Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 37
Capítulo 37 - Uma passada rápida no acampamento.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Espero nos comentários!



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– Eu perguntei o que fazem aqui, então respondam! – Olhamos para trás instintivamente e saindo do escuro vinha um homem, com idade para ser meu pai, ou um pouco mais velho, em cima de uma escada.

– Ele não nos vê – Sussurra Sofi ao meu lado.

– Mas escuto muito bem. – Diz ele vindo até nós, mesmo sem ver por onde ia não encostou em nada. – E meu olfato é muito bom, senhorita Hestings.

– Fudeu, ele sabe seu nome. – Murmura minha amiga. – O que fazemos? Corremos?

– Não... Vamos ver quem é ele.

– Como eu disse... – Interrompeu-me – Eu escuto muito bem. E pelo que percebi, melhor do que vocês.

– Então quem seria você? – Mais prática do que Sofia é impossivel. – O que faz aí? Escondido nas sombras.

– Perguntei primeiro, senhorita Priece.

– Fala sério, ele só sabe nossos nomes pelo olfato super bem apurado que tem? – Pergunto

– Meu nome é complicado e mesmo sendo humilde, sei que meros Olhos como vocês não suportariam pronuncia-lo. Assim como não suportariam ver minha verdadeira forma. É mais facil você me conhecer pelo o que sou, e não por quem sou. Sou um dos anciões. Conhece “os tronos”?

– Tipo os Tronos que têm seu nome derivado do grego thronos, que significa "anciãos". – Sofia me olhou e viu que não entendi nada. Então citou quase uma enciclopédia. - São chamados também de erelins, ou algumas vezes de Trono de Deus e são identificados com os 24 anciãos que perpetuamente se prostram diante de Deus e a Seus pés lançam suas coroas. São os símbolos da autoridade divina e da humildade, e da perfeita pureza, livre de toda contaminação. Fraternidade, Pureza e Castidade.

– Então se ele é servo de Deus... Existe Deus... – Digo juntando as peças do quebra-cabeça. – Então se existe O Deus, não existe Eco e nossa procura e a nossa viagem foram atoa. – Lamento e penso na vida de Rachel. – Como pode ser um ancião se é tão novo para alguém que deveria ter séculos de anos?

– Deve ser por ser um abençoado? – O ancião dá de ombros e sorri. – Não sei seu nome, querida, o que eu sei é seu sobrenome. Não conheci seu pai. Nem sua avó. Mas à alguns anos... ou séculos conheci uma Hestings. Victória Hestings. Sabem quem é?

– Não... Mas procurarei saber com uma outra antepassada minha. – Penso em Ash, talvez ela soubesse – Você era cego? – Perguntei baixo. Seus olhos estavam coberto pelas sombras oferecidas pela parede.

– Eu não sou cego. – Me respondeu, breve. – Só não enxergo como vocês. – Deu de ombros. – Vejo tudo bem mais “claro” do que seria. Mas é bom assim. Vejo suas intenções plenas.

– É por que você é um dos vinte quatro? – Perguntei e ele concordou. – Você pode me ajudar no que estou procurando? Porque você não falou nada e nem abriu a porta para nós?

– Até agora vocês estavam seguindo o que o oráculo disse. Sabe... cada um tem seu destino já traçado. – O ancião sorriu. – Eu só acompanho alguns. Principalmente por viver nesta loja fechada a décadas.

– Zack é como você? – Perguntou Sofi. – Vocês não se parecem em nada. Você tem uma iluminação que nunca vi antes... – Acho que ela realmente nunca viu nenhuma iluminação.

– Não, seu amigo Zackary não é como eu. Eu sou um ancião do céu. Ele é da terra. Também, Priece, você não vê minha luz, se visse... Digamos que você não enxergaria mais nada depois. E sim, posso ajudar na sua busca. Devo ajudar.

– Aonde está Eco?

– Creio que em algum lugar no tempo, porque? – Perguntou o senhor.

– Então ela existiu? – Minha amiga não parecia mais tão surpresa, mas ainda duvidava.

– Na verdade ela ainda existe. Eco está onde for que precisarem dela. Como no fundo de um tunel? – Ele riu. – E o que é que você procura que deva estar com ela?

– Uma fruta chamada “Parole”.

O ancião riu.

– Quer a direção a se tomar? – Perguntou-me entre risos.

– É dificil chegar até lá? – Perguntou Sofi.

– Não. É bem simples para uma Hestings como a sua amiga. – O homem de logos cabelos castanhos, deu de ombros. – E ela conseguiria te levar. Apenas ouvindo as palavras que ouve.

– O que eu escuto afinal? – Pergunto chegando perto para ver melhor seu rosto.

– Não seria justo eu te contar. – Seu sorriso branco iluminou o rosto. – Além do mais, eu nunca te contei. Você sempre descobre sozinha.

– Então já vim aqui antes? – Pergunto, mesmo sabendo que não. Talvez eu tivesse viajado para o passado e eu não sei ai voltei até aqui, ou algo assim. Afinal, um dos meus dons não é a passagem do tempo em geral. Posso ir ao passado, apenas. Assim como Mike só viaja para o futuro. Nosso máximo é voltarmos para nosso presente.

– Sim. Várias vezes. – O ancião sorriu. – E já perguntou isso antes. Sempre procurando algo diferente, e nunca se lembrando que veio até essa biblioteca. Da ultima vez você era mais velha. E perguntou por que você ouvia o que estava ouvindo. Eu simplesmente dei de ombros. Você não havia acreditado quando a própria voz te contou ou algo assim. – Ao notar que já havia me contado muito, ele ficou em silêncio.

– Então...? – Perguntou Sofi quebrando o clima frio e tenso que surgiu. – Por onde vamos? Como é a fruta?

Então, com poucos passos o homem, grande e forte, que eu não sabia o nome, estava na minha frente. Tocou na minha testa e disse em meus pensamentos. Essa é a Parole. E com isso uma imagem veio nos meus pensamentos.

Parecia uma pêra.

Uma pêra de ouro. Ou pelo menos, dourada.

– É apenas isso? – Pergunto sem acreditar que fui tão longe para isso.

– O que foi mesmo que você disse a Sofia? Que “nós somos o fruto”. E vocês são. – Disse ele. – Olhe atentamente.

Feche os olhos e me concentro.

A pêra fica turva, pisca várias vezes. Há um reflexo de luz, uma neblina colorida e em seu lugar aparece uma menininha. Parecia até uma bonequinha. Olho em seus olhos e vejo-a sorrir.

– Calma... A tia rosa falou que precisava dela... Ela vai fazer suco de criança por acaso? – Pergunto agitando os braços.

– Sabe para que ela serve? – Perguntou Sofi me ignorando.

– Ela serve para a cura. Se ela quiser. – O ancião se calou e pensou no assunto. – Você tem que convence-la a ajudar. Ou faze-la ajudar.

– Isso é fácil. Tenho o dom para isso. – Digo sorridente, afinal, o meu dom é o mais legal. Tecnicamente eu posso fazer tudo o que eu quiser, contanto que eu apenda.

– Então tente, mas saiba um fato: apartir do momento que entrar no tunel, seus dons não irão funcionar. Lá há uma magia antiga que protege tanto parole quanto o lugar. E saiba, Hestings, seus poderes não são tudo isso que você pensa.

– E o que serveria lá?

– Os anéis dos clãs de olhos de fogo. Assim como as armas deles. Espadas, arcos, armas de fogo. Como vocês devem saber... este clã é muito forte e muito antigo. As armas deles servem para matar qualquer coisa. Ou ameaçar. – Ele olhou para o próprio anél, que antes eu não havia notado.

– E como faremos isso? – Perguntou Sofi.

– Precisaremos de ajuda. – Digo. – A sorte é ele ter virado um dos nossos.

Olhar na cara do meu ex-namorado foi a parte mais difícil da viagem. O surpreendemos enquanto Bernardo estava no treinamento. Estava parado perto do lago e não pareceu concentrado, nem notou que estavamos tão perto, até que Sofi tocou em seu braço. Ele não era assim tão desligado, principalmente por ser um ex-agente dos olhos de fogo.

Enquanto Sofia explicava para ele todo o plano e todos os acontecimentos, seus grandes olhos dourados não saíram dos meus. Consegui perceber uma mistura de sentimentos nesses. Angustia, raiva, paixão. Em alguns momentos ele concordava com a cabeça, mas continuava a me encarar.

Conversaram por minutos e ele não ouviu o som da minha voz, até o momento em que eu contei o que queríamos. Armas do clã dos olhos de fogo.

– Nem pensar – Bernardo negou. – Irei com vocês até a Grécia, porém, as armas não posso dar.

– Seria um empréstimo – Sofi voltou ao meu lado. – Devolveríamos depois de pegar o fruto.

– Não é assim. Eu não vou emprestar por que não as tenho mais. – Disse Bê a Sofi. – Eu deixei tudo na casa do meu aprendiz. E logo depois você me fez sair do clã. – Bernardo voltou a atenção para mim. – Não me arrependo.

– Então significa...

– Sim, Sofi, significa... – Olho nos incríveis olhos do meu ex-namorado. – Vamos atrás de Harry.

Ficamos um momento em silêncio, nos encarando. Sofia pareceu notar algo não dito e saiu de perto, deixando-me sozinha com Bernardo. Correu para a floresta como se estivesse procurando algo. Olhei para o céu, depois para a grama. Não estávamos no meio das árvores, pois para chegar até a zona de treinamento, ultrapassamos a floresta e viemos até um pouco perto do lago.

– Eu senti sua falta. – Ele chegou mais perto. – Sinto falta de quando eu e você éramos nós. – Tocou em uma mecha minha e enrolou no dedo. Aproximou seu rosto e beijou meu cabelo. – Não gostava de você só por causa do símbolo, você sabe disso.

– Você já disse isso antes. – Olho para baixo fingindo não sentir tudo o que sinto. Fingindo que a magia que nos une foi completamente embora. Imaginando quando o efeito do nosso símbolo iria ser desfeito.

– Tudo caminha quando você está comigo, princesa. É só você me olhar como antes que eu já fico melhor. Basta que você fique comigo, que esteja ao meu lado. Preciso de você como sei que você precisa de mim. Não estou dizendo para motivos banais. – Bernardo para e me encara com seus olhos dourados que parecem que não foram feitos para ele. – É sobrevivencia. Ou eu acho que é. E você sabe disso.

Toco em sua mão e uma energia passa para mim. Sinto nossa antiga paixão arder. Ignoro completamente a sensação, ou pelo menos tento demostrar, e abaixo a mão. Sei que ele teve o que quis quando parou de falar, e isso me angustia. Eu sei o que Bernardo sente, mas é apenas efeito do laço. Mesmo ele não existindo mais.

– Não é momento para isso. – Olho para as árvores – Não temos tempo para isso... precisamos do Harry. Tenho que salvar minha mãe. É minha missão. Há mais coisas em jogo.

– Até quando você vai ser fria assim, Su? Até quando vai fingir ser cega o suficiente para não ver o que temos. – Murmurou Bê, chegando ainda mais perto e segurando minha nuca. Por culpa de um beijo na minha testa, e depois destribuindo outros pelo meu rosto, eu me derreti. E sabia que não devia.

– Até que Rachel esteja bem. – Digo e vejo seu rosto não mudando de sentimentos. – Não é momento para meninos.

– Isso serve para mim também? – Sua voz me fez sair de perto do Bernardo e olhar para trás. Era a voz do meu sonho. – Sofi estava por perto, logo você estaria aqui. Você não a deixaria sozinha.

Logan está mais magro. Parecia não comer direito. Ao contrário do meu ex, Log só tinha um sentimento visível: as saudades. Ele abriu os braços e, diferente do silêncio que fiz com Bê, eu corri e me pendurei no pescoço dele. Senti Bernardo ficando com ciúmes e irritado. Percebi que Logan estava com um sorriso de vitória.

– Desde quando vocês voltaram a ser íntimos? Se não me engano você foi embora sem nem dizer um tchau. – Comentou meu ex.

– Você é o melhor irmão que uma garota poderia querer! – Digo e apesar do ciúmes ainda existir em Bê, ele sorriu. E Log me encarou.

– Acho que irmãos não querem e nem fazem isso. – Ele se aproximou de mim, contudo, percebi que não parecia normal. Log chegou perto para um beijo e eu não quero. Virei o rosto e voltei minha atenção par encarar Bernardo.

– Como você disse, não tem tempo para isso, vamos. – Bê passou por mim me puxando pelo braço. Mas Log o deteve e me virou para ele.

– Acabo de te encontrar depois de você sumir e você vai embora assim? – Sorrio por notar que ele realmente sentiu minha falta. Assim como o meu ex também sentiu. – Onde vão?

– Atrás de Harry Wegel. – Bê fala e vejo Log passar de um cachorro dócil para um lobo raivoso.

– Você é idiota ou o que, Martes? – Meu amigo me tirou dos braços de Bernardo, para segura-lo forte. Eu cheguei a ver as veias do braço de Bernardo ficarem mais azuis. – Vai joga-la para o seu clã? – Os olhos dourados dos dois relampejavam. Apesar de mesma cor, tinham sentimentos diferentes. Olhando para mim Log disse: – Vai mesmo se entregar ao clã de olhos de fogo? Sabe que sua mãe vai morrer assim, certo?

– Calma, querido. – Digo colocando a mão no ombro dele. – O Bê só está fazendo o que pedi a ele. Ajudando-me, para enfim pegarmos as armas. Isso tudo é para salvar minha mãe e não mata-la.

– E confia nele? – Log queria que eu respondesse não, que eu dissesse que aquilo não passava de uma brincadeira de um péssimo gosto. Estava óbvio, mas eu concordei sincera. – Arg, ótimo. – Ficando em silêncio por alguns longos e torturantes minutos Log voltou a me olhar nos olhos. - Vou com vocês. – Depois ele olhou para as árvores e gritou alto. – Vem Sofia, nós vamos agora.

Fomos andando em direção do porto de volta pelo caminho que passei. Sofia apareceu correndo, e atrás de si estava o jovem de gelo. Justin. Ele sorriu para mim e sua pele branca ficou vermelha. Sofi estava com o cabelo bagunçado. Algo me disse que não foi sozinha que conseguiu essa aparencia.

– Se divertindo amiga? – Irrito-a.

– Fica quieta, este ai é um irritante e tanto. – Ela apontou para Justin que estava do meu lado ainda com um sorriso tímido. – Vamos embora? Só nós duas? – Sofi sabe que não, mas pergunta mesmo assim.

– Vamos agora sim. – Disse Logan. – Nós cinco. – Ele olhou para o companheiro perguntando indiretamente se esse ia e sim, Justin ia.

– Certo... Atrás de Harry Wegel. – Be olhou para o mar, agora já perto.

– Você já disse isso. – Disse Log olhando para o céu.


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