Os olhos violetas escrita por Flávia Monte
Notas iniciais do capítulo
Faz tempo que eu não posto um capítulo novo, mas ai está! Espero que gostem!
– Talvez, não. Contudo, não pensei nisso antes. – Sussurrei enquanto desviava meus olhos dos dois buracos negros que me encaravam.
– Então, se arrepende de ter congelado meus ferimentos. – E me salvo. Escuto, mas não vejo sua boca se mexer.
Ignoro sua pergunta e me levanto da cama. Arrumo tudo que eu usei e jogo dentro da sacola. Peço licença e caminho até o banheiro. – Irei usar, então fique na cama. Por favor. – Eu ri na última parte ao lembrar que Harry não se aguenta em pé.
Tomo um rápido banho para tirar o sangue de meu cabelo e lembro que Harry ainda não tomou. Enrolo meus cachos em uma toalha, ponho de volta o biquíni e visto meu short, mas não a blusa. Saio do banheiro e vou até Harry, o qual está virado na direção da parede.
– Venha tomar banho. – Digo tocando seu ombro. Harry leva um susto e me olha. Parecendo com sono, o garoto se apoia com as costas na parede e volta a me encarar. – Vem?
– Agora está boazinha? – Perguntou Harry com a voz arrastada. – Se é assim, tome banho com mais frequência. Onde está sua blusa?
– Eu vou te dar a merda do banho, dá para você colaborar?
Harry nega com a cabeça e diz algo que soa como “posso tomar banho sozinho”. Concordo e o ajudo a entrar no banheiro, fecho a porta e espero. Depois de um tempo escuto Harry na minha mente.
– Você está me ouvindo? – A pergunta foi ridícula, todavia respondi em alto som que sim. – Ótimo, então pegue uma muda de roupa para mim e vem aqui me ajudar no banho. – Sua voz não era identica a real, e tinha um pequeno sotaque britanico. Pensava que Harry apenas tinha ido a Londres e não que...
– Você nasceu na Inglaterra? – Pergunto abrindo a porta e o vendo apoiado na parede olhando para o espelho. Harry conseguiu tirar o short e estava usando uma cueca preta. Só isso. Fingindo não me incomodar, apoiei as roupas na pia e o segurei pelo braço. – Vai entra ai.
Harry pôs a mão no elastico da cueca box e olhou nos meus olhos. Não desviei, pois meu foco estava em sua tatuagem do braço direito.
– Erg... – Engasguei assim que entendi o que seus olhos negros estavam tentando me avisar. – Você não precisa tirar. Depois quando for trocar de roupa... Arh... Eu peguei uma muda de cueca também. – Engasguei de novo.
– Certo. E sou. – Disse Harry colocando seu corpo dentro da banheira, ainda me encarando. O homem todo tatuado deu um minusculo sorriso de canto de lábio e olhou para as mãos, escondidas em baixo da água.
– É?
– Inglês. Contudo, soube disso a partir...?
– Da sua voz.
– Não tenho mais sotaque. – Foi seu argumento. – Não tenho mais faz a alguns anos. Não pude ter.
– Você não quer ter. Não significa que não tenha. - Meus olhos começam a ficar embaçado por causa da fumaça dentro do banheiro. – Você se importa? – Pergunto indicando a toalha em meu cabelo.
– Sim. Deixa-a ai. – Harry respondeu com aquele mesmo sorriso de antes. Todavia, Ignorando-o puxei a toalha e meus cachos cairam pelos meus ombros nús. – Você antes estava mexendo em minha tatuagem. Parecia tão hipnotizada que eu achei que você nunca tinha visto uma.
Sem entender voltei minha atenção para meu paciente, o qual olhava para meu short, mais ou menos. Indicando com a cabeça meu simbolo, Harry sorriu.
– Pensei que você fosse uma daquelas de pele perfeita. Virgem e tudo mais.
– Eu sou virgem. – Respondi rápido demais sem entender sua informação.
Com os olhos cheios de graça, Harry pôs a cabeça para trás e riu com vontade. Até a dor na costela voltar.
– Estou dizendo sua pele ser virgem, e ela não é. Afinal, o que era para ser isso ai?
Olho para baixo ainda tentando decidir se conto que isso na realidade não é uma tatuagem ou se deixo que pense que sim. – É um “laço da vida”.
– Hum... Percebo o laço, mas e a vida?
Levanto meu corpo e abaixo um pouco o cós do short até que o simbolo fique na altura de seus olhos. – Aqui atrás está o laço e por cima dá para perceber uma árvore. A árvore da vida. – Inventei. Pois apesar de eu finalmente notar que há uma árvore ali, não me fez sentido algum.
Levantando a mão Harry me tocou. Foi frio e quente ao mesmo tempo. Fez com que um arrepio crescesse dentro de mim, contudo seu toque era quente e acolhedor. Seus dedos longos e ásperos traçaram a linha da minha “tatuagem”. Não esperava que esse homem na banheira fosse chegar tão perto ao ponto de tocar-me, contudo, Harry me surpreendeu.
– Só não entendi porque você fez em vermelho... Dá para perceber que é recente então... Qual foi seu motivo para fazer?
– Qual foi o seu? – Desconversei olhando para seus burracos negros. Seus olhos captaram os meus e não consegui desviar até que Harry piscou. – Porque fez essa tatuagem tão... Longa e caprichada... Toda em preto e branco e os traços são tão... selvagens. Não sei dizer.
Minha confusão parecia que o divertia. Enquanto conversavamos lavei seu cabelo curto demorando um pouco por não ser um chuveiro e sim uma banheira. Harry ficou com os olhos fechados durante todo o momento em que minhas mãos estavam em seu cabelo. Eu peguei o sabonete e percebi que eu já havia feito muito, mas isso estava fora de cogitação.
– Isso eu posso fazer. – Me informou o garoto. – Não vai querer me ensaboar inteiro. – Riu Harry. – Quem sabe um dia eu te conte minha história. Mas hoje não. Não estou bêbado nem com sono suficiente para falar a você sobre isso. Porque se importa?
Levanto e toco a maçaneta da porta com uma velocidade imprecionante. É como se suas palavras tivessem saído como uma provocação que ele realmente pretendia.
– Sua roupa está ali. Depois desse banho você deve estar melhor. O remédio que você diz não precisar para insonia está ao lado da sua cama. Boa noite.
– Eu disse algo errado? – Resmungou Harry levantando da banheira e se segurando na parede ainda com um pouco de sabão no corpo.
– Disse. – Acabou de me mostrar que eu estou me importando com você.
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