Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 4
O Jovem Pescador


Notas iniciais do capítulo

Idades:
Elliot - 13 anos.
Aubrey - 37 anos.
Thorfin - 39 anos.

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Sou Elliot, o melhor amigo de Charlotte. Sou um Trannyth.
O rei não aprova a nossa amizade, por conta da diferença de classes.
Espero que, um dia, tudo possa vir a ser diferente.



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Elliot

Conforme foi acostumado devido ao trabalho pesado desde cedo, Elliot levantava antes do nascer do sol. Em seguida, tomava o desjejum e acompanhava o pai Thorfin até a costa do mar, onde o auxiliava nas atividades relacionadas à pesca. Quando não as praticavam, realizavam colheitas e procuravam bastantes alimentos para sobreviverem durante a semana. Aubrey, a mãe, ficava em casa preparando as refeições.

— Por favor, carregue estas. — Thorfin pediu gentilmente, entregando duas sacolas pesadas e lotadas de peixes dos mais variados tamanhos para o garoto, que comemorou. Não era sempre que tinham sorte. — Teremos comida por um bom tempo, sem precisar vir para cá tão rápido.

— É uma boa notícia... Assim, poderei ter tempo para enviar um bilhete à Charlotte e pedir que nos encontremos aqui perto. Será bastante divertido!

— De jeito nenhum. — Seu pai era duro na maioria das vezes, mas o filho sabia que tinha um bom coração e isso acontecia apenas por preocupação do que Lothar poderia fazer com ele. — Não desafie e nem subestime nosso rei, Elliot. Podemos ser mortos das piores formas!

Abaixando a cabeça tristemente, seguiu o homem em silêncio, percorrendo um imenso caminho pelos bosques e desfiladeiros repletos de neve até surgir a vista do arraial, onde vivia com a família e outros moradores pertencentes à classe mais baixa de Arroway. Era um local grande, construído sobre uma terra infértil abandonada e sem proprietários, repleto de casebres de madeira e sapê, feitos há anos por um grupo de humildes cidadãos. O arraial sobreviveu até aqueles dias e o número de moradores somente aumentava conforme o passar do tempo. Reformas foram feitas nas casas para suportar números maiores de moradores as ruas de areia se estendiam cada vez mais pelo terreno.

Elliot tinha dificuldades para andar com a neve em seus pés, mas não reclamava, pois sabia que o pai enfrentara aquilo durante todos os invernos que passaram pela sua vida e sentia profundo orgulho do mesmo, admirando-o por sua honestidade e dedicação ao trabalho.

Uma hora depois, estavam atacados por uma grande fome que consumia seus estômagos aos poucos. Cruzaram o arco branco da entrada principal e seguiram pelos becos de areia nevados até chegarem à residência pertencente aos Trannyth. Homens e mulheres carregavam cestos cheios de alimentos, plantas e ferramentas de trabalho, enquanto crianças pequenas dentro das casas brincavam, derrubando umas às outras. Algumas deixavam suas moradias para fazerem figuras semelhantes a anjos sobre o chão branco.

Aquela visão alegre sempre trazia lembranças de quando Elliot era um deles, sem muitas obrigações como agora. Sentia falta daquela época, na qual tudo era mais simples ao lado dos colegas da vizinhança e as preocupações eram menores. Atualmente, tinha treze anos, um ano a mais que Charlotte, e precisava contribuir no sustento da família.

Era um garoto que gostava de interagir com as pessoas de idades semelhantes. Tinha uma boa relação com alguns garotos e as gêmeas Evelyn e Katherine, que moravam na casa da frente. Os Trannyth e os Muirden mantinham laços de amizade desde as antigas gerações e agora Gregory havia se mudado para o palácio após se tornar um membro importante na segurança do rei, levando suas filhas consigo. Raramente apareciam na vila, mas visitavam os antigos vizinhos quando conseguiam. A residência foi mantida intacta, sem que outros fossem morar ali.

A construção ficava quase no fim do arraial. Próximo a dela, havia um grupo de moradores reunidos, conversando e fofocando sobre algo. Thorfin e Elliot andavam por perto, portanto, conseguiram escutar parte do diálogo daqueles cidadãos.

— Aquele lá subiu de vida mesmo, não é? E ainda impede que novas pessoas se abriguem na casa antiga! — Era a voz de uma senhora de idade, mas Elliot não sentia vontade de olhar para seu rosto e reconhecê-la. As vozes se misturavam na conversa.

— É um egoísta... — Outra pessoa respondeu. Desta vez, um homem. — Gregory deveria se lembrar de onde veio e nos ajudar de alguma forma agora que vive no bem-bom. Continuamos pobres e vivendo esse terror, enquanto ele está lá no palácio, usufruindo das beldades de Arroway.

— O que podemos fazer? As pessoas são assim mesmo! Quando melhoram, sempre fazem questão de se esquecer dos pobres que faziam parte de seu ciclo. Passam por cima de nós como se fôssemos meras baratas!

“Estúpidos! Não é possível que acreditem que Gregory deve algo a eles... São um bando de invejosos e covardes que não tiveram a coragem de se inscrever naquela competição e agora reclamam de sua ascensão como guerreiro. Detesto viver perto dessa gente.”

Elliot realmente não suportava a presença daqueles vizinhos, que sempre procuravam saber de tudo sobre a vida alheia, sem mais funções e obrigações além de fofocarem sobre os outros. Sentia vontade de gritar com todos e mandá-los cozinhar, tricotar ou fazer algo de útil. Irritado, decidiu ignorar o grupo e parou diante da porta de seu lar. Colocou as sacolas sobre o solo, secou o suor da testa com uma das mãos e em seguida bateu.

A janela ao lado foi abera e o rosto de uma mulher surgiu. Esta espionava para saber quem se encontrava ao lado de fora. Tinha os cabelos negros enrolados em um coque e a expressão no rosto se tornou alegre ao ver o esposo e o filho. Apressou-se a permitir a entrada dos dois.

— Vieram mais rápido hoje!! — Ela apontou as mãos para as pesadas sacolas. — Deixe que eu as levo à cozinha. Já fizeram demais as trazendo até aqui.

— Nem pensar! — Elliot voltou a segurar as bolsas, impedindo que a mãe fizesse isso antes. — A senhora não pode carregar peso! Assim como eu, meu irmão precisa nascer forte e saudável!

Aubrey Trannyth estava grávida e teria o bebê em poucos dias, de acordo com a contagem natural dos meses. A barriga estava enorme, tornando difícil até mesmo andar e carregar objetos, mas mesmo assim a mulher realizava trabalhos menos pesados e que não exigissem muito esforço de sua parte.

Elliot foi até a pequena cozinha e deixou os alimentos ao lado da mesinha de madeira, sentando-se em uma cadeira logo depois. Sobre a superfície desta, havia um vaso transparente com algumas rosas oferecidas a Aubrey em um presente de aniversário de casamento ocorrido naquele ano. O filho sorria sempre que olhava para aquilo, pois era um objeto que simbolizava o amor de seus pais.

Enquanto isso, Aubrey terminava de preparar o almoço. A refeição do dia seria simples, composta de sopa de legumes e suco feito com uvas frescas.

— Quero passear pelos bosques hoje... Posso?!

— Nesse frio?! — protestou o pai, irritado com a situação desde que o assunto se iniciara naquela manhã. — Não acredito que fará todo aquele percurso só para ir até o maldito poço. — Thorfin se estressava fácil e discutia bastante com o filho, virando alvo de fofocas das idosas desocupadas. — Elliot, não deve acreditar em lendas idiotas que os outros ficam inventando. Quantas vezes eu preciso ensinar isso a você, criança?

Elliot conhecia muito bem as lendas. Ao contrário de alguns garotos ignorantes da vizinhança, sentia profunda curiosidade em conhecer por completo a história dos antepassados e saber como era Hastryn nos séculos anteriores ao seu nascimento. Compreender o que havia sido modificado, como as épocas foram se tornando diferentes umas das outras e aprimorar seu conhecimento conforme o passar das gerações. Espelhava-se em Gregory Muirden, desejando se tornar um homem culto e habilidoso como ele.

— Papai, temos que ter fé na realização de nossos sonhos. Não só acreditar nisso, mas também lutar para acontecer. É por isso que sempre pratico caça e arco nas florestas e também deposito uma moeda no Poço dos Desejos sempre que posso. Greg seguia a mesma tradição e hoje se tornou um cavaleiro de honra.

— Greg teve na sorte na vida, o que é difícil para muitos pobres, como nós. Acontece uma vez em cada mil, portanto, pare de criar ilusões nessa cabecinha e aceite a realidade. É hora de crescer!

— Não seja tão duro com o garoto! — Aubrey tinha o costume de intervir quando a discussão ficava séria demais. Elliot não respondia aos pais, mas explodia de raiva em alguns momentos. — Ele irá crescer e responder pelos próprios atos e problemas sem precisar ser pressionado quando ainda não é um adulto. Vá passear sim, meu filho. Fará bem a você!

Thorfin cerrou os punhos, em sinal de raiva por ter sido contrariado. Antes que o pai tivesse tempo de se pronunciar e convencer a esposa a voltar atrás, Elliot correu até o quarto à procura do arco e da aljava. Encontrou-os abaixo da cama e pulou pela janela do cômodo, evitando passar por qualquer área próxima do casal. Desceu pelos becos de areia, ignorando o olhar curioso dos vizinhos. Estava acostumado com aquelas reações o tempo todo, portanto, já não dava mais importância a elas.

Saiu do arraial e olhou ao redor. À sua frente, bem distante, avistou uma égua bege vindo em sua direção. Sorriu ao reconhecê-la e, em seguida, descobrir quais eram as duas figuras montadas sobre o animal. Correu ao encontro delas, de braços abertos.

— Charlotte, que surpresa você ter aparecido justamente hoje! — Ele suava de nervoso e ansiedade, como era habitual de fazer diante da presença da princesa. — Estava mesmo pensando em nos vermos enquanto tenho minhas horas de folga.

— Desculpe... Não queríamos correr o risco de atrapalhar seu trabalho, mas foi o único tempo livre que encontramos para vê-lo. As coisas lá no castelo não estão muito fáceis... Podemos conversar?

Hazel ficou tomando conta de Lacey e a puxando pelo percurso que tomavam, indo até a Clareira do Poço, local nomeado pelos três em uma das aventuras que faziam juntos. Elliot e Charlotte, de mãos dadas, andavam mais à frente. Sorriam timidamente um para o outro.

Ele a aguardava iniciar com o misterioso motivo de sua visita. Sua alegria durou pouquíssimo tempo, pois o olhar da menina era triste e sério demais. Decidiu quebrar o silêncio, com as perguntas que martelavam em sua mente.

— Hoje nós praticaremos arco? Sinto falta dos momentos em que nos divertíamos aqui perto... Mamãe gosta de sua companhia e ficamos tristes por não recebê-la mais vezes. — Percebendo que estava sendo inconveniente, alterou o assunto. — Bem, não vamos falar disso. Quero saber por que está assim.

— Estou sendo pressionada, Elliot! Arrisquei sua vida vindo até aqui. Não só a sua, mas a de todos nós. Caso meu pai descubra onde estou, poderá fazer coisas horríveis!

Hazel se aproximou.

— Viemos nos despedir, querido... — A ama gentilmente passou a mão pelos cabelos cacheados do garoto. Elliot gostava dela, que sempre fazia o possível para proteger a garota dos perigos de Arroway. — Para o seu próprio bem. Lothar não tem pena de ninguém, nem mesmo de crianças e jovens, mesmo que sejam completamente inocentes e não tenham feito nenhum mal a ele.

Elliot o conhecia o bastante para ter noção de que aqueles fatos eram reais. Já havia presenciado um de seus vizinhos cruzar o caminho de Lothar e ser assassinado pelo rei e sentia grande medo pelo que poderia acontecer às gêmeas por estarem convivendo com as pessoas da corte. Em todos os momentos que se viam, Elliot tomava cuidado para que a identidade de seus pais não fosse descoberta e assim sua família não seria ameaçada. Dessa maneira, apenas ele seria o alvo de Lothar.

— Isso significa que nunca mais nos veremos? Sua amizade é muito preciosa para mim. Não posso perdê-la assim!

— E a sua também é importante para nós, mas precisamos pensar em sua proteção em primeiro lugar. — Hazel notou que a menina estava chorando e permitiu que os dois se abraçassem. Uma lágrima escorreu de seu olho esquerdo enquanto se via obrigada a pronunciar duras palavras e via a filha do coração beijar o rosto do amigo. Elliot sabia que nada era feito por sua vontade. Não podia culpá-la por isso. — Uma amizade verdadeira nunca acaba, mesmo que as duas pessoas se afastem ou fiquem sem se ver por muito tempo... Talvez para sempre.

Quando se afastaram, Hazel também o abraçou e beijou sua testa.

— Meu garoto, nós precisamos ir. Fique bem! Entraremos em contato caso um dia nos livrarmos para sempre dessa ameaça horrível que nos circunda.

Observando-as partirem, Elliot chorou, pressentindo que seria a última vez que veria a garota que amava em um longo tempo, sem poder fazer nada a respeito disso. Havia tido sonhos em que conseguia se tornar um guerreiro notável e vitorioso, pedindo a mão de Charlotte em casamento. Juntos, viviam felizes aos arredores de uma Arroway diferente e mais promissora, com novos tempos de pacificação.

A dor era forte.

Sem vontade de retornar ao arraial, ficou encostado em uma árvore e apoiou a cabeça sobre os joelhos. Desejava que ninguém passasse por perto naquela hora, desabando completamente. Depois de um tempo, deixou de se importar caso alguém aparecesse.

Ouviu o silêncio ser quebrado por passos de cavalos em alta velocidade que pareciam vir naquela direção. Levantando-se, viu um grupo de aproximadamente dez homens em suas respectivas armaduras e montarias ficando cada vez mais perto da árvore, como se viessem ao seu encontro.

Amedrontado, Elliot correu pelas matas para se esconder, mas era impossível. A velocidade dos animais era grande e seria alcançado mais cedo ou mais tarde. Ao olhar para trás, percebeu que estava sendo cercado e não tinha como fugir. Reconheceu o símbolo dos guardas reais de Arroway nas armaduras, mas a de um deles era diferente. Era dourada e brilhantemente limpa. Soube exatamente quem era o sujeito, antes mesmo que tirasse o elmo e se revelasse.

Lothar Wildshade.

— Este é o verme que minha filha tem a coragem de chamar de amigo. — O rei o olhou com desprezo, cuspindo na areia para humilhá-lo. — O que acham do fedelho?

Ninguém o respondeu, sendo perceptível o medo que sentiam até mesmo de dirigir palavras ao soberano do reino, sabendo que se as usassem de forma errada poderiam acabar se tornando vítimas de suas torturas físicas e mentais.

— Fiz uma pergunta! Quero que respondam!

— Ora, Majestade... — arriscou um deles, completamente inseguro com o que estava dizendo. — Certamente alguém que não é digno de ter a companhia da princesa.

— Olha... Parece que você tem mais miolos do que eu pensava! Pensei que sua presença fosse de completa inutilidade. Pelo visto estou um pouco enganado. Sorte sua.

— O-Obrigado, meu rei.

— Agradecer por que, se não foi um elogio? É apenas a sua obrigação como alguém que me serve! — Lothar o encarou e, em seguida, dirigiu um olhar de ódio ao jovem pescador. — Amarrem esta criatura e me deixem a sós com ele. Voltem para o castelo e estejam me esperando!

Um dos guardas desceu de seu cavalo e apanhou uma corda, indo lentamente até Elliot, acompanhado de mais um, que fez o mesmo. Obedecendo a ordem, arrastaram-no até o tronco da árvore mais próxima e o prenderam ali. O menino se debateu, mas aquilo não adiantou absolutamente nada contra dois homens de grande força.

Para evitar que o machucassem mais, acabou desistindo de tentar fugir.

Depois disso, os súditos se retiraram daquela parte da floresta e retornaram ao palácio real. Agora, Lothar e Elliot estavam sozinhos. Apesar de tudo o que fora dito sobre o rei, a criança não o temia como os outros cidadãos. Via alguém triste, solitário, que não tivera uma vida feliz. O único sentimento capaz de nutrir pelo homem era piedade. Pena por saber que alguém cujo povo considerava tão bom conseguiu se tornar um monstro que sentia prazer em infernizar a vida dos que outrora o amavam.

— Sabe o que acontece com aqueles que ousam me desafiar? Acredito que saiba, já que não aparenta ser algum deficiente mental ou desprovido de inteligência. — Lothar sorriu enquanto se sentava à sua frente, sem tirar os olhos dele nem por um segundo. Estava se divertindo.

— Por que o senhor faz tanta maldade com as pessoas? — Elliot tentava ser o mais calmo possível, para evitar agressões. — O que ganha causando tanta discórdia? O medo e o ódio dos que dependem de seu governo?!

— Pessoas como você, que acabaram de sair das fraldas, não são capazes de compreender isso! Não conhecem meu passado e não possuem o mínimo direito de questionar meus atos. Tudo o que faço é pelo bem do meu reino e do futuro da geração dos Wildshade.

— Tirar a vida de inocentes é pelo bem do reino?

— Inocentes? São sanguessugas que, assim que conseguem uma pequena oportunidade de subir na vida, fazem parte de jogos e conspirações para subir mais e mais, passando por cima de todos para isso. Ninguém é diferente!

Irritado, Lothar socou seu rosto. Elliot arregalou os olhos com a rapidez do rei em se levantar e retirar a espada da bainha. Naquele momento, percebeu o que aconteceria. Cerrou os olhos e tentou se comunicar rapidamente com as divindades.

“Amados deuses, sempre fui um fiel seguidor das doutrinas que me foram ensinadas. Acreditei em suas existências e cuidei das pessoas que amo com muito carinho. Por favor, tenham misericórdia e poupem minha vida!”

Ouviu um forte barulho de queda. Abrindo os olhos, viu o rei caído no chão, inconsciente. Sem compreender absolutamente nada, viu um dos cavaleiros que anteriormente o cercaram com uma pedra grande suja de sangue nas mãos. O sujeito a largou e tirou o elmo, deixando Elliot aliviado ao encontrar o rosto de Gregory Muirden.

— Greg! Por que me salvou? — Estava apavorado, pois tinha plena consciência das consequências futuras que viriam por conta daquela ação. — Está arriscando sua vida!

— E qual tipo de homem eu seria, permitindo que você fosse morto? Consegui despistar os outros e prender meu cavalo não muito distante daqui. Fiquei pouco tempo os observando de longe, mas precisava ouvir a conversa para me certificar de que Lothar realmente iria adiante ou estava blefando. Infelizmente, ocorreu a primeira opção.

— Não saberei como agradecer isso nunca! — Elliot respirava fundo, sem crer na realidade daquilo. — Muito obrigado! Como estão Evelyn e Katherine no palácio?

— As meninas estão bem. Não se preocupe com elas agora. Agradeça fugindo com vida e aproveitando todas as oportunidades que surgirem no caminho. Venha comigo, pois irei ajudá-lo a deixar Arroway o mais depressa possível.

...

Montados em um cavalo negro, deram a volta pelo arraial para não serem vistos pelos moradores de lá. Pararam diante de uma alta cerca que delimitava o ambiente. As pessoas raramente passavam por aquela área, de modo que não haveria problema em se esconderem ali.

Um rapaz os aguardava, acariciando o focinho de um cavalo semelhante ao que os conduzia. Utilizava cota de malha e uma espada não muito longa era presa na cintura. Os cabelos eram negros e a pele, morena. Os olhos, escuros como os de Elliot.

— Conhece o jovem Peter, certo?

— Sim. — Peter Howard morava em uma casa da vila, mas costumava viajar bastante pelas regiões hastrynianas e não parava lá. Caçava animais a todo instante para auxiliar a família quando se encontrava em Arroway, assim como Elliot fazia. Dificilmente o via, mas sabia de quem se tratava.

— Howard foi contratado por mim para garantir sua segurança desde que fui embora para o palácio. Caso o rei invadisse sua casa, entraria em contato comigo e impediria que fosse morto. Quando soube que Lothar descobriu a fuga de Charlotte, paguei uma menininha para entregar uma mensagem a Peter ordenando que me encontrasse aqui.

— E o que ele fará?

— Será o responsável pela sua viagem para fora do reino. Juntos, atravessarão muitas terras até chegarem à sua nova residência. Vou notificar seus pais sobre o ocorrido e os enviarei em seguida, mas é de extrema importância que deixe logo a cidade. Antes que descubram seu paradeiro e, pior, onde sua família está.

— Não terei nem tempo de me despedir? E para onde iremos?

— Seus pais serão noticiados e irão assim que puderem. — Gregory falava muito rápido e às vezes era difícil de compreender suas palavras. — Vocês todos irão para Horgeon, o grande reino do sul.


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Notas finais do capítulo

Geeente, quero agradecer pela leitura de vocês, que decidiram acompanhar minha fic e dar uma chance a ela. Garanto que não vão se decepcionar, espero criar uma obra perfeita pros meus leitores.
Amo vocês