A Casa Caiu escrita por Andye


Capítulo 2
Minha Casa, Sua Casa


Notas iniciais do capítulo

Olá Garotitos e Garotitas, tudo em ordem?
Eu espero que estejam sim.
Como eu sei que meu fim de semana será uma loucura devido ao chá de bebê da minha nova sobrinha que eu estou organizando, preferi vir no PC e adiantar para vocês o capítulo que postaria amanhã.
Quero dizer também que estou bem feliz porque tive comentários positivos do capítulo anterior e que mesmo que eu esteja bem atarefada, não deixarei de postar. Foi uma meta que coloquei em mim mesma como ficwriter e não vou voltar atrás na minha palavra.
Finalizando aqui, beijocas para todos os leitores, os que comentam e os fantasminhas. Quero desejar também um fim de semana ótimo para todos e dizer que semana que tem teremos mais.

Fiquem todos bem :**



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Hermione preferiu fechar os olhos antes de falar ou reagir de qualquer forma que fosse. Não podia acreditar que ele, logo ele, estava ali, na sua frente, apenas de toalha, a encarando.

Mas o que Ronald Weasley estava fazendo na sua casa? Que loucura era aquela? Bastava colocar os pés em Londres para a loucura se apoderar de sua vida novamente.

— Sabia que provocava muitas sensações em você, mas nunca imaginei que desequilíbrio e cegueira fizessem parte do pacote — falou com um tom debochado — O que está fazendo na minha casa?

— Sua casa? — ela abriu os olhos repentinamente e se aproximou sem se preocupar com os vários centímetros de altura que ele tinha a mais do que ela — Como assim 'sua casa'? Essa casa é minha.

— Sua? — desdenhou — Por favor, Hermione. Essa casa é minha. Comprei faz duas semanas. Me mudei faz quatro dias.

— É impossível que essa casa seja sua... Eu não posso acreditar nisso. —ela estava claramente nervosa. As bochechas começavam a ficar vermelhas. Revirou os olhos antes de continuar — Eu passei três horas em um voo estressante, mais uma hora em um táxi desconfortável e o meu único desejo era chegar na minha casa, tomar um banho, pedir uma pizza e descansar, mas não... De alguma forma, você, garoto — meteu o indicador com ignorância no peito de Rony — Você descobriu onde eu estaria e deu um jeito de invadir a minha casa e perturbar a minha vida. Por que você não me deixa em paz? Me diz por quê?

— Em primeiro lugar, tire o seu dedinho pontudo de mim — falou segurando o pulso dela e abaixando sua mão — Em segundo lugar, eu não tenho pra que te seguir ou tentar te ver. Já tive doses suas o suficiente quando namoramos e não estou a fim de repetir e, em terceiro, eu não sei se você percebeu, mas deixei de ser um garoto faz um tempinho.

"Agora, por favor, tome uma água, use o banheiro se quiser, e saia da minha casa em seguida. Quero me trocar e jantar. Ao contrário de você, não tenho um trabalho fácil banhado a viagens e restaurantes pagos pelo Ministério. Não sei se sabe, mas sou Auror, e trabalho bastante durante o dia. Estou cansado e quero relaxar".

— Está querendo dizer que eu sou uma desocupada? — suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas e os olhos começaram a ficar com um ar ameaçador.

— Não falei nada, a carapuça que serviu — disse ele dando de ombros, como se não houvesse acabado de ofendê-la.

— Quem você pensa que é pra me chamar de desocupada? Você não sabe nada da minha vida — respondeu com a voz mais alta que o normal, o tom ainda mais irritado.

— Nem quero saber. Agora, por favor, dá pra sair da minha casa?

— Essa casa é minha e eu não saio daqui. Saia você ou vou chamar a polícia — respondeu com a voz esganiçada, fazendo o ruivo sentir uma leve saudade das brigas passadas.

— Pois então chame — ele cruzou os braços com prepotência e a encarou, provocando — Assim que eles chegarem aqui, eu mostro a documentação de compra e vou ficar bem satisfeito em ver você sendo levada para passar uma noite bem descansada na delegacia. E essa não será paga pelo Ministério.

— Isso é impossível! — ela gritou, agitada. Os cabelos começando a se soltar do coque alto — Eu tenho a documentação da casa em meu nome. Saia daqui AGORA!

— Como assim tem a documentação em seu nome? — ele alterou o tom também, até agora calmo. Sabia que Hermione não mentiria sobre algo assim.

— Sim, eu tenho! Já disse que essa casa é minha! — falou novamente, as bochechas mais vermelhas que o normal, a voz ainda esganiçada e os olhos injetados de raiva.

— Que absurdo é esse? De onde veio com essa conversa?

— Não quero mais falar nada com você — disse tentando se acalmar — Continua sendo um ogro ignorante. Saia da minha frente. — passou em disparada esbarrando o ombro no peito do ruivo, o afastando do caminho. Enquanto caminhava, pegava o celular no bolso traseiro da calça.

— Mas é claro que eu não vou sair — disse, seguindo-a — Você chega na minha casa, interrompendo o meu descanso e acabando com a minha tranquilidade e quer que eu saia do caminho? Quero que 'você' saia daqui.

— EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU SAIR! — respondeu esbravejando, a voz tão esganiçada que incomodou o ruivo, enquanto se encaminhava também para a sala.

— Inferno sangrento. Inferno sangrento. MIL VEZES INFERNO SANGRENTO! — ele alterou a voz de uma vez arrumando o nó da toalha que começava a soltar — Me diga de uma vez o que você está fazendo aqui.

— Não vou mais dirigir a palavra a você. Vou ligar agora mesmo para o senhor Collins e exigir que ele tire você da MINHA casa — Hermione respondeu firme, apressando-se em não olhar o ruivo remexendo a toalha.

— CACETE! Como você é irritante. Já disse que essa casa é minha. Custa aceitar o que eu digo uma vez na vida?

— Sim, custa porque ela é minha.

— E por que você, a senhorita Hermione Sabe-Tudo-Sou-A-Melhor Granger iria querer uma casa como essa?

— Eu não que… — interrompeu a frase e mudou o foco — Porque ela é minha e ponto final. Além do mais, não preciso justificar nada da minha vida para pessoas que não fazem parte do meu círculo de amigos.

— Ahhhh!! — ele se irritou, as orelhas num tom vermelho que se confundia com seu cabelo — Faz um tempo que éramos bem mais que amiguinhos, não é? Esqueceu? Se quiser eu lembro pra você — provocou aproximando o corpo maliciosamente.

— Mas que palhaçada é essa, Weasley? Não preciso que você me lembre de nada sobre exatamente nada com você. Esse é um momento da minha vida que já não existe e que continuará sendo assim quando você sair da minha casa.

Rony olhou para Hermione com os olhos injetados de raiva. O tom azul estava escurecido, como Hermione bem sabia que só acontecia quando ele estava muito irritado ou daquele jeito que ela preferia não lembrar, mesmo que aquela toalha amarrada na cintura dele a incitasse a fazê-lo.

Ela pensou que ele iria lhe responder com um insulto ainda pior, mas se surpreendeu quando ele respirou profundamente, muito irritado, porém controlado, e disse:

— Hermione, eu vou me vestir e espero que, quando descer do 'meu quarto', você não esteja mais aqui.

Ela não respondeu, mas respirou com força, cheia de raiva. Olhava para o celular e o ignorou claramente. Depois de se aproximar da escada, ele a viu colocar o celular no ouvido e parou em um dos degraus para ouvir com quem ela falaria.

— Senhor Collins, é Hermione Jean Granger [...] Não. Eu não estou bem. Estou com um grande problema em minha casa e quero que o senhor resolva imediatamente [...] Sim, eu já sei que houve um engano com a casa, mas não é esse o problema [...] Não tem nada a ver com os cupins [...] O problema é que [...] Infiltração? Não, não [...] — Rony ouviu sobre a infiltração e riu por ela não saber nada a respeito do estado real da casa — O senhor não está entendendo [...] O quê? Não, também não vi goteiras ainda...

Tem uma bem ai onde você está agora”, o ruivo pensou, rindo em silêncio, observando que a ex namorada ainda tinha manias antigas como passar as mãos bagunçando o cabelo quando ficava nervosa. Observou também que ela estava mais magra do que na época em que estavam juntos, mas havia mais curvas na região do quadril "Por que estou observando isso?"

— Senhor Collins, eu não estou interessada em saber, neste momento, se a casa está ou não com problemas no encanamento…

Mas deveria”, ele pensou. E também deveria se preocupar com as baratas que moram no primeiro andar. Vai ser bem divertido te ver fugindo das baratas voadoras, Granger… Que merda é essa, Ronald? Ela não vai ficar na sua casa”.

— O problema é que há um homem morando na minha casa. E ele alega que a casa é dele, além disso, disse que tem a documentação em seu nome. O senhor poderia me explicar o que está acontecendo?

Fez-se um silêncio no qual Rony observou com atenção. Pela expressão que ela fazia, a notícia que recebia do tal senhor Collins não era muito agradável. Tentou decifrar, pelos gestos dela, o que estaria acontecendo, mas percebeu que seria inútil.

— Tudo bem. Eu vou esperar o senhor retornar. — Desligou o celular e sentou.

Rony aproveitou para subir ao quarto e colocar uma roupa mais confortável e que não estivesse prestes a cair. Enquanto colocava uma camiseta e a calça de moletom que costumava usar quando chegava do trabalho, pensava em como Hermione havia ido parar em sua casa.

Aquilo parecia coisa de outro mundo, mas a verdade é que ela estava ali, na sua sala, e ele preferiu esperar que ela tentasse resolver com o tal senhor Collins antes de cutucá-la novamente.

Sabia que ela não inventaria uma história daquelas e, quem sabe, ela se dava conta que havia entrado na casa errada, que a sua era uma outra, mais bonita e conservada em um outro lugar bem distante. Talvez não tão distante…

Desceu as escadas em silêncio, foi até a cozinha e preparou, no microondas, o que parecia ser uma lasanha congelada. O fato não passou desapercebido aos olhos de Hermione, mesmo que ela evitasse olhá-lo. Era interessante ver Rony adaptado a objetos trouxas.

Percebeu com o canto do olho quando ele sentou à mesa assim que o aparelho apitou indicando que a comida estava pronta. Não havia lhe dirigido mais a palavra, o que a deixava, em partes, satisfeita, mas estava irritada demais por ele usufruir daquilo que era seu por direito.

O cheiro da lasanha estava ótimo e ela se deu conta que estava com fome. Olhou a hora no celular: 20h46min. Estava exausta. A perna cruzada balançava enquanto sua paciência em esperar o retorno do senhor Collins se acabava.

— Por que você não liga pra seu pai vir te buscar? — o ruivo cutucou entre uma garfada e outra, sem se dirigir diretamente para ela — Não é legal deixar o senhor Granger preocupado, afinal, a menininha dele não pode ficar por ai com um bando de bruxos irresponsáveis…

Hermione sentiu o sangue ferver quando ouviu as palavras saírem da boca do ruivo. Não era possível que ele ainda se aborrecesse com o fato de seu pai não lhe deixar mais dormir na Toca depois de terem começado a namorar. Mas claro, só poderia partir do imaturo - mais um i - Ronald Weasley”.

O olhou da forma mais ameaçadora e indignada possível, mesmo que ele estivesse de costas, respirando mais lenta e profundamente, tentando manter a calma. O legume insensível não iria lhe tirar do sério mais uma vez. Não dessa vez. Ficaria por cima.

— Vi que estava no celular. Imaginei que tenha pedido pra seu pai vir buscar você — Rony insistiu. Queria que ela voltasse a falar.

— Não, Ronald. Eu não liguei para o meu pai. Muito menos pediria que ele viesse me buscar.

— E então? Como vai pra casa? Não dá pra aparatar daqui, não sei se sabe.

— Eu não vou pra casa porque eu já 'estou' em casa, caso não tenha percebido. E sim, eu sei que não posso aparatar. Obrigada pela informação. — respondeu num tom de voz baixo entre os dentes.

— A única coisa que sei é que estou com sono, preciso fechar minha casa e não posso fazer isso com você aqui dentro.

— Assim que o senhor Collins me retornar a ligação, você vai entender de uma vez por todas que essa casa é minha e eu vou ficar imensamente feliz em ver você dando meia volta e saindo daqui.

— Senhor Collins?

— Sim, meu corretor, e se me dá licença, não quero mais conversar com você.

Rony se calou, sorrindo por dentro. Ela continuava tão intransigente como sempre. A mania de querer estar sempre certa era sua característica principal, e a que ele mais detestava.

Não sabia como conseguiu namorar dois anos com aquela sabe-tudo irritante. E, muito menos, como ainda a achava tão bonita e atraente.

Terminou seu jantar e colocou o prato sobre a pia, acumulando mais um. Descalço, caminhou até a poltrona onde Hermione estava sentada. Sentou-se no sofá maior e em seguida, deitou. Os pés sobre o braço do móvel. Com o controle da televisão, sintonizou um filme trouxa e começou a assistir como se a garota não estivesse ali.

— Antes de você sair da minha casa, vou obrigá-lo a lavar toda a louça suja que tem acumulado na pia — a morena comentou, atenta à familiaridade de Rony com objetos trouxas. Pensou que isso nunca aconteceria.

— Preciso contratar um serviço de dedetização. Tem uns mosquitinhos insuportáveis por aqui essa noite.

— Olha aqui seu...

Parou no meio da frase quando ouviu o celular tocar. Rony fez que não se interessou, mas desligou os ouvidos do filme e os fixou em Hermione enquanto ela ficava ereta e atendia o celular.

— Sim, senhor Collins, sou eu [...] Que tipo de problema? — fez-se um longo silêncio no qual Hermione esboçou uma cara de poucos amigos enquanto olhava de relance para Rony. Ele sorriu de volta, desdenhando — Eu não acredito nisso! O que o senhor pretende fazer? [...] E quanto tempo isso vai demorar? [...] Isso tudo? O senhor só pode estar brincando comigo [...] Não, eu não vou para lugar nenhum. Essa casa é minha. Paguei por ela. Tenho meus documentos em mãos e se alguém tem que fazer algo, esse é o senhor [...] Pois espero que o senhor resolva o mais rápido possível [...] Eu o conheço, mas nem por isso quero dividir minha casa com ele. Isso é um absurdo. Que tipo de profissional é o senhor? [...] Não senhor, eu não quero, e espero que essa situação seja resolvida logo. Passar bem!

Ela fechou o celular e ficou em silêncio. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que compartilhar as informações recebidas com o ruivo, mas não sabia em que tipo de conclusão chegariam. O fato era certo: Ela não sairia da casa. Agora era uma questão de honra.

— O que o tal senhor Collins falou? — ele quebrou o longo silêncio que se fez após o fim da ligação.

— Que a casa é minha...

— Hermione, eu já disse que tenho...

— E sua também — ela cortou a frase antes que uma nova discussão começasse.

— Como é? — pela primeira vez o ruivo pareceu confuso. Sentou-se sobre o sofá e a encarou sério.

— O senhor Collins disse que essa casa pertencia a um casal. Moraram cerca de seis anos aqui e, depois de um casamento frustrado, se separaram e seguiram cada um pra seu lado.

— E...? — incentivou quando ela ficou em silêncio.

— O marido permaneceu na cidade e colocou a casa à venda com o corretor que você comprou.

— E a esposa? Fale de uma vez, Hermione.

— A esposa viajou para a Espanha e colocou a casa à venda com o corretor que eu entrei em contato.

— O que isso quer dizer?

— A casa foi vendida duas vezes. Os corretores não sabiam que ambos haviam colocado a casa à venda.

— E…?

— A casa é tão sua quanto minha, no momento.

— Isso é impossível.

— Também acho, mas é o que está acontecendo por enquanto.

— E o que vão fazer?

— O senhor Collins entrará em contato com o outro corretor amanhã mesmo. Tentarão chegar em uma solução o mais rápido possível.

— E quanto tempo isso vai durar?

— Alguns meses. Talvez três ou quatro.

— Certo. Eu espero. Pelo que ouvi, acho que esse corretor que você falou, o senhor Collins, conseguiu uma casa pra você ficar enquanto espera.

— Sim, conseguiu — ela falou indiferente.

— Ótimo. Quando você vai pra lá?

— Essa casa é minha — falou baixo, em um tom ameaçador — E é aqui que eu vou ficar enquanto essa situação não se resolve, você gostando ou não. E, se, por acaso, não gostar, a porta da rua é a serventia da casa. Agora me dê licença porque eu preciso tomar um banho e preparar alguma coisa pra comer.

Falando isso, Hermione se levantou, pegou as malas e seguiu subindo as escadas, fazendo um barulho enorme. Rony pensou em ajudar com a bagagem, mas ainda estava absorvendo aquela situação toda. Era muita informação junta. Muita coisa para pensar e ele não sabia muito bem o que pensar.


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Notas finais do capítulo

É isso ai, pessoal. Um capítulo novo, e até grandinho para vocês. Como sempre, espero comentários. Me façam felizes e comentem, é super importante pra mim o retorno.
Novamente, bom fim de semana e até o próximo!



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