assim de mim? Não é possível que o cheiro do cabelo dele ainda tenha esse poder sobre mim. Droga! Droga! Mil vezes DROGA!!!

— Pois não? — ele falou um pouco mais tranquilo ao abrir a porta. Enquanto usava a tática de respirar profundamente diversas vezes seguidas.

— Boa noite — saldou um senhor baixinho e rechonchudo. Ele tinha bochechas rosadas e um rosto redondo. Os cabelos eram castanhos, com fios prateados e usava um óculos de aro escuro na frente dos olhos amendoados.

— Boa noite. — Rony respondeu sem muita animação.

— Olá. Sou Simon Brandt. — estendeu a mão e Rony a apertou.

— Ronald Weasley — o aperto foi rápido, mas firme.

— Sou seu vizinho aqui do lado e vim perguntar se está tudo bem.

— Sim, está. — Rony respondeu sem entender muito bem o porquê da pergunta e não percebeu que Hermione já se aproximava.

— Ah... O senhor estava discutindo com sua esposa? — o senhor perguntou quando avistou Hermione ao pé da escada.

— Minha esposa? — o homem indicou com a cabeça e Rony olhou para trás. Percebeu os olhos ainda avermelhados de Hermione — Não, não. Ela não é... minha esposa.

— Não mesmo? — questionou o senhor, incrédulo.

— Foi um desentendimento, nada demais.

— Senhor Weasley, não quero me intrometer, mas somos um bairro bem pacato e não estamos acostumados com esse tipo de coisa.

— Que coisa? — Rony não fazia ideia de sobre o quê o tal homem falava.

— Se percebermos que o senhor, por acaso, bateu em sua esposa, teremos que acionar as autoridades.

— Eu jamais bateria em Hermione, por favor, o senhor nem me conhece — falou com grosseria.

— Senhor... — Hermione estendeu a mão.

— Simon Brandt. — outro aperto rápido.

— Boa noite, senhor Brandt. Sou Hermione Granger e quero agradecer ao senhor por sua preocupação, mas este… este… — ela se conteve para não usar um termo chulo — senhor aqui não me bateu, apenas nos desentendemos. E ele não é meu esposo. É apenas um mal-entendido que estamos tentando solucionar.

— O antigo casal que viveu aqui era do mesmo jeito que vocês e muitas vezes fomos obrigados a ouvir esse tipo de discussão sobre quem ficaria com a casa.

— Entendo, mas esse não é o nosso caso. Está tudo bem, obrigada — a morena concluiu.

— Tudo bem, senhora Granger — o homem prosseguiu lançando um olhar ameaçador para Rony, o que fez ele quase rir — Mas se, por acaso, seu esposo lhe bater, pode nos procurar. Moramos nessa casa aqui, a sua direita – e apontou — Jamais permitiremos situações de covardia e vamos olhar pela senhora.

— Cara, eu não bati nela. Jamais faria isso — Rony esfregou as têmporas, aquilo não podia estar acontecendo com ele.

— Não se preocupe senhor Brandt, caso precise, procurarei o senhor. Muito obrigada mesmo. — respondeu Hermione após dar uma olhada rápida em Rony.

Então o homem se afastou e Rony fechou a porta sem nem mesmo esperar que ele desce um passo. Quando se voltou para trás, percebeu que Hermione havia descido as duas malas para a sala. Por um leve instante ele pensou que ela fosse embora, e seu coração doeu ao cogitar essa ideia.

— Agora sei porque foi escolhida pelo Kingsley pra ser a representante dele. — ela ficou em silêncio — Hermione, me desculpe pelo que falei lá em cima, estava irritado, de cabeça quente. Não precisa ir embora só por isso.

— E quem disse a você que vou embora? — perguntou sem lhe dirigir o olhar — Apenas vou ficar aqui embaixo porque qualquer sofá velho é melhor companhia que você ou aquele lixeiro que você chama de quarto. Pode ficar com ele, terei toda a minha vida para usufruir daquele quarto quando o senhor Collins mandar você embora.

— Como assim, lixeiro? — Rony perguntou sem entender muito bem.

— Ronald, por favor, você acha mesmo que eu ia ficar em pé na frente do quarto? Aproveitei o senhor Brandt para me instalar, mas confesso que entre o sofá e aquilo, aqui estarei muito mais confortável.

— COMO TEVE A OUSADIA DE ENTRAR EM MEU QUARTO SEM A MINHA PERMISSÃO?

— Olha só, seu Legume Insensível — falou em um tom tranquilo, mas firme — Caso não tenha entendido, aquele quarto também é meu e eu posso entrar nele a hora que eu bem entender, mas tenho que concordar que é uma ousadia entrar ali.

"Corro o risco de me perder e nunca mais encontrar a saída. Agora, por favor, pare de gritar que não estou interessada em ter que livrá-lo da polícia, se bem que seria muito interessante ver o senhor Brandt chegar nessa porta e levarem você embora da minha casa de uma vez."

Ele não respondeu. Percebeu que ela realmente tinha razão e isso o deixou irritado. Odiava ter que admitir que ela tinha razão, mesmo que ela não soubesse que ele pensava assim.

Sabia que tinha passado dos limites e tinha consciência de que a magoara algumas vezes naquela noite, então, decidiu levantar a bandeira branca por aquela noite e, no tom mais brando que conseguiu para aquele momento, falou enquanto se dirigia às escadas.

— O chuveiro não tem água quente, mas a banheira sim. Não comprei, mas tem um tubo de espumas pra banheira no armário do banheiro, caso queira. Não sei se está na validade.

"Minha mãe deixou umas toalhas e cobertores na dispensa embaixo da escada. Não tinha guarda-roupas pra guardar e depois que comprei, não me interessei em guardar. Ela também abasteceu a geladeira com carne, fígado, frango. Deve ter legumes também. Fique à vontade, afinal, a casa é nossa".

Ao terminar de dizer essas palavras, subiu as escadas e Hermione ouviu a porta do quarto sendo fechada instantes depois. Sentia um vazio enorme no estômago, e não era fome. Era tristeza mesmo. Mas respirou profundamente e pensou que já havia chorado demais por aquele legume, ogro, grosso e imbecil a sua vida inteira. A situação não permitia tristeza, e sim planejamento para que ela vencesse a guerra e a casa fosse, definitivamente, sua.

Na dispensa encontrou cobertores e toalhas. A senhora Weasley era tão cuidadosa. Se pegou sorrindo absorta em pensamentos felizes que povoaram sua mente ao sentir aquele cheirinho de roupa lavada na Toca. Colocou uma coberta sobre o sofá e deixou uma para se cobrir.

Foi à geladeira e viu carnes e legumes como o ogro havia dito. Cortou algumas em uma panela, temperou e levou ao fogão. Uma sopa de carne e legumes seria bem-vinda para aquela noite triste e fria.

Enquanto a sopa cozinhava, pegou uma toalha e foi tomar banho. Encontrou a espuma, mas não estava no clima de relaxar. Tomou um banho rápido e se sentiu melhor ao colocar seu velho e macio pijama, embora tivesse certeza que a noite não seria nada agradável naquele sofá.

À mesa, se alimentou. A sopa havia ficado boa e foi suficiente para matar sua fome e esquentar seu corpo. Sentiu o corpo pesar e derrubou a cabeça sobre o braço por um momento, o hálito quente marcando a madeira da mesa.

Inspirou e levantou. Colocou as sobras da sopa em uma vasilha e guardou na geladeira. Lavou a panela e o prato que havia usado, mas a bagunça dele, nessa ela não tocaria, mesmo que fossem apenas quatro pratos.

Se dirigiu até o sofá e o estranhou. Quando desceu as escadas não havia percebido, mas reparava agora: Era um sofá-cama e alguém o havia aberto para ela... “Alguém...” Sentou sobre o móvel que era bem mais macio do que aparentava e viu um travesseiro.

Idiota, como sempre fora, sorriu consigo mesma pelo pedido mudo de desculpas do ruivo; ele sempre dava um jeito de tirar um sorriso dela depois de uma discussão.

Olhou a hora no visor do celular: 23h18min. Era melhor dormir. Amanhã o dia seria longo.


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Notas finais do capítulo

E ai pessoal, o que acharam? Como quem me acompanha sabe, adoro OC e não seria diferente aqui em A Casa Caiu. O senhor Brandt é aquele vizinho atento, que preza pela paz e bom costume. Não gosta de gritarias e é muito pacato na maioria do tempo. Vai tentar ajudar a pobre Hermione, mas mal sabe ele que ela não precisa de ajuda nenhuma.
Espero, de coração, que tenham gostado e, mais uma vez, bom fim de semana.



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