Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 46
Capítulo 46 - Talvez voltemos a ser uma família?


Notas iniciais do capítulo

Espero vocês nos comentários



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Fiquei boquiaberta. Poderia ter pensado em qualquer coisa, e como tudo anda me focando como plano ou meta, eu achei que seria a mesma coisa com Logan. Pensei que seria por minha causa que suas visões pudessem ser mudadas. Talvez quando ele disse que sonhou que eu pegava fogo no terraço e Robert estava lá comigo... E havia fogo... Bem, eu estou aqui. Será que aquilo então foi só um pesadelo e não uma premonisão? Realmente, não faria sentido eu ser a causa dele poder controlar, mas... Não sei... Pensei que seria.

Todavia, não foi por mim que Log se controlou. Não foi algo que eu disse, ou que pensei. Logan percebeu que pode alterar suas visões por causa de Kevin. Por ter matado Kevin de um jeito diferente. Por saber como mata-lo, resolveu usar outra arma. Mas no final deu no mesmo. Kevin está morto.

Não sei se faz diferença a forma de que ele morreu.

– Faz, sim. – Log me corta e parece ficar com raiva. – Por que está dizendo isso? Foi uma flecha e não uma espada! Faz total diferença! E só pra você saber, Kevin era sim um Olho, Grace também. Eu suspeitava, mas não tinha certeza. Acho que nem mesmo eles sabiam o que estavam fazendo com os olhos de fogo.

– Como assim?

– Como assim? – Logan me olhou incrédulo.

– Bernardo disse que Kevin era um mundano idiota. – Sorri pacientemente.

– Bem, o seu amorzinho está errado. Harry os recrutou. Harry podia ser aprendiz do Martes, mas também tinha seus próprios.

Com isso, a ficha caiu. Tudo está interligado. O passado de Logan com o de Sofia, já que o marinheiro, suponho, foi o mesmo. As mortes de Kevin, Grace, Isa e até de Brian foi o Logan e os amigos. O fato das mortes nos levarem ao acampamento onde conheci a menina raposa, Samantha. Que também foi uma garota sardenta que gostava de Logan, que sabia sobre ele. Tudo está interligado, mas quem fez isso tudo?

– Você pode perguntar para o garoto, já que ele está em seus cuidados. – Sussurrou Log, olhando para o prato de comida vazio.

Depois de mais ou menos duas horas dentro da Picape, voltamos para a casa de Zackary, o qual nos esperava na sala. Lendo um livro, é claro. É o livro sobre o túnel que perguntei. Antes mesmo de eu poder fazer minhas perguntas, Zack gritou bem revoltado que estávamos de castigo. Logan riu, e discutiu com ele.

– Não somos seus filhos, velhote.

– Mas estão em minha responsabilidade.

– Já tenho dezoito anos! Acha mesmo que estou nas suas mãos como eles? – Gritou Log. Espera, dezoito? Quando foi o aniversário dele?

– Vá para seu quarto! E está sem o jantar! – Depois de seu último grito, Logan saiu irritado e subiu as escadas resmungando algo de “esse velho vai sofrer muito se continuar”

Percebi que Zack ficou em silêncio e andava de um lado para o outro. – Então... Né...? Estou subindo agora, desço na hora do jantar... – Antes de eu chegar ao final da escada ouvi Zack gritar de novo, mas não foi um esporro.

– Vá cuidar do menino.

Harry não estava dormindo como eu pensava. Nem estava andando de um lado para o outro no quarto, já que está tão machucado. Harry nem fugiu. Ele está com meu irmãozinho, o pequeno ruivo. Harry está brincando com Rob. Seu rosto grosseiro e duro parecia até mais sensível, suave. Até me ver e olhar nos meus olhos.

O tempo pareceu voltar a fechar e o Harry do mal estava de volta. Vendo a repentina mudança de atitude do novo amigo, Rob se virou para mim e sorriu.

– O que você está fazendo aqui, Robert? – Quando falei seu nome o menino fez careta.

– Rob é mais intimo que Robert. – Resmungou o ruivnho e levantou. Sua blusa estava um pouco queimada, mas seu corpo estava inteirinho. – Depois da sua saída eu não soube o que fazer. Mike disse que você estaria aqui, então eu, a princesa e o principe estamos aqui! – Rob me abraçou. – Senti saudades, irmã.

– Irmã? – Interrompeu Harry voltando a encostar-se à cama, ainda sentado no chão. – Sério?

– Mais ou menos. – Falei ao mesmo tempo em que Robert disse “Sim” e me encarou. – Como Mike sabia que estávamos aqui?

– Ele chamou Remendo, que obedeceu na hora e te encontrou. Não a viu por ai? – Neguei com a cabeça então Rob continuou. – Vamos poder voltar a ser uma família normal? – Sua esperança invadiu meu coração e alma, me fazendo sorrir.

– Poderemos ficar aqui, ir a escola, eu terei até que trabalhar, meu ruivinho. – Abaixei até ficar na altura de Robert. – Você poderá voltar para a aula, se é que você chegou a ir algum dia. Mike e Ash... Bem, não sei o que acontecerá com eles. Pelo o que entendi de Logan tudo voltará a ser como deveria ter sido.

– Espera. – Interrompeu Harry de novo, acabando com o momento de irmãos. – Então... Quer dizer que você não estará aqui comigo que nem hoje? Você não ia cuidar de mim?

Ao dizer isso percebi que seus sangramentos na barriga e na perna tinham voltado. Esse garoto não sabe ficar parado não? Rápidamente, eu fui até o banheiro pegar mais uma vez toalhas molhadas. Segurei Harry pelo braço ignorando seus protestos e o taquei na cama. Robert ficou calado encarando, sem se mexer.

– TIRA A BLUSA AGORA. – Mandei usando meu dom e Harry não conseguiu conter-se a tirar. – Ótimo. Agora fica quieto um pouco, preciso cuidar de você.

Incomodado Rob fez um barulho na garganta, porém não saiu do quarto. Escutei seus passos ficando mais próximos e quando eu tirei as ataduras da barriga de Harry, consegui ouvir os dois suspirando. Ambos de dor, Harry física e Robert emocional.

– Pre.. Preci... sa de algo? – Perguntou meu ruivo. – Quero dizer... Re... Remédio? Posso pegar se você quis...quiser. – Gaguejou.

– Sim, por favor, Rob. Busque com Nature umas ervas medicinais que já devem estar separadas e umas para acabar com insônia.

– Não estou com insônia. – Resmungou o paciente. – E para de me apertar! Quê merda!

– Rápido, Rob! Acho que preciso também de outra atadura e gelo, isso aqui está começando a inchar. – Antes mesmo de terminar de ouvir, o menino saiu rápido. Muito rápido.

– Que porra foi essa? – Gritou Harry assim que Rob desapareceu e três minutos voltou com tudo que eu pedi em um saco. – Eu juro que só pisquei! – Levantou uma das mãos, para coçar os olhos. – Pirralho, eu achei que você só fazia o malabarismo.

– Malabarismo? – Perguntei encarando Rob, o qual envergonhado olhou para baixo. – Já falei para parar de brincar assim! Cadê a Sofia para te controlar? Ou Ash para você servir? Aquele livro do Zack diz com enfase em “não brinque com fogo”!

– Ash gosta quando faço fogo. E com o H é tão divertido! Nós brincamos a manhã inteira! Ele me tacava uma bola eu retribuia duas. Suzanna! O H comeu uma bola de fogo! Na minha frente! – Robert estava muito empolgado que não percebeu que eu estava com raiva.

– Pirralho, quieto! – Falou mansinho o paciente. – Por que vocês não me dão licença? Vou voltar a dormir e...

– Não vai dormir agora. – Digo ríspida. – Beba isso. – Entrego um dos potes que Rob me trouxe, havia uma colher dentro para mexer e em três goles Harry já havia posto tudo para dentro. Com uma careta devolveu o pote. – Fique quieto e não se mexa. Vou cuidar de você. Rob?

– Eu? – Perguntou o menino em dúvida se eu realmente estava notando sua presença.

– Vá agora. Mais tarde você volta para brincar com seu novo amiginho.

– Mas já são oito horas! Mais tarde estará muito de noite para ficar acordado.

– Então, amanhã você vem. Agora, saia. – Aponto para porta e Rob não me contraria de novo.

– Parece irritada, Suzanita. – Seu sorriso arrogante aparece e congela quando aperto sua perna rasgada.

– Não estou com muita paciência hoje, então se quiser continuar vivo só responda as coisas quando eu perguntar. Entendeu?

– Claro, claro. – Ele acenou com a mão, como se fosse óbvio, mas não se calou. – Porque você só voltou agora? Escutei mais ou menos o que você disse para o pirralho. Então você além de escola, começará a trabalhar? – Riu o Harry e pôs as mãos ao lado da barriga, perto de onde eu estava mexendo. – Então, você não vai ficar mais aqui, certo? Não vai mais vir de manhã medir minha temperatura, nem trará meu jantar e não vai mais me surpreender semi-nua saindo do banheiro, né?

Sinceramente não sei se você está decepcionado ou aliviado. Corro a mão um pouco ensanguentada pelo cabelo, e percebo isso um pouco tarde demais. Termino de colocar os curativos e ajeito Harry na cama.

– Não sou enfermeira. Não queria estar aqui, e acredito que nem você. Contudo, como eu já disse, pelo fato de eu ter te salvado agora tenho que sofrer as consequencias e fazer com que você continue vivo. Mesmo sendo um deles. Então, facilite para mim e não fuja, não saia da cama. Tente até não se mexer. E não finja ser o que não é com Robert, ele é um bom menino e eu não o quero decepcionado por te conhecer.

– Você mal me conhece. – Resmungou Harry com a voz arrastada e cansada. Sua voz estava um pouco mais grossa que antes, e seu humor também estava alterado. Mais frio.


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