Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 47
Capítulo 47 - Venha paa o banho


Notas iniciais do capítulo

Faz tempo que eu não posto um capítulo novo, mas ai está! Espero que gostem!



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– Talvez, não. Contudo, não pensei nisso antes. – Sussurrei enquanto desviava meus olhos dos dois buracos negros que me encaravam.

– Então, se arrepende de ter congelado meus ferimentos. – E me salvo. Escuto, mas não vejo sua boca se mexer.

Ignoro sua pergunta e me levanto da cama. Arrumo tudo que eu usei e jogo dentro da sacola. Peço licença e caminho até o banheiro. – Irei usar, então fique na cama. Por favor. – Eu ri na última parte ao lembrar que Harry não se aguenta em pé.

Tomo um rápido banho para tirar o sangue de meu cabelo e lembro que Harry ainda não tomou. Enrolo meus cachos em uma toalha, ponho de volta o biquíni e visto meu short, mas não a blusa. Saio do banheiro e vou até Harry, o qual está virado na direção da parede.

– Venha tomar banho. – Digo tocando seu ombro. Harry leva um susto e me olha. Parecendo com sono, o garoto se apoia com as costas na parede e volta a me encarar. – Vem?

– Agora está boazinha? – Perguntou Harry com a voz arrastada. – Se é assim, tome banho com mais frequência. Onde está sua blusa?

– Eu vou te dar a merda do banho, dá para você colaborar?

Harry nega com a cabeça e diz algo que soa como “posso tomar banho sozinho”. Concordo e o ajudo a entrar no banheiro, fecho a porta e espero. Depois de um tempo escuto Harry na minha mente.

– Você está me ouvindo? – A pergunta foi ridícula, todavia respondi em alto som que sim. – Ótimo, então pegue uma muda de roupa para mim e vem aqui me ajudar no banho. – Sua voz não era identica a real, e tinha um pequeno sotaque britanico. Pensava que Harry apenas tinha ido a Londres e não que...

– Você nasceu na Inglaterra? – Pergunto abrindo a porta e o vendo apoiado na parede olhando para o espelho. Harry conseguiu tirar o short e estava usando uma cueca preta. Só isso. Fingindo não me incomodar, apoiei as roupas na pia e o segurei pelo braço. – Vai entra ai.

Harry pôs a mão no elastico da cueca box e olhou nos meus olhos. Não desviei, pois meu foco estava em sua tatuagem do braço direito.

– Erg... – Engasguei assim que entendi o que seus olhos negros estavam tentando me avisar. – Você não precisa tirar. Depois quando for trocar de roupa... Arh... Eu peguei uma muda de cueca também. – Engasguei de novo.

– Certo. E sou. – Disse Harry colocando seu corpo dentro da banheira, ainda me encarando. O homem todo tatuado deu um minusculo sorriso de canto de lábio e olhou para as mãos, escondidas em baixo da água.

– É?

– Inglês. Contudo, soube disso a partir...?

– Da sua voz.

– Não tenho mais sotaque. – Foi seu argumento. – Não tenho mais faz a alguns anos. Não pude ter.

– Você não quer ter. Não significa que não tenha. - Meus olhos começam a ficar embaçado por causa da fumaça dentro do banheiro. – Você se importa? – Pergunto indicando a toalha em meu cabelo.

– Sim. Deixa-a ai. – Harry respondeu com aquele mesmo sorriso de antes. Todavia, Ignorando-o puxei a toalha e meus cachos cairam pelos meus ombros nús. – Você antes estava mexendo em minha tatuagem. Parecia tão hipnotizada que eu achei que você nunca tinha visto uma.

Sem entender voltei minha atenção para meu paciente, o qual olhava para meu short, mais ou menos. Indicando com a cabeça meu simbolo, Harry sorriu.

– Pensei que você fosse uma daquelas de pele perfeita. Virgem e tudo mais.

– Eu sou virgem. – Respondi rápido demais sem entender sua informação.

Com os olhos cheios de graça, Harry pôs a cabeça para trás e riu com vontade. Até a dor na costela voltar.

– Estou dizendo sua pele ser virgem, e ela não é. Afinal, o que era para ser isso ai?

Olho para baixo ainda tentando decidir se conto que isso na realidade não é uma tatuagem ou se deixo que pense que sim. – É um “laço da vida”.

– Hum... Percebo o laço, mas e a vida?

Levanto meu corpo e abaixo um pouco o cós do short até que o simbolo fique na altura de seus olhos. – Aqui atrás está o laço e por cima dá para perceber uma árvore. A árvore da vida. – Inventei. Pois apesar de eu finalmente notar que há uma árvore ali, não me fez sentido algum.

Levantando a mão Harry me tocou. Foi frio e quente ao mesmo tempo. Fez com que um arrepio crescesse dentro de mim, contudo seu toque era quente e acolhedor. Seus dedos longos e ásperos traçaram a linha da minha “tatuagem”. Não esperava que esse homem na banheira fosse chegar tão perto ao ponto de tocar-me, contudo, Harry me surpreendeu.

– Só não entendi porque você fez em vermelho... Dá para perceber que é recente então... Qual foi seu motivo para fazer?

– Qual foi o seu? – Desconversei olhando para seus burracos negros. Seus olhos captaram os meus e não consegui desviar até que Harry piscou. – Porque fez essa tatuagem tão... Longa e caprichada... Toda em preto e branco e os traços são tão... selvagens. Não sei dizer.

Minha confusão parecia que o divertia. Enquanto conversavamos lavei seu cabelo curto demorando um pouco por não ser um chuveiro e sim uma banheira. Harry ficou com os olhos fechados durante todo o momento em que minhas mãos estavam em seu cabelo. Eu peguei o sabonete e percebi que eu já havia feito muito, mas isso estava fora de cogitação.

– Isso eu posso fazer. – Me informou o garoto. – Não vai querer me ensaboar inteiro. – Riu Harry. – Quem sabe um dia eu te conte minha história. Mas hoje não. Não estou bêbado nem com sono suficiente para falar a você sobre isso. Porque se importa?

Levanto e toco a maçaneta da porta com uma velocidade imprecionante. É como se suas palavras tivessem saído como uma provocação que ele realmente pretendia.

– Sua roupa está ali. Depois desse banho você deve estar melhor. O remédio que você diz não precisar para insonia está ao lado da sua cama. Boa noite.

– Eu disse algo errado? – Resmungou Harry levantando da banheira e se segurando na parede ainda com um pouco de sabão no corpo.

– Disse. – Acabou de me mostrar que eu estou me importando com você.


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