Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 38
Capítulo 38 - Porque quero te ajudar?


Notas iniciais do capítulo

"Quando sinto que seu coração vai parar,
Eu choro. "
Espero que gostem. Comentários para fazer a história ir mais longe!



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– O que acha que está fazendo? – A voz de Logan se misturou com a do Bernardo, pelo fato de falarem ao mesmo tempo.

Estou a quase quinze minutos encarando a porta da frente da casa de Harry Wegel. Havia algo estranho nessa casa e eu não sei dizer bem o motivo. Bê disse que se ele não estava aqui, não teria grandes problemas entrarmos. Principalmente pelo fato que nunca um dos olhos foi roubado, ninguém foi tão burro a ponto de reagir. Logo, normalmente não havia câmeras nem alertas dentro da casa de um deles.

Todavia, o mal presentimento não saía da minha cabeça. O Harry deveria estar atrás do meu loirinho, mas por algum motivo ainda não veio até ele. Por que será? O objetivo do Bernardo era o Logan, e quando ele saiu e traiu sua equipe, Harry deveria ter ido atrás do meu amigo. Deveria ter tentado trazer Logan para os olhos de fogo, como Bernardo iria fazer.

– Acho que sei a resposta da sua pergunta quanto a obscuridade daqui. – Seus olhos vermelhos me davam arepio as vezes, mas agora os olhar de Sofia me deu conforto. É bom saber que ela ainda está aqui comigo. – E para seu governo, é apenas girar a maçaneta para entrar, não tem grande mistério. – Ela girou e a porta abriu com um rangido.

Entramos em silêncio. Os três garotos foram confrerir se não tinha ninguém ali, enquanto eu e Sofi buscávamos as armas de fogo. O apartamento era incrível, longo e branco. As paredes, os móveis e a madeira do chão eram brancos. Só alguns lugares tinham cores e quando tinham eram muito forte. Como por exemplo o vaso de vermelho sangue, era uma cor viva que estranhei.

Abri uma das portas de madeira no final do corredor. Era o quarto dele. Bem espaçoso, azul claro e com suite. Uma cama preta no canto perto da janela, uma escrivaninha preta também, e um armário. Seria bem bonito e masculino, se não tivesse um garoto sangrando no meio do chão e o quarto não estivesse revestido de sangue pelas paredes e móveis.

– Gente, corre aqui! – Gritei e cheguei perto aos poucos do corpo. Sofi veio dizendo que achou o quarto das armas, e que estava trancado. Mas óbviamente ela conseguiu abrir com rapidez e habilidade.

– Ele está morto? – Perguntou a garota de mechas azuis, chegando perto com Logan.

Fiquei ainda mais próxima do garoto alto estendido no chão. Toquei com certo medo no peito dele. Por que você está assim? Chego meu ouvido perto da onde seria seu coração e escuto bem baixo e lento.

– O batimento esta fraco, mas o Harry ainda está vivo. – Não sei quanto tempo mais ele aguenta. – Sofi, consegue ler a mente dele? Como faz com a minha? Talvez ajude. – Digo a tempo de sentir meu corpo tremer com uma visão nada agradável.

O garoto do clã dos olhos de fogo estava com cortes na perna, nos braços e perto do pescoço. Mas na barriga havia um muito profundo. Como se algo tivesse sido arrancado dele a força. E só de toca-lo consegui imaginar a sua dor. Sentir sua dor, sua vontade de gritar, sua raiva. Seu sofrimento seria como o que eu tive quando Mike rompeu meu laço.

– Ele está completamente descontente. – Suaviso a situação e olho para todos os quatro a minha volta. Sei que meu rosto, assim como minha roupa, está com sangue, mas no momento eu não ligo. – Não estou nem aí para que clã ele é. Se ele está assim... com certeza há uma razão para não o deixarmos morrer. Se ele está assim é por que os nossos inimigos agora também são o dele.

– Sofia? – Perguntou Logan como se precisasse que ela dissesse se estou certa ou não. Minha amiga olhou para mim, e a vi tremer. Talvez tivesse percebido meu sofrimento apenas de ver o Harry deitado no chão, mas não foi por isso que ela concordou. Minha amiga não fazia nada atoa. E Sofia viu o que ele estava pensando quando tocou seu pulso. Mesmo que eu descobrisse só mais tarde, ela irá me dizer. – Certo. Vamos leva-lo para algum lugar, já que quer tanto ajudar um cara visivelmente do mal.

Bernardo se abaixou para pegar o corpo no chão, mas não parecia o certo. Harry estava muito machucado para ir de carro agora e, por algum motivo incomum, eu me importo.

– Eu preciso de um tempo aqui. – Todos me olharam, mas o meu olhar só foi para um deles. E esse me olhou desconfiado. – Eu preciso de você.

Após alguns minutos com Justin, consegui convence-lo a me ajudar com Harry. Restauraríamos a perna de um inimigo que poderia ter escolhido não entrar para o clã errado. Ajudaríamos uma pessoa que escolheu para que lado lutar, e foi para o lado das trevas. Eu sabia que o garoto ensanguentado não fazia mais parte da alcatéia dos olhos de fogo. Pois, se fizesse, não estaria nem aqui, nem sozinho.

Mais um que me deve explicações.

– Então o que eu faço exatamente? – Justin tinha uma voz infantil e doce. Porém, senti uma leve preocupação.

– Já teve de fazer alguma cirurgia? – Pergunto. – Ou quebrou algum osso?

– Não...

– Bem... creio que ele está com os membros ferrados. Precisaremos que a pele cicatrize, mas só depois de termos certeza de que os ossos estão no lugar. Então teremos que engesa-lo de alguma forma. E eu tentarei fazer o coração dele bater normalmente, mais forte. Mais vivo.

– Como espera fazer isso? – Justin se ajeitou ao meu lado no chão, Sofia tinha nos dado toalhas molhadas, balde de água e comprou algumas ataduras e geso de hospital.

– Não sou médica, sei que não. Contudo, já tive que fazer algo assim antes. Com uma raposa em uma floresta, depois de meu pai ter morrido.

Aconteceu de minha mãe querer ir para uma casa da família no campo, esquecer as coisas. Rachel bebeu muito e andou pela floresta descalça e bêbada. Eu a segui preocupada e vi quando o copo em sua mão quebrou e rasgou-lhe a perna. Digamos que isso foi o menos importante. As raposas que haviam por perto tinham sentido o cheiro. Eu quis proteger minha mãe, mas, quando ela viu as raposas, Rachel infureceu-se. Nunca havia visto minha mãe daquele jeito, brutal. Ela as matou. Quase todas, menos uma que era filhote e eu consegui proteger. Rachel havia matado as raposas com o vidro do copo que quebrou.

Enquanto minha mãe chorava encostada na árvore e brincava com a neve vermelha, eu estava ajoelhada perto da raposa. Ela não rostava, nem fazia aquele som triste e agudo parecido com choro. A raposa só estava me olhando. Com um rasgo na perna quebrada, o animal não conseguia se levantar, nem mesmo se mexer direito. Aproveitei a oportunidade do bicho estar indefeso e cuidei dele.

– Por que não ligou para um veterinário? Porque não moveu o corpo do animal ou gritou socorro? – Perguntou Justin, solidário.

Neguei com a cabeça e olhei para Harry e entendi porque queria tanto ajudar o rapaz.

Eu me lembrava o que vi na floresta, e não acreditei na época. Eu tinha quinze anos e foi um ano antes de ir para casa da tia Rosa. Eu ainda não acreditava em magia. Minha mãe não comentou nada no dia seguinte quando acordou, sua perna por algum motivo, já estava melhor e o corte havia sido superficial. Ela não devia se lembrar de nada, mas eu sim. A raposa, um pouco depois de eu tocar seu machucado, ela rosnou de dor.

Sem tirar seus olhos dos meus, uma garota surgiu no lugar da raposa. Usava apenas uma pele de animal por cima dos ombros e estava com sangue. Ainda muda e quieta, estava calma. Fingindo não ligar, toquei em sua perna para ajuda-la e o urro de dor surgiu do fundo da garganta da garota, contudo, ela não se mexeu.

Continuei a tocar em sua perna e vi que havia sido quebrada por minha mãe. A menina pelada ainda me encarava nos olhos, sem dizer nada. Depois de ter certeza que estavam tudo no lugar eu peguei alguns galhos que encontrei, cortei meu casaco em longas listras e enfaixei sua perna. Fiz um apoio para a menina se segurar e fiquei em pé limpando a neve que estava me congelando. Uma névoa ficou em volta da menina raposa e uma sombra esbranquiçada saiu dela. Ficou em minha frente de pé e pude ver quer era a garota. Ouvi um sussuro do espírito dizendo “Obrigada, eu acho”. Então a luz fanstasmagórica voltou ao corpo da menina raposa e a garota, com esforço, ficou em pé. Acenou com a cabeça e foi embora.

– Então? – A voz do menino me trouxe de volta das lembranças.

Justin, enquanto você conversa com a Sofia para saber o melhor jeito de se enfaixar uma perna, eu vou ver se tem algo quebrado. Ai você volta, o enfaixa, depois de limpa-lo, eu tentarei me comunicar com ele. – Mudo de assunto enquanto lembranças batem em minha mente. Quando digo isso passo água gelada na testa do garoto quase morto na minha frente.

– Por que eu? A Sofia não seria melhor nisso? – Olho para meu ajudante. Vejo que Justin está com medo de fazer merda. – Você sabe... A garota meio que sabe de tudo. Pede pra ela a ajuda.

– Minha amiga já está nos ajudando. Quero que você congele, superficialmente, a perna dele. E apesar da Sofia saber como, ela não tem o dom, por isso vá pedir a ajuda dela. Não quero que ele sinta tanta dor quando você mexer. Entendeu, Justin? Ou vou precisar repetir tudo de novo? - O menino concordou sobre entender e foi atrás de Sofia.

Enquanto isso me lembrei do rosto da menina raposa, e finalmente pude dar o nome a ela, pois agora sabia quem era a garota. Com um suspiro o nome veio nas minhas lembranças. A menina raposa que minha mãe quase matou. A garota a qual foi o motivo de eu começar a ter aula de primeiros socorros por um ano, lá no campo. A jovem era a amiga da garota que não me suportava. Ela é um dos espiritos que sempre vi rodiando Valentina, apesar de no começo não ver muita diferença. Só vi a diferença quando ela me segurou contra a parede, a mando da Valentina. Ouvi seu nome apenas aquela vez. E seu nome é Samantha.

Quando Justin voltou começamos os reparos.


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