Enquanto o Sol Brilhar escrita por Gabriel Campos


Capítulo 11
Bob: Todos estão mudos


Notas iniciais do capítulo

Pessoal! Sumi de novo! ç.ç Não foi porque eu quis, na verdade, curtir as férias me deixa um pouco mais sumido da internet mesmo.

Hoje ñ tem música pq o capítulo tá meio tenso, mas meio fofo. Come on!



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Eu sinto que minhas pernas estão dormentes, mas mesmo assim eu pedalo. Dona Tânia poderia gostar da ideia de eu dar umas pedaladas a mais para perder peso, mas a vida que eu preciso salvar é a dela.

Que se dane se minhas pernas doem.

Que se dane se eu sou gordo e preguiçoso o bastante para não resistir. Eu preciso resistir.

Dona Tânia precisa de mim.

Consigo chegar ao condomínio dez minutos depois da ligação que ela me fez. Estou desesperado, penso ter demorado muito, penso que pode ser tarde demais. Bato na porta de seu apartamento, os ossos dos meus dedos doem, vejo a vermelhidão e sinto as feridas abrirem. Ninguém responde. A porta está aberta.

Sem pensar duas vezes, adentro no apartamento, o celular na minha mão discando o número da emergência. Vejo Dona Tânia deitada de costas para o chão, inconsciente. Tento sacudi-la, de leve, ou fazer qualquer coisa para que ela acorde, mas percebo que é em vão.

Há uma fraca pulsação em suas veias. Há uma leve esperança reinando em meu coração. Ainda posso salvá-la.

Chamo a ambulância: ela não pode demorar. Hesito em deixar aquela senhora ali, sozinha, jogada ao chão de sua casa, no entanto, preciso pedir ajuda a alguém naquele condomínio. Ponho-me para fora do apartamento e observo o pátio do bloco do condomínio: completamente deserto. Olho no relógio e percebo que já está muito tarde, no entanto não o suficiente para uma moça que ali em frente passa, correndo, os sapatos de salto nas mãos.

— Ei! — chamo-a — Moça, por favor!

Ela parece estar muito apressada, mas talvez tenha percebido o desespero na minha voz tremulante. Não preciso chamar de novo para que ela se aproxime e não preciso apertar os olhos para me lembrar que já vi o rosto dela em algum lugar.

— Bob!? Você mora aqui? — É diferente ver a doutora Jana fora do seu local de trabalho e fora do seu jaleco branco com bordados cor-de-rosa. — Espera… o que aconteceu?

— Doutora Jana… me ajude! Tento puxá-la pelos ombros para que entre dentro do apartamento, mas vejo que seus olhos estão inchados. Ela parece estar arrasada por alguma coisa, então hesito. — Quer dizer… esquece.

— É algo sério? — Doutora Jana passa por mim e entra no apartamento. Joga os sapatos de salto, outrora em suas mãos, no chão. Ela se assusta ao ver Tânia deitada ali.

— Eu já chamei a emergência. — explico, nervoso — Tenho medo de que ela não sobreviva e estou me sentindo um lixo por estar assim, de mãos atadas, sem ter o que fazer!

A veterinária entende que talvez eu precise de mais ajuda que ela. Talvez minha noite esteja sendo pior que a dela, seja lá o que tenha acontecido.

As luzes vermelhas da sirene da ambulância começam a invadir o local. O pulso da idosa está fraco, ainda mais fraco do que há minutos atrás. Sinto que estou a perdendo. Sinto que estou ficando sozinho no mundo de novo. Sinto que eu odeio o câncer com todas as minhas forças.

Os paramédicos rapidamente prestam os primeiros socorros. Eu observo tudo do canto da parede, assustado, meus olhos arregalados, quase fugindo de suas órbitas. Eu não vou me perdoar por isso. Jana tenta conversar com um dos responsáveis pelo socorro, mas eu não entendo nada. As palavras parecem ter suas letras embaralhadas ao saírem da boca daquelas pessoas.

Quando a ambulância atravessa os portões do condomínio, levando consigo Dona Tânia e os paramédicos, Jana toca meus ombros e diz alguma coisa. Eu não ouço nada do que ela diz porque tudo que eu quero que ela diga é que Dona Tânia está bem e que eu não preciso me preocupar.

Tolo.

— Vem comigo, Bob. — finalmente consigo entender algo. Doutora Janaína estende sua mão para mim — Tudo vai ficar bem. Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Não, ainda não inventei o nome do shipp e.e