Premonição: A Quarta Parede escrita por Állef Câmara Silva, Emmanuel Fernandes


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é o único da história que não será editado, ele já esta pronto, os capítulos anteriores em breve em serão editados.



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Enquanto isso, em Paris, Christopher se lembra da promessa àquela noite no restaurante e decide ligar para Alejandra, a bailarina. Então, ele pega o celular que estava no seu armário no vestiário. Tinha acabado de sair do banho e estava com os músculos relaxados, nada que um banho quente não fizesse milagres.

Christopher disca o número e espera a chamada concluída.

– Alô. – disse a voz do outro lado da linha.

– Oi Alejandra. Lembra-se de mim?

– Oiie. – responde ela, em tom alegre.

– Hoje vou fazer uma surpresa para você.

– Sério?

– Sim. Qual é o seu endereço?

– Bem... – a jovem passa-lhe o nome da rua e o número da sua casa sem quaisquer preocupações. Christopher se mantem calado a todo tempo, prestando atenção.

– Anotei aqui.

– Anotou na sua memória igual àquela noite? – ela se divertia do outro lado da linha, mantendo uma voz mais provocante – Eu cheguei a duvidar que você seria capaz disso.

– Pois não duvides mais. Eu falo apenas aquilo que eu tenho certeza de que vou cumprir. Já chego ai.

– Estarei te esperando.

Já, em Nova Iorque, na casa de Charlie.

Charlie estava assentado em um sofá e do seu lado estava Hellen. Frente ao sofá havia outro sofá onde se sentava os dois policiais, Nicholas e Paul. Uma mesinha de centro os separava por alguns metros e, ao centro, ficava um vaso de vidro que flutuava na superfície algumas flores já nos seus últimos dias.

Alexandra aparece de trás da porta da cozinha e cumprimenta a todos os presentes na sala de vizinhas e coloca a bandeja que trazia consigo sobre a mesinha. Ela tinha trago um bule de café e alguns biscoitinhos para servir as visitas. Alexandra mesma, com ajuda de Hellen, havia preparado os cookies.

Se despedindo, ela entrou para casa adentro.

Charlie é o primeiro a pegar uma das xicaras e preenche-la com café. Os dois policiais pareciam um pouco envergonhados e esperaram um convite formal de Charlie.

– Café?

Ambos acenam com a cabeça e Charlie os entrega uma xicara cada.

– Desculpem-me se não gostarem, mas nós americanos preferimos o nosso café mais fraco e agridoce. Se importam?

– De modo algum. – diz Nicholas antes de comer um biscoito.

Charlie toma um gole do café e coloca a xicara sobre um porta-copos e empurra a alça do pequeno objeto frágil para o lado oposto a borda da mesa.

– Nós conversamos com o William Bludworth, quando chegamos aqui. – Charlie junta as mãos e cerra os punhos.

– Já sabemos. Você nos informou isso quando o interrogamos ontem.

– Entretanto, não os informei o meu motivo.

Pela primeira vez, Charlie chamou a atenção de ambos os homens.

Por um breve momento, eles se contiveram apenas em continuar a tomar o café e assentir com a cabeça. Estavam curiosos, não podiam negar. Era parte da natureza de ser um policial, a curiosidade. Era o que os mantinham na pista certa de um crime.

– Ele me pareceu uma pessoa solitária e bastante sabia. E posso dizer que nossa conversa foi bastante esclarecedora. – diz Charlie.

– Como assim? – pergunta Paul.

– Ele nos disse uma forma de como podemos quebrar a lista e tentou nos avisar sobre os sinais. Jamais podemos ignorá-los.

– Interpretar um sinal, significa mantermo-nos vivos. – complementou Hellen.

– O que você quer dizer com isso? Nada até agora faz sentido.

– Bem... Quando fomos ao teatro aquela noite. Eu consegui vê-los. Eles são quase irônicos se pararmos para pensar, porque... Em que mundo uma pessoa tomaria um café, assim como nós, e pensaria que ia morrer eletrocutado? Café começa com a letra c e terminar com a letra e, assim como a palavra choque.

– Isso não faz o menor sentido.

– Nós sabemos. – disse Charlie e Hellen.

– Você acabou de falar que há uma forma de quebrar a lista, não falou? – pergunta Nicholas, esperançoso – Como seria isso?

– Não sabemos ao certo. – diz Charlie – Ele nos disse que só uma nova vida pode arruinar todos os planos da morte.

– O que isso quer dizer?

– Não sabemos. – disse Charlie e Hellen.

Dessa vez, eles se olharam como se fossem dois estranhos, assim que terminaram de falar ao mesmo tempo. Como sabiam o que um ao outro ia falar?

– Aqui está o ponto chave da nossa conversa. Nós não sabemos o que nova vida significa. Por isso os chamamos. Precisamos de ajudar para descobrirmos, levantar hipóteses...

Os dois policiais se entreolharam.

– Não ficou claro? – diz Paul – Ele quis dizer que tem um bebe a caminho... Nova vida. Recém-nascidos. Entendem?

– Ninguém que saiu conosco do teatro estava gravida. – disse Nicholas.

– Não, espera! – disse Hellen – Ele pode estar certo. Charlie?

Charlie estava calado e pensativo.

Ele observava pela janela atrás dos dois policiais a uma mulher que caminhava com um carrinho de bebes e uma criança pequena, que ela puxava pelos bracinhos. Ele segurava uma bexiga verde por uma pequena gosta e parecia não fazer questão de obedecê-la, pois estava chorando. A mulher não parecia impaciente, pelo contrário, estava calma.

Aquela era a senhora Rivers. Ela era uma nova moradora do bairro que era o assunto principal das fofocas do bairro. Até onde Alexandra o contara, Senhora Rivers tinha se casado pela segunda vez e, após o nascimento da primeira criança, o seu marido a largara. Não fora uma gravidez planejada. Ela passara por sufocos, mas nunca se arrependeu daquela criança.

Foi dela que ela conseguia forças para continuar trabalhando enquanto deixava o seu filho com uma vizinha. Não sabia ela o que a mulher fazia com o garoto. Ela o usava como manequim quando costurava vestidos para sua filha que nunca viveu. A bebe foi dada como natimorto após o parto.

Foi quando Charlie foi tomado por uma epifania e disse:

– E se... Uma mulher que saiu do teatro engravidasse?

– Como?

– Um bebe. Você mesmo falou. – ele olhou para Paul – E se uma mulher que saiu do teatro engravidasse? Um bebe não estava nos planos da morte, porque ela teria motivos para matar alguém que não foi concebido, se tivéssemos morrido?

– Verdade... – disse Paul.

Charlie continuou a olha a janela e viu quando a mulher olhou para o seu filho pequeno, soltou a mão do carrinho e abaixou-se para beijar a sua testa. Depois, ela conversou com ele e apontou para a casa de Charlie. O que foi aquilo?

Charlie agradeceu a mulher em sua mente e, sentiu-se leve. Ele sentiu ter recebido uma resposta da mulher de volta.

Então, todos começaram uma longa conversa procurando aperfeiçoar a ideia de Charlie. Ela parecia ser muito boa, aliás, foi a única que surgiu durante a conversa toda. Não havia motivos para crerem que nova vida pudesse significar algo mais.

– Eu vou ser sincero com vocês – diz Nicholas – se eu não tivesse acompanhado o caso do voo 180 e dos sobreviventes, eu jamais acreditaria em vocês. Eu jamais pensei que coisa do tipo pudesse acontecer.

– Parece que colocamos todas as cartas na mesa e a morte está esperando o momento certo para nos riscar do jogo. – disse Paul – De que data foi noticiada a primeira morte após o caso do atentado ao avião?

– Eu não me lembro. – disse Charlie.

– Pois bem. – diz Nicholas, ele se levanta da poltrona batendo as mãos na coxa. Ele estava com as calças sujas de farelo de biscoito – A conversa está ficando muito interessante, mas eu preciso voltar ao hotel.

– Já vai? – diz Paul se levantando – Eu vou com você!

– Não precisam se apressar gente. Se estiverem com fome, eu posso pedir minha mãe para fazer algo para vocês comerem.

– Não, não precisa. – diz Nicholas – Eu só preciso de um tempo para ficar sozinho. Quero pensar um pouco sobre o que eu vou fazer. Eu vou morrer mesmo.

Todos se entreolharam. Paul engoliu em seco.

Eles sabiam que uma hora aquela dúvida ia chegar. Quem iria morrer primeiro? Eles não sabiam. A primeira oportunidade, William, eles não o perguntaram.

– Nick... Tente não pensar muito sobre isso. – diz Paul. Ele inclina a cabeça para vê-lo – Estamos fazendo a nossa parte. Não desista.

Paul sabia que a irmã de Nicholas havia cometido suicídio.

– Já vou indo. – e Nicholas se dirigiu até a porta.

Hellen pensou em se despedir, mas não achou uma boa ideia.

Nicholas sai da casa de Charlie e caminha até o hotel. Ele não tinha economias para comprar um passe de ônibus, mas preferiu assim. Ele teria mais tempo para pensar em Alice, a recepcionista do hotel. Após tanto tempo, ele se interessou por alguém novamente?

Graças ao serviço, Nicholas nunca pode reclamar de não poder se manter ocupado. Ademais, quando não estava atrás de uma mesa arquivando casos e registrando queixas, fazia patrulhas na rua ou examinava cenas de homicídio.

Por tempos ele não saia de casa para conversar e conhecer uma mulher e mal sabia ele, qual foi a última vez que sentira um toque feminino em sua pele. Ele sentia falta.

Christopher estava próximo da casa de Alejandra.

Estava a poucos quarteirões quando olhou para o banco do passageiro. Lá estava um buque de aves do paraíso, uma flor exótica que se assemelhava bastante com um pássaro de mesmo nome. Se a maioria das mulheres gostam, Alejandra deve adorar, pensou ele. Finalmente, na porta da casa, Christopher bate na porta. Toc toc. Então, após alguns minutos ele é recepcionado pela jovem.

– São para você! – Christopher estende as mãos e entrega o buque a moça.

– Obrigada, entre! Pode ficar à vontade. – Alejandra adentrou na casa, guiando o homem parrudo até a sala de visitas.

Christopher olhou para os lados maravilhado com a decoração.

– Sua casa é linda!

– Obrigada! – diz a moça. Ela está no cômodo ao lado, quando aparece com um vaso para colocar as flores.

– Eu te disse que ia fazer uma surpresa. – ele vê quando a moça se abaixa para colocar o vaso sobre a mesa, dobrando as pernas, o que valorizou alguns dos seus dotes. Ela tinha belas pernas e um bumbum empinado. – Já foi a primeira.

– Gosto disso...

Antes que pudesse resisti, o homem a tomou pela mão e a rodopiou.

Alejandra tentou acompanha-lo, mas estava um pouco mais acelerado do que a noite anterior, com isso, ela tropeça em seus próprios pés, caindo de costas sobre os braços enormes do homem. Por um momento, ela se sentiu zonza.

– Você é um pé de valsa.

– Você não é a primeira que me diz isso?

– Não? – ela dá um sorriso sedutor.

– No aniversário de 15 anos da minha prima, eu dancei com a minha mãe.

Por fim, os dois riram e olharam dentro dos olhos um do outro. Estavam hipnotizados. Foi quando Christopher toma Alejandra pela cintura e continua a dançar, mas lento. Ela estava com um sorriso no rosto e ele pode ver que o batom da moça era um vermelho provocativo. Ele pensou como seria maravilhoso encostar em seus lábios.

De repente, ele se viu neles. Alejandra o beija, enquanto ele coloca sua mão firme em sua cintura com uma pegada. Ela, por sua vez, alisou a camisa do homem nas costas tentando abraça-lo com todas as forças. O beijo não durou nem um minuto quando Alejandra começou a desabotoar os botões da camisa do rapaz e, por um momento, ele para.

– Por que você parou? – ela parecia confusa.

– Eu não acho certo. – ele a olhou nos olhos – Estamos indo rápido demais para quem teve apenas um primeiro encontro.

– Verdade. – Alejandra começou a arrumar seus cabelos e os amarrou em um coque –Mas o seu beijo deixa qualquer uma louca.

Christopher sorri e ergue uma mão para Alejandra.

– A noite ainda não acabou. Quero te mostrar outra surpresa.

– Onde?

– Você vai saber quando regarmos lá. – disse ele tirando um molho de chaves do bolso e girando-o em torno do seu dedo indicador.

– O que estamos esperando? – Ale pega uma blusa de frio que estava sobre a cadeira e a coloca, desabotoada. Pega uma boina e um cachecol e os coloca.

Christopher coloca a mão na cintura e abre os braços, deixando uma pequena abertura para Alejandra passar os seus braços. Os dois caminham o carro que estava a poucos metros da casa da moça. Pensava ela que Christopher planejava a levar para um jantar, embora ainda fosse apenas dezoito horas.

Christopher abre a porta do passageiro e dá passagem para a jovem que se senta acomodando-se no banco. Ela o agradece e ele a responde educadamente. Depois, entra no lado do motorista, coloca o cinto, gira a chave na ignição e segue caminho rua abaixo.

Alejandra e Christopher conversaram durante o passeio o tempo inteiro. Ela gostaria muito de saber qual era a surpresa, mas ele apenas dizia algumas pistas. Era difícil. Não conseguia imaginar nada que havia em seu mundo que poderia ser etiquetado com tais palavras ao mesmo tempo. Estava curiosa, ao passo que fitou-o a viagem inteira.

Por fim, quando o carro parou e ambos desceram, ela viu uma enorme academia. O que ele estaria pensando? Leva uma moça que acabou de conhecer para um lugar tão bruto como esse? Ele está tentando me impressionar, pensou ela.

– Você surpreendente mesmo.

– Eu sei. Vamos?

Dentro da academia, Christopher procura o treinador e pergunta a todos que estavam presentes. Alejandra preferiu acompanha-lo atrás, observando atenta todos os detalhes do rude mundo do lutador. Ela caminhou por homens te tinham os músculos do braço maiores que a sua cabeça e que treinavam suados. Ela entrou no vestiário e os homens presentes não pareceram nota-la. Acanhada, ela preferiu sair e espera Christopher na porta.

Ela ficou parada com a cabeça baixa e com os braços segurados uns nos outros atrás das costas. Ela chutava uma pedrinha que encontrou no chão de um lado para o outro enquanto pensava no que aconteceu em sua casa. Por que ele não continuou? Quais eram os seus sentimentos por ela? Ela realmente era bonita e atraente como ele dizia?

Por fim, quando ele saiu do vestiário, ela percebeu que ele fez uma busca sem sucesso. Eles continuaram andando e, por fim, pararam frente ao ringue. Christopher olhou para lá e viu um garoto franzino dando socos e jogando o corpo contra um saco de areia a medida que um homem de cabelos negros e aparência de 35 gritava com ele.

– Treinador? – gritou Christopher estendendo os braços para abraça-lo. – Treinador, esta é Alejandra. Alejandra, este é o mito dos quatro cantos Leroy Garcia!

– Prazer! – diz ela.

– O prazer é todo meu. – conclui.

– Era dela que eu vinha falando. Eu a conheci quando fui ao teatro e depois nos encontramos novamente em um restaurante.

– Vocês estão namorando?

– Não.

– E o que está esperando? Se o demorar pedi-la a mão, eu o faço.

– Tem razão. – Christopher se ajoelha em frente a jovem e pega uma das suas mãos enquanto ela tenta abafar a emoção com a outra frente a boca. Ela tremia de nervosismo. – Alejandra, você quer namorar comigo?

– Claro. – Christopher se levanta e os dois oficializam com um beijo. Ele coloca a mão em sua bochecha sentindo a sua textura e se perdeu em seus lábios, até o momento em que Leroy finge uma tosse.

– Aqui não! Eu não fico de vela para ninguém, se quiserem fazer as suas intimidades, que seja em casa. Agora vamos ao que interessa. – ele olha diretamente para Christopher – Chris, comece a se alongar. Pode participar se você quiser, Alejandra, temos vários pesos aqui e podemos encontrar algum adequado para o seu tipo físico.

– Não precisa, obrigada.

Enquanto Christopher se alonga, Alejandra se senta em um dos bancos de madeira da arquibancada. Ela observa o interior do ringue mais minuciosamente, ela nunca esteve em um lugar do tipo e ele cheirava a hormônios masculino e suor. Pensou em dize-lo que o lugar precisava de um retoque feminino e uma faxina, mas se conteve apenas em vê-lo se alongar.

– Antes de ensaiarmos nós bailarinas também temos que fazer alguns alongamentos.

– Para tudo devemos nos alongar. – interrompeu Leroy – O ideial seria de que nos alongássemos até para ir ao supermercado.

– Você não acha que está exagerando?

– Não. – falou ríspido.

Christopher termina o seu alongamente e parte para um dos aparelhos. Sentando-se em um puxador alto, ele espera que Leroy termine de colocar os pesos de acordo com o que dizia a sua ficha. Depois disso, ele segura nas duas extremidades da máquina e levanta os pesos como se não fossem de nada.

– Eu quero que você faça duas séries de trinta. Você consegue dá conta?

– Claro treinador!

Alejandra fica observando Christopher enquanto Leroy sai do ringue e entra para uma das portas que iam para a direção do vestiário.

Enquanto isso...

Nicholas chega ao hotel e vai direto para o seu quarto, ao passar em frente ao balcão da recepção, ele desvia a sua atenção de Alice e entra no elevador o mais rápido que pode. No quarto do hotel, Nicholas se apressou em se despir e jogar as roupas sobre a cama, depois, foi tomar seu banho. Como estava acostumado a patrulhar as ruas de carro, a caminhada até o hotel o fizera suar. Ele estava pensando em Alice, com isso, cantarolou “Only You”.

Após o banho, Nicholas se vestiu com uma regata branca sob uma blusa xadrez de botões e uma calça jeans, calçou um par de tênis comuns e saiu do quarto. Nem se preocupara em passar um perfume ou pentear o cabelo, ele não curtia muito cheiros fortes e seu cabelo se ajeitava sozinho. Era encaracolado.

Enquanto caminhava pelo corredor, seguindo para o elevador, ele se depara com Alice em frente a uma porta. Ela retira uma carta do bolso e a passa por debaixo da porta e vai em direção ao elevador. Nicholas apressa o passo e fica lado a lado da bela recepcionista.

– Oi?

– Oh, olá! – diz Alice espantada.

– É... Posso te perguntar uma coisa?

– Claro!

– Quer ir almoçar comigo? Eu pago.

– Claro, meu horário de almoço é daqui a dezoito minutos. Algum lugar especifico?

– Na verdade, não. Pensei que você ia recusar o meu pedido e acabei não pensando em todos os detalhes. – Nicholas dá um sorriso e faz Alice ri.

– Eu conheço um restaurante aqui perto. Se quiser, podemos almoçar nele. – Alice aperta o botão para chamar o elevador. – É só me esperar na porta do hotel, que assim que eu terminar de organizar as fichas dos hospedes, eu vou estar lá. – as portas do elevador se abrem e ela entra – Eu te vejo lá.

– Tudo bem! – Nicholas esboça um sorriso no rosto, enquanto vê as portas se fechando. Nicholas voltou para o seu quarto. Tudo ocorria como planejou.

Após o seu expediente, Alice esperou Nicholas na porta do hotel como combinado. Ela se vestia com uma roupa casual e estava mais bonita. O uniforme do hotel não fazia jus a bela jovem, porque ele escondia as curvas do seu corpo com o pano que ficava folgado em seu corpo. Ela era mais bonita do que Nicholas havia imaginado.

Ambos atravessaram a rua e depois de cinco minutos de caminhada, eles ficaram frente-a-frente a restaurante temático de comida francesa.

Alice chamou-o para sentar em uma mesa ao lado da janela. Ela gostava da visão privilegiada do local que ficava de frente a uma floricultura. Ambos uma experiência gastronômica idêntica à da França. Alice parecia estar se divertindo, quando um garçom apareceu com dois pratos pequenos com aperitivos para eles degustarem enquanto esperavam o lombo ficar pronto. Próximo a Nicholas estava uma garrafa de vinho, que ele havia pedido mais cedo. Ele encheu o copo dos dois e diz a Alice, enquanto a entrega a taça:

– Você trabalha aqui a quanto tempo?

– Há uns três anos. – ela segurou a taça entre os dedos e a balançou com leveza – E você? É de onde?

– Eu sou de Paris. Trabalho na delegacia de polícia local.

– Parece ser uma vida bastante agitada.

– Verdade. Eu entrei para a delegacia em 1987... É como uma tradição de família, entende? Meu pai também era policial, e acho que isso me influenciou. Eu sempre gostei de investigações e acompanhava os casos do Sherlock Holmes desde a minha adolescência. Só que no dia em que me graduei na escola militar e entrei na delegacia, meu pai foi morto durante um assalto a mão armada. Três tiros a queima roupa.

– Nossa! Meus pêsames. – ela deu um gole do vinho – Eu... Eu não sei o que dizer.

– Não se preocupe. Eu já superei. – ele sorri para ela – Como o meu pai e o delegado era muito amigos, eu consegui um emprego provisório de três mês no setor de arquivamento. Foi quando eu descobri que ele estava morto. – uma lágrima escorre dos seus olhos – Para minha mãe, ele estava em um novo caso e precisava dormi no trabalho... Bom, mas eu não a chamei para ficar falando sobre morte.

Alice ficou calada e olhou. Estava a tentar decifrar o seu rosto naquele momento. De um rosto triste, ele parecia ter engolido um sapo, pois sua boca se mexia fechada como se estivesse prendendo algo.

– Eu não sei como te dizer isso!

– Eu também quero te dizer algo...

– Eu gostei de você. Desde que a vi, você foi extremamente simpática comigo e com meu amigo. Além disso, você é muito bonita... Eu não sei como te dizer isso.

Alice agarra o rosto do rapaz e é tomada pelo impulso. Ela o beija.

– Eu também te amo.

25 de Dezembro de 1999

Era Natal.

Tudo ocorria normal e não houve mais tragédias. Christopher e Alejandra estavam namorando com seu jeito romântico. Depois de uma breve conversa, eles resolveram passar o feriado juntos na casa de Alejandra. Christopher não gostaria muito da reação que conseguiria tirar da bailarina quando visse o seu apartamento. Como ficava a maior parte do dia fora de casa, quase nunca pode arrumá-lo. As roupas haviam se acumulado no chão, assim como caixas de macarrão instantâneo e pizza.

Charlie e Hellen tinham um relacionamento mais fofo. Eles passariam o Natal na casa dos pais de Charlie com Paul enquanto Nicholas passaria a festa de fim de ano no hotel com Alice. Haveria uma pequena comemoração entre os funcionários e ela o convidou.

Durante a festa, Hellen e Alexandra prepararam o pernil e colocaram junto dos temperos e a salada. A mesa parecia farta aquele ano.

Quando se aproximou o fim do ano, Charlie e cia foram para a Time Square vê quando o grande globo de vidro descer do mastro e começa a chuva de fogos de artificio. Já Nicholas e Alice foram para casa de Alice para que ele pudesse conhecer a sua família. Eles moravam em uma cidade próxima de Nova Iorque e todos foram comemorar em um restaurante.

Em Paris, Christopher e Alejandra receberam a visita da família da jovem na casa dela. Então, eles passaram a festa de Ano Novo na sala, em frente à televisão assistindo reprises de filmes que passavam todos os alunos aquela data.

02 de Janeiro de 2000

Charlie, Hellen, Paul, Nicholas e Alice viajaram para Paris.

A recepcionista havia recebido uma promoção e estava indo trabalhar em uma filial do hotel que ficava na capital francesa. Coincidentemente, este seria o mesmo hotel em que Charlie e Hellen se hospedaram.

Agora, os cinco se encontravam conversando na faixada de uma cafeteria próxima ao rio Senna. Era um dos lugares em que Nicholas e Paul ficavam durante a ronda pela cidade. A Starbucks tinha o melhor café da cidade.

– Então, essa coisa de morte que vocês me contaram... Já pensaram no que vão fazer? – Alice olha para Charlie.

– Por enquanto tudo o que podemos fazemos é contar aos outros e torce que eles acreditem em nós. Toda a ajuda é bem-vinda.

– Bem, amanhã cedo, eu e o Nicholas vamos para a delegacia e eu vou procurar o endereço dos dois. – diz Paul – Se quiserem, vocês podem vir junto.

– Claro. – conclui Charlie.

– É sério amor? – pergunta Helen – Eu nunca pisei em uma delegacia antes.

– Para tudo tem uma primeira vez. – Charlie beija Hellen.

Alice olha para todos e se senti excluída. Todos tinham uma função no plano de Charlie, exceto ela. Entretanto, ela compreendia. Estavam todos lutando pelas suas vidas, por isso, tomou a deixa para cortar o silêncio.

– Vocês sabem, amanhã é o meu primeiro dia no trabalho novo. Eu não vou poder sair do hotel e ajudar vocês.

– Eu te compreendo amor. – diz Nicholas.

03 de Janeiro de 2000

De cedo de manhã, o carro de Paul estacionou no estacionamento dos fundos da delegacia. Paul, Nicholas, Charlie e Hellen saltam do carro e entram por uma das portas laterais. Nicholas e Paul entram no vestiário masculino para vestirem o uniforme e pede para que os garotos os esperem do lado de fora.

Hellen observa todos os rostos que passam por ela e sente calafrios. Os policiais os olharam e os encaravam, mas permaneciam mudos. Parecia um tratamento de gelo.

Após saírem do vestiário, Nicholas e Paul entraram no gabinete do chefe de polícia. Ele tinha uma janela que tinha visão para as mesas de outros policiais. Em sua parede havia a cabeça de um alce pendurada e próximo a porta, um urso empalhado com as patas dianteiras levantadas para cima. Estava em posição de ataque.

Foi quando um homem apareceu por trás de um jornal e, sem olha para os garotos, ele continua a folhear o jornal e diz:

– O que esses pequenos vândalos fizeram?

– Não, chefe. Eles estão apenas de passagem, só queríamos a sua permissão para deixar que eles nos acompanhem pela central. Eu tomo a responsabilidade por eles.

– Certo. Podem ir.

Os quatro saem da sala e vão para a mesa ao fundo da sala. Nicholas puxa uma cadeira da mesa ao lado e dá o lugar para Hellen, que o agradece. Nicholas fica ao lado de Paul, que está sentado e Charlie fica atrás dos três. Ele não queria ficar próximo a tela.

Paul puxou as fichas criminais e começou a procurá-los. Nada.

Ele, então, tentou fazer uma pesquisa na internet. Um homem como Christopher deveria estar em algum site de lutas. Ele procurou-o por alguns minutos até encontrar um sitio de uma liga amadora de box. Ele acessou a página e pegou o número de contato e ligou. Depois de um breve momento de conversa pelo celular, Nicholas consegue o endereço.

– Pronto!

Paul, Nicholas, Charlie e Hellen saem em dispara pela porta da delegacia e pega um dos carro-patrulha. Paul senta no banco do motorista e Nicholas no banco do passageiro, deixando os bancos do fundo para o casal. Ele pisou no acelerador e, depois pouco tempo, ele chegou ao prédio em que o rapaz morava.

Nicholas toca na porta e é atendido por Christopher, que estava sem a camisa.

– Oi. Em que posso ajudar...

– Oficial Nicholas. Nós queríamos falar algo muito importante com você.

– Agora? – diz ele – Eu estou um pouco ocupado no meio de um lance.

Alejandra aparece atrás de Christopher e tenta espiar o lado de fora. Ela ficou os observando como se estivesse tendo um djavú. Sabia que tinha visto aqueles rostos em algum lugar, mas não se lembrava de onde.

– Poderíamos entrar?

– Fique à vontade.

Os quatro entram e se sentam na sala de televisão. Tudo fica em um silêncio ininterrupto até Charlie tossir e fitar Paul. Ele, por sua vez, olha para Charlie e volta a sua atenção para a fisionomia de Christopher antes de falar.

Ele parecia forte o bastante para quebra-lo com apenas um soco.

– Estamos aqui para falar sobre o que aconteceu no teatro.

– Eu não entendi...

Charlie então toma todas as dores e começa a explicar para eles a situação. Começou do inicial, quando ainda ele estava em Nova Iorque e visitou o necrotério em busca de respostas. Depois falou sobre detalhes da conversa que ele teve com Hellen e os dois policiais em sua casa. Por fim, o boxeador e a bailarina se mantiveram com uma expressão incrédula.

– É um tipo de brincadeira, isso, para vocês? – pergunta Alejandra.

– Calma, amor... – diz Christopher segurando a moça pela cintura.

– Eu nunca ouvi tanta besteira em toda a minha vida. – diz a bailarina.

– Então como explica o fato de que os sobreviventes do incidente estarem quase todos mortos? Apenas dois estão vivos. Hein? – ele dá um passo à frente – O primeiro suicidou dentro do banheiro da casa dos pais. Ele se sentiu culpado pela morte do irmão. – ele dá outro passo à frente – A segunda pessoa morreu atropelada em frente a uma cafeteria Starbucks. Como você explica isso? Para que estamos brincando para você? Hein?

– Não fala assim com ela. – Christopher fica entre Nicholas e Alejandra.

– E o que você vai fazer, hein, fortão? Vai me bater?

– Eu poderia quebrar todos os seus ossos, te deixar acabado, e se tentasse me prender, você ia junto. Acha que só porque você é um policial pode ser curto e grosso com as outras pessoas?

– É Nick, se acalma. – diz Paul.

– Agora vocês querem me tornar o vilão? É isso?

– Nick, para!

– Bem, quer saber? Eu vou embora. – Nicholas se para na porta e fica de costa para os demais – Se ela não acredita problema é dela. Deixe que ela arrisque a vida e encare a morte.

Nicholas sai pela porta e Paul vai atrás do rapaz.

Charlie e Hellen que estavam calados o tempo todo ficaram imóveis em frente à sala. Christopher se virou e sentou-se em uma poltrona e colocou a mão na testa. Estava começando uma dor de cabeça. Alejandra entrou em uma das portas do apartamento e a bateu com força.

– Desculpem-nos pelo comportamento do Nick.

Christopher levantou a cabeça e olhou para os garotos.

– Por que ainda estão na minha casa? Saiam daqui.

– Espere. – diz Hellen – Por favor, nos escute.

– Saiam! Agora!

Charlie e Hellen saem do apartamento e fecham a porta devagar, enquanto Christopher se inclina na poltrona colocando as mãos na frente do rosto. Alejandra abre a porta e coloca uma xicara na mesa em frente ao homem.

– Amor, você acredita no que eles falaram? – ele olha nos olhos de Alejandra – Você acredita que nós vamos morrer?

– Não, não. Estamos bem, eles estavam apenas tentando nos impressionar. – Alejandra passa a mão sobre a cabeça do rapaz. – Tudo bem?

Enquanto isso, Nicholas estavam no hotel. Alice estava no balcão da recepção arrumando alguns papeis quando ele entrou no lugar as pressas e ela o perguntou se estava com problemas. Nicholas falou sobre a discussão acalorada no apartamento de Christopher e ela o escutou o tempo todo, sempre confirmando com a cabeça.

Quando ele terminou de falar, ele pareceu mais calmo. Havia tirado um grande peso das suas costas. Alice, colocando algumas cartas no correio de cada quarto, desce da escada e fica de frente para Nicholas. Ele precisava vê o seu rosto para entender a situação.

– Você não devia ter feito isso.

– Até você?

– Se você estava estressado, não podia te aberto à boca. Quando estávamos estressados, falamos coisas que não devíamos.

Nicholas ficou calado.

– E pelo que eu sei... – Alice pegou uma chave e a guardou no porta-chaves – Aquele cara podia ter partido a sua cara. Capacidade, ele tem.

– Você pode está certa...

– Posso?

– Você está certa. – Alice esticou-se no balcão e dá um selinho no rapaz.

– Eu sempre estou certa. – Nicholas ri – Viu?

21 de Janeiro de 2000

Era um dia decisivo para Christopher. Era o dia pelo qual ele vinha treinando todo aquele tempo. Leroy tinha coloca em sua cabeça que um empresário poderia está num dos primeiros bancos da arquibancada. Christopher já se imagina ganhando. Era o seu destino.

Alejandra e Christopher estavam deitados na cama. Ele estava com a barriga para cima, com a cabeça cansada sobre o braço.

– Hoje é a luta da minha vida! – Alejandra se levantou na cama e cobriu os seus seios com o edredom – O meu próximo adversário venceu várias lutas no ano passado.

– Vai dá tudo certo! Você vai vencer. Eu confio em você.

– Se Deus quiser.

Enquanto isso, no hotel, Charlie e Hellen estavam ainda deitados na cama. Charlie estava apenas de calça jeans e meias, enquanto Hellen vestia-se mais delicadamente em seu vestido florido. Eles haviam acordado cedo para tomar café da manhã no restaurante do hotel, quando viram uma faxineira passar pelo corredor com um carrinho e ele soltar a rodinha, fazendo com que os produtos caíssem no chão.

Aquilo foi estranho.

Hellen dá um selinho em Charlie e se lembra de algo que viu aquela manhã também. Quando entrou no banheiro no restaurante para retocar a maquiagem, viu que uma garota gótica usava um belo par de brincos de cobra. Ela comentou sobre eles com Charlie e ele pareceu se interessar na conversa.

Foi quando eles ouviram um estouro e se viraram para o lado. A mesa ao lado, um garçom havia aberto uma garrafa de champanhe e o casal da mesa parecia contente.

– Alguém vai morrer hoje!

– Como você sabe?

– Os sinais.

– Mas quem vai morrer, meu Deus?

– Eu não sei. – deu uma pausa – Precisamos reunir os outros.

Charlie desce a recepção do hotel e, procura Alice freneticamente. Ele levanta uma tabua do balcão e passa, abrindo espaço para ele. Charlie se aproxima de uma porta que ficava próxima ao porta-chaves e vê que está escrita: Entrada somente para funcionários.

– O que você pensa que está fazendo?

– Eu vou procura a Alice.

– Vamos nos meter em encrenca.

Charlie entra na salinha e vê no escuro, o que parecem ser prateleiras repletas de coisas velhas e empoeiradas. Hellen segura a mão de Charlie e a aperta. Charlie a olha e vê uma sombra atrás dela os observando, mas antes que pudesse chama-la a sombra vai para atrás de uma prateleira.

Charlie ignora a sombra e continua a seguir por entre um dos corredores entre as prateleiras. Ele olha atento para os dois lados antes de continuar andando, quando algumas caixas de papelão caem do alto.

Uma delas se abre e algumas revistas de esportes se derramam pelo chão.

Hellen grita assustada e Charlie recua para trás, vendo que entre as revistas, uma possuía uma fotografia de um ringue na capa.

– Vocês estão bem? – diz Alice, que sai de trás da estante.

– Sim, foi um susto.

– O que vocês estão fazendo aqui? Aqui só é permitida a entrada de funcionários.

– Estamos procurando pelo Paul e pelo Nicholas. Você sabe onde eles podem estar?

– Eu acho que ouvi o Nicholas dizer comigo sobre alguma luta que ia acontecer hoje à noite em um clube de apostadores em Marais. Por quê?

– Achamos que um de nós vamos morrer hoje.

– Ai meu Deus, precisamos fazer alguma coisa. – Alice corre para a saída do quarto – Eu sei qual é o endereço. Eu preciso de papel.

Alice anota em um pequeno papel tudo o que ela sabia e retira de um pequeno cofre que era a sua gorjeta alguns trocados para que os garotos possam pegar um taxi. As pressas, eles saem do hotel e entram em um taxi que estava parado em frente ao hotel. Charlie dá as instruções para o homem e paga-o adiantado, fazendo com que ele vá mais rápido.

Enquanto isso, no clube, Nicholas e Paul terminavam o seus quinto e terceiros drinques quando foram se sentar na arquibancada. Eles não estavam perdendo os seus reflexos lentamente, enquanto cambaleavam. Estavam bêbados.

A luta ia começar a partir de alguns instantes.

Christopher estava no vestiário sentado em um dos bancos que ficavam em frente aos armários. Leroy estava em sua frente falando-lhe palavras de esperança e táticas que ele podia usar. Ele havia passado a tarde toda assistindo os vídeos das lutas anteriores e compartilhava as suas descobertas com que seu pupilo.

Quando terminou, ele deu um murro no armário que abriu a porta e pediu para que o rapaz desse o melhor de si e saiu. Precisava de um pouco de ar.

Christopher respirava fundo quando Alejandra apareceu na porta.

– Posso entrar?

– Alejandra?

Alejandra entra no vestiário e dá um beijo no rapaz.

– Eu vim aqui para lhe desejar boa sorte...

– Desejar boa sorte traz azar.

Christopher e Alejandra ficam no vestiário por um tempo até que ele é chamado para o ringue. Alejandra se despede e vai para a arquibancada. Assentando-se próximo, ela poderia vê-lo e quando ela se virou para trás, por um momento, ela pensou vê os policiais que entraram no apartamento, mas ignorou-os.

Enquanto isso, em outro vestiário, treinador e o outro boxeador se preparavam.

O rapaz estava dando alguns socos com suas luvas e o treinador começou a ditar alguns motivos para que ele os executasse. Tudo ocorreu muito bem até o juiz aparecer na porta e dizer que entrariam em poucos minutos.

– Bom, vamos garantir que você ganhe!

– O que você quer dizer com isso treinador?

O homem abriu a sua pasta e tirou de dentro dela uma pequena seringa e um frasco pequeno com um liquido prateado.

– O que é isso?

– Um segredinho para o sucesso. – ele tirou a seringa da capa e enfiou-a na tampa do frasco até furar retirar uma dose muito grande. Ele deixou que um pouco escorresse e o boxeador apenas o observou confuso – As luvas, por favor.

O boxeador o entregou as luvas e ele injetou toda a dose.

Enquanto isso, Charlie e Hellen chegam à porta do clube e veem uma enorme fila e ele resolve entrar atrás do ultimo. A sua frente, estava uma mulher que usava em volta do pescoço à pele de uma raposa.

– Com licença senhora... Essa linha é para entrar?

– O que você acha? – disse ríspida.

Charlie e Hellen se calaram.

Pelo visto, eles demorariam um pouco para poder entrar no clube de apostas.

Christopher entra no ringue a pedido do juiz, que dizia em um microfone que ficava suspenso no alto do ringue. Ele se colocou em posição de defesa, com uma mão em frente ao rosto e deu pequenos pulinhos para aquecer.

Ele estava agora, frente a frente a seu adversário.

– Que comecem a luta! – o juiz corre do ringue.

Christopher tentou dá uma investiga com o seu corpo jogando toda a sua força no braço para lhe desferir um soco. Entretanto, ele abaixou a defesa. O outro boxeador desviou do soco do rapaz se agachando e desferiu um soco com força contra o queixo do rapaz.

Christopher sentiu quando sua mandíbula se afundar e ouviu um pequeno estalo.

Alejandra se contorceu no banco e tentou gritar pelo nome do namorado, mas foi repreendida por um dos espectadores.

Christopher começa a cambalear e se segura em uma das cordas para se equilibrar, o soco do rapaz era realmente forte. Ele coloca a mão em frente ao rosto e começa a caminhar a passos lentos até o adversário. Ele tentou dá outros dois golpes rápidos, mas o homem preparou a esquiva e consegui dar-lhe outro soco, que dessa vez, o atingiu no ouvido.

Ele estava parcialmente surdo.

Ao tentar olhar para Alejandra, ele não conseguia mais vê-la. Tudo estava embaçado. Ele conseguia ouvir um barulho seco e oco, como se uma bomba tivesse explodido próximo ao rapaz. Christopher tossiu e viu que estava desfalecendo, quando viu o outro boxeador se aproximar dele e dá um golpe de piedade para derrubá-lo.

– Chris! – gritou Alejandra, que foi abafada pelo grito da multidão.

Charlie e Hellen agora eram os primeiros da fila, quando viram um grande segurança em frente à porta. Ele olha para o garoto e diz:

– Cadê o seu bilhete. Sem ele, você não entra.

– Bilhete? É... – Charlie enfia as mãos no bolso, como se procurasse algo, e ele se vira para Hellen – Eu acho que perdi.

– Sem bilhete não entra!

Charlie e Hellen saem da fila. Charlie começa a olha sua caixa de mensagens e a caixa de chamadas a procura do número do policial. Nada.

– Precisamos achar uma forma de entrar lá dentro.

Hellen olhou para os lados.

– Eu tenho uma ideia. Espera!

Hellen se aproximou de um cara que estava na fila e puxou assunto com o rapaz. Ele era gordo e tinha o cabelo cheirando a sebo. Hellen sentia ânsia, mas tinha que tentar. Ela começou a paquera-lo e depois de alguns minutos, ele a abraçou. Hellen olhou para Charlie e voltou seu olho para baixo. Charlie acompanhou o seu raciocínio e olhou para os bolsos do rapaz. Dois bilhetes estavam atrás e estavam um pouco visíveis.

Ele se aproximou por trás e esbarrou no homem que interrompeu o abraço e olhou para ele furioso.

– Desculpe-me.

O homem gordo ignorou o rapaz e voltou a olhar para a jovem, mas ela não estava mais lá. Ele a procurou no seu campo de visão, mas não a achou mais. Hellen aproveitou o momento que Charlie esbarrou no homem para tirar os bilhetes e correu para o inicio da fila entregando-os para o segurança. Há esta hora, estava chegando às pressas ao ringue.

Christopher cambaleava no ringue, enquanto Nicholas e Paul assistiam preocupados.

Estavam ali para assegurar da segurança do rapaz, mas ele não ajudava. Estava recebendo a pior e recebia a maior parte dos socos e cotoveladas. Foi quando os seus olhos se reviraram e ele desmaiou. Tudo ficou escuro e ele não conseguia sentir mais.

– Alguém chame uma ambulância. – grita Alejandra.

O outro boxeador vê o rapaz e espera ele levantar, mas não ocorre. Ele é declarado o vencedor, mas saiu às pressas para o vestiário antes que o juiz o entregasse o cinturão.

Quando Charlie e Hellen entram no ringue, ele procura pelos dois policiais e começa a caminha por entre as pessoas sentadas na arquibancada até se aproximar deles. Charlie foi o primeiro e antes de qualquer cumprimento, olhou para o ringue e perguntou:

– O que aconteceu?

– O boxeador. Ele perdeu e foi levado pela ambulância.

– O que? Por que não fizeram nada? Agora sabe-se lá onde ele pode estar? Precisamos encontra-lo antes que algo possa mata-lo.

Hellen olhou para baixo e viu Alejandra sentada em um dos bancos sozinha. Ela aparentava está muito triste e escondia as lagrimas com a palma das mãos. Então, ela falou perto do ouvido de Charlie e desceu até se aproximar da moça. Ela estava muito abalada.

Passou, então, duas horas.

Christopher estava desacordado na parte de trás de uma ambulância, porque estava medicado. Depois de desmaiar no ringue, ele foi levado por uma maca pelos corredores e só conseguia ouvir a voz de Alejandra ecoando em sua mente. Ele começou a rever os eventos em sua cabeça e ele chorou. Charlie. Ele tentou avisar de um perigo eminente.

Foi quando a ambulância passou por um tijolo que estava na estrada e as travas da porta se soltaram. A ambulância tentou cortar caminho por uma das partes mais antigas da cidade e a maca em que estava deitado começou a se mexer para frente e para trás, batendo na porta. A rua estava muito esburacada.

Então, as portas do veiculo se abriram.

Christopher não viu nem sentiu nada. Nem podia. A maca saltou do carro e foi caminho inverso a da ambulância. Ela parou alguns metros atrás onde a ambulância havia parado, um cruzamento. Um caminhão desavisado atingiu a maca e o rapaz contra o chão por metros até o caminhão parar. Parte do seu corpo ficara no asfalto, como se ele tivesse sido arrastado por um ralador.

O que restou não podia mais chamar de ser humano.

Christopher estava irreconhecível.


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